INTRODUÇÃO
A suinocultura é uma atividade de destaque em Santa Catarina, pois é o estadoqueapresenta a maior produção de suínos do Brasil (1,2). Em sua grande maioria, os animais sãocriados em confinamento, o denominado sistema intensivo. Isso porque, propicia umaumentona densidade de animais, comparado com os demais sistemas (SOBESTIANSKYet al., 1998). Com isso, muitos manejos são facilitados, como maior controle dos animais, melhorhigienização do ambiente e melhor controle da alimentação.
Esse sistema divide a trajetória dos animais em uma granja, desde o seu nascimentoatéo abate (3). Os primeiros dias de vida dos animais é chamado de fase de creche. Nesseperíodo os animais permanecem na presença da matriz, geralmente, empropriedadesespecializadas na produção de leitões, as chamadas de unidades produtoras de leitões (UPL). O período em que os animais permanecem nesta fase pode variar, entre 14 e 42dias, entretanto os melhores índices zootécnicos são obtidos entre 28 e 32 dias (4). Neste período, além de outros manejos, ocorre a introdução da ração aos animais, geralmentesãoadicionados ingredientes que tornam a ração mais atrativa, com o intuito de reduzir oestressedo desmame (3).
O período de pós desmame pode ser considerado uma das fases mais crítica emqueleitões enfrentam em uma granja comercial (5). Isso porque, nesta fase os animais enfrentamuma mudança de ambiente e de alimentação, de certa forma abrupto, mesmocomaintrodução da ração na fase anterior. Além de serem separados da matriz e agrupados comoutros animais, ocorre uma mudança na alimentação, pois passamde uma dietaessencialmente líquida e altamente digestiva (leite materno) para uma dieta sólida e, emalguns casos, pouco atrativa (ração) (5). Essa mudança é um fator estressante e pode refletirnos índices zootécnicos da leitegada. Frente a isso, a escolha do tipo de comedouro, ouatémesmo acessórios de comedouros, podem ser importantes nesta fase (6,7). Pois os animaisapresentam rápido ganho de peso neste período e a alimentação em quantidades insuficientespodem gerar animais refugo, indesejados neste tipo de sistema.
No mercado existem vários tipos de comedouros disponíveis, entre eles destaca-secomedouros retangulares, comumente utilizado, e comedouros circulares. Entretanto, existemopções de acessório que pode ser acoplado aos comedouros, como a bandeja economizadora de ração. Esta bandeja é acoplada ao comedouro circular, circundando o mesmo. Temafunção de reter as possíveis perdas de ração ocasionados pelo instinto dos animais de fuçar. Desta forma, os leitões podem aproveitar esta ração que, em outros comedouros, seriadesperdiçado, com isso podendo impactar nos índices zootécnicos dos leitões. Neste sentido, o presente trabalho tem a hipótese que o uso da bandeja economizadora melhora os índiceszootécnicos dos leitões na fase de creche. Para isso, conduziu-se o presente trabalhocomoobjetivo de comparar o desempenho zootécnico de leitões na fase de creche utilizandoumcomedouro tradicional, retangular, com um comedouro circular comuma bandejaeconomizadora de ração acoplada.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no período de julho a outubro de 2013 no setor de suinoculturado Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari, norte de Santa Catarina. Os animaisutilizados no estudo foram eram da raça Large White, provenientes na fazenda do campus, osquais foram desmamados aos 28 dias e divididos em quatro lotes homogêneos, quantoaopesoe sexo. A sala utilizada no experimento tinha 32,4m2 , onde havia duas baias desmontáveiscom 10,7m2 cada, com piso plástico fenestrado suspenso a 0,9m do chão. Emcada baiafoi disposto um comedouro para fornecimento de ração, desta forma, cada baia foi consideradaum tratamento. No tratamento 1 utilizou-se o comedouro circular comuma bandejaeconomizadora acoplada e no tratamento 2 foi utilizado um comedouro retangular (Figura1). Ambos os comedouros foram dispostos no centro das baias. Durante a conduçãodoexperimento foram fornecidos água potável e ração balanceada ad libitum aos animais.
Figura 1. Ilustração do comedouro circular com bandeja economizadora acoplada (A) e comedouroretangular (B) utilizados no estudo.
Foram conduzidos dois lotes em cada tratamento em sequência. Foramutilizados23leitões para os dois primeiros lotes, onde 10 foram colocados no tratamento 1 e 13notratamento 2. Findado o período, de 28 a 63 dias, foram dispostos mais dois lotes nas mesmasbaias, dos 41 leitões disponíveis 21 foram destinados para o tratamento 1 e 20 leitões paraotratamento 2. Foram avaliados o consumo de ração total por animal no período, o ganhode peso médio total por animais, conversão alimentar e o ganho de peso médio diáriodosanimais.
O experimento foi conduzido em delineamento experimental em blocos casualizados, osdados obtidos foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk para verificação da normalidadee, posteriormente, realizou-se o teste T para amostras independentes a 5%de probabilidadedeerro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O consumo total de ração dos animais do período em que os leitões permaneceramnafase de creche foi maior no tratamento 1, comedouro com a bandeja economizadora de ração, um total de 38,6 kg/animal, enquanto no tratamento 2 foi de 36,5 kg/animal (Figura 2). Omesmo ocorre com o ganho de peso total médio dos animais, maior no tratamento 1 (22,5kg), do que no tratamento 2 (18,1 kg). Entretanto, a análise estatística utilizada não apontoudiferenças significativas para ambas as variáveis.
Figura 2. Consumo de ração total (A) e ganho de peso médio total (B) de leitões Large Whitena fase de creche alimentados com comedouro com ou sema bandejaeconomizadora de ração. ns= não significativo a 5% de probabilidade de erro.
A bandeja economizadora de ração apresenta um objetivo claro, funcional e ao longodoexperimento observa-se que cumpre seu papel. Após passar o período de aclimataçãononovoambiente, os animais ficam à vontade. Com isso, os animais expressamcertoscomportamentos, como o instinto de fuçar. E como o piso é plástico e rígido, o únicolugarhábil para realizar essa atividade acaba sendo o comedouro, na ração. Comisso, naturalmenteocorre a queda de ração para fora dos comedouros. Como o piso das baias é fenestradoesuspenso, maior parte da ração alcança o chão, ocorrendo a mistura comos dejetos esãodescartados durante a higienização do ambiente. Por outro lado, a bandeja economizadoraderação retém essa ração e os animais podem consumi-la. Por outro lado, essa funcionalidadenão apresentou influência significativa no consumo de ração e nem no ganho de pesodosleitões.
Com relação ao ganho de peso diário dos animais, novamente o comedourocomabandeja economizadora apresentou maiores valores (469 g), do que o tratamentosema bandeja (381g) (Figura 2). Contudo, ao observamos os dados de conversão alimentarpodemos verificar efeito inverso, maior nos animais alimentados com o comedouro retangular(média de 2,0) do que no comedouro circular (média de 1,7). Do mesmo modoqueoconsumo de ração e o ganho de peso, as variáveis ganho de peso médio e a conversãoalimentar também não apresentaram diferenças estatística significativa entre os tratamentosavaliados.
Figura 2. Ganho de peso médio diário (A) e conversão alimentar (B) de leitões Large Whitena fase de creche alimentados com comedouro com ou sema bandejaeconomizadora de ração. ns= não significativo a 5% de probabilidade de erro.
Os tipos de comedouros utilizados na condução do estudo não foramos mesmos, entretanto este fator não apresenta influência sobre a performance zootécnica dos leitões (8). No entanto, como já comentado, ambos os comedouros foram dispostos no centro das baias, isso porque o local onde os comedouros são posicionados na baia interferemna preferênciados animais(7), impactando no consumo de ração.
Com isso, pode-se considerar que as perdas de ração proveniente dos comedourosquando os animais na fase de creche expressam seu instinto natural de fuçar, nãoésignificativa, ou seja, as perdas de ração são tão pequenas que o consumo deste volumederação não altera o peso corporal dos leitões e não impacta no consumo de ração dos animais. Assim, conclui-se que a utilização da bandeja economizadora de ração nãoalterasignificativamente a conversão alimentar, ganho de peso, ganho de peso médio diárioenoconsumo de ração de leitões na fase de creche.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari peladisponibilização dos animais e das instalações para condução e avaliações realizadasnopresente estudo, bem como a empresa Suin® a qual disponibilizou a bandeja economizadora.
Publicado originalmente na Revista Eletrônica Veterinária e Zootecnia do Instituto Federal Catarinense. Acesso disponível em: em: https://www.researchgate.net/publication/363886276_Eficiencia_tecnica_da_bandeja_economizadora_de_racao_para_leitoes_na_fase_de_creche