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Mortalidade Suínos Manejo

FATORES QUE INFLUENCIAM A TAXA DE MORTALIDADE DOS SUÍNOS DURANTE O MANEJO PRÉ-ABATE: UMA VISÃO DE PRODUTORES, TRANSPORTADORES E TÉCNICOS

Publicado: 28 de junho de 2012
Por: DALLA COSTA, O.A.; MIRANDA, C.; ATHAYDE, N.B.; ARAÚJO, A.P.; CIOCCA, J.R.P.; BALBINOTT, L.; ARBORTE, C.; ROÇA, R.O.*
PALAVRAS-CHAVE: grupos focais, mortalidade, suínos, manejo pré-abate.

INTRODUÇÂO

A produção de suínos no Brasil tem apresentado ultimamente, crescimento acentuado, entretanto pouco tem se feito para incrementar o bem-estar dos animais com vista a uma redução das perdas durante o manejo pré-abate.
A suinocultura, devido a suas características de produção, apresenta no seu processo produtivo, desde o nascimento até o abate, diferentes etapas que podem submeter os animais à forte estresse, afetando consideravelmente a qualidade da carne e os resultados econômicos da atividade. Pois, as más condições ambientais enfrentadas pelos animais, particularmente em certos estágios antes do abate, podem levar à perdas por mortalidade e afetar a carcaça e a qualidade da carne de maneira irreversível (WARRISS & BROWN, 1994).
Além disso, existe uma crescente preocupação dos consumidores com os métodos de produção, o que exige estratégias adequadas das empresas produtoras de alimentos que efetivamente assegurem o bem-estar dos animais em todas as etapas do processo produtivo (PELOSO, 2001).
As perdas que ocorrem desde a granja até o abate podem ser de responsabilidade tanto do suinocultor, quanto do transportador, ou mesmo das agroindústrias que abatem os animais. Estas possuem a responsabilidade de orientar os produtores de suínos quanto aos procedimentos mais adequados a serem adotados na criação dos animais. O produtor deve seguir estas recomendações e assegurar por todos os meios que os suínos sejam colocados no veículo de embarque com o mínimo de estresse. Os transportadores, por sua vez, devem se responsabilizar pela condução dos animais até ao abatedouro em condições seguras e saudáveis. Além disso, a empresa responsável pelo abate deve assegurar uma série de condições e técnicas de manejos que permitam o bem-estar dos animais e, conseqüentemente, uma carcaça de ótima qualidade (DALLA COSTA, 2005).
No período pré-abate dos suínos destacam-se alguns pontos críticos que podem influenciar a qualidade da carne dos suínos (BENCH et al., 2008; FAUCITANO, 2000) como jejum, embarque, transporte (desenho do veículo, densidade animal, tempo de transporte), desembarque, área de espera (tempo na área de espera, manuseio dos animais) e atordoamento. Este trabalho objetiva avaliar esses pontos críticos sob o ponto de vista dos produtores, transportadores e técnicos uma agroindústria produtora de suínos do oeste catarinense para elaboração de um diagnóstico das condições de embarque e transporte que podem afetar a taxa de mortalidade dos suínos no período do manejo pré-abate.
 

METODOLOGIA

A metodologia empregada para a discussão da problemática relacionada aos fatores que estão influenciando a taxa de mortalidade dos suínos durante o manejo pré-abate foi a dos grupos focais.
Grupo focal é uma técnica de avaliação que oferece informações qualitativas. Através dessa técnica um moderador guia grupos, de 10 a 15 pessoas, numa discussão que tem por objetivo revelar experiências, sentimentos, percepções e preferências.
Os grupos, preferencialmente, devem ser formados por participantes que têm características em comum e serem incentivados pelo moderador a conversarem entre si, trocando experiências e interagindo sobre suas idéias, sentimentos, valores, dificuldades, etc.
O papel do moderador é promover a participação de todos, evitar a dispersão dos objetivos da discussão e a monopolização de alguns participantes sobre outros. As entrevistas com grupos focais podem ser utilizadas em todas as fases de um trabalho de investigação, principalmente, quando investigam-se questões complexas no desenvolvimento e implementação de programas, como aspectos relacionados a dificuldades, necessidades não claras ou pouco explicitadas.
As principais vantagens dessa técnica são: baixo custo, resultados rápidos e formato flexível. Isso permite ao moderador explorar perguntas não previstas e o ambiente de grupo minimiza opiniões falsas ou subestimadas, proporcionando o equilíbrio e a fidedignidade dos dados.
Por outro lado, os grupos focais possuem algumas limitações: susceptíveis ao viés do ponto de vista do moderador, as discussões podem ser desviadas ou dominadas por algum participante, as informações podem trazer dificuldades para análise e generalizações. Neste sentido devem ser interpretadas no contexto do grupo e complementadas com dados coletados através de outros instrumentos.
Para a realização do presente trabalho foram organizados três grupos focais: produtores de suínos, transportadores e técnicos.
A convocação e escolha dos participantes nos grupos focais foram de responsabilidade de uma agroindústria produtora de suínos do oeste catarinense. Os encontros tiveram duração média de 2 horas e iniciaram a partir de uma breve explanação e orientação acerca do objetivo, forma de condução e sigilo das informações obtidas. Além disso, procurou-se esclarecer que não existem boas ou más opiniões. Assim, após uma breve auto-apresentação, cada membro teve oportunidade de realizar um comentário geral sobre o tema e seguiu-se a discussão.
O papel do facilitador consistia, principalmente, em proporcionar uma atmosfera favorável à discussão, controlar o tempo e estimular a participação de todos. Em alguns momentos os facilitadores faziam intervenções através de algumas perguntas abertas sobre o tema, como forma de estimular e melhor orientar a discussão.
Foram realizadas reuniões com os transportadores de suínos de uma agroindústria produtora de suínos do oeste catarinense, na sede da Cooperativa, no dia 25 de maio de 2007; com os produtores no dia 18 de junho de 2007 e com os técnicos no dia 28 de junho de 2007.
 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Opiniões comuns a todos

  • Manejo de lotes grandes;
  • Dificuldade em retirar os suínos da baia provocando cansaço nos mesmos (relacionado com a localização do comedouro na baia);
  • Mão-de-obra desqualificada para realização do serviço;
  • Animais limpos e secos são melhores para manejar;
  • Melhorar a logística do transporte (principalmente no caso de ciclo completo).
 

Opiniões comuns entre os Produtores e Transportadores

  • Jejum inadequado (tempo);
  • Ausência de instrumentos que facilitam o manejo (tábua de manejo, instrumentos que fazem barulho, lonas, entre outros).
 

Opiniões comuns entre os Produtores e Técnicos

  • Densidade alta no caminhão;
  • Presença de animais não saudáveis.
 

Opiniões comuns entre os Transportadores e Técnicos

  • Condições precárias dos embarcadouros (iluminação inadequada ou ausência da mesma, inclinação alta e curvas acentuadas);
  • Inclinação negativa do caminhão (dificuldade para acomodar os animais nos compartimentos da carroceria).
 

Alguns pontos importantes foram discutidos por um único elo da cadeia e devem ser salientados

  • Acesso a propriedade (inclui espaço para manobrar o caminhão);
  • Utilização de instrumentos invasivos aos animais (tábuas de manejo com prego na ponta, mangueira de borracha ou sacos de ráfia com pedaço de madeira, entre outros).
  • Elaboração de um programa de descarte de animais doentes e machucados, sendo esses animais transportados em condições especiais.
  • Ausência de comunicação entre os elos da corrente produtiva de suínos (produtor x transportador x técnico);
  • Falta definição de um padrão do sistema de embarque dos suínos e o acompanhamento do embarque (incluindo a obtenção dos índices de mortalidade);
  • Resistência dos produtores para aderir novas tecnologias.
 

CONCLUSÕES

Com base no que foi observado, conclui-se que medidas devem ser adotadas visando reduzir a taxa de mortalidade no manejo pré-abate dos suínos, entre as quais: implantação de uma ficha de acompanhamento do sistema de embarque dos suínos para avaliação dos resultados obtidos e posterior definição dos principais pontos críticos durante o manejo pré-abate dos suínos; criação de um programa de treinamento para a cadeia produtiva de suínos sobre a importância do manejo pré-abate, através de cursos e visitas técnicas às granjas e frigoríficos; elaboração de modelo de embarcadouro padrão da cooperativa, bem como a reestruturação dos modelos atuais de comedouros.
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENCH, C.; SCHAEFER, A.; FAUCITANO, L. The welfare of pigs during transport. In:_. SCHAEFER, A.; FAUCITANO, L. Welfare of pigs – from birth to slaughter. New York / The Netherlands: Wageningen Academic Publishers,. chap. 06, p.16118, 2008.
FAUCITANO, L. Effects of preslaughter handling on the pig welfare and its influence on meat quality. In: Proceedings of the 1st International Virtual Conference on Pork Quality. Brazil, 52-71, 2000.
DALLA COSTA, O. A. Efeitos do manejo pré-abate no bem-estar e na qualidade de carne de suínos. 2006, 162p. Tese (Programa de Zootecnia), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal, SP.
WARRISS, P.D.; BROWN, S.N.; ADAMS, S.J.M. Relationships between subjective and objective assessments of stress at slaughter and meat quality in pigs. Meat Science, Kidlington, v.38, p.329-340, 1994.
PELOSO, J. V. Tratamento pós-abate das carcaças e os desvios de qualidade na transformação músculo-carne em suínos. In: CONFERÊNCIA VIRTUAL INTERNACIONAL SOBRE QUALIDADE DA CARNE SUÍNA, 1.; 2000, Concórdia. Anais... Concórdia: EMBRAPA suínos e aves, 2001. p. 100-110. (EMBRAPA suínos e aves. Documentos, 69).
 
O artigo foi originalmente apresentado durante o evento Conbravet 2008.
Tópicos relacionados:
Autores:
Dr. Osmar Dalla Costa
Embrapa Suínos e Aves
Embrapa Suínos e Aves
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Renato Messa
30 de marzo de 2017
gostaria de saber o % de morte dos suinos e não achei na matéria, pode informar ? grato
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