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torta girassol dieta suínos

Utilização da torta de girassol na dieta de suínos

Publicado: 21 de maio de 2012
Por: Prof. Dr. Caio Abércio Silva; Piero da Silva Agostini.
Nos últimos anos, a suinocultura brasileira tem passado por constantes períodos de instabilidade, principalmente pelo baixo preço do produto associado aos custos elevados de produção.
A nutrição representa em torno de 70% dos custos totais, sendo que o milho e o farelo de soja são tidos como os principais ingredientes. Em virtude da alimentação de suínos sustentar-se basicamente desses insumos, qualquer variação na composição dos custos desses produtos refletirá diretamente na margem de lucros do suinocultor (TRINDADE NETO et al., 1995)
Com isso, tem se buscado formas que possam diminuir os custos, onde as alternativas representam uma das melhores oportunidades.
Dentre os diversos produtos que podem substituir o milho e o farelo de soja está os subprodutos derivados do girassol. Nos últimos anos o cultivo do girassol tem se expandido significativamente principalmente na região Centro-Oeste do Brasil onde também tem se dado o crescimento paralelo da suinocultura.
Segundo CASTRO et al., (1996), o girassol apresenta características importantes, como maior tolerância a seca, ao frio e ao calor quando comparado a maioria das espécies normalmente cultivadas no Brasil.
ROSSI (1998) afirma que mais de 90% da produção mundial de girassol destinam-se a elaboração de óleo comestível, e a maior parte dos 10% restantes, para a alimentação de pássaros e para consumo humano direto.
Em média, para cada tonelada de grão são produzidos 400kg de óleo, 250kg de casca, 350kg de torta, sendo este subproduto, basicamente, aproveitado na produção de ração, em misturas com outras fontes de proteína (CASTRO et al., 1996).
Atualmente existem dois processos para a extração do óleo de girassol, o primeiro e mais eficiente utiliza solventes químicos (hexano) associado a altas temperaturas onde obtém-se como subproduto o farelo de girassol (produto mais disponível no mercado), o segundo e com menor grau de eficiência é obtido pelo uso da prensagem a frio onde o subproduto resultante é a torta de girassol. Pela maior eficiência do primeiro processo o farelo contém baixo teor de gordura, que gira em torno de 0,5 a 5 %, em contrapartida, a torta contém altos níveis de gordura devido a ineficiência no processo de extração que está em torno de 18 % e pouco mais de 20 % de proteína bruta (OLIVEIRA, 2003).
A torta apresenta características nutricionais intermediárias entre o grão e o farelo de girassol. Segundo SILVA et al., (2002 a), os valores da composição da torta gorda de girassol, expressos na matéria natural, foram de 7,57% de umidade, 22,19% de proteína bruta, 22,15% de extrato etéreo, 4,68% de matéria mineral, 0,35% de cálcio, 0,70% de fósforo e 23,28% de fibra bruta e, em um ensaio de digestibilidade em suínos, encontraram valores de energia digestível e metabolizável de 3421 e 3247 Kcal/kg, respectivamente, indicando ser este um ingrediente de perfil energético e de nível protéico intermediário, mas com elevado nível de fibra bruta.
Quanto ao uso da torta de girassol, os trabalhos são escassos, SILVA et al., (2004) utilizaram 4 níveis de inclusão (0, 5, 10 e 15%) deste ingrediente em substituição parcial ao milho e ao farelo de soja em rações de suínos em fase de crescimento e terminação e observaram que os índices de desempenho e as características de carcaça não sofreram nenhuma influencia (P>0,05) negativa para qualquer dos níveis utilizados. Quanto aos custos, os autores verificaram que os melhores resultados foram obtidos para a inclusão máxima de 15% de torta de girassol.
No entanto, a composição bromatológica da torta pode variar por diversos fatores como o tipo de solo, a variedade do grão utilizado e o tipo de prensa bem como sua regulagem.
Portanto, verifica-se que existe uma ampla opção de uso do girassol e de seus co-produtos na alimentação animal, sendo que a escolha do produto mais adequado está relacionada com as características sócio-economicas da região, à presença de uma indústria de óleo próxima as áreas produtoras de girassol, às oportunidades de mercado (venda ou utilização direta do grão nas rações), entre outras.
Preservadas estas particularidades, o conhecimento das características nutricionais e potencialidades de cada produto para uso como ingrediente nas rações é fundamental para a otimização dos resultados produtivos e econômicos da suinocultura.
 
*Caio Abércio da Silva - Professor Doutor Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
*Piero da Silva Agostini - Mestrando em Ciência Animal da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
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Prof. Dr. Caio Abércio Silva
Universidade Estadual de Londrina
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Prof. Dr. Caio Da Silva
Universidade Estadual de Londrina
22 de mayo de 2012

As tres questões levantadas pelos colegas que dividiram esta dicussão tem procedencia.
Vamos todavia tentar avançar nas informações que ainda carecem de resposta e/ou pedem um comentário adicional.

O Sr. Álvaro Antonio Macedo De Paula tem razão quanto aos valores destes produtos alternativos para substituição das commodities clássicas. No entanto, em certas ocasiões, os programas de formulação de ração de mínimo custo puxam este ingrediente para compor a fórmula, indicando viabilidade de sua inclusão.
Não tenho conhecimento de empresas que produzem torta na região Nordeste. Como produto do esmagamento e da extração subsequente por solventes, na cidade de Itumbiara, a empresa Caramuru Alimentos obtém o farelo de girassol, que como comentado no artigo guarda diferenças da torta de girassol, mas também pode ser empregado como ingrediente para rações para suínos.

Sobre o questionamento do Sr. Pedro Cairo, não dispomos de nenhuma avalição relacionada aos aspectos imunes promovidos pelo óleo. Temos um trabalho, todavia, que aponta importante mudança no perfil de ácidos graxos da gordura intramuscular do suíno que consumiu torta gorda de girassol (que veicula alta concentração de óleo), ou seja, houve melhora nos níveis dos ácidos graxos insaturdos.

Sobre os comentários do Sr. Vitor Santos, de Portugal, concordo plenamente com o colega, principalmente para o produto que foi tratado, farelo de girassol. Este produto possui um teor ainda mais alto de fibra que a torta de girassol, mas que também tem elevado nível deste componente (> 20%). Assim, a fibra é de fato um limitador para o uso dos produtos (torta e farelo) na ração de suínos.
Nossos sinceros agardecimentos a todos.
Caio

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Abenaldo silva barros
31 de julio de 2018
Aque na minha cidade usam muito casquinha de girassol para gado uma ração que vem prensada e a pessoa coloca na água para inchar . Eu gostaria de saber se posso dar essa ração para porcos e se posso colocá-la no soro de leite ?
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Vitor Santos
22 de mayo de 2012

Da minha experiência profissional, o uso de Meal de Girassol na fase de engorda dos suínos tem algumas limitações, especialmente pelo seu conteúdo em Fibra Bruta.
Incorporar Meal de Girassol na dieta, incrementa o valor de fibra bruta que por sua vez reduz a digestibilidade da proteína bruta e aminoácidos.
Por exemplo numa dieta para porcos de engorda (55- 88 kg PV) feita com base de milho e meal de soja, se incorporar por substituição 15% de Meal de bagaço de girassol, obtêm-se uma dieta com valor de fibra bruta de 6%.
Sem a incorporação de meal de girassol o valor de fibra bruta dessa dieta ronda os 3, 65%.
Este incremento de fibra bruta reduz consideravelmente a digestibilidade da proteína e aminoácidos bem como da energia da dieta. E devido a o seu volume pode limitar também a capacidade de ingestão dos animais.
Normalmente não se recomenda incorporações superiores a 7%. (a partir dos 30 kg Peso Vivo) e máximos de 2% em dietas de arranque ( 10 – 29 kg PV).
Nas porcas reprodutoras, especialmente na fase de gestação pode-se usar até 15 % de incorporação uma vez que se trabalha com intervalos de fibra bruta superiores a 6 %.
E também como ja referido estas incorporações dependem também do preço de aquisição do meal de girassol.
Cumprimentos.

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Pedro Cairo
22 de mayo de 2012

Olá bom dia!
Gostaria de saber se há alguma informação referente aos efeitos da utilização do óleo de girassol com a imunidade dos suínos. Sejam recém-desmamados, em crescimento e/ou terminação.
Agradeço desde já pela att!

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Álvaro Antonio Macedo De Paula
22 de mayo de 2012

O grande problema é a matéria prima, como encontra-la a custo baixo para o produtor ser beneficiado.
Sempre que surge um novo estudo, para melhorar a perspectiva de lucratividade na produção, ai vem o monopólio e os atravessadores e o custo fica inviável. Como conseguir aqui em Salvador/BA. Me informe estou á espera!

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