O controle da diarreia em leitões na maternidade é um dos principais desafios na produção de suínos e uma das principais causas de mortalidade em leitões lactantes. O leitão nasce com o intestino estéril, a colonização vem da sua mãe e do ambiente. A matriz não tem influência sobre qual parte de sua microbiota ela irá passar para o leitão, por possuir um sistema imunológico desenvolvido, por isso, embora possa parecer saudável, ela pode transmitir patógenos a seus leitões. Considerando o sistema imunológico imaturo dos leitões, somente eles podem mostrar doença que foi transmitida pela mãe.
Como nem sempre é possível identificar o principal agente de forma ágil e os manejos de controle não são totalmente efetivos, o uso de antibióticos de forma preventiva se torna uma ferramenta para controle. Com a busca pelo uso dos antibióticos de forma mais efetiva e racional, outras opções de controle devem ser exploradas, e a busca pelo equilíbrio do microbioma do leitão se torna essencial.
O controle ideal se inicia com a matriz na fase de gestação, pois apenas uma matriz saudável e com um microbioma equilibrado pode fornecer uma microbiota positiva à sua leitegada. À medida que o leitão e seu sistema imunológico se desenvolvem, a microbiota se diversifica se estabelecendo até uma semana após o nascimento. A microbiota intestinal é um micro-ecossistema complexo, o intestino saudável depende do equilíbrio desta.
Os aditivos equilibradores de flora, são sem sua grande maioria, microrganismos formadores de colônias ou outras substâncias definidas quimicamente que têm um efeito positivo sobre a flora do trato digestório; podendo ser probióticos. Os probiótico são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro, melhorando seu equilíbrio microbiano intestinal. Entretanto, existe uma variedade de microorganismos que foram estudados como probióticos, o que leva a inúmeros produtos com essa classificação. Entretanto, existe uma variedade de microorganismos que foram estudados como probióticos, o que leva a inúmeros produtos com essa classificação.
O uso do probiótico se torna uma ferramenta valiosa para promover a saúde animal. Para ter produtos eficazes e seguros, é necessário ter clareza sobre o motivo do uso. Apenas um bom probiótico, com seu uso correto tem-se a garantia da sua ação na saúde intestinal permitindo que o leitão tenha saúde e alcance seu máximo desempenho.
Case do uso do probiótico no controle de diarreia de leitões na maternidade
Uma granja de 2 mil matrizes tinha um histórico de desafio entérico e alta taxa de mortalidade por diarreia. Diariamente era realizado avaliação de leitegadas com diarreia nas baias de maternidade. A média de leitegadas com diarreia nesta fase era de 11,4% e 11,0% em 2016 e 2017, respectivamente. E, no mesmo período, a mortalidade por diarreia era 1,1% e 1,5%. Vários manejos foram realizados sem sucesso, além do gasto excessivo com antibióticos e mão-de-obra para sua execução. A forma de controle da diarreia no momento era o manejo com antibiótico preventivo em todos os leitões recém-nascidos.
A granja iniciou o trabalho de busca por melhor saúde intestinal do plantel e viu o uso do probiótico nas matrizes uma solução para o controle de diarreia dos leitões e, assim, poder retirar o manejo preventivo com antibiótico nos leitões recém-nascidos.
A avaliação iniciou em março de 2018 com a inclusão de um probiótico de cepa única de Bacillus subtilis nas rações de gestação e lactação, e retirada do antibiótico preventivo em leitões recém-nascidos. Os dados avaliados foram incidência de leitegadas com diarreia e mortalidade por diarreia, seguindo a rotina e padrão de avaliação da granja (avaliação diaria dos leitões).
A avaliação foi finalizada em setembro de 2018 e os resultados foram avaliados para a decisão técnica e comercial. E a decisão foi a implementação do uso do probiótico nas rações de matrizes
Resultados na granja comercial
Em 2016 e 2017, a média de leitegada com diarreia na maternidade na granja era de 11,4 e 11,0%, respectivamente. No Gráfico 1 as porcentagens de leitegadas com diarreia na maternidade antes, durante a avaliação e após a implementação do uso.
Gráfico 1: Histórico de incidência de leitegadas com diarreia
A incidência média de diarreia nas leitegadas no período de janeiro até abril de 2018, antes da avaliação, estava em 10,4%. Durante o período de avaliação (maio at é setembro de 2018) houve aumento da incidência, esse aumento era esperado, principalmente, pela retirada do manejo terapêutico nos leitões recém-nascidos. Entretanto, considerando o período de gestação da matriz (média de 115 dias), a menor incidência de diarreia pode ser verificada a partir de setembro de 2018, pois são resultados de leitões de matrizes que consumiram o probiótico desde o início da gestação.
Ao comparar com o histórico da granja, Gráfico 2, pode se observar significante queda na incidência de diarreia após implemeno do uso do probiótico (março 2019), pois todas as fêmeas ao serem transferidas para a maternidade tinham consumindo o produto durante todo o período de lactação anterior e gestação atual.
Gráfico 2: Incidência de leitegadas com diarreia sendo as barras em azul o período sem uso e em verde o período de uso do probiótico nas rações de fêmeas
Com o uso do probiótico nas rações de matrizes, a média de leitegada com diarreia passou de 11,8% (média ponderada de 2016 até início da avaliação) para 7,8% (média poderada após a avaliação até abril de 2020).
A granja apresentava 1,1% e 1,5% de mortalidade de leitões na maternidade por diarreia em 2016 e 2017, respectivamente. No Gráfico 3, as médias de mortalidade por diarreia na granja com a avaliação.
Gráfico 3: Incidência de mortalidade de leitões na maternidade por diarreia, sendo as barras em azul o período sem uso e em verde o período de uso de probiótico nas rações de fêmeas
Durante o período de maio a setembro de 2018, a retirada do manejo preventivo se reflete no aumento da mortalidade por diarreia em comparação ao início do ano, porém semelhante a média no ano anterior (2017). Após setembro de 2018, quando as matrizes presentes na maternidade são as que consumiram probiótico durante todo o período de gestação, a incidência de mortalidade por diarreia cai. O uso do probiótico nas rações de matrizes fez a incidencia de mortalidade por diarreia, antes da avaliação, cair de 1,3% (média ponderada de 2016 até início da avaliação) para 0,7% (média poderada após a avaliação até abril de 2020).
O uso do probiótico promoveu melhor saúde intestinal e menor carga bacteriana patogênica nas matrizes. A contaminação nas instalações de maternidade, pelas matrizes, diminuiram, e a diarreia e a mortalidade por diarreia cairam em 50%, permitindo, a retirada do manejo preventivo com antibiótico em leitões após o nascimento nesta granja.
Conclusão
A diarreia em leitões lactantes é uma das principais causas de mortalidade na fase e com efeito negativo na rentabilidade da atividade. O uso do probiótico nesta avaliação diminuiu a incidência de leitegadas com diarreia de 11,8% para 7,8% e a mortalidade de leitões causadas por diarreia passou de 1,3% para 0,7%. O uso de probiótico na matriz é uma solução natural e eficiente para controle das diarreias de leitões na maternidade, pois além de reduzir a incidência de diarreia e mortalidade permitiu retirada do manejo preventivo com antibiótico em leitões recém-nascidos em matrizes após o segundo parto.
Entretanto, é difícil de fazer generalizações do uso de probióticos devido à variação nas cepas utilizadas, as doses aplicadas, a duração do tratamento, bem como as práticas de manejo como fase utilizada. Ao escolher a melhor opção deve se considerar origem (a preferida deve ser de um animal), estabilidade na ração (preferência pela forma esporulada para resistir ao armazenamento, à peletização e passagem pelo estômago), e, principalmente, ação comprovada. Pois, apenas um bom probiótico, com seu uso correto tem-se a garantia da sua ação na saúde intestinal permitindo que o leitão tenha saúde e alcance seu máximo desempenho.