Introdução
Os suínos são considerados reservatórios de leptospiras, quando infectados, sucede a fase de leptospiremia, sem sintomatologia, de um a dois meses após a infecção, o suíno excreta, via urina, alta concentração de Leptospira, a excreção em baixa concentração pode durar de meses a um ano1.A leptospirose pode estar associada as perdas reprodutivas em rebanhos tecnificados. As marrãs são mais suceptíveis, entretanto, quando o rebanho é infectado todas as faixas etárias de fêmeas podem sofrer transtornos reprodutivos, tais como: abortos, leitegadas pequenas, baixo número de nascidos totais, mumificação fetal, natimortalidade e nascimento de leitões fracos que não sobreviverão3,4. A leptospirose só ocorre em conseqüência do desequilíbrio entre a imunidade e a pressão de infecção.Uma das alternativas para controlar a doença é a vacinação. Após a aplicação de uma vacina, espera-se que os animais desenvolvam imunidade suficiente para não adoecerem ao entrar em contato com o agente infeccioso. Os títulos vacinais detectáveis no teste de soroaglutinação microscópica não ultrapassam a 1:400 e tendem a diminuir até atingir níveis não perceptíveis no teste em, aproximadamente dois meses, títulos acima de 1:400 indicam um contato recente com a Leptospira de campo. O objetivo deste estudo foi avaliar a existência de anticorpos contra diferentes sorovares de Leptospira em porcas gestantes que foram vacinadas durante a lactação.
Material e Métodos
Foram avaliadas 751 amostras de soro coletadas de 21 granjas em 6 estados brasileiros (Goisás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul). Todos os animais tinham sido previamente vacinados com a vacina trivalente contendo Parvovírus, Erisipela e 6 sorovares de Leptospira (L. bratislava, canicola, Pomona, hardjo, icterohaemorrhagiae e grippotyphosa) em torno de 10 dias de lactação. Foram amostrados porcas entre 60-85 dias de gestação. As amostras foram testadas pelo teste de soroaglutinação microscópica para 23 sorovares de Leptospira (L. australis, bratislava, autumnalis, butembo, castellonis, bataviae, canicola, whitcombi, cynopteri, grippotyphosa, hebdomadis, copenhageni, icterohaemorrhagiae, javanica, panamá, Pomona, pyrogenes, Wolffy, hardjo, dhermani, tarassovi, patoc e sentot). Os animais com títulos ≥ 1: 100 foram considerados positivos.
Resultados
Os sorovares positivo, com títulos superiores a 1:100, no teste de soroaglutinação microscópicaforam, foram o Icterohaemorrhagiae (39%), Grippotyphosa (24%), Pomona (18%), Hardjo (14%) e Bratislava (9%). Os demais sorovares apresentaram resultado inferior a 5% de positividade.
Figura 1 - Porcentagem de reprodutoras soropositivas (títulos ≥ 1:100).
Obtivemos baixa prevalência de amostras com títulos superiores a 1:400, os resultados não ultrapassaram mais do que 3% do total das amostras.
Figura 2 - Porcentagem de reprodutoras soropositivas com títulos >1:400.
Discussão e Conclusões
Estudos realizados no Brasil demonstraram porcentagens semelhantes, 27,30% de positividade para a leptospirose6, 42,2% de positividade para diferentes sorovares de leptospira7 e 16,5% soropositivas para pelo menos um sorovar8. Os títulos superiores a 1:400 são considerados como uma possível infecção por Leptospira. As granjas testadas neste estudo mostraram baixa porcentagem de amostras com títulos ≥ 1:400 (títulos referente a possível infecção). Portanto, a circulação de Lepstospira nas granjas brasileiras incluídas no estudo é baixa. As vacinas inativadas estimulam a resposta imune humoral através do aumento na produção de anticorpos5, espera-se que animais vacinados contra Leptospira apresentem títulos de anticorpos detectáveis até o final do período de gestação. O fato da amostragem ser realizada próximo aos 80 dias de gestação e a baixa % de soropositividade observada, é conclusivo de que as vacinas trivalentes não protegem até o final do período de gestação contra os diferentes sorovars incluídos nas vacinas.
Referências Bibliográficas
1. Sobestiansky et al., Clínica e patologia suína. 1999
2. Ellis, W.A. et al (1989).Vet Rec.125:319-3.
3. Hodgeset. al., Leptospirosis in pigs. New ZealandVeterinaryJournal. 1979
4. Bastos,M. Leptospiroses. 2006
5. Roth, J.A. and Thacker, E.L. Immune system. 15-35.
6. Langoni et al. Inquérito soroepidemiológico para leptospirose suína (1995)
7. Lima Diagnóstico de leptospirose em suínos no Rio Grande do Sul: (1996),
8. Azevedo et al. Frequency of anti leptospires agglutinins in sows. Inst. Biol. (2006),
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.