Introdução
O SIAV foi inicialmente isolado no Brasil em 1974, em um suíno proveniente de uma granja no estado de MG (Cunha et al., 1978). Estudos posteriores relataram uma baixa prevalência de anticorpos contra os subtipos H1N1 e H3N2 em suínos, antes da pandemia de 2009 (Brentano et al., 2002). Após a emergência do H1N1pdm09 em humanos, surtos em suínos foram relatados em varios países, inclusive no Brasil. Estudos sorológicos retrospectivos realizados em granjas suínas, pós pandemia, demonstraram um aumento na frequência e no título de anticorpos contra o SIAV (Rajão et al., 2013). O H1N1pdm09 parece ter se tornado endêmico nos rebanhos suínos brasileiros, com uma alta prevalência de rebanhos positivos no Brasil (96,6-100%) (Dias et al., 2015). Além do H1N1pdm09, estudos sorológicos e de caracterização molecular tem demonstrado um aumento da prevalência de anticorpos contra os SIVs de origem suína (H1N1 classico, H3N2) e de origem humana (H1N2) em suínos (Rajão et al., 2013). A detecção do vírus influenza em diversos estados do Brasil associada frequentemente à manifestação clínica, demonstra a baixa imunidade dos animais frente a esse patógeno e a necessidade de ampliar a vigilância dessa infecção no país e de estudar os métodos de controle ideais para a suinocultura brasileira.
Material e Métodos
A seleção de rebanhos foi feita aleatoriamente e representam as características regionais de produção. As granjas comerciais amostradas, totalizando 50 granjas, foram distribuídas entre os estados: oito em Minas Gerais (8/50), oito em São Paulo (8/50), nove no Paraná (9/50), 13 em Santa Catarina (13/50) e 12 no Rio Grande do Sul (12/50). Amostras de soro foram coletadas em 2014 e 2015, aleatoriamente de 15 animais por categoria do ciclo de produção: fêmeas de reprodução (porcas e marrãs), leitões de creche (25-30 dias), leitões de recria (75-85 dias) e leitões de terminação (135-145 dias), totalizando 60 amostras por granja e 1.200 animais no estudo por subtipo viral.
Nenhuma das granjas tinha histórico de vacinação contra influenza. As amostras foram testadas para a presença de anticorpos contra isolados de campo coletados em 2014, dos subtipos virais: H1N1pdm09 e H3N2. Esses isolados foram caracterizados molecularmente, através do seqüenciamento e análise dos genes hemaglutinina (HA), neuraminidade (NA) e matrix (M). O teste de HI foi feito de acordó com WHO, 2002. Amostras com títulos de HI iguais ou maiores que 40 foram consideradas positivas.
Resultados e Discussão
Os percentuais do total de animais apresentando anticorpos contra H1N1pdm09 e H3N2 foram 52,01% e 27,14%, respectivamente. O percentual de rebanhos soropositivos para os subtipos H1N1pdm09 e H3N2 foram 94% e 34%, respectivamente. O H1N1pdm09 foi o subtipo mais amplamente difundido entre as regiões Sul e Sudeste, com 55,30% e 47,01%, de animais analisados, respectivamente. O H3N2 foi o subtipo com menor circulação viral entre as regiões Sul e Sudeste, sendo mais prevalente na região Sudeste, com 32,17% e menos prevalente na região Sudeste, com 19,59% dos animais analisados. O número de granjas e animais soropositivos para os subtipos analisados variou entre os estados e está descrito na tabela 1. Levando em consideração os estados, a maior soroprevalência para o H1N1pdm09 foi no RS, com 89,44% e menor em SC, com 24,23%. O subtipo H3N2 foi o menos prevalentes nas granjas dos cinco estados analisados, com maior prevalência no RS (75%) e menor em MG (50,0%) (Figura 1).
Levando em consideração os estados, a distribuição de anticorpos para o H1N1pdm09 foi maior em RS, com 89,44% e menor em SC, com 24,23%. O subtipo H3N2 foi o menos prevalente nas granjas e animais dos 5 estados analisados, com maior prevalência em RS (39,44%) e menor prevalência em MG (15,42%).
Tabela 1 - Porcentagem de granjas e animais positivos para os vírus H1N1p e H3N2 em granjas de MG, SP, SC, PR e RS – 2014 e 2015
Dentre as diferentes categorias analisadas, as fêmeas de reprodução obtiveram maior quantidade de animais soropositivos (78,33 a 49,44%) e a com menor quantidade foi a recria, com 11,28% a 37,04% (animais susceptíveis). Foi observado pequeno aumento da prevalência dos H1N1pdm09 e H3N2 na categoria de terminação, com 32,91% e 16,81%, respectivamente (figura 1).
Figura 1 - Porcentagem de animais positivos para H1N1pdm09 e H3N2 nos estados de SC, RS, PR, SP e MG.
Conclusões
Os resultados encontrados neste trabalho permitem concluir que os subtipos do SIV analisados estão disseminados na região Sul e Sudeste do Brasil, sendo o mais prevalente, o H1N1pdm09. A categoria de produção com maior soroprevalência dos SIVs analisados foi a categoría fêmeas de reprodução (porcas e marrãs). Os animais de creche e recria apresentaram menor soroprevalência, indicando que estas fases são as de maior susceptibilidade à infecção pelos SIAV.
Referências Bibliográficas
1. BRENTANO, L.; CIACCI-ZANELLA, J. R.; et al. Levantamento Soroepidemiológico para Coronavírus Respiratório e da Gastroenterite Transmissível e dos Vírus de Influenza H3N2 e H1N1 em Rebanhos Suínos no Brasil. In: Comunicado Técnico, 306. 2002.
2. CUNHA, R.G.; VINHA, V.R.; et al. Isolation of a strain of Myxovirus influenzae-A suis from swine slaughtered in Rio de Janeiro. Rev. Bras. Biol., v.38., p. 13 – 17, 1978.
3. DIAS, A.S.; Costa, E.A. ; et al. Distribution of antibodies against influenza virus in pigs from farrowto- finish farms in Minas Gerais state, Brazil. Influenza Other Respir Viruses, v. 9, 2015.
4. RAJÃO D.S., ALVES F., et al. Serological evidence of swine influenza in Brazil. Influenza Other Respir Viruses, 7(2):109-12, 2013.
5. WHO, WORLD HEALTH ORGANIZATION. Manual on animal influenza diagnosis and surveillance. 2° ed., 2002. Suporte financeiro: CAPES, CNPq, Fapemig.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.