Microchip Identificação Leitões
Avaliação de diferentes locais de implante de microchip para identificação eletrônica de leitões e sua validação por meio da análise de imagem
Publicado: 5 de dezembro de 2006
Por: Eng. Agrônomo Héliton Pandorfi; Iran José Oliviera da Silva; Daniella Jorge de Moura; e Ivan Wladimir Caro, NUPEA/ESALQ-USP.
RESUMO
O uso de transponders na identificação eletrônica animal, tem-se caracterizado em um útil sistema para o controle e a gerência nas propriedades agrícolas. Os locais de aplicação dos componentes eletrônicos no corpo dos animais, para o acompanhamento de sua atividade, podem apresentar alguns problemas após a injeção: biocompatibilidade, perdas, rupturas e migração a outras partes do corpo do animal. Transponders injetáveis, brincos eletrônicos e o monitoramento por meio da análise de imagem, estão sendo utilizados no processo de identificação eletrônica. Dessa forma o objetivo desta pesquisa foi avaliar os diferentes locais de implante subcutâneo de microchip em leitões verificando-se possíveis infecções e/ou rejeições, possíveis migrações dos microchips em relação ao local de implante e sua validação em relação a análise de imagem.
PALAVRAS-CHAVE: suinocultura; zootecnia de precisão; identificação eletrônica; análise de imagem.
EVALUATION OF DIFFERENT BODY SITES FOR MICROSHIP IMPLANTATION IN ELECTRONIC IDENTIFICATION OF PIGLETS AND ITS VALIDATION THROUGH OF IMAGE ANALYSIS
ABSTRACT
The use of transponders in electronic identification has becoming a useful system for the control and management of farm animals. Numerous locations for transponders used in animal identification tasks have been suggested, but some problems were founded after injection: biocompatibility, losses, occasional breakage and migration to other parts of the body. Electronic Transponders injectable, earrings and the monitoramento by means of the image analysis, are being used in the process of electronic identification. Of this form the objective of this research was to evaluate the different places of subcutaneous implantation of microchip in pigs being verified itself possible infections and/or rejections, possible migrations of the microships in relation to the implantation place and its validation in relation the image analysis.
KEYWORDS: swine production; animal precision production; electronic identification; image analysis
1. INTRODUÇÃO
A preocupação com a produção de alimentos está cada vez mais voltada para a quantidade e a qualidade do produto final, e as suas implicações no meio ambiente. Isso está acontecendo justamente no momento em que novas tecnologias de controle surgem, novas exigências de mercado aparecem, restrições de consumo e produção crescem diariamente, em paralelo com a mudança de conceito da população, que vem exigindo um produto final de melhor qualidade. A competitividade interna e externa está acirrada de maneira a ocupar um espaço seguro no mercado.
O sistema de identificação eletrônica com transponders injetáveis é um modo promissor para melhorar o atual sistema de marcação para suínos, como o sistema australiano, tatuagens e brincos, que apesar de serem de fácil aplicação e baixo custo, apresentam várias desvantagens, entre elas pode-se destacar, a visibilidade, o risco de perdas e eventuais manipulações (Klindtworth et al., 1999).
Para avaliar a mudança da distância entre um transponder e o local de aplicação são utilizados varias metodologias como radiografias, dissecação do cadáver para posterior cálculo da distância de migração, usando pontos de referência orgânico, sendo bastante difícil comparar os poucos resultados disponíveis, como os diferentes locais de implante usados em diferentes espécies (Lambooy & Merks, 1989).
O objetivo dessa pesquisa foi avaliar os diferentes locais de implante subcutâneo de microchip em leitões e verificar infecções e/ou rejeições, possíveis migrações dos microchips em relação ao local de implante e sua validação por meio da análise de imagem.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas dependências do Departamento de Produção Animal, setor de Não Ruminantes, da Universidade de São Paulo, campus de Piracicaba, E.S.A.“Luiz de Queiroz”.
Foram utilizados 9 leitões da raça Landrace, que ficaram alojados na maternidade, em cela parideira, durante o período de estudo. O experimento foi iniciado no terceiro dia após o nascimento dos animais, com peso médio de 1,557 kg, período em que se realizou o implante dos microchips.
Os microchips implantados foram da marca comercial Destron fearing, apresentando dimensões 2,2 x 11,5 mm, encapsulados em vidro biocompatível.
Os tratamentos correspondentes aos diferentes locais de implante foram: tratamento 1 - entre os dígitos da pata; tratamento 2 - na cartilagem na base da orelha; tratamento 3 - na fossa infraorbital. Perfazendo um total de 3 tratamentos com 3 repetições cada.Após o implante dos microchips, os leitões permaneceram na maternidade, sob as mesmas características ambientais e nutricionais, durante todo o experimento.
Para avaliar a mudança da distância entre um transponder e o local de aplicação foram realizadas sessões de radiografias, logo após o implante, no 4º dia e no 11º dia após o implante, para posterior cálculo da distância de migração, pelo cálculo do inverso do quadrado da distância, usando pontos de referência orgânicos, tomado como ponto inicial, determinado-se as coordenadas cartesianas para cada localização do microchip, considerando-se o valor de x sempre como 0 (zero). Os valores foram medidos em milímetros (mm), sendo no final somados para a série de 3 radiografias.
Após a determinação do melhor local de implante, a eficiência do sistema de identificação eletrônica por meio de transponders, foi avaliada utilizando-se como referência o monitoramento da atividade dos animais por meio de microcâmeras.
Para descrição da atividade dos animais, freqüência de utilização dos locais monitorados (abrigos escamoteadores), foi realizada uma análise de regressão entre o número de animais captados pelas antenas e os animais captados pela microcâmera, neste caso considerado como referência.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados na Figura 1 revelam que entre os diferentes locais de implante dos microchips, aquele que apresentou maior migração foi na cartilagem da base da orelha, correspondendo a uma distância de migração de 26,9 mm, seguido da fossa infraorbital, que apresentou um trajeto de migração, do ponto de inserção do transponder, até a última verificação ao 11o dia de 13,1 mm. O local onde houve menor movimentação do microchip no corpo do animal foi nos dígitos do pé, onde verificou-se uma migração da ordem de 6 mm.
FIGURA 1: Análise de migração dos microchips (mm), em relação aos diferentes locais de aplicação entre o dia da aplicação e o 11º dia após o implante.
Outro parâmetro avaliado, foi a resposta do animal ao implante dos microchips, com base no ganho de peso diário (kg). Verifica-se um reflexo direto no ganho de peso dos animais submetidos ao implante na região dos dígitos do pé, apresentando um ganho de peso médio inferior aos demais de 0,140 kg/dia, fato esse atribuído a maior sensibilidade no local do implante, apresentando posteriormente dificuldade ao caminhar, além de apresentar problemas na aplicação, devido ao tipo de tecido encontrado neste local, que dificultava a inserção dos transponders. O índice recomendado para animais nascidos com peso médio de 1,500 kg, é de 0,168 kg/dia para um desmame aos 21 dias (Mores et al., 1998). Nota-se que para o tratamento submetido ao implante na fossa infraorbital, verifica-se um GPD (kg/dia) de 16,7% inferior ao limite mínimo exigido.
Diante destes resultados verifica-se que o implante na região da fossa infraorbital e na cartilagem da base da orelha, não apresentaram reflexo no ganho de peso diário dos animais, que foram de 0,186 e 0,183 kg/dia, observando-se um ganho de peso diário, superior ao recomendado de 10,7% e 8,9% respectivamente.
Para os dados referentes à validação do sistema de identificação eletrônica, número de animais captados pelas antenas em função do número de animais captados pelas microcâmeras, utilizou-se análise de regressão, envolvendo dados médios horários de registro. As curvas de ajuste 1:1 apresentaram variação linear, mostrando um valor de R2 (0,8677), significativo a 1% de probabilidade pelo teste F, verificando-se um nível de confiança de 79%, quando se comparam os dados obtidos pelas antenas em relação às microcâmeras (Figura 2).
FIGURA 2: Representação da correlação entre registro de dados pelas antenas e pelas microcâmeras.Dessa forma, a confiabilidade do sistema de análise de imagem foi superior ao uso de transponders, visto que o mesmo apresentou um erro na detecção da presença dos animais no interior dos abrigos de 21%.
4. CONCLUSÕES
O local mais indicado à receber o implante dos microchips foi na região da cartilagem da base da orelha.Quanto às ferramentas tecnológicas, o sistema de identificação eletrônica por meio de transponders, apresentou um erro de detecção da presença dos animais no interior dos abrigos de 21%.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O uso de transponders na identificação eletrônica animal, tem-se caracterizado em um útil sistema para o controle e a gerência nas propriedades agrícolas. Os locais de aplicação dos componentes eletrônicos no corpo dos animais, para o acompanhamento de sua atividade, podem apresentar alguns problemas após a injeção: biocompatibilidade, perdas, rupturas e migração a outras partes do corpo do animal. Transponders injetáveis, brincos eletrônicos e o monitoramento por meio da análise de imagem, estão sendo utilizados no processo de identificação eletrônica. Dessa forma o objetivo desta pesquisa foi avaliar os diferentes locais de implante subcutâneo de microchip em leitões verificando-se possíveis infecções e/ou rejeições, possíveis migrações dos microchips em relação ao local de implante e sua validação em relação a análise de imagem.
PALAVRAS-CHAVE: suinocultura; zootecnia de precisão; identificação eletrônica; análise de imagem.
EVALUATION OF DIFFERENT BODY SITES FOR MICROSHIP IMPLANTATION IN ELECTRONIC IDENTIFICATION OF PIGLETS AND ITS VALIDATION THROUGH OF IMAGE ANALYSIS
ABSTRACT
The use of transponders in electronic identification has becoming a useful system for the control and management of farm animals. Numerous locations for transponders used in animal identification tasks have been suggested, but some problems were founded after injection: biocompatibility, losses, occasional breakage and migration to other parts of the body. Electronic Transponders injectable, earrings and the monitoramento by means of the image analysis, are being used in the process of electronic identification. Of this form the objective of this research was to evaluate the different places of subcutaneous implantation of microchip in pigs being verified itself possible infections and/or rejections, possible migrations of the microships in relation to the implantation place and its validation in relation the image analysis.
KEYWORDS: swine production; animal precision production; electronic identification; image analysis
1. INTRODUÇÃO
A preocupação com a produção de alimentos está cada vez mais voltada para a quantidade e a qualidade do produto final, e as suas implicações no meio ambiente. Isso está acontecendo justamente no momento em que novas tecnologias de controle surgem, novas exigências de mercado aparecem, restrições de consumo e produção crescem diariamente, em paralelo com a mudança de conceito da população, que vem exigindo um produto final de melhor qualidade. A competitividade interna e externa está acirrada de maneira a ocupar um espaço seguro no mercado.
O sistema de identificação eletrônica com transponders injetáveis é um modo promissor para melhorar o atual sistema de marcação para suínos, como o sistema australiano, tatuagens e brincos, que apesar de serem de fácil aplicação e baixo custo, apresentam várias desvantagens, entre elas pode-se destacar, a visibilidade, o risco de perdas e eventuais manipulações (Klindtworth et al., 1999).
Para avaliar a mudança da distância entre um transponder e o local de aplicação são utilizados varias metodologias como radiografias, dissecação do cadáver para posterior cálculo da distância de migração, usando pontos de referência orgânico, sendo bastante difícil comparar os poucos resultados disponíveis, como os diferentes locais de implante usados em diferentes espécies (Lambooy & Merks, 1989).
O objetivo dessa pesquisa foi avaliar os diferentes locais de implante subcutâneo de microchip em leitões e verificar infecções e/ou rejeições, possíveis migrações dos microchips em relação ao local de implante e sua validação por meio da análise de imagem.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado nas dependências do Departamento de Produção Animal, setor de Não Ruminantes, da Universidade de São Paulo, campus de Piracicaba, E.S.A.“Luiz de Queiroz”.
Foram utilizados 9 leitões da raça Landrace, que ficaram alojados na maternidade, em cela parideira, durante o período de estudo. O experimento foi iniciado no terceiro dia após o nascimento dos animais, com peso médio de 1,557 kg, período em que se realizou o implante dos microchips.
Os microchips implantados foram da marca comercial Destron fearing, apresentando dimensões 2,2 x 11,5 mm, encapsulados em vidro biocompatível.
Os tratamentos correspondentes aos diferentes locais de implante foram: tratamento 1 - entre os dígitos da pata; tratamento 2 - na cartilagem na base da orelha; tratamento 3 - na fossa infraorbital. Perfazendo um total de 3 tratamentos com 3 repetições cada.Após o implante dos microchips, os leitões permaneceram na maternidade, sob as mesmas características ambientais e nutricionais, durante todo o experimento.
Para avaliar a mudança da distância entre um transponder e o local de aplicação foram realizadas sessões de radiografias, logo após o implante, no 4º dia e no 11º dia após o implante, para posterior cálculo da distância de migração, pelo cálculo do inverso do quadrado da distância, usando pontos de referência orgânicos, tomado como ponto inicial, determinado-se as coordenadas cartesianas para cada localização do microchip, considerando-se o valor de x sempre como 0 (zero). Os valores foram medidos em milímetros (mm), sendo no final somados para a série de 3 radiografias.
Após a determinação do melhor local de implante, a eficiência do sistema de identificação eletrônica por meio de transponders, foi avaliada utilizando-se como referência o monitoramento da atividade dos animais por meio de microcâmeras.
Para descrição da atividade dos animais, freqüência de utilização dos locais monitorados (abrigos escamoteadores), foi realizada uma análise de regressão entre o número de animais captados pelas antenas e os animais captados pela microcâmera, neste caso considerado como referência.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados na Figura 1 revelam que entre os diferentes locais de implante dos microchips, aquele que apresentou maior migração foi na cartilagem da base da orelha, correspondendo a uma distância de migração de 26,9 mm, seguido da fossa infraorbital, que apresentou um trajeto de migração, do ponto de inserção do transponder, até a última verificação ao 11o dia de 13,1 mm. O local onde houve menor movimentação do microchip no corpo do animal foi nos dígitos do pé, onde verificou-se uma migração da ordem de 6 mm.
FIGURA 1: Análise de migração dos microchips (mm), em relação aos diferentes locais de aplicação entre o dia da aplicação e o 11º dia após o implante.
Outro parâmetro avaliado, foi a resposta do animal ao implante dos microchips, com base no ganho de peso diário (kg). Verifica-se um reflexo direto no ganho de peso dos animais submetidos ao implante na região dos dígitos do pé, apresentando um ganho de peso médio inferior aos demais de 0,140 kg/dia, fato esse atribuído a maior sensibilidade no local do implante, apresentando posteriormente dificuldade ao caminhar, além de apresentar problemas na aplicação, devido ao tipo de tecido encontrado neste local, que dificultava a inserção dos transponders. O índice recomendado para animais nascidos com peso médio de 1,500 kg, é de 0,168 kg/dia para um desmame aos 21 dias (Mores et al., 1998). Nota-se que para o tratamento submetido ao implante na fossa infraorbital, verifica-se um GPD (kg/dia) de 16,7% inferior ao limite mínimo exigido.
Diante destes resultados verifica-se que o implante na região da fossa infraorbital e na cartilagem da base da orelha, não apresentaram reflexo no ganho de peso diário dos animais, que foram de 0,186 e 0,183 kg/dia, observando-se um ganho de peso diário, superior ao recomendado de 10,7% e 8,9% respectivamente.
Para os dados referentes à validação do sistema de identificação eletrônica, número de animais captados pelas antenas em função do número de animais captados pelas microcâmeras, utilizou-se análise de regressão, envolvendo dados médios horários de registro. As curvas de ajuste 1:1 apresentaram variação linear, mostrando um valor de R2 (0,8677), significativo a 1% de probabilidade pelo teste F, verificando-se um nível de confiança de 79%, quando se comparam os dados obtidos pelas antenas em relação às microcâmeras (Figura 2).
FIGURA 2: Representação da correlação entre registro de dados pelas antenas e pelas microcâmeras.Dessa forma, a confiabilidade do sistema de análise de imagem foi superior ao uso de transponders, visto que o mesmo apresentou um erro na detecção da presença dos animais no interior dos abrigos de 21%.
4. CONCLUSÕES
O local mais indicado à receber o implante dos microchips foi na região da cartilagem da base da orelha.Quanto às ferramentas tecnológicas, o sistema de identificação eletrônica por meio de transponders, apresentou um erro de detecção da presença dos animais no interior dos abrigos de 21%.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- KLINDTWORTH, M., WENDEL, G., KLINDTWORTH, K., PIRKELMANN, H. Eletronic identification of cattle with injectable transponders. Computers and Eletronics in Agriculture, v.24, n.1, p.65-79, 1999.
- LAMBOOY, E., MERKS, J.W.M. Technique and injection place of eletronic identification numbers in pigs. IVO B-Rapport 335, Zeist.
- MORES, N.; SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I.; MORENO, A.M. Manejo do leitão do nascimento até o abate. In: SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I.; SILVEIRA, P.R.S.; SESTI, L.A.C. Suinocultura Intensiva. Concórdia: Embrapa - CNPSA, 1998. p.135-161.
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