Concordo com os comentários anteriores. É verdade que estão surgindo grandes grupos, grandes superfícies e estabelecimentos que exigem uma maior transparência em todo o relacionado com fornecimento de proteína ou alimentos na cadeia alimentaria e em cada nova exigência ninguém se preocupa com acrescentar 'valor ao produto final'. É verdade que o produtor está num momento histórico, difícil e são muitas as explotações que acham complicada a sua permanência no mercado, porque tudo recai no processo de produção e leva a um cenário idílico, onde ninguém é capaz de entender a importância que tem poder garantir a permanência de tantas explotações que tanta coisa têm feito para apresentar e garantir ao consumidor um nível e origem de proteína de tanta qualidade e prácticamente sem problemas na cadeia alimentaria. O setor suíno está num novo cenário e temos a certeza de que saberá encontrar novos modelos que permitam rentabilização na fase de produção. As normas elaboradas pelos governos estão para ser cumpridas, questionadas, mas nunca temos de admitir uma imposição com o mal cumprimento da norma. É verdade que a Normativa Européia de Bem-estar Animal apresenta contradições para conseguir 'bem-estar' e são essas contradições as que devemos saber corrigir, mas o certo é que todos procuramos o bem-estar. Cómo não vai querer bem-estar animal o pecuarista que tem dedicado a sua vida toda a seus animais? O cenário da Normativa Européia de Bem-estar Animal apresenta um estrutura muito diferente da praticada entre os anos 70 e 2003, porém não tão diferente da produção desenvolvida entre os anos 50 e 70, onde as reprodutoras estavam soltas e inclusive paríam quase em liberdade e hoje, quando surge a Normativa de Bem-estar Animal, nossos pais e avôs percebem que já tinham esse sistema na sua explotação nos anos 50. Talvez a maior diferença seja que as explotações eram menores. O tempo volta mais uma vez a sistemas de difícil controle quando falamos em explotações industriais de mais de 2.000 fêmeas. Aí é quando temos de saber produzir, cumprindo a Normativa de Bem-estar Animal e introduzindo toda a tecnología possível na granja, sem perdermos a noção de que o processo de produção está abocado a um aumento de custos de produção e uma aplicação ruim ou imposição não bem estudada faz de nossa explotação uma estrutura inviável.
São muitas as explotações que estão tentando melhorar a eficiência em todas as suas áreas, que estão trabalhando, tentando descobrir novos campos que permitam rentabilizar o seu negócio, onde não se perca a vocação que deve ter para criação e reprodução suína. Tudo o que for imposto não tem sentido, não permite estimular a criatividade. Tudo o que a mente traduz num novo modelo permite garantir um projeto com futuro. Ninguém se atreve a predizer o futuro, mas o que está claro é que a produção suína, como disse um cliente sábio há alguns anos, nunca mais será um grande negócio, só será um trabalho muito digno. O Bem-estar Animal Tecnificado, a micro nutrição por fases, os novos cenários sanitários, a formação dos funcionários, o controle individual, as decissões produtivas e econômicas, todas as tecnologías possíveis podem nos abrir novos horizontes e nos dignifica para seguir num negócio que nos continua apaixonando e onde o comportamento social de nossos animais será muito importante para alcançar um bem-estar produtivo.
Concordo com Ricardo, o assunto é inexorável. Mas, o grande assunto é se temos ou não um sistema melhor, e a verdade é que sim! As boas Estações Eletrónicas em grupos grandes, bem desenhadas e manejadas apresentam muitas vantagens sobre as baias de estação, logo da primeira semana de cobertura.
Parabéns a todos pela discussão...aporta valor para quem le!!
Bem Estar Animal, já não é uma discussão, o mundo inteiro vai adotar como norma. Não da para retroceder. O assunto, para mim, são 2 pontos:
1) Que os prazos de conversão sejam razoáveis e se for possível se disponibilizem porquinhos para isso.
2) Que o produtor entenda que o Bem estar Animal Tecnificada aporta valor para ele:
a.) Melhor controle da alimentação da fêmea (melhor Conversão Alimentar de alimento de fêmea por leitão)
b) Melhor peso a nascimento dois latões (40-70 gr a mas de media!)
c) Redação de custos de mao de obra.
d) Maior atração de pessoal qualificado para a produção animal.
e) Melhor satisfação laboral do pessoal. Se você pergunta aos operários que manejam os novos sistemas, ninguém quer retornar a Gaiolas!!
f) Do ponto de vista do pesquisador nutricionista, estes sistemas oferecem oportunidades de melhora sem límite.
Que bela discussão......de vez em quando abro o sitio Engormix para verificar e hoje me deparei com MC Donald's marcando data de retirada das gaiolas de gestação para seus fornecedores.
Com certeza que devido a grande produtividade e prolificidade das matrizes de hoje (16º PARTO, e já produziram mais de 234 leitões nascidos vivos na sua vida útil) vejam que qualquer animal selvagem, em cativeiro demora no mínimo 10 anos de adaptação para poder gerar sua primeira cri, portanto eu concordo seguramente que solto seria melhor, mas a conta é muito alta para o consumidor pagar. A incompetencia na produção agrícola de muitos países vai sendo "EMBRETADA, CERCADA" por países altamente eficientes na sua competitividade, que vão exigindo extravagancias de todo o tipo, simplesmente para que deixem de produzir. O Brasil é sempre de risco, inventam sempre qualquer coisa.
Conheço pessoalmente o sistema AUSTRÍACO de fêmeas chipadas, em grupos de até 90 indivíduos no mesmo ambiente, da qual eu diria fantástico e confortável, inclusive faz bem até aos funcionários verem a tranquilidade destas porcas, mas não podemos deixar de abordar aqui o valor deste equipamento.
Depois alguém aqui poderia me informar se é mais confortável estar presa numa gaiola, com água e comida e ou solta muitas vezes, disputando esta comida com porcas dominadoras, onde as menos favorecidas (medrosas) apanham e levam uma surra, simplesmente por estarem ali aguardando um resíduo de sobra de ração? Este stress provoca abortos, retornos e leitegadas pequenas.
Sem dúvida é uma discussão interessante, deve ser levada adiante por pessoas comprometidas com a verdadeira produção.
Vejam que quando extrapolamos para outro segmento, Bovinos e soja, só falam da devastação da amazônia, onde virou o bode expiatório para exportações brasileiras. Todos sabem que existe ali uma grande falsidade da imprensa internacional, instigada por estes ambientalistas que sempre chamam atenção devido ao seu poderoso argumento.
Vejam por exemplo um cidadão proprietário de 1000 hectares na amazônia, só pode trabalhar 200 hectares, pois ele deve preservar 80% da terra em Reserva Legal. Ocorre que ele já possui esta terra, ele comprou, herdou, sei lá, não interessa, mas é dele e paga o imposto sobre os 1000 hectares, enquanto do outro lado do mundo, seja Europa, Estados Unidos, China, India, ou qualquer que seja o país, não precisa ter RESERVA LEGAL e portanto, como poderei competir com este mundo que já devastou e eu aqui brasileiro tenho que pagar a conta???
O mundo todo está pondo o Brasil em verdadeira desvantagem competitiva, pois eles não podem mais preservar nada, respiram o oxigênio gerado por nós e nada pagam por isto e o Brasil, como cachorrinho, nem sabe usar a força que tem para esta disputa se tornar igual.
O pior de tudo isto é que quando superamos qualquer entrave colocado por importadores, uma semana depois inventam outro e lá vamos nós por mais 10 anos nos adaptar a cumprir novas normas para que um dia chegarmos lá.
Nosso país hoje é vanguarda na produção agrícola, grãos, carne, ovos, leite e devemos marcar território neste planeta faminto, exigindo do governo que busque os melhores técnicos para estas discussões relevantes, levar ao conhecimento da imprensa internacional o que realmente ocorre aqui dentro dos límites do BRASIL, pois temos tudo para sermos verdadeiramente uma nação que não precisa derrubar mais nenhuma árvore para dobrarmos a produção, aplicando apenas as tecnologias já disponíveis. Este é o grande medo dos países desenvolvidos.
Flauri Migliavcca
Evidentemente a clausura das matrizes da forma que está sendo implementada, em certos casos, não permite ao animal mudar de posição no sentido do eixo cabeça-rabo, o que convenhamos, por um longo periodo, deve ser um estresse de medidas descomunais. Claro que devemos e podemos achar soluções intermediárias, o que deverá acontecer em breve. Entretanto chamo a atenção sobre o carregamento, transporte, manejo pré-abate e abate. O estresse dos animais é audível a distância, o que sugere uma descarga de adrenalina importante com consequentes alterações na qualidade da carne. Agora enfocar os problemas sem sugerir soluções não ajuda em nada, mas pode estimular especialistas nesta área para encontrar uma saída, nem que não seja a melhor de imediato, mas que produza efeitos mais próximos aos ideais. Ermete Antonio Wegher
A Humane Society of the United States e Humane Society International e todos que nos obrigam a pensar novos métodos de trabalho serão sempre bem-vindos.
Difícil é determinar prazo para problemas que para o produtor são soluções definitivas e econômicas.
Socialização do rebanho onde o movimento de matrizes é continuo cria uma situação de stress que se manifesta sempre em disputa de alimentos. Diferentes consumos, diferentes condições físicas e diferentes resultados. Os números de acidentes pela disputa social são maiores que o desconforto da cela.
Temos que pensar no melhor para a vida do indivíduo, não para nosso entendimento de liberdade. Seguramente os acidentes reduzem em muito a vida util da matriz.
A verdade é que o Brasil dispõe de uma grande vantagem quanto a Bem-estar animal em gestações livres em relação à Europa, já que por enquanto não é obrigatória a produção com gestações livres nesse continente. Como aponta o senhor Carlos Buxade, são muitos os problemas que estão surgindo na Espanha e na Europa com as gestações livres e mais do que uma vantagem é uma dificuldade que talvez irá fazer com que nos próximos anos muitas das explotações até agora competitivas com o sistema tradicional já não o sejam pelo aumento dos custos de produção derivados da aplicação do Bem-estar Animal e seus problemas associados.
No entanto, deve-se reconhecer que a maioria das adaptações foram feitas pensando só em cumprir a normativa, sem levar a consideração o trabalho diário na granja e o confort dos animais e as pessoas que desenvolvem esse trabalho. Infelizmente essa tem sido a opção da maioria na Europa e especialmente na Espanha, e já estão surgindo os primeiros casos que têm feito uma adopção faz 1-2 anos e agora têm que fazer mais uma vez uma adaptação porque senão terão que fechar pela falta de competitividade.
São muitas as explotações, principalmente na Espanha, que se decidiram pelo modelo de bem-estar tecnificado e que a cada día estão demonstrando ser competitivas, e onde é possível conferir que bem-estar não significa pior produtividade (como muitos acham), senão ao contrário, são granjas com um importante futuro ao conseguir custos de kilo de carne menor (menos consumo de ração em gestação, menos manejo, mais peso a nascimento, menos funcionários, melhores índices produtivos…. é além disso a possibilidade de um maior controle sem mais esforço de todo o relacionado com a segurança alimentaria - tratamentos, consumos..), o que as torna granjas referentes agora e nos próximos anos.
Não existe a menor possibilidade de trabalhar uma suinocultura econômica e rentável sem o uso da tecnologia de criação individual no menor espaço físico.
Em 1970 foi tentado o uso da coleira sem resultado satisfatório.
As primeiras medidas eram de box de 0,60m/1,80m.
A partir de 1980 aumentou para 0,60/2,00m na tentativa de aumentar o conforto.
Tentou-se também a alimentação simultânea para redução do stress.
Mas dar alimentação adequada a no mínimo 2 matrizes juntas eu acredito que seja difícil.
É um tema sério este apresentado.
Amigo Ricardo:
Nós estamos manejando a fase de controle em gaiolas e a gestação comprovada, de acordo com a legislação vigente na U.E., em parques.
No nosso caso, que abrange vários miles de porcas, tem suposto realmente, em base à contabilidade analítica, um incremento de custos, por kilogramo vivo de porco produzido do 8,7 por 100 (incluimos a amortização dos investimentos, a diminuição real da produtividade, a evolução dos índices técnicos, etc.).
Infelizmente não temos constatado, através de múltiples controles, uma melhora no nível de bem-estar real das reprodutoras entre as gaiolas de gestação de última generação e os parques, ao contrário (não melhoram os índices reprodutivos reales, nem a afecção das porcas na sala de partos, exacerbação de jerarquías, porcas dominadas, agressividade, aumento das cuotas de retorno, aumento das lesões e dos dejetos, etc.).
Para mim não é um modelo que melhore zootécnicamente a explotação suína com a atual base animal altamente produtiva e pouco rústica.
Infelizmente o incremento real final dos custos de produção (diretos e indiretos), no nosso mercado, são pagos pelo produtor, não pela cadeia alimentaria.
Cumprimentos. Carlos Buxadé.