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Agente respiratórios virais: Estamos dando a real importância aos diagnósticos?

Publicado: 6 de fevereiro de 2023
Por: Danielle Gava. Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, SC, Brasil.
Introdução
No Brasil, as doenças infecciosas respiratórias são as mais prevalentes, provavelmente devido às características atuais dos sistemas de produção, marcados pela mistura de suínos de várias origens nas diferentes fases de produção e em altas densidades. Estes fatores, além de estressores, favorecem a disseminação dos patógenos, agravando ainda mais os problemas respiratórios (Opriessnig et al., 2011; Morés et al., 2015). Ainda, na maioria das vezes, os quadros clínicos respiratórios dos suínos são causados pela associação de dois ou mais microrganismos (Opriessnig et al., 2011). Alguns destes, por sua vez, fazem parte da microbiota normal do trato respiratório, todavia, na presença de fatores de risco ou outros agentes, participam ativamente do quadro patológico (Hansen et al., 2010; Opriessnig et al., 2011).
O complexo de doenças respiratórias suína (PRDC) é considerado uma doença multifatorial causada pela interação de componentes não infecciosos (ambiente, manejo, idade, genética e nutrição) com patógenos virais e bacterianos (Figura 1). Em todo o mundo, os patógenos mais relevantes na PRDC são: o vírus Influenza A (IAV), o vírus da Síndrome Reprodutiva e Respiratória Suína (PRRSV), o Mycoplasma hyopneumoniae (Mhyo) e o Circovírus Suíno Tipo 2 (PCV2) (Bochev, 2007; Opriessnig et al., 2011). Ocasionalmente, Actinobacillus pleuropneumoniae, Glaesserella parasuis e Pasteurella multocida também podem estar correlacionados (Bochev, 2007; Opriessnig et al., 2011). A presente revisão discute os principais agentes virais causadores de doenças respiratórias em suínos, com foco para o vírus Influenza A.
Figura 1. Interação entre vírus, bactérias e condições de manejo adversas que resultam em PRDC.
Figura 1. Interação entre vírus, bactérias e condições de manejo adversas que resultam em PRDC.
Agentes virais envolvidos em problemas respiratórios em suínos
No Brasil, existem poucos trabalhos sobre quais patógenos desempenham um papel na PRDC. Desde o surgimento do vírus influenza pandêmico H1N1 (H1N1/2009) em 2009 (Schaefer et al., 2011), tem sido relatada doença respiratória aguda afetando várias faixas etárias (Rajão et al., 2013). Recentemente, a detecção de novos vírus influenza H1N2 e H3N2 de origem humana em suínos no Brasil, demonstrou que esses vírus suínos se reagruparam extensivamente com vírus H1N1/2009 (Nelson et al., 2015). Atualmente, os subtipos H1N1, H1N2 e H3N2 circulam em suínos no Brasil. O subtipo H1N1 foi detectado em 58,1% de 74 pulmões de suínos de diversas idades, seguido pelo subtipo H1N2 (9,5%) e H3N2 (6,8%) (Rech et al., 2018). Galdeano et al., (2019), verificaram que 29/30 granjas avaliadas no estado de Goiás apresentaram anticorpos para IAV.
Com relação ao Mhyo, apesar da ampla vacinação em rebanhos de suínos no Brasil (Galdeano et al., 2019), este é considerado um dos patógenos mais prevalentes associados a infecções respiratórias em suínos de terminação, juntamente com a P. multocida (Mores et al., 2015; Balestrin et al., 2022). Rech et al., (2018), ao avaliarem 74 pulmões de suínos de diversas idades, previamente positivos para Influenza A, determinaram que a coinfecção com Mhyo foi a mais comum, ocorrendo em 31% dos casos.
Por sua vez, a doença associada ao PCV2 (PCVD), principalmente a síndrome multissistêmica pós-desmame, era altamente prevalente em rebanhos de suínos no Brasil antes da introdução da vacinação PCV2 em 2008. Apesar de não observar lesões sugestivas de infecção por PCV2 em pulmões positivos para IAV, Rech et al., (2018) detectou o vírus em 14,9% das amostras.
Em relação ao PRRS, o Brasil é considerado livre desta doença, conforme ultimo levantamento sorológico, analisando 14382 amostras (Gava et al., 2022).
Conclusão
Os agentes virais geralmente causam pneumonia intersticial e, em conjunto com infecções bacterianas, levam a prejuízos maciços à indústria suinícola de todo o mundo. No Brasil, em torno de 30% das condenações de carcaças estão relacionadas a lesões pulmonares. Além disto, um estudo comparou a presença ou não de lesões pulmonares ao abate e a perda estimada nos animais que apresentavam lesões ficou em $6.55 por animal (Ferraz et al., 2020).
A PRDC é um complexo multifatorial de patógenos respiratórios de suínos. Todavia, os agentes envolvidos variam significativamente entre granjas, fazendo o tratamento e controle desafiadores. A prática da vacinação, terapia com antimicrobianos e mudanças no manejo são requeridos para minimizar o impacto a campo.
Publicado originalmente em  14º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura e 13º Brasil Sul Pig Fair. 16 a 18 de agosto de 2022 - Chapecó, SC - Brasil. Acesso disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/handle/doc/1146408?locale=en

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