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CARACTERIZAÇÃO DE Enterococcus faecalis DE SUÍNOS NO BRASIL

Publicado: 10 de novembro de 2016
Por: PEDRO H. FILSNER1*, GIVAGO F. SILVA1, THAIS S.P. FERREIRA1, KETRIN C. SILVA, MARINA MORENO, VASCO T. M. GOMES, ANDREA M. MORENO. 1Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia– FMVZ/USP – São Paulo/SP; Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal – VPS/USP.
Sumário

O objetivo do presente estudo foi caracterizar o perfil de resistência de Enterococcus faecalis de suínos no Brasil. Foram coletadas 171 amostras fecais de suínos em 31 granjas comerciais, resultando em 245 cepas distintas. Após o isolamento e caracterização da espécie por meio da reação da polimerase em cadeia (PCR), o teste de concentração inibitória mínima mostrou que no Brasil, o rebanho comercial de suínos é portador de cepas de E. faecalis multirresistentes a antibióticos e com grande variabilidade genética. Sendo mais frequente a resistência a aminoglicosideos e macrolideos entre outros princípios ativos. tilosina (98.7 %) e lincomicina (98.7%), seguido por tetraciclina (97.1%).

 

Palavras-chave: Enterococcus; resistência; suínos.

 
Introdução
Agentes causadores de infecções do sistema urinário, endocardite, meningite e septicemia em animais e humanos, os membros do gênero Enterococcus ganharam importancia epidemiológica na última década devido à sua resistência intrínseca e adquirida a diferentes antimicrobianos (ARIAS et al.,2012). Dentre suas 36 espécies, duas possuem maior relevancia epidemiológica, Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium, por apresentarem grande número de cepas multirresistentes a antibióticos. Diversos estudos sugerem que o uso de promotores de crescimento na produção animal é um fator determinante para o aumento dos níveis de multirresistência em várias espécies de Enterococcus (AARESTRUP, 2000). O presente estudo avaliou diferentes cepas de E. faecalis isoladas de material fecal de suínos, determinando seu perfil de resistência através do teste de concentração inibitória mínima.
 
Material e Métodos
Para avaliar a susceptibilidade dos isolados de Enterococcus faecalis, 245 cepas foram isoladas de 171 amostras fecais, oriundas de 31 criações comerciais de diferentes regiões do Brasil. Estas amostras foram cultivadas em ágar VRE por 37-48 horas a 37 °C. Sua identificação foi feita através das características morfológicas das colônias e por meio da reação de polimerase em cadeia (PCR) utilizando primers específicos para E. faecalis. Para o teste de concentração inibitória mínima (MIC) utilizou-se placas CMV3AGPF MIC PLATE – Sensititre ®, contra os seguintes antimicrobianos: tigeciclina, ciprofloxacina, daptomicina, vancomycina, tilosina, penicilina, erithromicina, quinupristina/dalfopristina, linezolida, lincomicina, tetraciclina, clorafenicol, nitrofurantoina, gentamicina, kanamicina, estreptomicina.
 
Resultados e Discussão
Os maiores índices resistência foram observados contra tilosina (98.7 %) e lincomicina (98.7%), seguido por tetraciclina (97.1%), estreptomicina (96.3%), a combinação quinupristina/dalfopristina (95.5%), kanamicina (93.8%), gentamicina (85.3%), ciprofloxacina (76.6%) e clorofenicol (71.8%). Não foram encontradas cepas resistentes à vancomicina, o nível de resistência a daptomicina foi de 0.4%, nitrofurantoina (1.2%) e tigeciclina (1.6%), todos baixos. Os resultados desse estudo indicam que no Brasil, o rebanho comercial de suínos é portador de cepas de E. faecalis multirresistentes a antibióticos e com grande variabilidade genética. Sendo mais frequente a resistência a aminoglicosideos e macrolideos entre outros princípios ativos, contudo o estudo indica que o risco da disseminação de Enterococcus resistentes à vancomicina pelos suínos ainda é baixo.
 
Tabela 1 – Susceptibilidade in vitro de isolados de E. faecalis de suínos do Brasil.
CARACTERIZAÇÃO DE Enterococcus faecalis DE SUÍNOS NO BRASIL - Image 1
 
Conclusões
Os resultados indicam que suínos oferecem um baixo risco de disseminação de Enterococcus resistentes à vancomicina. Outros estudos direcionados a genes envolvidos em padres de resistência observado e a virulência destes isolados serão realizados no futuro.
 
Referências Bibliográficas
1. Arias, C.; Murray, B. Nature Reviews Microbiology, v.10 n.4, p. 266–278, 2012.
2. Aarestrup, F. M. et al Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, v.37,n. 2, p 127–37, 2000.
3. Layton, B. A. et al, 2010. Journal of Applied Microbiology, v.109,n.2 , p. 539–47.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Andrea Micke Moreno
USP -Universidade de São Paulo
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