INTRODUÇÃO
Desde o século XIX as intoxicações pelo sal em suínos vêmsendo relatadas, porém,sem o estudo, apenas constataram na época que a salmoura gerava quadros de sintomas neurológicos em suínos (BRUM et al. 2013). Somente no Século XX, foi que Slavin&Worden (1941) começaram a fazer experimentos para entender o quanto de sal seriatolerávelpara a espécie. Foi então que Grummer & Bohsdets (1947), constataramque adicionar osalna dieta de forma adequada ofereceria um grande ganho de peso aos animais comparadoaofornecimento de extrato etéreo, concluindo que, 2% de sal na dieta não causa maleficioalgumpara o animal e mesmo que o soro do leite proveniente da produção de queijoapresentedosagens maiores, ainda pode ser administrado, desde que seja com mais cautela.
A intoxicação pelo íon sódio é uma enfermidade bastante comum, nãoapenasnacriação de suínos como também em bovinos, equinos e ovinos. Tendo semprecomoargumento o manejo errado e inadequação na nutrição desses animais (RADOSTITSet al.2007).
A ingestão do Cloreto de sódio (NaCl) pelo suíno pode levar à intoxicaçãoseveradesde que seja dada em excesso ou quando o animal se apresenta combaixo teor hídrico(SUMMERS et al. 1995). Já em questões de manejo, é comum quando há uma trocadosbebedouros (MORENO et al. 2007), se o animal tem em sua dieta o soro de leite provenienteda produção de queijos (CARSON, 2006), ingestão alimentos conservados por salga (SMITH,1958), fornecer água de poço artesiano por ter alto nível de NaCl juntamente comflúoremagnésio ou deixar acumular água no cocho de sal no período da seca (RADOSTITSet al.2007, THOMPSON, 2007).
O presente trabalho tem como objetivo apontar dificuldades encontradas peloexcessode cloreto de sódio em dietas, sua toxicidade e prejuízos decorrentes na criação de suínos.
METODOLOGIA
O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica na qual objetivou-seentendersobre a intoxicação por sal em suínos. Foram utilizadas as bases de dados, SciELOePeriódico CAPES, com as seguintes estratégias de busca, utilizando os descritores: (1)Intoxicação, (2) Cloreto de sódio, (3) Sal e (4) Suínos. Não foram usados filtros restringindoidiomas. A pesquisa foi realizada no período 20 de março a 24 de maio de 2022.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conhecida como toxicidade ao cloreto de sódio ou até mesmo por síndromedaprivação de água, a intoxicação por sal branco, se dá de costume emsuínos e aves, podendoacometer nos ruminantes, cães e equídeos (BRUM et al, 2013). Essa intoxicaçãoacontecequando o animal ingere grande quantidade de cloreto de sódio (NaCl), encontradonacomposição de ração, ou soro de leite derivado da fabricação de queijo (RADOSTITIAet al,2007). A toxidade pode ocorrer em animais submetidos a dieta regular de sal, porémsãoprivados de água por um periódico de tempo, e em seguida excessividade de água, geralmentechamada intoxicação por água ou síndrome da privação de água. Outro fator quepodedesencadear essa enfermidade e quando e fornecido como fonte de água somenteosoro(BRUM et al, 2013).
A primeira intoxicação experimental dirigida por Bohstedt; Grummer (1954), sendorealizada na Universidade de Wiscosin, os autores discutiam se a doença se tratavaporsimplesmente uma elevada taxa de cloreto de sódio nos tecidos e consequentementeamortalidade dos animais, relataram outros covalentes que poderiam vir a acontecer oufacilitaresta intoxicação, como privacidade de água. Por fim, deixaram comconclusão de queosalpode sim causar a enfermidade, porém em doses que não ultrapassem2%de quantidadetotalda alimentação, seja apresentada em ração, salmouras ou até soro de queijo.
A patogenia da doença ainda é inconclusiva, mas acredita-se que o edemacerebralaconteça devido a desregularidade da pressão osmótica, em virtude da desidrataçãoqueéestimulada pela alta ingestão do sal levando a irritação da mucosa, e quando se absorveaindamais, inibe a glicólise bloqueando o transporte ativo desse sódio para fora doepitélio,acumulando o íon no cérebro (SUMMERS et al. 1995, RADOSTITS et al. 2007). Alémdisso,ainda pode haver um aumento da pressão intracraniana que leva a umquadro de isquemiaempartes do cérebro (FINNIE et al. 2010).
Os sinais clínicos apresentados por essa toxicose são: sialorreia, falta de reflexos,desenvolvimento de opistótono, tremores, incoordenação motora, animal emdecúbitolateralou esternal, forçando a cabeça contra objetos e movimentos involuntários nas patas dianteirase traseiras (BOSS et al. 2012).
Segundo o autor BRUM et al (2013), foram encontradas doses de sódioemfragmentações musculares e hepática, líquor e humor aquoso apresentavamaumentonas contrações do íon, foram observados também quantidade de eosinófilos circulantes baixa, jáque havia um vasto recrutamento dessas células para localização encefálica. Algunssurtospodem-se observar a inclusão de eosinófilos nas leptomeninges e no espaço de Virchow-Robin do córtex cerebral.
Para que se faça o diagnóstico da enfermidade podemos contar comalternativascomo:dosar os níveis de sódio no fígado, músculo, líquido cefalorraquidiano, soro e humor aquosoou a utilização do hemograma que pode apresentar como resultado a eosinopenia, devidoagrave infiltração de eosinófilos que é considerado o achado patognomônico da doençaeameningoencefalite eosinofílica que avança para uma necrose neuronal (BRUMet al. 2013)Macroscopicamente, nota-se um achatamento do córtex e telencéfalo (BOSS et al. 2012).
Como diagnóstico diferencial tem-se a Doença de Aujesky, doença doedemaemeningite por Streptococcus e peste suína africana (CARSON, 2006). Por haveracometimento neurológico, não existe um tratamento curativo que seja totalmenteeficazesem risco de sequelas, portanto, é recomendado o abate do animal que os apresenta. Jáosqueainda são assintomáticos, pode – se tentar impedir com o fornecimento abundante deáguaaoanimal e cessar o consumo do mineral (BONETT; MONTICELLI, 1998).
Uma das principais virtudes da criação de suínos é que a maioria das doenças queosacometem podem ser corrigidas pelo fornecimento de uma boa alimentação, fornecer águalimpa e fresca certificando sempre se o animal está bebendo, um alojamento combebedouroslimpos e mais adequados, ou seja, adotar programas simples que envolvembiosseguridadesde baixo custo (JACKEMAN, 1940; MCINTOSH, 1942).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do que foi dito, deve-se tomar o devido cuidado para que não se dêsal emexcesso e para que as medidas de biossegurança sejam seguidas emgrandes e pequenasgranjas. Uma vez que quando fornecido em quantidades desbalanceadas acarretaperdaseconômicas, seja diferindo no ganho de peso, ou até mesmo levando a morte do animal, tendoem vista esse estudo, é de suma importância que o produtor tenha uma assistência técnicaparaauxiliá-lo em sua produção, trazendo melhores condições de vida ao animal e melhorandoseudesempenho.
Publicado originalmente na revista da UNIFIMES, na semana universitário, em outubro de 2022. Acesso dispnível em:
unifimes.edu.br
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