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INFLUÊNCIA DO GPD E DA LINHAGEM GENÉTICA NA FREQUENCIA DE OSTEOCONDROSE EM SUÍNOS AO ABATE

Publicado: 10 de outubro de 2016
Por: RICARDO J. COGO* 1; TON KRAMER1; GEFFERSON ALMEIDA DA SILVA1; DAIANE GÜLLICH DONIN2, GERALDO CAMILO ALBERTON1,3. 1Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Setor Palotina, Palotina, PR, Brasil; 2 Departamento de Zootecnia – UFPR –Setor Palotina; 3 Departamento de Ciências Veterinárias – UFPR – Setor Palotina.
Sumário

Dentre os fatores que podem afetar a frequência de ostecondrose (OC) em suínos, destacase a composição genética e a velocidade de ganho de peso diário (GPD) dos animais. O presente trabalho teve como objetivo verificar se o GPD em diferentes fases da vida pode afetar a frequência de OC ao abate em leitões. Foram avaliados 343 suínos de duas linhagens genéticas comerciais diferentes (A e B), que foram pesados aos 21, 65, 85, 135 e 159 dias de idade. Após o abate, foi avaliada a frequência de OC no côndilo medial e lateral da porção distal do úmero. Os animais foram classificados em duas categorias de GPD, alto e baixo. A frequência de lesões de OC na genética A e B foi de 38% e 28%, respectivamente (P<0,050). O GPD em vida e o GPD nas diferentes fases de vida não influenciou a frequência de OC. Conclui-se que a frequência de OC ao abate é influenciada pela genética do animal e não é influenciada pelo GPD.

 

Palavras-Chave - Sanidade; Problema locomotor; Crescimento.

 
Introdução
A osteocondrose (OC) é um distúrbio no processo de ossificação endocondral que ocorre em indivíduos em crescimento, afetando várias espécies animais, com destaque para a espécie suína, que é considerada a mais afetada (NAKANO et al., 1984; DOIGE e WEISSBRODE 1998). Clinicamente, os suínos afetados por OC podem apresentar dificuldade de locomoção, artrite, apofisiólise (fratura da tuberosidade isquiática) e epifisiólise (fratura do colo do fêmur) (ALBERTON et al., 2012).
 
As lesões de OC são congênitas, com forte influência genética. Deste modo, praticamente todos os leitões nascem com alguma lesão no esqueleto, mas poucas destas lesões evoluirão para um problema clínico (DOIGE e WEISSBRODE, 1998; GRONDALEN, 1974). Um dos fatores que podem influenciar a capacidade de reparação das lesões iniciais é a velocidade de crescimento do animal, embora não haja consenso na literatura sobre este fato. Estudos demonstraram que o GPD influencia na frequência e gravidade de lesões de OC no abate (VAN GREVENHOF et al., 2012; BUSCH e WACHMANN, 2011) e outros falharam em demostrar este efeito (YTREHUS et al, 2004). Em estudo mais recente sobre este tema, concluiu-se que existe uma janela de susceptibilidade para a OC, entre 56 e 84 dias de idade, período no qual, animais com GPD maior, apresentam maior probabilidade de apresentarem lesões ao abate (VAN GREVENHOF et al., 2012).
 
Diante disto, o objetivo desta pesquisa foi verificar se a linhagem genética e o GPD influenciam a frequência de lesões ao abate.
 
Material e Métodos
A avaliação foi realizada em uma granja de ciclo completo localizada no estado do Paraná. Foram avaliados 343 suínos (machos castrados cirurgicamente e fêmeas) de duas linhagens genéticas comerciais distintas, que foram criados nas mesmas condições de manejo e arraçoados com dietas comerciais à base de milho e soja e núcleo vitamínico e mineral. Os animais foram pesados individualmente aos 21, 65, 85, 135 e 159 dias.
 
Após a ultima pesagem os animais foram tatuados na paleta e encaminhados para o abate. Após a desossa, foi realizada análise às cegas dos côndilos medial e lateral da porção distal do úmero. Os animais foram classificados em positivos, se houvesse qualquer lesão de OC, independente do grau e extensão da lesão, e negativos, na ausência de lesões. Os animais foram classificados por linha genética A e B e também em duas categorias de GPD. Os 50% dos animais com maior GPD foram considerados de GPD alto e, os demais, como GPD baixo.
 
Todos os dados de ganho de peso foram corrigidos a uma curva normal, com auxilio da ferramenta de Estatística Descritiva, e Análise Estatística Stat Plus®. Os dados foram submetidos inicialmente à avaliação de outlier, que foram removidos da análise. A influência da composição genética e do GPD na frequência de OC foi verificada pelo teste de hipóteses qui-quadrado, com nível de significância 95%. O GPD das diferentes linhas genéticas nas diferentes fases de vida foi avaliado pelo método ANOVA.
 
Resultados e Discussão
Dos 343 animais abatidos, somente 319 animais foram submetidos à analise estatística, sendo os demais considerados outliers. Dos avaliados, 88 (28%) apresentavam lesão de OC nos côndilos mediais e laterais do úmero.
 
Na linha genética A, a frequência de OC foi de 22% e na linha genética B, de 38% (P=0,001). De acordo com CRENSHAW (2006) todas as linhas genéticas utilizadas em programas de cruzamento industriais têm sido afetados pela OC, entretanto, a frequência e a gravidade das lesões mudam conforme a linhagem genética, sendo que não sabe-se com clareza se a linha genética vai determinar que os leitões nasçam com mais ou menos lesões, ou vai afetar a capacidade de resoluções das mesmas. Neste sentido, animais com determinados biótipos, com diferente distribuição do peso entre as unhas ou com diferentes curvas de crescimento, vão ter mais ou menos chances de evolução das lesões iniciais para lesões clínicas.
 
A OC possui herdabilidade que varia de 9 a 49%, dependendo do estudo e metodología empregada. Assim sendo, embora haja o componente genético envolvido, a expressão da doença depende consideravelmente de fatores ambientais. No presente estudo, o fator avaliado foi o GPD, sendo que a frequência de OC não foi influenciada pelo GPD geral ou pelo GPD em qualquer uma das fases avaliadas, tanto na avaliação geral, como entre as linhas genéticas (Tabela 1).
 
Tabela 1 - Ganho de peso diário (GPD) nas diferentes fases de criação dos leitões e frequência de osteocondrose de acordo com a categoria de GPD.
INFLUÊNCIA DO GPD E DA LINHAGEM GENÉTICA NA FREQUENCIA DE OSTEOCONDROSE EM SUÍNOS AO ABATE - Image 1Letras diferentes indicam diferença estatística na coluna.
 
Conclusões
A frequência de OC não foi afetada pelo GPD geral ou pelo GPD nas diferentes fases de vida dos leitões, mas foi afetada pela linhagem genética dos animais.
 
Referências Bibliográficas
1. ALBERTON, G. C.; SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D.; MORÉS, N.; DONIN, D. G.; OLIVEIRA, J. S, 2012. Doenças do Aparelho Locomotor. In: SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. Doenças dos suínos. Goiânia: Cânone Editorial, 2° ed., p. 509-546.
2. BUSCH, M.E.; WACHMANN, H; 2011 Osteochondrosis of the elbow joint in finishing pigs from three herds: Associations among different types of joint changes and between osteochondrosis and growth rate. The Veterinary Journal. (188):197-203.
3. CRENSHAW, T.D.; 2006. Arthritis or OCD – Identification and Prevention. Advances in Pork Production. (17):199-208.
4. DOIGE, C.E.; WEISSBRODE, S.E. 1998. Doenças dos ossos e das articulações. In: CARLTON, W.W.; MC GAVIN, M.D. Patologia Veterinária Especial de Thonson, 2. ed. Porto Alegre: ArtMed, p. 474-485.
5. GRONDALEN, T. (1974) Osteochondrosis and arthrosis in pigs. Acta Veterinaria Scandinavica. (15):1-25.
6. NAKANO, T.; AHERNE, F.X.; BRENNAN, J.J.; THOMPSON, J.R; 1984. Effect of growth rate on the incidence of osteochondrosis in growing swine. Canadian Journal of Animal Science. (64):139- 146.
7. VAN GREVENHOF, E.M.; HEUVEN, H.C.M.; VAN WEEREN, P.R.; BIJMA, P; 2012.The relationship between growth and osteochondrosis in specific joints in pigs. Livestock Science. (143): 85-90.
8. YTREHUS, B.; CARLSON, C.S.; LUNDEHEIM, N.; MATHISEN, L.; REINHOLT, F.P.; TEIGE, J.; EKMAN, S;, 2004. Vascularisation and osteochondrosis of the epiphyseal growth cartilage of the distal femur in pigs-development with age, growth rate, weight and joint shape. Bone. (3):454-465.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Ton Kramer
Zinpro
Geraldo Camilo Alberton
Universidade Federal do Paraná - UFPR
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