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Aumento da ocorrência de Actinobacillus suis no Brasil

Publicado: 28 de junho de 2022
Por: Lucas Fernando dos Santos
Introdução
Actinobacillus suis (A. suis) é um importante patógeno causador de doenças respiratórias em suínos com maior prevalência em animais mais jovens (1). É uma bactéria saprófita do trato respiratório superior de suínos (2). MacInnes e colaboradores (3) mostraram que 94% dos rebanhos testados foi detectado A. suis, embora não tenham sido observados casos clínicos.
Os quadros relacionados à Actinobacillus suis, em geral estão ligados à leitões recém desmamados. Yaeger (4) relatou três formas clínicas causados por A. suis. A forma septicêmica aguda e fulminante que cursa, frequentemente, com morte súbita. As lesões macroscópicas consistem em hemorragias petequiais e equimóticas em múltiplos órgãos com exsudação fibrinosa nas cavidades torácicas e abdominais. Em alguns quadros, pleurite, pericardite e artrite com abscessos multifocais em vários órgãos podem ser observados. As lesões histopalógicas consistem em infiltrado inflamatório neutrofílico com focos de necrose em múltiplos órgãos associados a presença de bactérias intralesionais.
A segunda forma é a respiratória, na qual os animais podem apresentar tosse e febre que evoluem para a morte (4,5). A terceira forma é o quadro septicêmico crônico. Os animais podem exibir letargia, anorexia, febre e lesões cutâneas romboides vermelhas, semelhantes a erisipela. Podem ocorrer abortos e morte súbita (4,5).
Ainda na rotina diagnóstica são esporádicos os quadros referentes à infecção por A. suis em animais mais velhos, no entanto tem se notado um aumento no número de casos na rotina laboratorial com diagnóstico definitivo de enfermidade causada por A. suis. O objetivo desse trabalho foi confirmar essa percepção de aumento dos casos de infecção por A. suis bem como avaliar as faixas etárias acometidas entre os anos de 2017 a 2019 com quadro confirmado causado por A. suis.
Materiais e Métodos
Foram avaliadas 237 amostras referentes às submissões enviadas ao laboratório Microvet entre os anos de 2017 a 2019 com confirmação diagnóstica através de isolamento e identificação bacteriana, PCR e histopatologia para A. suis depositadas no sistema de informação interno (Microsis). Os resultados presentes no banco de dados foram tratados e analisados foram filtrados com palavras chaves a fim de mapear os resultados de interesse.
Resultados e Discussão
Os resultados encontrados no banco de dados da Microvet estão descritos abaixo (figuras 1 e 2). No ano de 2019 houve um considerável aumento no número de casos de A. suis, totalizando 167 isolados, enquanto em 2017 teve um total de 44 isolados e 2018 apenas 26 isolados (figura 1). Foi observado que o número de isolamento de A. suis em animais mais velhos (entre 71 e 185 dias de idade) aumentou 9 vezes em 2019 em relação a 2017 e 25 vezes em relação a 2018 (figura 2). Em 2019, 60% dos casos confirmados foram em animais 71 e 185 dias de idade (figura 2).
Apesar de pobremente descrito na literatura atual, a presença de lesões causadas por A. suis em animais mais velhos tem aumentado ao longo dos anos. Alguns fatores relacionados são a formação de novos rebanhos sem a exposição e produção de anticorpos em tempo hábil, principalmente baixo título de anticorpos circulantes nas fases finais do sistema de produção para A. suis devido a vacinação das matrizes, tornando tardio o aparecimento de sinais clínicos. Além de baixa pressão de infecção devido às medidas de manejo em granjas com alto status sanitário. Dessa forma, a percepção de A. suis como patógeno suíno em animais de recria e terminação deve ser expandida à medida que os sistemas de produção de suínos evoluem. Uma alternativa a ser utilizada seria a vacinação de leitões na creche como um reforço vacinal para a manutenção do título de anticorpo para A. suis nas fases finais.
Conclusões
Foi observado um aumento dos casos clínicos relacionadas à A. suis em animais entre 71 e 185 dias de idade, não relatado em anos anteriores trazendo a importância de trabalhos em relação a esse patógeno nas granjas brasileiras além do desenvolvimento de medidas de imunização afim de minimizar os prejuízos causados por esse patógeno.
Aumento da ocorrência de Actinobacillus suis no Brasil - Image 1
Figura 1: Número de resultados positivos para A. suis entre 2017 e 2019 estratificados, em proporção, por idade em dias.
Aumento da ocorrência de Actinobacillus suis no Brasil - Image 2
Figura 2: Percentual de resultados positivos para A. suis entre 2017 e 2019 por idade em dias.
Esse artigo foi originalmente publicado em  SINSUI 2021 - 13°Simpósio Internacional de Suinocultura | https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/anais-trabalhos-cientaficos-sinsui2021-1635776553.pdf .

(1) Ojha, S.; Lacouture, S.; Gottschalk, M. et al. Characterization of colonization-deficient mutants of Actinobacillus suis. Veterinary microbiology, v. 140, n. 1-2, p. 122-130, 2010. (2) Macinnes, J. I. & Desrosiers, R. Agents of the" suis-ide diseases" of swine: Actinobacillus suis, Haemophilus parasuis, and Streptococcus suis. Canadian journal of veterinary research, v. 63, n. 2, p. 83, 1999. (3) MacInnes, J. I., Gottschalk, M.; Lone, A.G. et al. Prevalence of Actinobacillus pleuropneumoniae, Actinobacillus suis, Haemophilus parasuis, Pasteurella multocida, and Streptococcus suis in representative Ontario swine herds. Canadian journal of veterinary research, v. 72, n. 3, p. 242, 2008. (4) Yaeger, M J.
Actinobacillus suis septicemia: An emerging disease in high-health herds. Swine health and production: the official journal of the American Association of Swine Practitioners (USA),v.3; p.209-210,1995. (5) Yaeger, M J. An outbreak of
Actinobacillus suis septicemia in grow/finish pigs. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, v. 8, n. 3, p. 381-383,
1996.

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Autores:
Lucas Fernando dos Santos
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