Introdução
A Rinite Atrófica é causada pela Bordetella Bronchiseptica e a Pasterella multocida, porém a soma de vários fatores de risco podem facilitar ou agravar o surgimento desta enfermidade. A Rinite Atrófica pode reduzir o desempenho no período de terminação, reduzir o ganho de peso diário, piorar o índice de conversão e provocar uma alta variabilidade de crescimento entre os animais de terminação. Do mesmo modo, observa-se aumento do risco de sofrer com doenças respiratórias. No Brasil a importância da Rinite atrófica pode ser demonstrada pelos resultados de vários levantamentos, os quais evidenciam claramente que a Rintite Atrófica é endêmica em nosso país. No final dos anos 80 e inicios dos 90 se realizaram uma série de estudos que evidenciam a prevalência de Rinite nos diferentes estados produtivos do Brasil, houve variação entre 35 e 61 %1,2, e mais recentemente foram demonstradas as perdas econômicas ocasionadas pela Rinite Atrófica no Brasil, que em média foram de 4,2 kg por animal abatido3.
O diagnóstico da doença, a determinação dos graus de atrofia dos cornetos e a avaliação da extensão da enfermidade nos rebanhos, são importantes para o controle da Rinite Atrófica. O exame macroscópico dos cornetos, realizado através da secção transversal do focinho, entre o primeiro e o segundo pré-molar, é utilizado para confirmar o diagnóstico clínico, determinar o grau de atrofia dos cornetos e estabelecer o diagnóstico de rebanhos afetados pela doença.
Entre os métodos de avaliação e classificação dos graus de atrofia dos cornetos, a apreciação visual dos cornetos (AVC) é o método mais prático e utilizado rotineiramente no frigorífico e no campo. A Embrapa em 1985 desenvolveu um método de AVC padronizado e criterioso para avaliar e clasificar o grau de atrofia dos cornetos, bem como detectar a prevalência e calcular o índice para Rinite Atrófica progressiva (IRA). Atualmente este método é amplamente utilizado por veterinários do Brasil3,4.
Como método de controle para diminuir o impacto negativo, a inclusão da vacinação de porcas, é uma ferramenta para complementar para o trabalho realizado sobre as melhorias das condições ambientais e de manejo, para reduzir os fatores que possam agravar a doença. A Vacinação de porcas contra a Rinite Atrófica tem como objetivo proteger os leitões através da imunidade passiva, transmitida via colostro.
Este estudo teve o objetivo avaliar a evolução do índice de lesão atrófica (IRA) e a prevalência de lesões nos cornetos no frigorífico, durante dois anos. O rebanho foi vacinado durante o primeiro ano com uma vacina A, com um adjuvante dl-α-tocoferol, e o segundo ano com uma vacina B, com um adjuvante baseado nas saponinas do Ginseng.
Materiais e Métodos
O estudo foi realizado em uma empresa no Estado do Paraná, com 5.000 matrizes. Realizaram-se duas monitorias no frigorífico, ambas contaram com a avaliação de 35 cornetos, realizada pelo mesmo profissional, com o intuito de minimizar as diferenças na AVC. A primeira monitoria realizada em maio de 2014 refere-se ao período, a qual a empresa utilizava a vacina com o adjuvante baseado no dl-α-tocoferol (Vacina A) contra a rinite atrófica, após a monitoria no frigorífico, houve a substituição da vacina atual pela vacina com o adjuvante baseado nas saponinas do Ginseng (Vacina B). A segunda monitoria foi realizada em julho de 2015, aproximadamente 1 ano após a inclusão da vacina B. O protocolo vacinal utilizado respeitou o preconizado por ambos fabricantes, ou seja, duas doses para as nulíparas, oito semanas e quatro semanas antes do parto e as porcas receberam uma dose quatro semanas antes do parto. Os resultados obtidos entre as duas avaliações foram comparados e analisados utilizando o Mann-Whitneytest (p<0,05).
Resultados
Houve uma redução de 23% na prevalência, ao comparar a primeira para a segunda monitoria (Figura 1). Também obtivemos redução no IRA de 0,62 pontos na segunda monitoria (Figura 2). Os resultados indicam melhoras significativas nos cornetos avaliados no frigorífico, nos suínos provenientes de matrizes vacinadas com a Vacina B (p<0,05, Mann-Whitney test).
Figura 1- Prevalência de lesões nos cornetos nasais avaliados.
Figura 2 - Índice de Rinite Atrófica (p<0,05, Mann-Whitney test).
Conclusão e Discussão
Com base nos dados apresentados, o programa de vacinação com a vacina com o adjuvante baseado nas saponinas do Ginseng (Vacina B), diminuiu a prevalência de lesões nos cornetos e também melhorou o índice de rinite atrófica na granja avaliada. A diferença observada representa uma melhora na eficiência produtiva de 3,3%5. Esta melhora significa que cada suíno na terminação terá o potencial de crescer 20 gramas a mais ao dia, se extrapolarmos esta melhora aos três meses de terminação, obteremos que cada suíno poderá chegar com 1,8 kg mais pesado ao final do período de terminação. Em conclusão, a vacinação contra Rinite Atrófica com uma vacina com um adjuvante baseado nas saponinas de Ginseng demonstrou sua eficácia, melhorou o desempenho dos animais na terminação, assim como demonstrado em outros estudos6,7.
Referências Bibliográfica
1. Brito, et al. 1990.Formulação de um índice (IRA) para aplicação na caracterização e classificação de rebanhos com rinite atrófica.
2. Sobiestansky, et al 1990. Prevalência de rinite atrófica e de pneumonia em granjas associadas a sistemas de integração de suínos.
3. Sobiestansky et al. 2001. Monitoria patológica de suínos em matadouros.
4. Martins et al, 1985.Classificaçao macroscópica dos graus de atrofia dos cornetos na rinite atrófica dos suínos.
5. Talamini, et al. Perdas econômicas decorrente de diferentes graus de severidade de Rinite Atrófica em suínos – Embrapa – 1991.
6. Rodriguez-Ballarà, I. et al. Proceedings IPVS 2014.
7. Acal, L. et al. Proceedings ESPHM 2015.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.