Prezados companheiros. A discussão é salutar. Eu sempre estive extremamente preocupado com bem-estar animal. Tanto que nos últimos anos, mudei as gaiolas de GESTAÇÃO de 0,60 cm de largura para 0,66 e 2 para 2,35 metros de comprimento, com um aumento de 25% na área útil; melhorei os pisos, abolindo os pisos de concreto, agressivos, para pisos emborrachados; diminuímos a largura dos galpões, para melhorar a ventilação; aumentamos o pé direito dos galpões; a matriz na gaiola tem à sua frente um cocho com 15 litros de água, 24 horas, (fresca) trocada 5 vezes ao dia; passamos de dois tratos diários, para três tratos; passamos a utilizar ração líquida; diminuímos a quantidade de barras de ferro, da gaiola de gestação; mudamos as posições das gaiolas, para que as matrizes fiquem sempre (frente a frente) uma enxergando a outra. Isto é BEM-ESTAR ANIMAL. Estas melhorias também foram introduzidas nas Maternidades. Vejam amigos, nos últimos 3 anos as margens têm se mantido muito apertadas, com custo de produção muito próximo do preço de venda. Para introduzir mudanças de sistemas, precisamos de MARGENS que cubram os investimentos. Sou e sempre fui favorável a melhorias que visem melhor bem estar, menor custo. Pergunto? Quem vai pagar a conta? Precisamos produzir à menores preços, para sermos competitivos, no mercado interno e externo. Sou PRODUTOR, vamos deixar de hipocrisia, e sermos honestos, coerentes, com a atividade de suinocultura.
Prezado Eduardo e demais amigos do grupo,
Vejo claramente por acompanhar uma criação em loco e tendo o cuidado de me preocupar com o bem estar das instalações que o que mais aflinge as porcas em gaiolas é o ato de coçar nos ferros. Sim, muitas delas ficam com feridas de tanto se coçar, de tanto fazer atos repetitivos, comparando com baias de gestão onde ficam 4 ou até 5 matrizes, em chão de cimento mas com espaço para as mesmas de locomoverem a resposta é outra. Temos que abolir este uso, nem que seja após as 4 primeiras semanas de gestação. Também acho interessante entender que quanto mais conforto dermos a nossas porcas, mais teremos a ganhar com isto!
Amigo Ricardo:
Nós estamos manejando a fase de controle em gaiolas e a gestação comprovada, de acordo com a legislação vigente na U.E., em parques.
No nosso caso, que abrange vários miles de porcas, tem suposto realmente, em base à contabilidade analítica, um incremento de custos, por kilogramo vivo de porco produzido do 8,7 por 100 (incluimos a amortização dos investimentos, a diminuição real da produtividade, a evolução dos índices técnicos, etc.).
Infelizmente não temos constatado, através de múltiples controles, uma melhora no nível de bem-estar real das reprodutoras entre as gaiolas de gestação de última generação e os parques, ao contrário (não melhoram os índices reprodutivos reales, nem a afecção das porcas na sala de partos, exacerbação de jerarquías, porcas dominadas, agressividade, aumento das cuotas de retorno, aumento das lesões e dos dejetos, etc.).
Para mim não é um modelo que melhore zootécnicamente a explotação suína com a atual base animal altamente produtiva e pouco rústica.
Infelizmente o incremento real final dos custos de produção (diretos e indiretos), no nosso mercado, são pagos pelo produtor, não pela cadeia alimentaria.
Cumprimentos. Carlos Buxadé.
Não existe a menor possibilidade de trabalhar uma suinocultura econômica e rentável sem o uso da tecnologia de criação individual no menor espaço físico.
Em 1970 foi tentado o uso da coleira sem resultado satisfatório.
As primeiras medidas eram de box de 0,60m/1,80m.
A partir de 1980 aumentou para 0,60/2,00m na tentativa de aumentar o conforto.
Tentou-se também a alimentação simultânea para redução do stress.
Mas dar alimentação adequada a no mínimo 2 matrizes juntas eu acredito que seja difícil.
É um tema sério este apresentado.
A verdade é que o Brasil dispõe de uma grande vantagem quanto a Bem-estar animal em gestações livres em relação à Europa, já que por enquanto não é obrigatória a produção com gestações livres nesse continente. Como aponta o senhor Carlos Buxade, são muitos os problemas que estão surgindo na Espanha e na Europa com as gestações livres e mais do que uma vantagem é uma dificuldade que talvez irá fazer com que nos próximos anos muitas das explotações até agora competitivas com o sistema tradicional já não o sejam pelo aumento dos custos de produção derivados da aplicação do Bem-estar Animal e seus problemas associados.
No entanto, deve-se reconhecer que a maioria das adaptações foram feitas pensando só em cumprir a normativa, sem levar a consideração o trabalho diário na granja e o confort dos animais e as pessoas que desenvolvem esse trabalho. Infelizmente essa tem sido a opção da maioria na Europa e especialmente na Espanha, e já estão surgindo os primeiros casos que têm feito uma adopção faz 1-2 anos e agora têm que fazer mais uma vez uma adaptação porque senão terão que fechar pela falta de competitividade.
São muitas as explotações, principalmente na Espanha, que se decidiram pelo modelo de bem-estar tecnificado e que a cada día estão demonstrando ser competitivas, e onde é possível conferir que bem-estar não significa pior produtividade (como muitos acham), senão ao contrário, são granjas com um importante futuro ao conseguir custos de kilo de carne menor (menos consumo de ração em gestação, menos manejo, mais peso a nascimento, menos funcionários, melhores índices produtivos…. é além disso a possibilidade de um maior controle sem mais esforço de todo o relacionado com a segurança alimentaria - tratamentos, consumos..), o que as torna granjas referentes agora e nos próximos anos.
Concordo com os comentários anteriores. É verdade que estão surgindo grandes grupos, grandes superfícies e estabelecimentos que exigem uma maior transparência em todo o relacionado com fornecimento de proteína ou alimentos na cadeia alimentaria e em cada nova exigência ninguém se preocupa com acrescentar 'valor ao produto final'. É verdade que o produtor está num momento histórico, difícil e são muitas as explotações que acham complicada a sua permanência no mercado, porque tudo recai no processo de produção e leva a um cenário idílico, onde ninguém é capaz de entender a importância que tem poder garantir a permanência de tantas explotações que tanta coisa têm feito para apresentar e garantir ao consumidor um nível e origem de proteína de tanta qualidade e prácticamente sem problemas na cadeia alimentaria. O setor suíno está num novo cenário e temos a certeza de que saberá encontrar novos modelos que permitam rentabilização na fase de produção. As normas elaboradas pelos governos estão para ser cumpridas, questionadas, mas nunca temos de admitir uma imposição com o mal cumprimento da norma. É verdade que a Normativa Européia de Bem-estar Animal apresenta contradições para conseguir 'bem-estar' e são essas contradições as que devemos saber corrigir, mas o certo é que todos procuramos o bem-estar. Cómo não vai querer bem-estar animal o pecuarista que tem dedicado a sua vida toda a seus animais? O cenário da Normativa Européia de Bem-estar Animal apresenta um estrutura muito diferente da praticada entre os anos 70 e 2003, porém não tão diferente da produção desenvolvida entre os anos 50 e 70, onde as reprodutoras estavam soltas e inclusive paríam quase em liberdade e hoje, quando surge a Normativa de Bem-estar Animal, nossos pais e avôs percebem que já tinham esse sistema na sua explotação nos anos 50. Talvez a maior diferença seja que as explotações eram menores. O tempo volta mais uma vez a sistemas de difícil controle quando falamos em explotações industriais de mais de 2.000 fêmeas. Aí é quando temos de saber produzir, cumprindo a Normativa de Bem-estar Animal e introduzindo toda a tecnología possível na granja, sem perdermos a noção de que o processo de produção está abocado a um aumento de custos de produção e uma aplicação ruim ou imposição não bem estudada faz de nossa explotação uma estrutura inviável.
São muitas as explotações que estão tentando melhorar a eficiência em todas as suas áreas, que estão trabalhando, tentando descobrir novos campos que permitam rentabilizar o seu negócio, onde não se perca a vocação que deve ter para criação e reprodução suína. Tudo o que for imposto não tem sentido, não permite estimular a criatividade. Tudo o que a mente traduz num novo modelo permite garantir um projeto com futuro. Ninguém se atreve a predizer o futuro, mas o que está claro é que a produção suína, como disse um cliente sábio há alguns anos, nunca mais será um grande negócio, só será um trabalho muito digno. O Bem-estar Animal Tecnificado, a micro nutrição por fases, os novos cenários sanitários, a formação dos funcionários, o controle individual, as decissões produtivas e econômicas, todas as tecnologías possíveis podem nos abrir novos horizontes e nos dignifica para seguir num negócio que nos continua apaixonando e onde o comportamento social de nossos animais será muito importante para alcançar um bem-estar produtivo.
A Humane Society of the United States e Humane Society International e todos que nos obrigam a pensar novos métodos de trabalho serão sempre bem-vindos.
Difícil é determinar prazo para problemas que para o produtor são soluções definitivas e econômicas.
Socialização do rebanho onde o movimento de matrizes é continuo cria uma situação de stress que se manifesta sempre em disputa de alimentos. Diferentes consumos, diferentes condições físicas e diferentes resultados. Os números de acidentes pela disputa social são maiores que o desconforto da cela.
Temos que pensar no melhor para a vida do indivíduo, não para nosso entendimento de liberdade. Seguramente os acidentes reduzem em muito a vida util da matriz.
Evidentemente a clausura das matrizes da forma que está sendo implementada, em certos casos, não permite ao animal mudar de posição no sentido do eixo cabeça-rabo, o que convenhamos, por um longo periodo, deve ser um estresse de medidas descomunais. Claro que devemos e podemos achar soluções intermediárias, o que deverá acontecer em breve. Entretanto chamo a atenção sobre o carregamento, transporte, manejo pré-abate e abate. O estresse dos animais é audível a distância, o que sugere uma descarga de adrenalina importante com consequentes alterações na qualidade da carne. Agora enfocar os problemas sem sugerir soluções não ajuda em nada, mas pode estimular especialistas nesta área para encontrar uma saída, nem que não seja a melhor de imediato, mas que produza efeitos mais próximos aos ideais. Ermete Antonio Wegher