Introdução
Nos últimos anos, fatores relacionados à produção como o melhoramento genético (resultando em animais com maior velocidade de ganho de peso), leitegadas numerosas e retirada das farinhas de origem animal nas rações retomaram a preocupação quanto à suplementação mineral para os suínos modernos (BERTECHINI, 2012). Usualmente a mineralização é feita na forma de fonts salinas inorgânicas por apresentarem custo mais baixo, porém a biodisponibilidade dos minerais é variável por estarem na forma de íons livres formando complexos com outras moléculas, o que os tornam indisponíveis e então excretados em grande quantidade. Nesse contexto, surgiu o interesse em melhorar o aproveitamento dos microminerais e uma das maneiras é o uso dos mesmos na forma orgânica cuja estrutura molecular permite maior absorção, estabilidade, disponibilidade e tolerância pelo organismo, além de não interagirem com outros componentes da dieta (CLOSE, 1998). Segundo o NRC (2012), quanto aos microminerais os suínos possuem exigência dietética de cromo, cloro, iodo, ferro, magnésio, manganês, selênio, cobre e zinco, pois participam da regulação fisiológica e procesos metabólitos, compondo enzimas por exemplo, podendo ser fornecidos através da inclusão de um premix micromineral na ração. Muitos fatores, como a nutrição, influenciam a composição e a qualidade das carcaças, por isso tem sido estudada em todos os tipos de criações: suínos, bovinos e aves. De acordo com Bellaver (2005), vários produtos que promovem melhorias nas características das carcaças têm sido lançados no mercado com o objetivo de melhorar a relação carne magra:gordura das carcaças, aumentando a porcentagem de carne magra, profundidade e área de olho de lombo, e diminuindo a espessura de toucinho. Dentre os microminerais, o cromo na forma de complex orgânico (picolinato de cromo) e o cobre possuem mais estudos sobre suas influências nessas características. O objetivo do presente trabalho foi estudar os efeitos das diferentes fontes e níveis de inclusão de premix micromineral nas dietas de suínos em crescimento e terminação (20 aos 100 kg) sobre o ganho de peso e as características de carcaça dos suínos.
Material e Métodos
Foram utilizados 1200 suínos híbridos comerciais, 600 machos e 600 fêmeas, divididos em seis tratamentos com 20 animais (10 machos e 10 fêmeas) com peso médio inicial de 20,7±0,3 kg, distribuídos em blocos inteiramente ao acaso com dez repetições. Os tratamentos corresponderam a diferentes níveis de inclusão dos microminerais orgânicos em relação à quantidade de microminerais inorgânicos recomendada para a fase. Os tratamentos foram: T1= dieta com premix mineral inorgânico a nível industrial; T2= dieta com premix mineral quelatado a 133%; T3= dieta com premix mineral quelatado a 100%; T4= dieta com premix mineral quelatado a 66%; T5= dieta com premix mineral quelatado a 33%; T6= dieta sem premix. Para avaliação do ganho de peso, durante o período experimental os animais foram pesados aos 64, 99 e 148 dias de idade, correspondendo ao dia de alojamento, final do período de recria e final da terminação. Para avaliação da carcaça, foram escolhidos por tratamento um macho e uma fêmea com pesos aproximados ao peso médio da baia, aos 148 dias de idade. Após o abate, escaldagem e evisceração, as carcaças foram divididas ao meio e resfriadas à temperatura de 2 ± 2°C por 24 horas. As meia-carcaças esquerdas foram medidas e cortadas na altura da última costela para obtenção da área de olho de lombo (AOL), profundidade do músculo Longissimus dorsi (PL) e espessura de toucinho (ET). Para as análises estatísticas das características avaliadas utilizou-se o pacote computacional SAEG.
Resultados e Discussão
Os animais alimentados com a dieta sem fonte de microminerais (T6) tiveram menor peso final (P<0,05) quando comparados com os animais dos demais grupos experimentais (Tabela 1). O ganho de peso dos animais alimentados com o premix orgânico (T2 a T5) não foi diferente daqueles que consumiram ração com os níveis de microminerais inorgânicos.
Tabela 1 - Efeito da suplementação micromineral sobre o ganho de peso de suínos de 20 a 100kg.
*letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste SNK (P< 0,05).
1PI: Peso Inicial;
2PF: Peso Final;
3Microminerais inorgânicos;
4Coeficiente de variação.
T2 a T5: Premix de microminerais orgânicos (Cobre, Cromo, Ferro, Iodo, Manganês, Selênio, Zinco) A deficiência de microminerais, principalmente a de zinco, provavelmente resultou na redução do ganho de peso dos animais.
Uma das justificativas é o fato do zinco ser componente de varias metaloenzimas que estão associadas à síntese de DNA, RNA e proteínas. Além disso, também é observada diminuição da resposta à insulina e alteração na tolerância a glicose nos animais (HILL E SPEARS, 2001).
As características de carcaça, avaliadas a partir área de olho de lombo (AOL), profundidade do músculo Longissimus dorsi (PL), espessura de toucinho (ET) e comprimento de carcaça (CC), não tiveram influência (P>0,05) do tipo de mineral utilizado e nem da total retirada, conforme pode ser visto na Tabela 2. Isso sugere que a substituição de microminerais inorgânicos por fontes orgânicas tem pouco ou nenhum impacto sobre as características de carcaça (NUNES et al., 2001).
Tabela 2 - Efeitos dos tratamentos sobre as características de carcaça dos suínos tratados com microminerais inorgânicos e orgânicos, e sem minerais.
*letras diferentes na coluna diferem estatisticamente pelo teste SNK (P< 0,05).
ET¹: espessura de toucinho no ponto P1 e P2 da linha dorsal, em milímetros; ²PL: Profundidade do músculo Longissimus dorsi (lombo); ³CC: Comprimento de carcaça; MI
4: Microminerais inorgânicos; CV
5: Coeficiente de variação.
T2 a T5: Premix de microminerais orgânicos (Cobre, Cromo, Ferro, Iodo, Manganês, Selênio, Zinco)
Conclusões
A substituição de 100% premix inorgânico por 33% do orgânico proporciona os mesmos resultados de ganho de peso e características de carcaça para suínos em crescimento e terminação. Podemos sugerir que os níveis de inclusão usados pela indústria de nutrição animal podem ser reduzidos em até 66% ao usar minerais de fontes orgânicas, diminuindo os custos com suplementação mineral além de reduzir a excreção de nutrientes no ambiente por terem maior biodisponibilidade, tendo benefícios econômicos e ambientais.
Agradecimentos
Empresa Alltech Inc., Fazenda São Paulo (Oliveira/MG), Frigorífico Nutrili (Lavras/MG) e equipe do Laboratório de Qualidade de Carne da UFLA.
Referências Bibliográficas
1. BERTECHINI, A.G. Nutrição de monogástricos. 2 ed. Lavras: UFLA, 2012. 373 p.
2. CLOSE, W.H. The role of trace mineral proteinates in pig nutrition, 1998. In: LYONS, T.P., JACQUES, K.A. Biotechnology in the Feed Industry. Nottingham: Nottingham University Press, p.469-483.
3. BELLAVER, C. Utilização de melhoradores de desempenho da dieta de suínos e aves. In: ZOOTEC, 9, 2005, Campo Grande. Anais...Campo Grande, UEMS, 2005, p.1.
4. HILL, G.M.; SPEARS, J.M., 2001. Trance and ultratrace elements in swine nutrition. In: LEWIS, A.J.; SOUTHERN, L.L. Swine Nutrition, 2. ed. Boca Raton: CRC Press, p. 229-262
5. NUNES, R.C.; KRONKA, R.N.; SALES, C.P. et al., 2001. Retirada dos suplementos micromineral e/ou vitamínico da ração de suínos em fase de terminação: características de carcaça e vida de prateleira da carne suína. Ciência Animal Brasileira, (2): 79-86.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.