1. INTRODUÇÃO
Em frente ao mercado exterior, o Brasil ocupa a 4ª posição em exportação da carne suína. Em 2017 a carcaça ficou cotada em média de R$ 6,19/kg, em comparação a 2016, obteve assim, uma alta de 8,2% (AGROSTAT 2018).
Visando reduzir os custos de produção na criação de suínos, o pellete é focando na alimentação a qual é responsável por mais de 60% do custo de produção, buscando desta maneira, o maior ganho de peso diário e conversão alimentar dos leitões, gerando assim lucratividade ao produtor e a busca de vantagens, tais como: facilidade no manejo, a busca intencionada do leitão a dieta dispensou e um menor desperdício por parte dos animais.
A carne suína ocupa o primeiro lugar, como a carne mais consumida pela população mundial. As estatísticas apontam que em 2020, o consumo seja de 16,3kg/pessoa. Atualmente segundo os dados da USDA (2018), o Brasil ocupa a 4ª posição mundial de produção e exportação da carne suína e o 5º maior consumidor. Dentro do país, segundo o AGROSTAT (2018), o estado de Santa Catarina é o maior produtor de suínos responsável por 26,83% da produção Nacional, seguido do estado do Paraná com 21,65% e do Rio Grande do Sul com 19, 01%.
Os pontos fortes para a produção da carne suína são o sistema de criação, manejo, genética e nutrição. Sendo as duas últimas com foco em manter estratégias para a lucratividade, pois para o suíno demonstrar seu potencial genético é preciso dispor de ambiência e nutrição que atendam as suas necessidades, sendo a nutrição responsável por mais de 60% do custo de produção (ROPPA, 2014).
A suinocultura exige uma dieta balanceada dos ingredientes que compõe a nutrição do suinocultura, sendo essa, específica para cada fase do ciclo de produção da suinocultura (maternidade, gestação, creche e terminação). Para obter uma ração balanceada é necessário o ajuste apropriado de ingredientes como proteína, fibra, minerais, alimentos energéticos, núcleo ou premix e mineralvitamínico específico para a cada fase em que o animal se encontra no ciclo de produção (FAVERO et al., 2003) .
A alimentação dos suínos funcionários distintos papéis para a produção. Para os leitões tem como alvo o crescimento e a manutenção (energia para as atividades cotidianas dos suínos). Para as fêmeas suínas usadas na reprodução à ração terão o papel desde o crescimento, desenvolvimento, durante a gestação e a lactação. Na fase de terminação tem como função a formação e deposição de tecido adiposo sob a pele, em torno dos músculos e na cavidade corporal (FAVERO et al., 2003).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar os índices zootécnicos (Conversão alimentar, consumo de ração e ganho de peso diário) de leitões na fase de creche entre as formas físicas de alimentação e peletizada das rações.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CRECHE
Um dos pontos mais relevantes dentro do sistema de criação é o momento do desmame do leitão homenageado entre os 17 e 25 dias de vida, o qual, posteriormente será direcionado para a creche, ficando em média até atingir 63 a 70 dias de vida (PINHEIRO e DALLANORA, 2014; FAVERO et al., 2003). O desmame é caracterizado pelo momento em que os leitões saem da companhia da mãe e da alimentação líquida (leite materno) e passam a alimentação sólida (ração) de forma abrupta, onde também, são transferidos a um novo ambiente e reagrupados, onde isso transporta a uma nova superioridade podendo resultar em brigas (PINHEIRO e DALLANORA, 2014). O desmame contribui para o estresse do leitão, podendo causar pressões fisiológicas, digestivas, metabólicas e imunológicas (AMARAL et al., 2006; FAVERO et al., 2003).
Por conta das dificuldades encontradas e desencadeadas pelo estresse, nessa fase um dos maiores desafios é a nutrição (AMARAL et al., 2006; PINHEIRO e DALLANORA, 2014). O consumo correto de ração é de grande importância para os leitões recém-desmamados, para que obtenham um bom desempenho desejado no fim do ciclo de produção (AMARAL et al., 2006). Pesquisas comprovam a relação entre o quanto mais pesado sair da creche mais alto será o peso ao abater (NETO et al. 2002; PINHEIRO e DALLANORA, 2014). Os leitões com ganhos superiores na semana pós desmame, chegam ao abater dias antes que os animais que obtiveram queda no mesmo período (AMARAL et al., 2006).
Para atingir esses pontos são necessárias opções nutricionais que possam contribuir com a digestibilidade da dieta e estimular o consumo voluntário do leitão, sendo necessário, o uso de rações com matérias-primas de alta digestibilidade e palatabilidade sucessivamente. (GARCIA e SILVEIRA, 1995; LIMA et al., 2014; EDGE et al., 2005). Outro ponto importante diante da ração é a forma física em que ela se encontra (GARCIA e SILVEIRA, 1995). Na alimentação dos suínos a ração sob a forma seca pode ser encontrada de duas formas: a peletizada e a farelada.
Segundo os autores Garcia e Silveira (1995), o uso de ração na forma peletizada proporciona de 4 a 8% de aumento na conversão alimentar juntamente com o ganho de peso diário e aumenta cerca de 1,2% no consumo de ração por parte dos leitões ao comparar com a ração farelada levando a uma economia de 20 a 30 reais por tonelada de ração (GARCIA e SILVEIRA, 1995; LIMA et al., 2014; EDGE et al., 2005).
2.1 FORMAS FÍSICA DA RAÇÃO EM PELLETE E FARELADA
O pellete é a combinação do uso do calor, pressão e temperatura sofrido em um grau de gelatinização onde um pó finamente moído é formado em partícula maior e compactado, tornando-as mais fáceis de manusear. O pellete coloca o alimento de forma concentrada proporcionando uma dieta mais balanceada, não permitindo a seleção dos ingredientes pelos animais (EDGE et al., 2005, HERRMAN e BEHNKE, 2015; FAHRENHOL, 2012).
Por trazer ingredientes finamente moídos à ração peletizada trás benefícios como o ganho de peso médio diário, eficiência alimentar maior quando revelou com rações que alcançaram ingredientes como o tamanho de partícula maiores. Esses benefícios são resultado da maior palatabilidade, menor desperdício e melhor aproveitamento de nutrientes (EDGE et al., 2005, HERRMAN e BEHNKE, 2015; FAHRENHOL, 2012).
A ração farelada finamente moída, é mais usual, usada principalmente em propriedades, à medida que misturam ingredientes. Quando misturada com água demonstra ser mais atraente para os leitões. Por outro lado a ração farelada acarretá doenças do esôfago, cárdia e estômago. Refletindo na redução do consumo e consequentemente menor desempenho (EDGE et al., 2005, HERRMAN e BEHNKE, 2015; FAHRENHOL, 2012).
O diâmetro do pellet não tem influência no desempenho dos suínos, já o tamanho de partícula é uma causa que afeta a qualidade da ração e, portanto, o desempenho por parte do animal (EDGE et al., 2005; HERRMAN e BEHNKE, 2015)
A ração peletizada em comparação a farelada possuía vantagens, tais como: o menor gasto de energia por parte dos animais para a ingestão da ração pelo menor tempo gasto para o consumo, o tratamento térmico aplicado à ração reduz os micro-organismos, reduz também a selecionar dos ingredientes pelos animais, aumentar o consumo de ração, possuir o maior ganho de peso diário, reduzir desperdício por parte dos animais, melhorar a digestibilidade e fluidez do bolo alimentar no trato gástrico intestinal e poussuí melhor conversão alimentar (GARCIA e SILVEIRA, 1995 ; NETO et al. 2002; COSTA et al. 2006; SOUZA et al. 2015; STARK et al., 1993).
A densidade da ração é aumentada quando passada pelo processo de peletização sendo assim é menor o volume de armazenamento e menor volume de transporte, proporcionando mais economia; resíduos dentro dos silos e maior durabilidade da ração (GARCIA e SILVEIRA, 1995; NETO et al. 2002; COSTA et al. 2006; SOUZA et al. 2015; STARK et al, 1993).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi controlado em uma Cooperativa no interior do oeste do Paraná, localizada á 24º 37' 04” S e 53º 19' 12" W, a qual disponibilizou uma granja de suínos na fase de creche. Foram utilizados 396 leitões dos 1.200 leitões alojados neste teste, provenientes de raça comercial utilizada pela cooperativa, os mesmos classificados foram de acordo com o sexo e tamanho, em 12 baias contendo 33 leitões cada, sendo que 6 baias consistiram de machos inteiros e 6 baias de fêmeas inteiras. inicial de 7 Kg para os grandes e abaixo de 6 Kg para os médios e idade média de 25 dias de vida.
O experimento teve uma duração de 36 dias até a saída para a fase de terminação. O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso arranjado em fatorial 2 x 2 (2 tipos de ração x 2 sexos). O teste estatístico utilizado: teste de LSD a 5%.
Durante o período experimental, todos os leitões permaneceram alojados em baias com grades metálicas 3,85 X 2,87, suspensas, com piso de plástico vazado. Cada baia era composta de três bebedouros do tipo chupeta com água à vontade e um comedouro do tipo funil com ração á vontade, a qual era pesada a quantia antes do fornecimento. O manejo adotado foi correspondente ao da cooperativa, respeitando o calendário zoosanitário e o arraçoamento.
O protocolo para os tratamentos tomados deixou divididos de acordo com a forma física da ração, no tratamento 01(T1) consistia em ração peletizada e baia de machos, no tratamento 02 (T2) ração farelada e baia de machos, no tratamento 03 (T3 ) ração peletizada e baia de fêmeas e no tratamento 04 (T4) ração farelada e baia de fêmeas.
Os leitões permaneceram alimentados na maternidade de acordo com o manejo da cooperativa. posteriormente os animais foram transportados para creche no dia do desmame onde receberam a ração do teste. Os animais e as sobras de ração foram pesados correspondentes aos dias 0, 03, 10, 18 e 36 dias de alojados.
No final do teste foi realizado o calculado sobre a Conversão Alimentar (CA), Ganho de peso diário (GPD), Consumo de ração (CR) e quais os benefícios que trouxeram a incrementarão do pellete em comparação a ração farelada.
Seguindo o padrão da cooperativa no dia do alojamento os leitões receberam a ração denominada de Super pré ao 3º dia de alojados receberam a ração Pré1, no 10º de alojados obtiveram a troca para a ração denominada de Pré2 e ao 18º dia de alojado receberam a ração denominado de Inicial. Os valores nutritivos das rações constituídas de acordo com o padrão da cooperativa, conforme a Tabela 01 a seguir.
Tabela 01 – Valores nutritivos das rações Pré 1 e Pré 2, de leitões na fase de creche.
4. ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nas fases do dia 0 ao 18º dia de alojado não houve diferença estatística significativa (p> 0,05). Todas as variáveis foram semelhantes estatisticamente (Tabela 02). Apenas do 18º dia de alojado aos 36º dia obteve valor significativo, conforme na tabela 03.
Tabela 02: Resultado estatístico dos índices zootécnicos ganho de peso diário (GPD) consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA), do 18º dia de alojado até ao 36º dia de alojado.
Houve diferença estatística significativa (p< 0,05) apenas para GPD e CA no fator ração. Os animais que ingeriram a ração Peletizada obtiveram maior GPD e menor CA.
Os dados (Tabela 03) referentes ao consumo de ração mostram que não houve diferença significativa entre as duas rações testadas, com tal característica em um trabalho controlado por Garcia & Silva (1995), onde foram utilizados 24 leitões mestiços das raças Large White, Duroc e Landrace, sobre a comparação da forma física de rações, ao analisar o consumo de ração igualmente não houve diferença significativa, a análise de variância resultou-se em > 0,05.
Identicamente para os autores Mazutti et al. (2017), e Parra et al. (2013), o consumo também não houve efeitos influenciados. Por outro lado para Diego (2012), em um trabalho com 48 leitões de linhagem comercial houve um maior com consumo de ração farelada. Perante esses resultados Fahrenhol (2012), explica que ao comparar o consumo de ração Farelada X Peletizada deve-se levar em consideração o desperdício, que por conta da seletividade dos animais, a farelada acaba que por ter maior desperdício. Porém, no presente experimento não foi realizada a coleta do desperdício de ração.
Houve diferença na conversão alimentar (CA), o qual a ração peletizada obteve resultado geral de 1,32, e a tarifa resultou em 1,40. Corroborando assim, com o teste controlado por Garcia & Silva (1995), a conversão alimentar obteve o resultado menor, sendo de 1,73 nas rações peletizadas e 1,88 para as fareladas, por tanto obteve a melhor conversão à ração pellet.
Miranda (2009), ao comparar o uso das duas formas físicas de ração com 12 machos obteve uma conversão de 1,75 também sendo melhor que a farelada; os autores Diego (2012), Neta (2015), e Mazutti et al. (2017), em seus experimentos sobre a rações fareladas e peletizadas do mesmo modo resultaram em melhor CA para as rações peletizadas.
Nenhum experimento tratado por Neto et al. (2003), com 80 leitões não houve resultados significativos sobre a CA, igualmente com o mesmo resultado Parra et al. (2013), não constatou diferença ao comparar as duas formas físicas.
Diferente dos resultados, em um teste semelhante, Souza et al. (2015), utilizou 25 animais de linhagem comercial, onde a ração peletizada resultou em uma CA maior de 1,71 e a tarifada decorreu em 1,43, sendo assim a farelada com melhor CA.
Fahrenhol (2012), afirma que o processo do qual o pellet foi preparado tem influência na digestibilidade do trato gástrico intestinal dos leitões, justificando que a melhor conversão, provém do resultado da palatabilidade, menor desperdício com melhor aproveitamento dos nutrientes. Edge e outros. (2005), e Fagrenhol (2012), ao realizarem estudos do tamanho da partícula do pellet, afirmam que o pellet com diâmetro menores de 500µm tem como decorrência a eficiência na alimentação. Maiores não atingem resultados fortes.
O ganho de peso por fases (dia 10,18 e 36 de alojados) mostra o desempenho no gráfico 01 e 02. A ração peletizada resultou em 0,425g/dia, e com menor resultado a farelada 0,395g/dia.
Ao analisar por fases a ração peletizada começou a mostrar valor considerável a partir do 18º dia de alojados de forma crescente, com resultados equivalentes Miranda (2009), Neto et al. (2003), Diego (2012), e Mazutti et al. (2017), também descrevem maior GPD nesta fase. Neta (2015), realizou um experimento com 120 leitões da linhagem Danbred e Iopigs e resultaram no ganho de peso de 0,377 para aqueles animais que consumiram a ração peletizada e 0,348 para aqueles que ingeriram as refeições. Entretanto nos testes conduzidos por Garcia e Silva (1995), e Souza et al. (2015), os leitões alimentados com rações fareladas apresentaram o maior ganho de peso.
O gráfico 01 descreve a porcentagem do ganho de peso dos leitões por fase, tratado com a ração peletizada. Na fase Inicial (dos 18 aos 36 dias de alojados) o ganho de peso efetuou-se em 69,9%. Em um teste controlado por Stark et al (1993), com 126 leitões, o ganho de peso com rações peletizadas obteve uma melhora de 14% melhor do que as rações cozidas.
Gráfico 01: Ganho de peso em porcentagem utilizando ração peletizada dos leitões por fase de 0-3, 03-10, 10-18 e 18-36 dias de creche respectivamente.
Gráfico 02: Ganho de peso dos leitões por fase utilizando ração peletizada e farelada, de 0-3, 03-10, 10-18 e 18-36 dias de alojados, na creche respectivamente.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados obtidos pode-se concluir-se que:
O ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar no período de 0-18 dias de creche não foram influenciados pela forma física da ração.
O fornecimento de ração peletizada para os leitões proporciona maior ganho de peso e menor conversão alimentar do que os alimentados com ração farelada.
Publicado originalmente em Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária FAG – Vol. 2, no 1, jan/jun 2019.