Por:Dr Luiz Eduardo Ristow, Méd. Veterinário, Lygia Grazielle C. Silva, Estagiária de Med. Vet.
Descrição da granja
O gerente responsável por uma granja comercial de ciclo completo com 350 matrizes, localizada no centro-oeste de Minas Gerais, observou nas ultimas duas semanas do mês de julho, casos de mortes abruptas em animais terminados. O histórico da granja demostrava que a seis meses atrás, ocorreram surtos de pneumonia enzoótica e alguns casos de rinite atrófica em animais da creche. Neste período, o Veterinário introduziu ao esquema de vacinação da granja a vacinação contra pneumonia enzoótica e rinite atrófica. Além de mudanças no esquema de vacinação, a formulação das rações foram mudadas a poucos meses,com alteração de sua composição (matéria Prima). A limpeza das instalações da terminação é realizada apenas na saída dos lotes. Manejo foi adotado para prevenir problemas de casco que eram causados pela lavagem diária das baias.
Primeira Observação de casos
Durante a manhã, ao realizar a vistoria cotidiana, o gerente observou em duas baias da terminação, alguns animais apáticos, que respiravam com dificuldade e possuíam secreção nasal sanguinolenta. Logo pela tarde, ao percorrer novamente o setor, observou dois animas mortos no fundo das baias. Chamou o funcionário responsável pelo manejo da terminação e pediu que este observasse com atenção, ao tratar dos animais, possíveis modificações de comportamento e sinais de dificuldades respiratórias. Pediu que retirassem os animais mortos das baias e resolveu abrir um deles, observou extensas áreas escuras e aderências nos pulmões. O gerente não se preocupou muito com as lesões encontradas, pois no decorrer da semana não apareceram novos casos e metade dos animais terminados foram vendidos ao frigorífico.
Ao receber reclamações do frigorífico, que relatava a morte de muitos animais durante o transporte, lesões pulmonares seguidas de aderência e baixa qualidade de carcaça, o gerente resolveu ligar para o Veterinário responsável para informar o ocorrido. O Veterinário, suspeitando da efetividade da vacina autógena preventiva para rinite utilizada na granja, pediu que o gerente sacrificasse um animal suspeito e enviasse a cabeça para o laboratório com o pedido de necropsia das conchas nasais e isolamento bacteriano, além da coleta de sangue de alguns animais para testes sorológicos de identificação do nível de anticorpos para proteção vacinal.
Após uma semana, os resultados laboratoriais indicaram a presença de anticorpos vacinais e negaram a presença de lesões características de rinite atrófica e isolamento do agente etiológico.
Segunda Observação de casos
Preocupado com as altas taxas de mortalidade da terminação, o gerente mandou chamar o Veterinário com urgência. Logo ao chegar a granja, o Veterinário analisou o resultado dos exames, descartando a possibilidade de rinite atrófica. Os índices zootécnicos indicaram uma alta taxa de mortalidade, aumento da conversão alimentar e diminuição acentuada de peso de alguns lotes entre a idade de 85 a 90 dias. Constatou que a troca das formulações da ração, foi a única modificação de manejo ocorrida nos últimos meses.
Ao percorrer a terminação, observou a sujeira da lâmina d’água, alta densidade e falta de higiene das baias. Os lotes apresentavam-se desuniformes e alguns suínos estavam apáticos e poucos apresentavam secreção nasal e dificuldade respiratória. Haviam animais ofegantes, que respiravam rapidamente, apresentavam cansaço quando induzidos a movimentações bruscas. Em três baias haviam suínos mortos, todos apresentavam mucosas pálidas. Desconfiado de sérios problemas respiratórios, o Veterinário decide necropsiar alguns animais e retirar o sistema respiratório para enviar ao laboratório. Ao abrir a cavidade torácica as lesões observadas foram as seguintes: extensas áreas escuras no pulmão, líquido serosanguinolento entre os lobos pulmonares e inflamação pleural com presença de tecido fibrinoso. Foram feitas novas coletas de sangue para realização de exames sorológicos. No mesmo dia, o Veterinário enviou as amostras bem acondicionadas ao laboratório, e orientou medicação via IM para os animais que apresentavam sinais clínicos.
Resultado dos exames laboratoriais:
Necropsia pulmonar: hepatização pulmonar, edema interlobular, pleurite fibrinosa . Sugestivo de pneumonia fibrinosanguinolenta acompanhada de necrose e hemorragias extensas.
Isolamento bacteriano: Presença de Actinobacillus pleuropneumoniae em amostras de pulmão.
Teste de Elisa: positivo para Actinnobacillus pleuropneumoniae.
Ao receber os resultados o Médico Veterinário confirmou sua suspeita de que os animais apresentavam Pleuropneumonia, ocasionada pela baixa de imunidade determinada por stress alimentar.
Comentários
A pleuropneumonia é uma doença respiratória causada pela bactéria Actinobacillus pleuropneumoniae. A virulência desta bacteria é determinada por vários sorotipos. Os suínos afetados apresentam lesões pulmonares crônicas que levam aos seguintes sinais clínicos: dispnéia, tosse, febre, corrimento nasal, diminuição de apetite e consequente perda de peso. A infecção pode ser aguda, causando morte em 24 a 48 horas, e as taxas de mortalidade podem chegar a 50%.
Os animais sadios se infectam por contato direto com animais portadores, que fazem a manutenção da doença no meio. Geralmente os surtos de pleuropneumonia estão associados a baixa de imunidade determinada por situações de stress, no nosso exemplo a questão nutricional.
A medida preventiva mais eficaz é a vacinação dos animais. A vacina utilizada pode ser específica para o sorotipo que acomete a granja ( vacina autôgena) ou contra os sorotipos mais frequentes . Tal procedimento reduz as manifestações clínicas graves e a mortalidade causada pela doença.
Esquema de vacinação adotado por algumas granjas:
Leitões
1º dose aos 28 dias de idade 2º dose aos 50 dias de idade
Porcas
1º dose aos 70 dias de gestação 2º dose aos 90 dias de gestação
Machos
Vacinação anual
Reposição
À chegada na granja e 02 semanas após.
OBS.: O programa vacinal deve considerar as características específicas da granja.
Conforme o Sr. Guilherme L Faria Tecnico da Evimix ,gostei da sua opnião e foi ultado este manejo de tratamento para micoplasma e tive bons resultado na minha granja que atualment está com 450 matrizes.
Gostaria entra em contato com este profissional da suinocultura.
Paulo Henrique.
Já presenciei varios caso como esse , alem da vacinação recomendei a um tratamento com choque nas fase de 36 A 49 dias de vidas Clotetraciclina +Sulfa + Trimetropim .
Aos 70 a 80 dias usamos Josamicina + Dociclina e repetimos aos 110 a 117 dias.
Conseguimos um otímo resultado.
Guilherme L. Faria Tecnico da Evimix nutrição animal.
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