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O papel do diluente de sêmen sobre a qualidade da dose inseminante

Publicado: 27 de julho de 2006
Por: Aníbal de Sant'Anna Moretti; Abrão A. F. Abrahão; Simone Maria M. K. Martins y Wagner Loesch Vianna. Laboratório de Pesquisa em Suínos - FMVZ - USP
Mecanismos para controlar fatores de risco que impedem a obtenção de doses de sêmen de alta qualidade

Introdução

Um dos principais objetivos da Central de Inseminação Artificial (CIA) é produzir doses de sêmen de alta qualidade através da combinação de um manejo adequado, da manipulação do sêmen e dos aspectos que envolvem o bem estar do reprodutor, incluindo condições sanitárias ideais.

O ejaculado do reprodutor suíno sofre a ação de vários fatores externos ou ambientais e endógenos (associado ao próprio reprodutor) que interagem e interferem na produção espermática.

A queda da qualidade da dose inseminante somente é reconhecida no final do procedimento, momento em que se avalia a motilidade após a diluição do sêmen, dificultando, portanto, o diagnóstico preciso da causa do problema. A análise dessa causa é via de regra uma averiguação retrospectiva, necessitando de uma anamnese (questionamento clínico com vistas ao diagnóstico) bem conduzida e avaliação do histórico da CIA. Dessa maneira, a má qualidade da dose de sêmen freqüentemente volta-se principalmente para o diluente utilizado, sem avaliar todos os fatores de risco envolvidos.

O objetivo deste artigo é alertar sobre os principais fatores que interferem na qualidade da dose inseminante final e discutir possíveis mecanismos de controle destes fatores de risco.

Fatores externos que afetam a qualidade da dose inseminante

Os fatores de importância que acabam interferindo no ejaculado são:

Temperatura - é um fator que exerce grande influência no ejaculado, manifestando-se nos meses quentes onde a temperatura afasta-se da zona de conforto térmico ou termoneutralidade. Há uma correlação positiva entre o aumento da temperatura e o aumento de alterações morfológicas (patologias), além da diminuição da concentração. O cachaço apresenta uma zona de termoneutralidade que varia de 10°C a 18°C, sendo que quanto mais distante dos limites de temperaturas (tanto inferior quanto superior) menor será a qualidade e a produção (quantidade) do ejaculado;

Nutrição - existem poucas informações do real requerimento nutricional do cachaço, sendo extrapolado em muitas vezes o requerimento de uma fêmea em gestação para o macho. Deve-se disponibilizar uma dieta composta de matérias-primas de excelente qualidade, livres de micotoxinas e com níveis balanceados de vitaminas, minerais, aminoácidos de forma a otimizar o comportamento sexual do reprodutor, a produção e a viabilidade espermática, além da capacidade de fertilização das células espermáticas. Na elaboração da dieta dos reprodutores devem ser levados em consideração a idade do reprodutor, a genética, o peso corporal, as características de alojamento e a freqüência de colheita de sêmen. Alguns cuidados devem ser tomados ao se armazenar as rações, pois devido ao nosso clima tropical muitos ingredientes podem sofrer alterações como por exemplo as vitaminas lipossolúveis (vitamina A, D, E e K) que são sensíveis à ação da luz UV e da umidade;

Enfermidades - lesões no casco, reações vacinais com elevação de temperatura corporal, utilização de alguns antibióticos injetáveis e/ou via ração, antiinflamatórios, utilização de endo e ectoparasiticidas poderão acarretar aumento no percentual de células espermáticas anormais, com queda na resistência do sêmen após diluição;

Alojamentos - é essencial que as baias apresentem metragem apropriada por animal (6 a 9 m2/animal), limpas, elementos vazados, bem ventiladas, água de boa qualidade e pisos não-abrasivos. Estas baias poderão ser providas de lamina d'água, aumentando o conforto térmico dos animais nos meses mais quentes do ano, evitando, assim, o estresse calórico prejudicial ao processo de espermatogênese.

Freqüência de colheita de sêmen - está diretamente relacionada com a formação e a maturação das células espermáticas. O número de espermatozóides tende a diminuir à medida que se reduz o intervalo entre colheitas num determinado período. O ideal é que os reprodutores de até 1,5 ano sejam coletados uma vez por semana, acima desta idade recomenda-se colheitas com intervalo mínimo de 5 dias.

Figura 1 - Colheita de sêmen pela "técnica da mão enluvada". Foto: LPS-FMVZ-USP.

O papel do diluente de sêmen sobre a qualidade da dose inseminante - Image 1 Colheita de sêmen - é um fator que pode comprometer a qualidade do ejaculado se realizada de maneira inadequada, principalmente à falta de higiene. Deve-se levar em consideração alguns pontos críticos como o "esgotamento" e a limpeza do prepúcio com água de boa qualidade e a secagem antes da colheita, o técnico deve usar luvas apropriadas descartáveis (preferencialmente de silicone) e realizar a colheita através da "técnica da mão enluvada" (Figura 1). Evitar o trânsito do funcionário da área de colheita para a sala de análise do sêmen. Desprezar as primeiras frações do ejaculado, evitar o contato do sêmen com substâncias espermicidas como a água, a urina, a secreção prepucial ou o sangue. Utilizar copos térmicos para a colheita, de modo a manter a temperatura constante durante todo o procedimento, manter a sala de colheita sempre limpa e desinfetada;

Refrigerador - deverá manter a temperatura entre 15°C a 18°C, devendo ser monitorado pela manhã e à tarde, certificando-se de que não houve oscilações de temperatura fora dos parâmetros ideais.

Diluidor de sêmen - é composto basicamente por nutrientes para as células espermáticas como a glicose, antibióticos e tampões como o citrato de sódio, que previnem alterações de pH à medida que se acumulam resíduos metabólicos. A função do diluidor é manter a viabilidade das células espermáticas por alguns dias após a colheita, fornecer substratos necessários ao metabolismo dos espermatozóides, proteger o sêmen contra choque térmico, aumentar o volume do sêmen, manter o pH e inibir o crescimento bacteriano.

É importante que seja adquirido de empresas idôneas e que seja bem armazenado na CIA de modo a manter as suas características físico-químicas. No Brasil contamos com várias empresas que fabricam e distribuem diluidores de média e longa duração, devidamente registrados no Ministério da Agricultura (MAPA), e contam com tecnologia de fabricação e controle de qualidade do produto de modo que todas as partidas são previamente testadas, assegurando assim a eficiência do produto na conservação espermática. É importante que estes produtos sejam bem armazenados e preparados conforme recomendações técnicas do fabricante, utilizar água Deionizada-Destilada ou Osmose Reversa para a sua solubilização, nas proporções indicadas conforme recomendações contidas na bula.

O diluente não deve ser preparado com antecedência superior a 24 horas à sua adição ao sêmen, pois os antibióticos presentes podem perder sua ação. O acondicionamento pode ser feito em refrigerador a 4-5°C e nunca em temperaturas superiores a 20°C. Quando o diluente for armazenado, deve-se verificar o pH antes de sua utilização.

Concentração espermática - não deve ultrapassar 8 bilhões de espermatozóides viáveis / dose (100ml), pois compromete a sua conservação.

Choque osmótico - pode levar ao aumento de alterações morfológicas (patologia) e diminuição na resistência dos espermatozóides, devido à proporção errônea na diluição (conforme a recomendação da bula);

Fatores endógenos que afetam a qualidade da dose inseminante

Conforme mencionado anteriormente, os fatores endógenos também são responsáveis por interferirem no sêmen, como:

O papel do diluente de sêmen sobre a qualidade da dose inseminante - Image 2Tamanho dos testículos - é um fator importante que contribui na variabilidade da produção de espermatozóides (Figuras 2 e 3). Durante o exame andrológico, é imprescindível a verificação da higidez dos testículos, identificando sinais de processos inflamatórios causados por traumatismo ou infecção, como: aumento de volume (edema), aderências, vermelhidão (rubor), calor e dor.


Figura 2 - Assimetria dos testículos. Foto: LPS-FMVZ-USP















Figura 3
- Suíno com aumento de volume escrotal
O papel do diluente de sêmen sobre a qualidade da dose inseminante - Image 3

O papel do diluente de sêmen sobre a qualidade da dose inseminante - Image 4Ultrasonografia do testículo e cabeça do epidídimo evidenciando acúmulo de líquido entre as túnicas, sugestivo de hidrocele. Foto: LPS-FMVZ-USP.














Comprometimento da motilidade - pode estar relacionado com a idade dos animais, aclimatação do reprodutor, mudanças de temperaturas bruscas durante a colheita, contaminação bacteriana e presença de substâncias estranhas ao sêmen, mistura brusca do sêmen com o diluente e com diferenças de temperatura superior a 1 oC, problema na preparação do diluente (erro na medida de água e diluente), uso de água deionizada e/ou destilada de baixa qualidade, demora excessiva entre a colheita e diluição do sêmen, deficiências vitamínicas e nutricionais, problemas de ordem infecciosa e lesões no casco.

Considerações finais

Com vista a todos estes fatores descritos anteriormente que afetam a qualidade da dose inseminante é necessário, portanto, a revisão de todas as etapas envolvidas, desde a aquisição dos reprodutores até o momento da inseminação artificial. Assim, o controle dos principais fatores de risco associado aos programas de treinamento técnico e motivação dos funcionários das Centrais de Inseminação Artificial continuam sendo a melhor maneira de se reduzir as possíveis perdas.
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Autores:
Aníbal de Sant'Anna Moretti
USP -Universidade de São Paulo
USP -Universidade de São Paulo
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Gustavo De Sousa E Silva
13 de enero de 2010

Bom dia a todos. Meu nome é Gustavo sou formado em Veterinária e vou tentar responder algumas perguntas. Em relaçao a agua mais usada para realizar a diluiçao das doses e a Agua Destilada, por ela passar por um processo que retira algumas substancias que pode atrapalhar na qualidade da dose inseminante. A diferença entre os dois tipos de diluentes sao q um dura no max ate 3 dias enquanto o outro as doses podem durar até 7 dias, o ultimo nao é muito usado pq diminui bastante a vida util do espermatozoide e assim a concentraçao espermatica cai, os de longa duraçao geralmente sao usados para resfriar semens de Avos ou Bisavos que tem uma menor frequencia de coleta. Fiz um comentário por cima por ser um blog, mas se alguem tiver interesse podemos trocar e-mail.

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Roberto Carlos Vicente de Oliveira
APTA
11 de enero de 2010
Diluentes de curta duração do tipo BTS (Beltsville Thawing Solution) é um diluente salino e difere dos demais pela proporção básica de seus componentes. Enquanto que os diluentes de longa duração possuem macromoléculas como a BSA soro albumina bovina, alcool polivinilico, permitindo a conservação do semen suíno por até 6 - 7 dias a 16°C
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Pedro Ivo De Quadros Filho
Bretanha
19 de octubre de 2009

Prezado Gladimir,

Nós da Bretanha podemos responder todas as suas duvidas sobre as diferenças entre diluentes de longa e curta duração. Assim como, comercializamos toda a linha de produtos de IA e prestamos assessoria técnica na area de inseminação artificial de suínos. Importamos e distribuimos os diluentes BTS - Genes Diffusion, Biodill e Gedil.

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Gladimir De Menezes Genro
Gladimir De Menezes Genro
27 de marzo de 2009
Olá meu nome é Gladimir de Menezes Genro, sou Técnico em Agropecuária e trabalho em uma CIA. Gostari de saber qual a diferença de um diluente de curto prazo e um a longo prazo, na central onde trabalho é utilizado apenas de curto prazo. Aguardo respostas. Att, Gladimir M. Genro
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Guilherme Leonidas Leonidas
ADM
ADM
14 de febrero de 2009
Sou Guilherme Faria técnico da Evimix nutrição animal estou implantando um manejo de inseminação intra uterina com decomoton no semem com um custo baixo , estamos conseguindo um excelente resultado nossa repetição de cio está em 5% com um numero de nascido de vivo de 13 leitões por matrizes. Sou técnico em agropecuária formado na escola de Bambuí com vários cursos de manejo de maternidade e inseminação artificial.
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Rafael Presotto
Rafael Presotto
12 de febrero de 2009
Bom dia. Trabalho com inseminação artificial, tenho um laboratório e sempre usei água mineral para as diluições. Gostaria de saber se há outra fonte mais em conta para essa água, como água destilada, ou deionizada. Técnicamente qual água pode ser utilizada junto ao diluente? att Rafael Presotto
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eliandro goncalves
eliandro goncalves
30 de junio de 2007
ola caroline !! bom meu nome eliandro trabalho em uma CIA ,olha voce deve procurar no site das empresas, minitub,imv ,etc,.nomomentonáo tenho telefone mais se voce quiser no posso mandar o telefone de alguns que nos usamos aqui na CIA,varia de preco de empresa para empresa . att eliandro
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Caroline Lima da Silva
Caroline Lima da Silva
24 de marzo de 2007
Meu nome é Caroline, sou estudante de zootecnia, e gostaria de saber onde eu possa encontra quais sao o diluentes de semen suinos.desde já muito obrigado.
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Luiz Souza
Luiz Souza
2 de marzo de 2007
Caro Sr Walter, Não tenho conhecimento de qualquer central de sêmen na região do Vale do Ribeira. Talvez seja necessário a aquisição de um reprodutor de boa qualidade junto à empresas de genética como Agroceres PIC, que possui animais voltados para velocidade de crescimento e qualidade de carcaça, entre outras características. Outras empresas com animais de boa genética são a Pen Ar Lan e a Topigs do Brasil. Acredito que o estado do Paraná tenha uma granja multiplicadora de genética mais proóximo de sua região. Existe a possibilidade de alguma cooperativa na região possuir uma central mas, no entanto, já verifiquei através da internet e não encontrei. Luiz Souza Médico Veterinário
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Walter Diaz Mateo
Walter Diaz Mateo
1 de agosto de 2006
Prezados Srs.Da FMVZ-USP. Tenho unm sitio no vale do Ribeira,posuo 6 femeas e gostaria inseminar para melhorar a genética,não sei como comprar semen de alta qualidade. Agradeço informaçoes sob qeim fornece semen de alta qualidade. Muito obrigado. Atenciosamente Walter Diaz Mateo
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