Introdução
Ingredientes comumente utilizados nas dietas para não ruminantes, como o milho e farelo de soja, contêm polissacarídeos não amiláceos, que são polímeros de monossacarídeos ou açucares que são minimamente digeridos.devido a natureza de suas ligações químicas, (ROSA E UTTAPATEL, 2007). Isso afeta negativamente o crescimento do animal e a digestibilidade do alimento (LEENHOUWERS et al., 2006), pois estes não podem ser degradados por enzimas endógenas (BRITO et al, 2008). A utilização de enzimas exógenas na alimentação de suínos tem sido estudada com o objetivo não somente de aumentar o aproveitamento dos alimentos, favorecendo a hidrólise de fatores antinutricionais e polissacarídeos não amiláceos, como também reduzindo a viscosidade da digesta (GRAHAM, 1996). Para melhorar o valor nutritivo das dietas, CARVALHO et al, (2006), sugerem que o uso de complexos enzimáticos seja mais efetivo por atuar sobre polissacarídeos da parede celular dos grãos, levando a um maior aproveitamento da dieta. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do uso de um complexo enzimático contendo alfa-amilase, betaglucanase, fitase, celulase, xilanase e protease sobre o desempenho de suínos nas fases de crescimento e terminação.
Material e Métodos
O estudo foi realizado na Estação de Avaliação de Suínos, em Piracicaba, SP. Foram distribuídos 80 suínos, 42 machos castrados e 38 fêmeas, com aproximadamente 63 dias de idade, num delineamento em blocos ao caso, com 5 tratamentos e 8 repetições/tratamento. Os tratamentos avaliados foram: CP: Dieta controle positivo, com nível energético recomendado para a fase; CN85: Dieta controle negativo com redução energética (85 kcal/kg EM); CE85: Dieta CN85 com adição de complexo enzimático; CN100: Dieta controle negativo com redução energética (100 kcal/kg EM); CE100: Dieta CN100 com adição de complexo enzimático. O complexo enzimático era composto por: Alfa-amilase (400 UI/g); Beta-glucanase, (700 UI/g); Fitase (1.100 UI/g), Celulase (6.000 UI/g), Xilanase (10.000 UI/g) e Protease (700 UI/g). Foi utilizado o programa alimentar com 3 dietas: - Crescimento I (CI)– dos 63 aos 90 dias de idade, Crescimento II (CII) – dos 91 aos 118 dias de idade e Terminação (T) - dos 119 aos 145 dias de idade. As rações foram a base de milho e farelo de soja, formuladas de acordo com as recomendações nutricionais mínimas de ROSTAGNO et al. (2011), de acordo com cada fase experimental. Foram avaliados os seguintes dados de produção: Peso corporal individual, determinado através de pesagens no inicio e no final de cada fase, consumo de ração, correspondente a quantidade de alimento fornecida no período experimental menos a sobra de ração no final da fase e conversão alimentar, referente a quantidade de alimento ingerida por animal, dividido pelo ganho de peso por animal. Os dados foram avaliados estatisticamente pelo SISVAR 5.3. (FERREIRA, 2010), utilizando o teste de Fisher a 5%.
Resultados e Discussão
A tabela 1 apresenta os resultados do peso vivo (PV) inicial e final, consumo, ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) para cada fase experimental.
Tabela 1 - Médias de consumo (kg), ganho de peso - GP (kg) e conversão alimentar - CA (kg/kg), de suínos alimentados com dietas experimentais, de acordo com cada fase.
Médias seguidas de letras distintas na linha,diferem estatisticamente entre si (P<0,05); CV%: Coeficiente de Variação.
Relativo a variável GP, o tratamento CE85 foi estatisticamente igual ao tratamento Controle Positivo (CP) nas fases CI e T e diferente do controle negativo CN85. O mesmo ocorreu para o tratamento com a suplementação enzimática CE100, nas fases CI e CII, sugerindo que ao se igualarem ao CP, as dietas com níveis nutricionais reduzidas e suplementadas com o complexo enzimático, foram eficientes em manter o desempenho dos suínos na fase de crescimento e terminação, ou seja, as enzimas foram capazes de proporcionar um incremento nutricional em dietas com valores energéticos reduzidos. Para a conversão alimentar os tratamentos com enzima CE85 e CE100 tiveram respostas positivas na fase CI, se igualando estatisticamente ao CP, reafirmando nesta fase o efeito positivo do uso das enzimas, em recuperar o desempenho dos animais nestes tratamentos, visto também que o tratamento CN85 apresentou a pior conversão alimentar. Segundo SILVA et al. (2013), a adição do complexo enzimático em dietas com ingredientes de baixa digestibilidade e níveis nutricionais e energéticos mais baixos em relação às dietas formuladas com milho e farelo de soja, melhora aconversão alimentar para suínos em crescimento e terminação, Em relação ao peso vivo, ao final do experimento os animais dos tratamentos suplementados com a enzima CE85 e CE100, não só apresentaram médias próximas para o peso vivo, como também apresentaram peso vivo final estatisticamente iguais ao tratamento CP. Além disso, as dietas, compostas por ingredientes de origen vegetal, continham outro fator antinutricional para monogástricos, o fitato, que acredita-se interferir negativamente na utilização da energia da dieta, possivelmente por inibir a atividade da enzima α-amilase ou pela diminuição da digestibilidade da proteína da dieta (SELLE & RAVINDRAN, 2008), porém, o complexo enzimático possuía a enzima fitase, capaz de agir sobre o fitato e disponibilizar nutrientes, contribuindo para um melhor desempenho.
Conclusões
A inclusão do complexo enzimático, em dietas com redução energética, foi efetivo em proporcionar a melhoria do desempenho de suínos na fase de crescimento e terminação.
Referências Bibliográficas
1. BRITO M.S., OLIVEIRA C.F.S.; , SILVA T.R.G., et al. (2008) Polissacarídeos não amiláceos na nutrição de monogástricos – revisão. Acta Veterinaria Brasilica, v.2, n.4, p.111-117.
2. CARVALHO E.M., FREITAS J.A., FIALHO E.T., et al (2008). Utilização de complexo enzimático em rações para leitões na creche, Boletim da Indústria Animal,v.65, n.1, p.21-26.
3. FERREIRA, D.F. SISVAR - Sistema de análise de variância. Versão 5.3. Lavras-MG: UFLA, 2010.
4. GRAHAM, H. Mode de action of feed enzymes in diets based on low viscous and viscous grains, In: simposio latino americano de nutrição de suínos e aves, 1996, Campinas. Anais... Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, p. 60-69, Campinas, 1996.
5. LEENHOUWERS, J.I.; ADJEI-BOATENG, J.A.J.; VERRETH; SCHRAMA, J.W. (2006) Digesta viscosity, nutrient digestibility and organ weights in african catfish (Clarias gariepinus) fed diets supplemented with different levels of a soluble non-starch polysaccharide. Aquaculture Nutrition, v.12, p.111-116.
6. ROSA, A.P. & UTTPATEL, R. Uso de enzimas nas dietas para frango de corte, IN: VIII Simpósio Brasil Sul de Avicultura, 2007, Chapecó. Anais... Chapecí, 2007, p. 102-115.
7. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L., et.al. Composição de alimentos e exigencias nutricionais de aves e suínos (Tabela Brasileira). Viçosa, UFV, 141 p., 2011.
8. SELLE, P.H.; RAVINDRAN, V. (2008) Phytate-degrading enzymes in pig nutrition. Livestock Science, Amsterdam, v. 113, n. 2-3, p. 99-122.
9. SILVA, C. A., VINOKUNOVAS, S. L., BRIDI, A. M., et al. (2013). Utilização de um complexo enzimático para rações contendo farelo de gérmen de milho desengordurado para suínos em fase de crescimento e terminação. Semina: Ciências Agrárias, 34 (6Supl2), p.4065-4082.
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.