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Digestibilidade Feno Alfafa Suínos

Energia digestível e digestibilidade aparente dos nutrientes do feno de alfafa para suínos em fase de crescimento

Publicado: 28 de agosto de 2012
Por: Daniela Junqueira Rodrigues, Joel Alberto Prezzi, Fabio Enrique Lemos Budiño
Sumário

Resumo: Foi realizado um ensaio de digestibilidade com o objetivo de avaliar o feno de alfafa como ingrediente de dietas para suínos em crescimento. Utilizaram-se oito suínos de peso inicial de 23,51 ± 2,87kg, distribuídos entre os tratamentos, ração referência (RR) e ração teste (RT), sendo que a RT correspondeu a 85% da RR acrescida de 15% de feno de alfafa. O feno de alfafa apresentou os seguintes valores nutricionais de energia digestível: 2901,11 kcal/kg; de proteína digestível: 10,57% e de matéria seca digestível: 51,56%.

Palavras–chave: fibra dietética, leitões, proteína digestível

Introdução
A possibilidade de se aumentar o uso de subprodutos e forragens de elevado teor fibroso na produção de suínos tem sido estudada por diversos pesquisadores. Há uma considerável capacidade de adaptação da morfologia e da microbiota do trato gastrintestinal de suínos às dietas fibrosas, sendo de grande importância para a intensidade de degradação da fibra a sua composição química e origem (TEIXEIRA, 1995). Há, portanto, um potencial considerável para a incorporação de fontes de fibra e subprodutos em estratégias alimentares para suínos com economia e vantagem produtiva.
A alfafa é uma fonte de fibra muito nutritiva, apresentando importantes qualidades como forrageira, como, por exemplo, sua proteína apresenta um bom balanceamento de aminoácidos.
A digestibilidade de uma ração e/ou alimento é definida como a habilidade com que o animal digere e absorve os nutrientes e a energia nela contidos. A determinação da digestibilidade dos nutrientes de um ingrediente é o primeiro cuidado quando se pretende avaliar seu potencial de inclusão em rações para suínos (PEZZATO et al., 2004).
O presente estudo teve por objetivo determinar os coeficientes de digestibilidade do feno de alfafa, o qual poderá ser utilizado para confecção de rações para suínos.
 
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Sala de Metabolismo Animal pertencente ao Instituto de Zootecnia, Centro de P&D em Zootecnia Diversificada, Setor de Suinocultura. Utilizaram-se oito suínos machos castrados, com peso inicial de 23,51 ± 2,87kg, distribuídos em delineamento de blocos casualizados para correção das diferenças iniciais de peso, com dois tratamentos e quatro blocos, e um animal por gaiola metabólica (unidade experimental), semelhante àquelas descritas por PEKAS (1968). Os animais foram pesados antes e ao final do ensaio, que teve a duração de onze dias, sendo seis dias de adaptação às gaiolas e às dietas e cinco dias de coleta. Os animais eram alimentados duas vezes ao dia (8:00h e 16:00h) e em seguida as sobras eram pesadas para a determinação do consumo.
Os tratamentos consistiram em uma ração-referência (RR) e uma ração-teste (RT), a RR foi formulada para atender às recomendações indicadas pelo NRC (1998) e composição dos ingredientes de acordo com (ROSTAGNO et al., 2005). Compôs-se a RT por 85% da RR e 15% de feno de alfafa.
Empregou-se como marcador fecal o óxido férrico (Fe2O3), na proporção de 1,0%, misturado à ração oferecida a cada animal. A coleta de fezes iniciou-se quando as fezes apresentaram coloração avermelhada intensa e uniforme. Após a pesagem das fezes, uma alíquota de 10% do total era armazenada em congelador, terminado o período de coleta, as amostras foram secas em estufa ventilada, a 60ºC, por 72 horas, pesadas e moídas. As amostras de fezes e rações foram analisadas, no Laboratório de Bromatologia e Análises Minerais do Instituto de Zootecnia, para obtenção dos resultados de: matéria seca (%MS), teor de nitrogênio e proteína bruta (%PB); matéria mineral (%MM); extrato etéreo (%EE); fibra bruta (%FB); fibra detergente ácido (%FDA), fibra detergente neutro (%FDN) e energia bruta (EB). O extrativo não nitrogenado foi obtido pela equação ENN = 100 – (%PB+%MM+%EE+%FB).
Para a determinação dos valores de digestibilidade dos nutrientes do feno de alfafa desenvolveram-se os cálculos com os valores médios dos nutrientes digestíveis das rações experimentais:
NDfeno = NDração-referência + {(NDração-teste – NDração referência)/ 0,15}, em que ND indica nutriente digestível e (0,15) indica o nível de inclusão do feno de alfafa.
 
Resultados e Discussão
A composição química, coeficientes de digestibilidade (CD), nutrientes e energia digestíveis do feno de alfafa estão apresentados na Tabela 1.
Comparando-se os valores das análises bromatológicas (Tabela 1) do feno de alfafa do presente estudo com dados de ROSTAGNO et al. (2005) para alfafa peletizada, verificou-se que alguns valores estão próximos, como a MS, a MM, a FB e o ENN. Os valores encontrados neste experimento para o EE, a PB e a ED foram maiores, isto pode ser devido a inúmeros fatores presentes na confecção do feno (idade e altura de corte, relação caule:folha, variedade, etc).
Mesmo o feno de alfafa apresentando um bom percentual de proteína bruta (23,35%), está tem um menor aproveitamento (CD = 45,27%), devido provavelmente a presença da fibra, que interfere negativamente no ataque enzimático ao alimento e consequentemente na digestibilidade desta fração.
Comparando-se o feno de alfafa do presente estudo com outro alimento rico em fibras e muito utilizado na dieta de suínos em crescimento/terminação, no caso o farelo de trigo (EMBRAPA, 1991), percebe-se que a energia digestível do feno de alfafa (2901,11 kcal/kg) é inclusive superior ao do farelo de trigo (2623,00 kcal/kg). Valores semelhantes são observados para proteína digestível do feno de alfafa e do farelo de trigo (10,57% e 12,70%, respectivamente). Baseado nestes dados pode-se inferir que o feno de alfafa pode ser incluído em dietas de suínos como uma alternativa a alimentos tradicionalmente utilizados (grãos e farelos), visando diminuir a competição com a alimentação humana.
Tabela 1. Composição química, coeficientes de digestibilidade (CD), nutrientes digestíveis e energias digestível do feno de alfafa
Energia digestível e digestibilidade aparente dos nutrientes do feno de alfafa para suínos em fase de crescimento - Image 1
 
Conclusões
O feno de alfafa apresenta-se como um ingrediente alternativo para utilização na ração de suínos sem prejudicar a qualidade desta e aumentando a porcentagem da fibra dietética, em virtude de seu conteúdo nutricional e de suas propriedades físicas. Animais de maior porte (matrizes), provavelmente, se utilizam melhor desse alimento, pelo fato de possuírem um sistema digestivo mais amplo e adaptado.
 
Literatura citada
EMBRAPA. Tabela de composição química e valores energéticos de alimentos para suínos e aves. 3.ed, Concórdia . 1991. 97p.
NRC. NATIONAL RESERCH COUNCIL. Nutrients requirements of swine. 20.ed. Washington D.C.: National Academy Science, 1998.
PEKAS, J.C. Versatible swine laboratory apparatus for physiologic and metabolic studies. Journal of Animal Science, v.27, n.5, p.1303-1306, 1968.
PEZZATO, L.E.; MIRANDA, E.C.; BARROS, M.M., FURUYA, W.M, QUINTERO PINTO, L.G. Digestibilidade aparente da material seca e da proteína bruta e a energia digestível de alguns alimentos alternativos pela tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus). Acta Scientiarum – Animal Sciences, v.26, n.3, p.329-337, 2004.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; FERREIRA, A.S.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2.ed. Viçosa: UFV-DZO, 2005. 186p.
TEIXEIRA, E.W. Utilização de alimentos fibrosos pelos suínos. Zootecnia, v.33, n.1, p.19-27, jan./mar. 1995.
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Autores:
Fábio Enrique Lemos Budiño
IZ - Instituto de Zootecnia / Secretaria de Agricultura e Abastecimento
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ALF Nutrição Animal
ALF Nutricao Animal
6 de febrero de 2016
Somos fabricantes de alfafa peletizada e moída, buscamos parceiros comerciais na suino-avicultura. ALF Nutrição Animal
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Felipe Leonardo Koller
19 de agosto de 2015
Olá Prof. Fábio, excelente artigo! Soma-se ainda a vantagem da alfafa ter ação adsorvente de micotoxinas, conforme descrito em alguns trabalhos científicos. Suas fibras atuam do mesmo modo que polímeros orgânicos ou sintéticos utilizados em produtos adsorventes de micotoxinas. - Alfalfa fiber has reduced the effects of zearalenone (James and Smith, 1982; Stangroom and Smith, 1984) in rats and swine and T-2 toxin in rats (Carson and Smith, 1983). Disponível na página 137 desse artigo: http://www.uwex.edu/ces/dairynutrition/documents/Myco-Maryland-Binders.pdf O efeito de adsorção de zearalenona para matrizes também é estratégico. Uma braço!
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