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DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO DE DIARREIA EM LEITÕES NA FASE DE MATERNIDADE

Publicado: 10 de novembro de 2016
Por: LISMARA C. NASCIMENTO1*, RAQUEL A. S. CRUZ1, CLÁUDIO J. M. LAISSE1, DAVID DRIEMEIER1. 1Setor de Patologia Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
Sumário

As doenças entéricas de etiologia infecciosa e multifatorial caracterizadas clinicamente pela diarreia representam as principais doenças que acometem leitões nas primeiras semanas de vida. O objetivo do estudo foi descrever os principais diagnósticos histopatológicos em casos de diarreia, em leitões na fase de maternidade. Realizou-se um estudo retrospectivo, os dados foram obtidos através da revisão dos livros de registro de diagnósticos de necropsias e de exames anatomopatológicos submetidos ao Setor de Patologia Veterinária (SPV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de janeiro de 2005 a dezembro de 2014. Informações epidemiológicas, histórico clínico e achados de necropsia foram registrados. No período do estudo, foram recebidas 664 amostras de suínos na fase de maternidade, destas, 384 (57,83%) tinham histórico de diarreia. A colibacilose (32,03%), rotavirose (23,43%) e colite por Clostridium spp. (14,84%) foram os diagnósticos mais frequentes. Foram observados 9 casos de associação entre agentes infecciosos (bacterianos e virais), parasitários e tóxicos. Neste estudo as doenças entéricas representaram a principal causa de morte em leitões de maternidade.

 

Palavras-chave: diarreia neonatal; E. coli; leitões.

 
Introdução
As doenças entéricas de etiologia infecciosa e multifatorial, caracterizadas clínicamente pela diarreia, representam as principais doenças que acometem leitões nas primeiras semanas de vida. Estas causam muitos prejuízos ao sistema de produção de suínos, como gastos com medicamentos, perda de peso e mortalidade de leitões (CRUZ-JÚNIOR et al 2013, ZLOTOWSKI et al 2008). Os principais agentes causadores de diarreia em suínos podem ser divididos de acordo com a frequência de sua ocorrência em cada fase. Na maternidade os principais patógenos envolvidos com os quadros de diarreia em leitões são divididos por faixa etária de 0-5 dias os principais agentes envolvidos são; E. coli, Rotavírus, vírus da gastrenterite transmissível suína (TGE), Clostridium spp, diarreia nutricional e Isospora. E de 6-21 dias de idade; Isospora, Rotavírus, E. coli, Strongyloides e Cryptosporidium, podendo haver também a associação entre estes agentes (MCORIST, 2005; ZLOTOWSKI et al 2008). O diagnóstico de agentes infecciosos se baseia em monitoramento clínico e patológico, com realização de necropsias e coleta de material para exames microbiológicos, histopatológicos e moleculares. O objetivo do estudo é descrever os principais diagnósticos histopatológicos de diarreia em leitões na fase de maternidade realizados no Setor de Patologia Veterinária (SPV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de janeiro de 2005 a dezembro de 2014.
 
Material e Métodos
Realizou-se um estudo retrospectivo de causas de diarreia em suínos na fase de maternidade. Os dados foram obtidos através da revisão dos livros de registros de amostras de necropsias e exames anatomopatológicos do SPV da UFRGS, no período de janeiro de 2005 a dezembro 2014. Foram considerados suínos de maternidade os que apresentaram idade entre 1 e 28 dias. Informações epidemiológicas como idade, cidade onde foi realizada a coleta, sinais clínicos e achados anatomopatológicos foram registrados. As amostras eram provenientes de granjas localizadas nas maiores regiões produtoras de suínos do Brasil, obtidas através da realização de necropsias por médicos veterinários do SPV-UFRGS, médicos veterinários de granjas ou empresas privadas. Todas as amostras foram processadas rotineiramente para exame histopatológico, coradas com e hematoxilina e eosina (HE) e posteriormente analisadas em microscopia óptica.
 
Resultados e Discussão
No período entre 2005 e 2014 foram recebidas e registradas 664 amostras de suínos na fase de maternidade, destas 384 (57,83%) tinham histórico de diarreia. Os principais agentes etiológicos diagnosticados no exame histopatológico estão demonstrados no gráfico 1. A colibacilose foi a principal doença diagnosticada em leitões na maternidade o que corresponde ao que já foi descrito por WADA et al. (2004), no nosso estudo houveram casos de colibacilose em leitões durante toda a fase de maternidade. A rotavirose foi a segunda enfermidade mais diagnosticada principalmente em leitões a partir da segunda semana de vida. A colite por Clostridium spp. Ocorreu principalmente em leitões com menos de cinco dias de idade semelhante ao descrito por SONGER; UZAL, (2005). Os casos de doença do edema foram diagnosticados apenas em leitões com mais de 15 dias de idade. A isosporose foi diagnosticada em leitões com mais de 8 dias de vida. Nos 36 casos inconclusivos não pode-se descartar a ocorrência de diarreias de origem nutricional. Foram observados 9 casos de associação entre agentes infecciosos (bacterianos e virais), parasitários e tóxicos. A coinfeção mais frequentemente diagnosticada foi a associação entre Rotavírus e Clostridium spp. As coinfecções entre Rotavírus e Clostridium spp ocorrem devido a utilização de antibióticos no tratamento da rotavirose, o que desequilibra a microbiota intestinal dos leitões e propicia a infecções pelo Clostridium spp, que é uma bactéria comensal do trato digestório dos suínos. (Gráfico 2)
 
DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO DE DIARREIA EM LEITÕES NA FASE DE MATERNIDADE - Image 1
 
DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO DE DIARREIA EM LEITÕES NA FASE DE MATERNIDADE - Image 2
 
Conclusões
O diagnóstico foi baseado no exame histopatológico e no histórico clínico informado pelos médicos veterinários. A colibacilose foi a principal causa de morte de leitões na maternidade, seguida da rotavirose e clostridiose. Houve também diversas associações entre agentes patogênicos. Neste estudo as doenças entéricas representaram a principal causa de morte em leitões na fase de maternidade.
 
Referências Bibliográficas
1. CRUZ JUNIOR, E.C; SALVARANI, F.E; SILVA, R.O.S et al., 2013. A surveillance of enteropathogens in piglets from birth to seven days of age in Brazil. Pesquisa. Veterinária Brasileira 33(8):963-969.
2. MCORIST, S., 2005. Defining the full costs of endemic porcine proliferative enteropathy. The Veterinary Journal , v. 170, n. 1, p. 8-9.
3. SONGER, JG; UZAL, FA. 2005. Clostridial enteric infections in pigs. Journal Veterinarian Diagnostic Investigation. 17:528–536.
4. WADA, Y.2004. Invasive ability of Escherichia coli 018 isolated from swine neonatal diarrehea. Veterinary Pathology. V.41, n. 4, p. 433-437.
5. ZLOTOWSKI, P; DRIEMEIER, D; BARCELLOS, D.E.S.N et al., 2008. Patogenia das diarreias dos suínos: modelos e exemplos. Acta Scien.Vet. , v. 36, n. Supl 1, p. s81-s86, 2008

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Lismara C. Nascimento
Universidad Federal Do Rio Grande do Sul UFRGS
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