Introdução
A suinocultura é uma atividade importante do ponto de vista econômico e social, que nas últimas décadas passou por profundas alterações tecnológicas, visando principalmente o aumento da produtividade e redução nos custos de produção. Sua exploração é uma alternativa de incremento de renda em pequenas propriedades com mão-de-obra familiar.
O impacto ambiental causado pela produção de suínos, principalmente devido à contaminação da água, solo e ar tem despertado a atenção dos ambientalistas e da sociedade em geral. O adequado balanço de nutrientes tem possibilitado melhor eficiência alimentar o que leva a redução da excreção de nutrientes e a redução da quantidade total de dejetos, minimizando assim o impacto causado ao meio ambiente. Portanto, os nutricionistas e produtores devem buscar novas tecnologias que melhorem a eficiência na utilização de nutrientes pelos animais.
Considerando o grande crescimento na produção de suínos, justifica-se maior direcionamento de trabalhos de pesquisa que avaliem formas que minimizem essa poluição. A redução da proteína bruta das rações com a suplementação de aminoácidos é uma forma de minimizar esse efeito poluidor.
Pesquisa desenvolvida
Foi desenvolvido no programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estudos com a finalidade de avaliar os efeitos da redução do nível de proteína bruta com suplementação de aminoácidos industriais sobre o desempenho de suínos na fase inicial.
As rações foram formuladas à base de milho, farelo de soja, leite em pó desnatado, soro de leite em pó, açúcar, óleo de soja, fosfato bicálcico, calcário, sal iodado, bicarbonato de sódio, suplemento mineral + vitamínico, antioxidante e aminoácidos.
Os tratamentos consistiram em cinco rações com base no conceito de proteína ideal, de acordo com as Tabelas Brasileira para Aves e Suínos de Rostagno et al. (2005). O teor de proteína bruta das rações foi reduzido em 1,5%, resultando em dietas de baixa proteína (21%, 19,5%; 18%; 16,5% e 15%), isoenergéticas e isonutritivas, exceto para proteína bruta, e apresentaram o mesmo balanço eletrolítico. As rações foram formuladas com adição dos aminoácidos sintéticos (L-lisina, DL-metionina, L-treonina, L-triptofano, L-valina e L-isoleucina), onde os níveis destes aminoácidos alcançaram ou excederam ligeiramente as recomendações de Rostagno et al. (2005).
Foram utilizados 120 leitões, desmamados aos 21 dias de idade, distribuídos em um delineamento de blocos casualizados, cinco tratamentos, oito repetições e tres animais por baia. Os animais foram alojados em creche de alvenaria, em baias suspensas, equipada com comedouro na parte frontal e bebedouro tipo chupeta na parte posterior. O peso médio inicial foi de 5,95±0,33 kg e final de 16,17±1,52 kg. Os animais foram pesados no início e no final do experimento, bem como o consumo total de ração foi computado, obtendo-se o consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA) de cada unidade experimental.
Os resultados (Tabela 1) não mostraram diferenças (P>0,05) para as variáveis de desempenho com a redução dos níveis de proteína bruta nas rações, indicando que é possível reduzir o nível de proteína bruta de 21 para 15%, sem influenciar negativamente o desempenho, desde que as rações sejam devidamente suplementadas com aminoácidos sintéticos.
Os resultados de desempenho observados neste estudo são coerentes com os encontrados por Kerr et al (1995) para leitões na fase de creche alimentados com rações suplementadas com aminoácidos e teores reduzidos de proteína em quatro pontos percentuais. Contudo, as rações com baixos teores de proteína bruta e sem adição de aminoácidos sintéticos propiciaram redução significativa no ganho diário de peso e conversão alimentar.
Considerações finais
A redução da proteína bruta das rações de suínos é recomendada para diminuir a eliminação de nitrogênio nas fezes e, principalmente, na urina. O experimento mostrou que o nível de proteína bruta da ração para leitões na fase inicial dos 6 aos 15 kg pode ser reduzido de 21 para 15%, sem influenciar negativamente o desempenho, desde que as rações sejam devidamente suplementadas com aminoácidos sintéticos.
Tabela 1- Consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e conversão alimentar (CA) de leitões na fase inicial (6 a 15 kg) alimentados com rações contendo diferentes níveis de proteína bruta.
Referências Bibliográficas
KERR, B. J.; MCKEITH, F. K.; EASTER, R. A. Effect of performance and carcass characteristics of nursery to finisher pigs feed reduced crude protein, amino acid-supplemented diets. Journal of Animal Science, Champaign, v. 73, n. 2 p. 433-440, Feb. 1995.