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Uso de uma enzima versátil em suínos

Publicado: 6 de junho de 2014
Por: Adriana Toscan, Gerente Regional de Desenvolvimento Técnico, Adisseo Brasil Nutrição Animal.
Uma das fontes de energia nas rações de suínos são os carboidratos, vindos das matérias-primas de origem vegetal. Estes podem estar na forma de açúcares, quando suas unidades elementares estão ligadas apenas por ligações alfa, estando mais prontamente disponíveis, ou podem estar na forma de pollissacarídeos não amiláceos (PNAs ou NSP em Inglês), com uma organização mais complexa, com ligações alfa e beta.
Como as enzimas endógenas secretadas pelo animais monogástricos são capazes de quebrar apenas as ligações alfa, os carboidratos mais complexos, são parcialmente quebrados por essas enzimas, ficando grande parte indigerível no trato digestivo do animal.
Há dois tipos de PNAs: solúveis (beta-glucanos, pentosanos e substâncias pécticas) e os insolúveis(celulose e hemicelulose).
A fração insolúvel de PNAs aumenta a capacidade de retenção de água e tornando o trânsito gastrointestinal mais lento, diminuindo o esvaziamento gástrico e levando à diminuição do apetite. Além disso, nesta água retida, ficam muitos nutrientes solúveis, que ficam menos disponíveis para a digestão no intestino delgado e mais disponíveis para a flora intestinal.
As cadeias moleculares de PNAs solúveis formam uma rede, aumentando a viscosidade intestinal, reduzindo o acesso das enzimas endógenas às nutrientes da ração, diminuindo a digestibilidade da ração como um todo.
Os suínos, animais não ruminantes, tem um potencial limitado para digerir os PNAs, principalmente os animais mais jovens. Em suínos em crescimento a taxa de digestibilidade da matéria seca no final do íleo é entre 60 a 65%. Essa taxa é maior no ceco, devido à fermentação, aonde os microorganismos degradam parte da fibra para produção de ácidos graxos livres.
A utilização de enzimas para degradação de PNAs ganhou popularidade em dietas de desmame para ajudar na digestão de parte da dieta e a aplicação em suínos de crescimento e terminação tem aumentado seu uso, baseados em observações de campo e pesquisas.
Após 15 anos de pesquisas e mais de 100 ensaios com suínos realizados no Centro de Pesquisas (CERN) da Adisseo na França , Commentry e através de Universidades do mundo, tem-se comprovado que as multi-enzymas, como Rovabio, aumentam a digestibilidades dos nutrientes das dietas de leitões , matrizes suinas em lactação e suinos em crescimento e terminação, além de permitir a redução de custos das rações.
Os resultados permitem a elaboração de uma matriz nutricional para o Rovabio muito robusta, que pode ser dimensionada de acordo com os ingredientes usados na formulação das rações, usando-se a ferramenta oferecida pela Adisseo, o Rovabio Predictor.
As enzimas do Rovabio atuam tanto sobre as frações de PNAs solúveis e insolúveis. Começam a agir rapidamente e a degradar ao PNAs, proporcionando um acesso maior às enzimas endógenas, aumentando a disponibilidade dos nutrientes.
Há pelo menos 19 atividades enzimáticas compatíveis em Rovabio, provenientes de 5 grupos (xilanases, B-glucanases, pectinases, proteases e outras), produzidas por fungo(Penicillium funiculosum), em um mesmo lote de fermentação, sendo elas naturalmente compatíveis. E é esse complexo enzimático que confere ao Rovábio uma atuação eficiente na diversidade de cadeias moleculares dos PNAs dos diversos ingredientes que compõe a ração.
O uso do Rovábio em suínos pode ser feito de duas formas:
- Estratégia “on-top”:
A adição do Rovabio é feita sobre a formulação atual, sem considerar uma valorização para a matriz da enzima.
Essa estratégia é usada quando não se busca redução de custo da ração e sim melhorar o desempenho , uniformidade e redução de diarreias, principalmente em leitões. Com isso melhora-se a lucratividade da produção.
Uso em dietas de Milho e Farelo de Soja, resumos dos experimentos feitos:
Em dietas de leitões usando Rovabio “on-top”, obteve-se uma redução de 1,2% na conversão alimentar, dos 28 aos 70 dias de idade, um consumo de ração de 3,4% maior e consequentemente um ganho médio diário de peso vivo 5% maior, em relação ao tratamento sem enzima adicionada.
Houve redução de leitões leves, melhorando a uniformidade do lote, reduzindo o tempo na creche de no mínimo 2 dias.
Em suínos na fase de crescimento e terminação, a redução da conversão alimentar foi de 3,2%, e um aumento do peso vivo no final da engorda de 2,0kg.

- Estratégia de reformulação:
Atribui-se um valor para a matriz nutricional do Rovábio, que pode variar por fase do animal e por tipo de dieta. Tudo vai depender do grau de precisão que se quer trabalhar e das condições de operacionalizar o uso de várias matrizes para formular.
Usando o software do Rovabio Predictor, pode-se gerar quantas matrizes forem necessárias de acordo com a realidade de cada empresa.
Ou pode-se fazer uma redução nos requerimentos de energia (Metabolizável, Digestível ou Líquida) e dos Aminoácidos Digestíveis(AAD), tendo como regra geral:
Para leitões: redução de 2% na energia (EM, ED ou EL) e 2% nos AAD
Para suínos em crescimento e terminação: redução de 1,5% na energia (EM, ED ou EL) e 1,5% nos AAD.
Ambos os procedimentos levam a uma redução de custo , com manutenção dos resultados. Seja qual o for o método de formulação, Rovabio permite a redução significativa de custos da ração de 2,65%, na média de dezesseis ensaios realizados.
Conclusão:
Com o aumento constante no custo dos ingredientes e na pressão de redução do custos das rações, tendo que buscar sempre mais produtividade, qualidade da carne e lucratividade na atividade de produção animal, o papel do nutricionista, torna-se cada vez mais importante.
Surge a necessidade do uso crescente de matérias-primas alternativas , da redução das margens de seguranças usadas, tanto nas matérias –primas como nos requerimentos nutricionais e o uso de aditivos que reduzam os fatores anti nutricionais, como os PNAs, dos ingredientes.
As enzimas assumem um papel fundamental nesse processo, pois seu uso além de atender a necessidade de redução de custo, promovem a performance animal, gerando lucratividade, já que o retorno é muito maior do que o investimento feito.
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Autores:
Adriana Berti Toscan
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