Introdução
A proteção frente ao Parvovirus Suíno (PPV), Erisipela Suíno (ES) e Leptospira (L), vêm principalmente da imunidade humoral induzida pelas consecutivas vacinações efetuadas nas granjas comercias1. Por tanto, quando se realiza uma análise sorológica mediante um soroperfil em uma granja de reprodutoras, esperamos que a maioria destas fêmeas sejam soropositivas. A detecção de fêmeas soronegativas no rebanho representa susceptibilidade de sofrer enfermidades, se entrarem em contato com os diferentes patógenos (PPV, ES, L) durante o período de gestação 2,3.
O objetivo deste estudo é determinar a existência de subpopulações de reprodutoras soronegativas, frente estas três enfermidades reprodutivas, em granjas que vacinam rotineiramente com uma vacina trivalente (PPV, ES e L), em rebanhos de diferentes regiões do Brasil.
Materiais e Métodos
Foram coletadas 751 amostras de sangue de reprodutoras, provenientes de 21 granjas comerciais, das regiões Sudeste, Centro-oeste e Sul do Brasil. Todos os animais foram imunizados com vacina tríplice reprodutiva que em sua composição inclui; Erisipelas, Parvovírus y Leptospira (L. canicola, L. grippothiosa, L. hardjo, L. Bratislava e L. Pomona).
As amostras foram obtidas de fêmeas no período de gestação entre 60 a 80 dias e separadas por grupo, de acordo com a ordem de parto (OP 0; OP 1-2; OP 3-4; OP 5-6 e OP >7). O tamanho da amostra foi diferente, dependendo do tamanho da granja, entre 40 e 80 amostras por granja.
As técnicas utilizadas para a detecção de anticorpos contra Erisipela, Parvovírus e Leptospira (Bratislava, Canicola, Grippotyphosa, Harjo, Icterohaemorrhagiaee Pomona), foram CIVTEST ELISA suis ERY,Teste de Inibição da Hemaglutinação e Microaglutinação em Placa respectivamente.
Resultados
Erisipela
Da totalidade das amostras (marras e multíparas), 34% foram soronegativas. Particularmente no grupo das marras observa-se 48% de soronegatividade. Não foram observadas diferenças significativas entre as diferentes granjas, todas seguiam uma dinâmica semelhante.
Figura 1 - Porcentagem de soropositividade contra Erisipela.
Parvovírus
A porcentagem de soropositividade total foi de 93%. No grupo das marras observou-se 19% de soronegatividade. Não foram observadas diferenças significativas nas porcentagens de soropositividade entre as granjas. A alta porcentagem de soropositividade observada pode ser também explicada pela circulação de Parvovírus suíno na maioria das granjas brasileiras.
Figura 2 - Porcentagem de soropositividade contra Parvorírus.
Leptospira
Neste estudo obtivemos 61% das amostras soropositivas à ao menos um dos sorovares pesquisados. O sorovar com maior porcentagem de soropositivos foi L. Icterohaemorrhagiaecom 39% de soropositivos, seguidos por Grippotyphosa com 24% e Pomona com 18% de soropositividade. Nos outros sorovares o porcentagem de soropositividade foi menor do 15%.
Figura 3- Porcentagem de soropositividade aos sorovares de Leptospira.
Conclusão
Neste estudo observou-se uma alta proporção de subpopulações soronegativas aos três agentes pesquisados (PPV, ES e L), consequentemente, as reprodutoras analisadas das 21 granjas estão parcialmente desprotegidas frente as três enfermidades reprodutivas, mesmo elas serem vacinadas com um mínimo de duas doses na preparação (marrãs) e com mais uma dose de reforço em cada ciclo, com uma vacina trivalente (multíparas). Esta situação é particularmente alarmante em marrãs, já que a maior parte delas entram nas unidades de reprodutoras altamente susceptíveis de ser infectadas frente às três patologias, o que pode aumentar e perpetuar a circulação dos três agentes na granja, e consequentemente favorecer os problemas reprodutivos e/ou a infecção subclínica, com posterior perda de desempenho. Por outra parte, se observa uma baixa resposta sorológica na maioria dos sorovares de Leptospira analisados, pelo que podemos concluir que a circulação de Leptospira nas granjas brasileiras é baixa, tal e como já foi reportado anteriormente 4,5.
Referências Bibliográficas
1. Fujisaki Y, et al 1978. NatlInstAnim Health Q (Tokyo) 18:184–185.
2.Joo HS, Johnson RH. 1977. Aust Vet J 53:550–552.
3.Mengeling WL, et al 1980. ProcCongrInt Pig Vet Soc 6:61.
4. Faria, J.E. et al (1989).Arq. Bras. Med. Vet. Zoot, 41:381-388.
5. Griebeler, N.E. et al (2007). Proc. ABRAVES 2007.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.