RESUMO
Foi caracterizado através de análise bromatológica medida nos dejetos suínos representativos de um rebanho, quantidades de massa seca, extrato etéreo, fibra bruta, proteína bruta, resíduos minerais, extrativos não nitrogenados, cálcio, fósforo, comparando-os com valores de referências. A divulgação dos resultados trará a comunidade melhora significativa na escala de produção de suínos na região, bem como diretamente na qualidade de vida dos produtores, fixando o homem ao campo através de uma maior rentabilidade nas propriedades rurais.
Palavras-chave: Suínos, Alimentos e Indicadores.
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
Para uma exploração de animais comerciais lucrativa, é necessário que se trabalhe com animais de alto potencial genético, submetidos às condições alimentares que permitam obter altas produções, a custos mais econômicos, isto se torna possível, principalmente, por intermédio de adequado manejo nutricional, reprodutivo e sanitário.
A alimentação racional dos animais visa fornecer os nutrientes necessários para assegurar as exigências de mantença e o nível de produção pretendido. Dessa forma, verifica-se que a nutrição constitui a base do sucesso de uma exploração sustentável, visto que os custos dos alimentos é o que mais onera o custo da produção, o que exerce, sem dúvida, uma grande influência sobre a rentabilidade de todo o processo produtivo.
A utilização de dejetos suínos na alimentação animal é uma questão bastante complexa e demanda maiores conhecimentos para uma discussão mais aprofundada. Entretanto, essa prática vem acontecendo e algumas considerações são pertinentes. Há referências na literatura internacional, publicadas na década de 70, apresentando desempenhos satisfatórios de suínos alimentados com dejetos da mesma espécie (Pérdomo et al 1998) .
Com relação aos ruminantes, foram verificados bons desempenhos em bovinos de corte alimentados com dejetos de suínos. Esses resultados são decorrentes da capacidade de digestão microbiana dos ruminantes, que os capacita a aproveitar alimentos considerados de baixa qualidade nutricional para os animais de estômago simples. Assim como algumas espécies de peixes, como a tilápia(Oreochromis niloticus).
A grande quantidade de dejetos suínos acumulados e muitas das vezes sem destino desenvolveu o interesse do acadêmico em fazer a análise das fezes de suínos, que determinará o potencial nutricional e a possibilidade de seu possível uso no futuro como adjuvante na alimentação destes animais e o impacto destes no perfil metabólico do animal e no ganho de peso que é o principal interesse comercial. Além destas análises, é ainda importante conhecermos o histórico clínico do rebanho, o manejo empregado na rotina dos animais e a sanidade do rebanho.
1.2 DELIMITAÇãO DO PROBLEMA
Embora os dejetos suínos possam ser utilizados como fonte de energia e nutriente para outras espécies animais (suínos, ruminantes e peixes), ainda existem estudos científicos para auxiliar no uso destes como adjuvantes na alimentação.
Com a concretização científica de seu uso como adjuvante à rações de outros animais pode-se evitar possíveis vazamentos ou lançamentos indiscriminados de dejetos suínos não tratados em rios, lagos e no solo podendo provocar doenças, como, verminoses, alergias, hepatites, hipertensão, câncer de estômago e esôfago (PENZ, 1992). Além disso, trazem desconforto à população (proliferação de moscas, mau cheiro) e, ainda, a degradação do meio ambiente (morte de peixes e animais, toxicidade em plantas e contaminação de lençóis freáticos). Constitui-se, dessa forma, um risco para a sustentabilidade e expansão da suinocultura como atividade econômica.
Os itens apresentados após análise poderão ser indicados com o intuito de melhorar a produtividade e fazer parte da composição segura da alimentação de bovinos.
1.3 JUSTIFICATIVA
Esse projeto de pesquisa propôs a caracterização de valores de referência bromatológica para os dejetos suínos da região de Canoinhas (SC), dados até então não estabelecidos.
Sendo divulgado para que possa beneficiar a comunidade, promovendo melhoria na escala produtiva de varias espécies animais de interesse comercial na região, resultando uma melhor qualidade e rentabilidade pela diminuição do uso de concentrados e rações, aumentando o lucro do produtor.
O projeto foi desenvolvido devido ao interesse futuro do acadêmico pesquisador em seguir esta área do conhecimento (nutrição animal em bovinos), que envolve melhorias nas áreas de saúde animal, e conseqüentemente à saúde humana, promovendo a complementação do conhecimento científico adquirido no Curso de Graduação Medicina Veterinária.
Após ser apresentado ao CEDUP - Colégio Agrícola Vidal Ramos, localizada no Planalto Norte Catarinense, na região de Canoinhas (SC), comprovou-se o interesse em fornecer apoio ao desenvolvimento do projeto, tendo em vista que a mesma verificou que o novo projeto é inovador e atende aos interesses regionais.
1.4 OBJETIVOS
- Caracterizar a composição bromatológica dos dejetos suínos na região de Canoinhas (SC) de maneira e forma quantitativa e qualitativa.
- Determinar as variantes envolvidas na análise quantitativa e qualitativa dos dejetos suínos na região de Canoinhas (SC).
- Obter a concentração de massa seca nos dejetos suínos em Canoinhas - SC;
- Obter a concentração de proteína bruta nos dejetos suínos em Canoinhas - SC;
- Obter a concentração de extrato etéreo e energia disponível nos dejetos suínos em Canoinhas - SC;
- Obter a concentração de resíduos minerais, de cálcio e de fósforo nos dejetos suínos em Canoinhas - SC;
- Obter a concentração de extrativos não nitrogenados nos dejetos suínos em Canoinhas - SC;
- Obter a concentração de nutrientes digestíveis totais nos dejetos suínos em Canoinhas - SC;
- Obter a concentração de carboidratos solúveis e insolúveis nos dejetos suínos em Canoinhas - SC;
2. FUNDAMENTAÇãO TEÓRICA
Levando em consideração as características anatomo-fisiológicas dos suínos, que são classificados como animais monogástricos por possuírem estômago simples e ceco não funcional, o que lhes confere três características digestivas básicas:
- Pequena Capacidade de Armazenamento
O suíno tem uma baixa capacidade de armazenamento de alimentos. Isso determina um manejo alimentar com duas ou mais refeições diárias para dietas restritivas.
- Baixa Capacidade de Síntese de Nutrientes
Exceto algumas vitaminas do complexo B, sintetizadas indiretamente pelos microorganismos que habitam o ceco, o suíno não apresenta mapas metabólicos de sínteses endógenas importantes.
- Baixo Aproveitamento de Fibras
A morfofisiologia do trato digestivo suíno não oportuniza condições para microorganismos que usam como substrato materiais fibrosos (Kolb et al 1987).
Assim diminuem-se os custos com alimentos, que representam mais da metade do custo da produção (NOLLER et al., 1997), e influenciar a rentabilidade de todo o processo produtivo, sendo possível suprir as exigências de mantença e produção ao fornecer uma alimentação balanceada para os animais comerciais.
Para uma exploração de bovinos, é necessário que se trabalhe com animais de alto potencial genético, submetidos às condições alimentares que permitam obter alta produção, a custos mais econômicos, isto se torna possível, principalmente, por intermédio de adequado manejo nutricional, reprodutivo e sanitário.
As categorias de animais que apresentam requerimentos nutricionais mais altos podem ser incapazes de manter altos desempenhos. Dessa forma, a nutrição de animais, visando à produção, necessita de forragens com alta qualidade de modo a obter redução nos custos provenientes da utilização de concentrados, fornecendo energia e/ou proteína com baixo custo, resultando numa maior lucratividade.
Em ruminantes, o equilíbrio entre a produção de proteínas bacterianas, sua absorção pela parede do rúmen, e a utilização pelos microrganismos depende da quantidade de energia disponível. A maioria das bactérias existentes no rúmen é capaz de utilizar amônia como fonte de nitrogênio para síntese de proteína microbiana, mas a fermentação ruminal da proteína, freqüentemente, produz mais amônia que os microrganismos podem utilizar. Em muitos casos, mais de 25% da proteína podem ser perdidas como amônia. Em razão de ser um dos ingredientes mais caros nas dietas de ruminantes, existe considerável interesse na redução da fermentação ruminal de proteína (RUSSELL et al., 1992).
Sendo a proteína um dos ingredientes mais caros da dieta, a economia da produção animal é altamente dependente da eficiência de sua utilização. Por esse motivo, nos últimos anos, tem havido considerável interesse na redução das perdas de compostos nitrogenados (N) pelos ruminantes (RUSSEL, 1992).
A ingestão de matéria seca também é um dos fatores determinantes do desempenho animal, sendo o ponto inicial para o ingresso de nutrientes necessários para o atendimento das exigências de mantença e produção, enquanto a digestibilidade e a utilização de nutrientes representam apenas a descrição qualitativa do consumo.
A utilização de forrageiras de alta qualidade na dieta de animais de criação, segundo Van Soest (1965) é uma prática de manejo nutricional que induz maior uniformização no consumo de nutrientes, retirando, dessa forma, os riscos decorrentes da falta de algum nutriente, que por ventura, possa ocorrer, por intermédio de diversos fatores ambientais.
Sumarizando uma série de experimentos, SCHINGOETHE (1984) relatou que uma redução na proteína degradável e um aumento na proteína protegida, acarretou aumento na quantidade de ganho de peso médio diário por kg de proteína bruta (PB) consumida, quando as fontes energéticas permaneceram constantes.
E como complemento, devido à grande preconceito sobre a suinocultura, será avaliado a possível presença de microorganismos dos dejetos suínos após auto-clavados.
2.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA ANÁLISE BROMATOLÓGICA
2.1.1 Status Protéico
a) Proteína
Proteína bruta significa o nitrogênio total contido num material analisado, multiplicado pelo fator convencional 6,25, este processo considera todo o nitrogênio do alimento na forma protéica, e que a proteína contém 16% de nitrogênio.
A proteína é o principal constituinte do corpo animal, sendo vital para os processos de mantença, crescimento, produção e reprodução. Deficiências constantes na dieta podem provocar mobilizações de reservas corporais, do fígado e músculos, predispondo os animais a variadas doenças metabólicos, ou retardo no crescimento fetal (Wittwer, 2000).
Lozano et al. (1998) relataram que uma subnutrição pode reduzir a concentração de progesterona no endométrio na semana após o acasalamento, resultado de uma falha de receptores ou fatores não hormonais durante o período, e que o baixo nível nutricional pode induzir uma assincronia entre o embrião e o útero.
Os mecanismos postulados pela qual a proteína bruta afeta a taxa de fertilidade estão resumidos abaixo:
- Componentes tóxicos, assim como os subprodutos do metabolismo do nitrogênio (amônia ou uréia) podem prejudicar os espermatozóides, óvulos, ou o desenvolvimento inicial do embrião;
- Intensificação dos efeitos do balanço energético negativo no pós-parto;
- Redução da concentração sangüínea de progesterona e outros hormônios;
- Supressão da função imune. (Lozano et al. 1998)
A diminuição de proteínas totais no plasma esta associada com deficiência na alimentação, quando descartadas causas patológicas. Estima-se que dietas com menos de 10% de proteína causam diminuição dos níveis protéicos no sangue. A albumina é a principal proteína plasmática sintetizada no fígado, representa de 50 a 65% do total de proteínas séricas e é considerada como um indicador mais sensível para avaliar o status nutricional protéico do que as proteínas totais (Gonzales, 2000).
A uréia é sintetizada no fígado em quantidades proporcionais a concentração de amônia produzida no rúmen e sua concentração sanguínea esta diretamente relacionada com os níveis protéicos da ração e da relação energia/proteína da dieta (Gonzales, 2000).
b) Energia
As mudanças na concentração sanguínea de uréia estão correlacionadas com o conteúdo de amônia ruminal e a utilização dessa depende da atividade metabólica dos microorganismos ruminais, que necessitam de energia para transformar o nitrogênio da amônia em proteína.
Deste modo, se a ração estiver deficiente em energia, as concentrações de amônia aumentam no rúmen e a de uréia no sangue. Quando o aporte de energia é deficiente na ração, ocorre uma diminuição das concentrações de albumina e hemoglobina (Id.).
A uréia é sintetizada no fígado em quantidades proporcionais a concentração de amônia produzida no rúmen e sua concentração sanguínea esta diretamente relacionada com os níveis protéicos da ração e da relação energia/proteína da dieta (Id.).
METODOLOGIA
Foram utilizados para este trabalho os dejetos produzidos por 473 suínos com idade de 90 dias, peso aproximado de 35 kg tendo como consumo médio dia 1,6 kg ração crescimento ao dia.
Dois tipos de dejetos destes suínos foram utilizados:
1- Bijú: obtido por meio da raspagem e varredura do piso das baias de crescimento e terminação de suínos, sendo este composto por fezes, urina, ração desperdiçada, pêlos e poeiras decorrentes do processo criatório. Depois de retirados do piso, os dejetos serão secos em estufa de ar quente circulante até um ponto em que possam ser moídos.
2 - Dejeto Peneirado: obtido por meio de um processo que envolve a separação dos dejetos que estão contidos na lâmina d'água e na água da lavagem das instalações. Nesta lavagem, saem juntos os dejetos, a urina, os pêlos, os resíduos de ração, a água desperdiçada dos bebedouros e a água utilizada no processo de higienização. Esta técnica se baseia no transporte dos dejetos por meio da água corrente nas canaletas que estão localizadas na parte inferior das baias. Os dejetos saem das baias com a lavagem e vão para um tanque de estocagem, de onde serão periodicamente retirados para a separação da parte sólida e líquida, por meio de um processo de peneiramento; posteriormente serão secos em estufa de ar quente circulante até um ponto em que possam ser moídos.
Para a determinação das variantes da análise bromatológica será utilizado o método de Weende, que foi desenvolvido entre 1860 e 1864 na Estação Experimental de Weende, na Alemanha, e desde então tem sido utilizado nas análises de alimentos.
A análise bromatológica é composta por análises de reações bioquímicas centesimais e proximais, e, é empregada no estudo da composição dos alimentos e constata possíveis desequilíbrios na nutrição fornecida. Esta análise fornece as quantidades de massa seca (MS), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), proteína bruta (PB), resíduos minerais (RM), extrativos não nitrogenados (ENN), cálcio (Ca) e fósforo (P).
3.1 AMOSRAGEM DO MATERIAL
Foram retiradas duas amostras de cada tipo de resíduo, colhidas em quatro pontos das baias de crescimento e terminação de suínos com pá ou enxada.
Foram retiradas três amostras em diferentes pontos do tanque de decantação de dejetos com o uso de peneira de arame malha 2,0mm.
Das amostras homogeneizadas através de mistura da massa úmida retirou-se uma alíquota de 500 gramas a qual foi utilizada para a análise e o remanescente guardado depois de retirada a umidade e moído, para contraprova, caso fosse necessário.
Iniciou-se os procedimentos da análise o mais rápido possível para não se perderem por volatilização elementos da composição (nitrogênio e uréia). As amostras sofrerão secagem e posterior moagem para então serem processadas para as devidas análises.
As amostras foram acondicionadas em sacos de papel, e levadas à análise o mais rápido possível para que não se deteriorassem.
Como os resultados foram expressos em matéria seca, a perda de umidade durante o transporte não foi levada em consideração. As amostras sofreram secagem em estufa com circulação de ar quente (100°C/ 105ºC) e posterior moagem em moinho elétrico (marca TECNAL) para então serem processadas para as devidas análises.
3.2 ANÁLISE BROMATOLÓGICA PELO MÉTODO DE WEENDE
A determinação das variantes da análise bromatológica pelo método de Weende foi desenvolvida entre 1860 e 1864 na Estação Experimental de Weende, na Alemanha. O método de Weende também é conhecido como método de análise centesimal ou proximal e consiste basicamente nas determinações de:
Matéria Seca Gorduras ou Extrato Etéreo Fibra Bruta Proteína Bruta Resíduo Mineral ou Cinzas Extrato não nitrogenado
3.2.1 Matéria Seca
A umidade é definida como a perda de peso que as amostras apresentam quando aquecidas à temperatura de 100/105 °C até obter uma massa constante.
Representa a massa do material analisado totalmente livre de água. Os valores de matéria seca facilitam a comparação qualitativa entre diferentes alimentos, principalmente volumosos que normalmente apresentam umidade variável, e é também necessária sua determinação para obter o resultado do extrato não nitrogenado.
Um recipiente de porcelana (cadinho) previamente identificado foi seco em estufa a 100/105ºC durante doze horas. Após resfriado em um dessecador (20/30 minutos). A massa do cadinho sem a amostra foi aferida em balança de precisão (marca BEL). Uma amostra com massa de 3,0 gramas (± 0,2g) foi adicionada ao cadinho. O material foi seco em estufa por três horas em temperatura de 100/105ºC, retirado e resfriado em dessecador (20/30 minutos) após pesado em balança de precisão, tendo como resultado o valor da subtração do peso inicial do cadinho com o peso final.
3.2.2 Gorduras ou Extrato Étero
Temos como principais funções das gorduras, fornecer 2,25 vezes mais energia do que os carboidratos e proteínas; ser fonte de calor de combustão dos principais nutrientes; fornecer isolamento térmico; ser fonte de ácidos graxos essenciais (linolênico, linoléico, araquidônico); ser precursor de vitaminas D2 e D3; auxiliar na absorção de certas vitaminas; tornar a carne mais macia e mais apetecível (marmoreio).
Um recipiente de papel (cartucho de extração) previamente identificado foi acondicionado uma amostra com massa de 4,0 gramas (± 0,3g) e fechado com algodão. Foi tarado um balão previamente colocado em estufa (100/105°C) em balança de precisão. O cartucho foi colocado com a amostra no extrator e ajustado o condensador do aparelho de extração. Para a determinação do extrato etéreo foi utilizado clorofórmio a 75° C como solvente orgânico atuando sobre a ração e dissolvendo a gordura, corantes e resinas no balão através do condensador. Durante seis horas foram extraídos, e, depois de completada extração o clorofórmio foi recuperado. O balão foi levado à estufa (100/105°C) por um período de três horas, obtendo o resultado final da subtração do peso inicial do balão com o peso final e a amostra.
3.2.3 Fibra Bruta
Determina o material orgânico não nitrogenado que é insolúvel em ácido e álcali diluídos e ferventes. Os valores encontrados relacionam-se com a idade da forragem, pois quanto maior a percentagem de fibra, menor a qualidade da forragem, podendo limitar o consumo de matéria seca e energia.
Os glicídios no sistema de Weende são divididos em dois grupos:
1 - parte insolúvel que é denominada fibra bruta (FB);
2 - uma fração solúvel denominada de extrativos não nitrogenados (ENN).
Entretanto o método de Weende se torna falho, pois o hidróxido de sódio (NaOH [1,25%]) digere parte da lignina e solubiliza a hemicelulose, dando a falsa impressão da digestibilidade ser maior do que realmente é.
Foi acondicionado uma amostra com massa de 2,0 gramas (± 0,2g) em um copo de Becker de forma alta (600ml), adicionado 100ml de ácido sulfúrico [1,25%] deixando ferver por trinta minutos, filtrando em filtro de papel. Devolvido o resíduo ao Becker e completado com 100ml de soda cáustica [1,25%] deixando ferver por mais trinta minutos. Após filtrar em um cadinho previamente seco e tarado, levando a estufa (100/105°C) por três horas, depois deretirado e resfriado em dessecador (20/30 minutos) pesando em balança de precisão, tendo como resultado o valor da subtração do peso inicial do cadinho com o peso final.
3.2.4 Proteína Bruta
O termo Proteína Bruta (PB) envolve um grande grupo de substâncias com estruturas semelhantes, porém com funções fisiológicas muito diferentes. Baseado no fato das proteínas terem porcentagem de nitrogênio quase constante é possível determinar o nitrogênio e por meio de um fator de conversão e transformar o resultado em PB. Então, PB significa o nitrogênio total contido em um material analisado, multiplicado pelo fator convencional 6,25. Este processo considera todo nitrogênio do alimento na forma protéica, e que a proteína contém 16 % de nitrogênio (100 ÷ 16 = 6,25).
Para determinar a PB foi utilizado o método do digestor de Kjeldahl Macro, que faz parte do método de Weende (1860 - 1864). Na determinação da proteína bruta não são excluídos outros compostos nitrogenados não protéicos.
A amostra de 0,5 gramas (± 0,07g) foi pesada em balança analítica após acondicionada em balão. Foi adicionado ± 2,0 gramas de mistura catalisadora e em seguida 20 ml de ácido sulfúrico concentrado. O balão foi colocado no digestor de Kjeldahl Macro aguardando a mistura se tornar clara (levemente esverdeada), assim retirado e deixando resfriar em temperatura ambiente. A mistura foi dissolvida com água destilada (± 300 ml) e adicionado talco neutro com função antiespumante, em um Becker, adicionando 50 ml de ácido bórico com indicador.
No balão da mistura adicionar 100ml de solução de hidróxido de sódio [50%] colocando no circuito fechado de destilação recolhendo após o término ± 200ml do destilado levando este para titulação com solução de ácido sulfúrico até a transformação da cor verde para rosa, o resultado é retirado da quantidade de ácido sulfúrico utilizado para a titulação.
3.2.5 Resíduo MIneral ou Cinzas
A determinação da cinza fornece apenas uma indicação da riqueza da amostra em elementos minerais. O teor de cinza pode permitir, às vezes, uma estimativa do cálcio (Ca) e fósforo (P) do alimento analisado, quando se trata de certos produtos, como farinha de ossos e produtos de origem marinha. Todavia, quando se trata de produto vegetai (forrageiras, rações e cereais), a determinação da cinza tem relativamente pouco valor. Isto ocorre porque o teor da cinza oriunda de produtos vegetais nos dá pouca informação sobre sua composição, uma vez que seus componentes minerais são muito variáveis. Alguns alimentos de origem vegetal são, ainda, ricos em sílica, o que resulta em teor elevado de cinzas, portanto, esse teor não apresenta nenhum valor nutritivo para os animais (por isso deve-se suplementar os animais).
Em um cadinho pré aquecido em estufa (100/105°C) foi colocado amostra de 3 gramas (± 0,2g) e levado a mufla a 500/600 °C por três horas, após o tempo mencionado analisar a cinza quanto sua coloração, se estiver branca ou levemente acinzentado o processo está encerrado, restando esfriar o cadinho em dessecador e pesar.
3.2.6 Extrato Não Nitrogenado
Os extratos não nitrogenados (ENN) representam os carboidratos de alta degradabilidade no rúmen. Quimicamente, os ENN representam amido e a sacarose em dietas à base de cana-de-açúcar, ou a pectina, em dietas com alta inclusão de polpa cítrica. Sua determinação se faz por exclusão de outras variáveis da matéria seca. Então é necessário se ter os resultados de umidade (UM), fibra bruta (FB), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e do resíduo mineral (RM), daí, por diferença obtêm o resultado para ENN, sendo ENN = amostra - (EE+cinzas+proteínas+fibras).
4 ANÁLISE BROMOTOLÓGICA
A análise bromatológica é composta por análises de reações bioquímicas centesimais e proximais. É empregada no estudo da composição dos alimentos e constata possíveis desequilíbrios na nutrição fornecida. Esta análise fornece as quantidades de massa seca, extrato etéreo, fibra bruta, proteína bruta, resíduos minerais, extrativos não nitrogenados, cálcio e fósforo baseados em reações químicas.
TABELA 1: Análise Bromatológica E Bacteriológica De Dejetos Suínos Em Canoinhas - SC
Os percentuais de extrato etéreo, proteína bruta e fibra bruta atendem as necessidades propostas pelas Normas e Padrões da Nutrição e Alimentação Animal (MAPA, 2000).
TABELA 2: Análise Bromatológica E Bacteriológica De Dejetos Suínos Em Canoinhas - SC
O resíduo mineral atendeu as necessidades propostas pelas Normas e Padrões de Nutrição e Alimentação Animal (MAPA, 2000) e estão em conformidade quanto aos percentuais de cálcio e fósforo.
5. DISCUSSãO
A utilização de forrageiras de outras fontes de alimentação deve ser levada mais a sério, pois o não tratamento dos resíduos suínos em nossas criações acarretará em um futuro próximo uma alta taxa de contaminação da natureza.
Nos rebanhos de bovinos, suínos ou em açudes de criação de peixes a alta produção vem de encontro com os valores monetários destas criações, assim é importante obter um correto balanço nutricional, especialmente no período de maior exigência destas espécies.
A umidade representa o teor de água dos alimentos. Em nossas condições experimentais foi observado um elevado teor de umidade no resíduo utilizado.
O percentual extrato etéreo representa a quantidade de gordura na amostra e o valor referência geralmente exprime o máximo permitido na dieta. O excesso de gordura na dieta é prejudicial à digestão dos alimentos, ela forma uma película que dificulta a ação das enzimas da digestão, a absorção de nutrientes pelo epitélio intestinal e causa a redução no tempo de permanência do alimento no trato gastrointestinal, ou seja, reflete na digestibilidade e no consumo voluntário do alimento (ANDRIGUETTO, 1990).
O conteúdo de fibra encontrado vem de encontro com os protocolos utilizados para esta espécie animal que não possui enzimas que façam a digestão de tais fibras
O percentual de resíduo mineral é uma avaliação grosseira dos níveis de íons essenciais a manutenção dos animais. O valor deve ser sempre acompanhado da análise dos teores de cálcio e fósforo. Em nossas condições experimentais foi observado um alto percentual de resíduo mineral, assim atendendo as necessidades de cálcio e fósforo propostas pelo MAPA (2000).
O fósforo tem papel central em todas as reações metabólicas do organismo que utilizam a energia das ligações do fosfato.. A deficiência de fósforo é um estado predominante em bovinos alimentados em pastagens (TOKARNIA et al., 2000). Os sinais da carência de fósforo podem manifestar-se, no início, por redução da ingestão de alimento, seguindo-se de perda de peso, apatia geral, redução da fertilidade, alterações ósseas (deformidade e fraturas), endurecimento das articulações (andar duro), claudicação, apetite alterado (alotriofagia) caracterizado por mastigar materiais estranhos à dieta, como ossos, couro, madeira e pedras (Radostits, 2000). As categorias mais suscetíveis à deficiência de fósforo são as vacas jovens com cria ao pé que exibem primeiro os sinais da carência devido a sua alta demanda por este elemento. A seguir, as vacas adultas, animais em crescimento (macho e fêmeas) e, por último, os animais recém desmamados, por apresentarem reservas de fósforo adquirido durante o aleitamento (id).
É sabido que a relação cálcio:fósforo é importante e afeta a absorção de ambos, os bovinos leiteiros toleram a relação Ca:P até de 7:1, sem efeitos prejudiciais, desde que os níveis de fósforo estejam adequados (Radostits, 2000).
REFERÊNCIAS
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