INFORMATIVO TÉCNICO - 30 Leitões por porca/ano
O conceito de produzir mais leitões por porca por ano nasceu da ambição dos produtores em seguida ao desenvolvimento da suinocultura em 3 locais. Apercebeu-se logo que muitos se dedicariam a receber os leitões à desmama (qualquer coisa entre 14 e 21 dias) e um peso variável entre os, por vezes menos de 4 kilos, e geralmente não mais de 5.5 kilos. Entrou-se então na fase, muito óbvia, dos problemas nas crèches; com mortalidade devida a debilidade e consequente incapacidade física de sobrevivência, variabilidade de crescimento, doenças precipitadas pela imaturidade fisiológica, necessidades de espaço adequado; problemas estes que são depois transmitidos à fase de engorda e crescimento. Aqueles que vendiam (ou ainda vendem) tais animais julgam assim que produzir 30 leitões (ou mais !) por porca e por ano tem benefício económico. Mas terá mesmo ? No âmbito particular poderá ter mas, no campo global, a industria suina simplesmente fica prejudicada com tal procedimento.
A meta final em suinocultura não é produzir "X" número de leitões, mas sim "X" quantidade de kilos de carne de boa qualidade. Dentro desta premissa torna-se irrelevante produzir 30 leitões desmamados aos 21 dias com 5.5 kilos de peso = 165 kilos de carne, dado que o mesmo se consegue mais facilmente com 25 leitões desmamados aos 25 dias com 6.6 kilos. As explorações mais organizadas conseguem um crescimento diário, nesta fase (20 a 24 dias), de até 380 gramas por dia (usando suplementos específicos), o que poderia reduzir os dias ao desmame para 22/23. Com um ciclo de 152 dias (já por si necessitando de alto nível administrativo/gerencial) requere-se 12.5 leitões desmamados por parto e 2.4 parições por ano para se chegar aos 30 p/porca/ano. Também de considerar que as necessidades alimentares de uma porca com uma leitegada de 12 ou mais leitões são difíceis de alcançar e implicam custos mais elevados. As porcas com níveis de produção da ordem dos 30 leitões por ano têm, por regra, a sua vida activa reduzida em 1 ou mais parições.Mas onde está então a vantagem ?
O leitão desmamado com 6.6 kilos está fisiológicamente mais preparado (imunidade, robustez,), a leitegada tem um peso mais uniforme e os animais não estão tão sujeitos à estresse que irá favorecer o aparecimento de problemas de saúde com todas as implicações conhecidas. Por outro lado a maior velocidade de crescimento e os melhores níveis de conversão alimentar vão ajudar a uma transição mais eficaz da crèche ao crescimento-engorda, e isto somado a um melhor aproveitamento de espaço nas crèches e na engorda, reduz o tempo de estadia nestas fases logo uma rotação mais rápida de todo o processo. Psicológicamente nem o suinocultor nem os seus empregados gostam de ver animais débeis (a maioria ainda tentando amamentar-se entre eles), alta mortalidade e, inevitávelmente, o aumento de trabalho.
Alguns produtores dirão que podem sempre vender os 5 leitões menos viáveis (quasi sempre por preço irrisório) e acabar os restantes 25 aos 24 dias. Tal prática vai criar mais necessidade laboral, e de espaço, e vai também contrariar a regra de "todos-dentro-todos-fora". O desmame parcial já foi sobejamente analizado e considerado de pouca ou nenhuma utilidade prática. Difícil de determinar, mas não parece que o valor de venda obtido pelos 5 leitões debilitados possa compensar todas as restantes despezas e problemas inerentes.
Em materia das necessidades da exploração, seja em melhoramento de instalações ou aumento do efectivo laboral, os requerimentos são iguais ou, bem vistos, cancelam-se entre eles.
Outro pormenor é que para os mercados "niche", tais como "selenium-porc" ou "ALA - Omega porc", os animais com desmama aos 6.6 kilos têm vantagem de assimilação em relação aos de menor peso.