INTRODUÇÃO
A ciência do bem-estar surgiu em conjunto com a necessidade do homem em rever suas práticas dentro da produção animal (RAMOS, 2006). O animal passa a ter sua qualidade de vida e liberdade questionadas e avaliadas a partir da mensuração das suas necessidades e estados de bem- estar, identificando situações que geram sofrimento e dor, além de fatores que apresentem a necessidade de mudanças de práticas que assumam compromisso ao respeito e a ética em relação aos animais (RAMOS, 2006).
Utiliza-se como parâmetros indicativos de bem-estar animal avaliações comportamentais, a intensidade da pressão sonora, como nível de ruídos, parâmetros fisiológicos envolvendo a concentração de cortisol, temperatura corporal, frequência respiratória) entre outros critérios, como sanidade e produção (BAPTISTA; BERTANI; BARBOSA, 2011; BROOM; MOLENTO, 2004).
Entre os métodos de avaliação do bem-estar, a vocalização tem sido indicada como método simples e prático (MOI et al., 2015), uma vez que suínos a utilizam como meio de se manifestar e responder ao meio em que estão inseridos. Esse é um método importante, uma vez que não exige um manejo exaustivo e de contenção dos animais, sendo considerado não-invasivo.
Estimativas de comportamento em conjunto com observações vocais permitem diagnósticos de necessidades básicas dos suínos alojados em confinamento, com consequências positivas no bem- estar dos animais, sendo uma ferramenta bastante útil para a melhoria das instalações e manejo geral. Modificações no ambiente podem melhorar a qualidade de vida dos suínos, satisfazendo suas necessidades comportamentais e fisiológicas (BRACKE et al., 2006). A retirada das gaiolas, a inserção de camas, barras antiesmagamento para proteção dos leitões e a inclusão de ventiladores são alternativas práticas e simples que reduzem a apresentação de comportamentos não naturais e melhoraram a temperatura ambiental e o bem-estar animal dentro do confinamento.
O desenvolvimento de uma classificação para definir os tipos de chamadas emitidas por suínos pode ser utilizado como ferramenta para comparar situações de estresse, com medidas objetivas, permitindo a discriminação, análise e classificação de vocalização ou ruído específico sendo, portanto, um indicativo importante das condições de bem-estar de alojamento de um grupo ou de um indivíduo, em particular (SILVA et al., 2007). Parâmetros de emissão de energia, frequência e duração das chamadas, são particularmente apropriadas para caracterizar o tipo de chamada entre animais (MARX et al., 2003).
De acordo com a necessidade de se avaliar métodos que melhorem o ambiente térmico das instalações e as suas interferências no comportamento social de suínos, este estudo teve como objetivo classificar os tipos e a intensidade de chamadas realizadas por porcas durante a amamentação por meio de decibelímetros digitais avaliando se a utilização de ventiladores tem influência no comportamento materno-filial de porcas e leitões.
MÉTODO
Localização e animais experimentais
O estudo foi conduzido nas instalações de maternidade do Setor de Suinocultura da prefeitura do campus Fernando Costa, da Universidade de São Paulo, em Pirassununga, São Paulo. O local encontra-se em altitude de 340 metros, latitude sul de 21°80’00” e longitude oeste de 47°25’42”, clima Cwa com temperaturas anuais mínimas médias de 13 e máximas de 31º C, segundo Koppen (2011).
O sistema utilizado foi o de semiconfinamento em baias individuais para fêmea e leitegada, dimensionadas com 1,80 m de largura, 4,20 m de comprimento, pé direito de 2,70 m, telhado constituído por telhas francesas e madeira, sem gaiolas, piso cimentado, com utilização de cama de bagaço de cana-de-açúcar, grade antiesmagamento de 3,20 m de comprimento, bebedouros tipo chupeta para as matrizes e leitões, e comedouros tipo calha para leitões e de concreto para os animais adultos. Além disso, as baias eram dotadas de escamoteadores externos, com lâmpadas para aquecimento dos leitões, separado da baia, por uma parede de 1,65 m de altura que permite acesso apenas dos lactentes a partir de uma abertura de 0,5 m de altura e 0,3 de largura. Ademais, nas baias havia duas correntes penduradas utilizadas como enriquecimento ambiental para ambas as idades (matrizes e lactentes).
As instalações foram divididas em dois ambientes, com e sem ventiladores. Devido à proximidade das baias, o ambiente controle (sem ventiladores) foi vedado por lona plástica para evitar possíveis trocas de ar entre os tratamentos. A área climatizada caracterizava-se pelo uso de ventiladores de parede marca Ventisol de 60 centímetros, três hélices, de potência 1/5CV - 147W e 1200 rpm máxima, enquanto que a controle não havia nenhum tipo de interferência de equipamento, permanecendo de acordo com as condições climáticas ambientais. Os equipamentos foram ligados às 6 horas e desligados às 17, permanecendo continuamente ligados ao longo do dia.
Foram utilizadas doze fêmeas suínas da linhagem Large White e Landrace (F1), de segunda a quarta ordem de parto e 104 leitões, sendo 42 fêmeas e 62 machos. No segundo dia após o nascimento, convencionalmente, os leitões passaram por práticas rotineiras, como castração de machos, desgaste de dentes, caudoctemia, mossagem australiana e aplicação de ferro. Os animais foram avaliados do terceiro ao vigésimo primeiro dia dos leitões.
Os dados referentes à temperatura ambiente foram obtidos por meio de termômetros de bulbo seco, alocados a altura de 1,80 metros do solo. A temperatura média máxima para o período avaliado foi de 22,7°C e a média mínima mensal 10,7°C.
Para os dados de temperatura referentes à instalação utilizou-se a estação meteorológica do Campus, na qual, durante os períodos de avaliações, as temperaturas não ultrapassaram os 21°C no período da manhã e 30°C no período da tarde. Portanto, para as temperaturas do tratamento controle, sem ventilador, utilizou-se as informações acima e para o tratamento com ventilador partiu-se do princípio que o ventilador reduz a temperatura em até 3°C (Axaopoulos et al., 1992), sendo essa a referência para a discussão dos dados obtendo-se então uma máxima de 18°C para manhã e 26°C no período da tarde nas baias com ventilador.
O presente trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais CEUA Nº 3758260116 da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo.
Avaliação etológica
O comportamento das matrizes e suas leitegadas foi realizado em grupo, a partir de etograma de trabalho específico para cada idade dos suínos (Tabela 1). Os animais foram observados por nove dias, ao longo de 21 dias da fase de maternidade, em dias intercalados, nos períodos da manhã e tarde, nos horários das 06h – 08h e das 12h – 14h, totalizando 36 horas de observação por leitegada, por amostragem de escaneamento. Estes horários são considerados, respectivamente, os períodos mais amenos e quentes do dia de acordo com o local de estudo.
Tabela 1. Etograma utilizado para a avaliação de suínos do primeiro dia após o nascimento até a data do desmame, na fase de maternidade.
Análise de vocalização
Para análise de intensidade de ruído ambiental e intensidade de vocalização durante a amamentação, utilizou-se dois decibelímetros da marca MSL - 1352 C - Minipa, com data logger de até 32000 registros, microfone de eletreto de 1/2”, faixa dinâmica de 100dB, com interface RS-232 e software, com registro de máximo e mínimo, resposta rápida (FAST) e lenta (SLOW), precisão de +/-1.5dB (94dB/1kHz), ponderação A e C em frequência e faixa de medida de 30dB a 130dB, a uma distância máxima de dez centímetros para a obtenção de dados de intensidades máximas e mínimas da vocalização de fêmeas e leitões e ruído ambiental em decibéis.
O tempo de amamentação desde o primeiro chamado da fêmea até a saída do último leitão dos tetos foi quantificado por meio de cronômetro da Marca Cronobio, modelo SW2018. Durante um minuto computou-se quantas vezes a fêmea realizava vocalização de determinado tipo vocal para atração dos leitões para a realização de amamentação. Além da intensidade das vocalizações, contabilizou-se quantas vezes estas ocorreram, obtendo-se o tempo total da amamentação e a porcentagem de leitões que mamaram.
As vocalizações médias foram obtidas por meio das somas das médias de períodos e o resultado foi dividido por dois, o mesmo foi realizado para se obter o tempo médio.
Foram definidos três tipos de chamadas, nomeados como introdutória, média e finalização e a calculada a média de tempo de duração de cada uma delas. A partir deles, cada contagem foi realizada dentro de um minuto, somando-se três minutos para a amamentação total (Tabela 2).
Tabela 2. Descrição dos tipos de chamadas de acordo com o momento realizado durante a amamentação dos leitões em baias livres de gaiolas.
Durante a amamentação, mensurou-se a duração da mesma, além do percentual de leitões mamando e contabilizou-se o número de leitões realizando comportamento de vocalizar e agonístico, observando a quantidade de leitões que estiveram brigando pelo mesmo teto e observando o comportamento da fêmea diante do conflito.
Durante dez segundos mensurou-se a intensidade máxima e mínima de ruído do ambiente e das chamadas das fêmeas para a amamentação e a vocalização dos leitões por meio de decibelímetros digitais.
Análise estatística
Os dados foram analisados com efeito da climatização e do período do dia (manhã e tarde) e suas interações, utilizando o animal como efeito aleatório. Também foram realizadas correlações de Spearman entre todos os dados. Os testes foram realizados a 5 % de probabilidade (SAS, 2017).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O ambiente influenciou o comportamento lúdico, beber, mamar e outros (P≤0,05; Tabela 3). O comportamento lúdico foi mais observado no ambiente controle e de manhã (P≤0,05; Tabela 3. Esses achados corroboram com (HOY, 2009), que reportou em condições similares a deste estudo, que a presença de outros animais, de escamoteador, de cobertura da instalação e tipo de cama utilizada criam um ambiente favorável aos leitões, fazendo com que exerçam comportamentos naturais, caracterizados por brincadeiras e exploração do ambiente.
A interação positiva da leitegada de forma lúdica é um dos comportamentos naturais da espécie e da idade e importante indicativo de bem-estar (HELD; SPINKA, 2011), o qual pode ser notado, principalmente, se o ambiente proporciona condições em que eles possam se expressar de forma mais natural, como evidenciado com os animais deste experimento.
O comportamento de mamar foi mais exercido no ambiente climatizado pelo ventilador (P≤0,05). A temperatura influencia e altera a fisiologia do animal (OLIVEIRA, 1996) e apesar da temperatura ambiente não se encaixar na faixa termoneutra dos leitões, sabe-se que o microclima dentro das instalações exerce efeitos diretos e indiretos sobre os suínos em todas as fases de produção (PANDORFI et al., 2005).
O período do dia não apresentou influência para o comportamento de mamar, no entanto, foi mais observada no período da manhã (P≥0,05). No período da manhã, no local de estudo, havia troca da cama de maravalha, o que gerava maior interação dos animais com o enriquecimento ambiental, saída dos leitões para a área com ventiladores, que estimulavam mais a glândula mamária das fêmeas, mesmo com temperaturas menores, devido à presença do ventilador, que reduzia a temperatura ambiental (Tabela 3).
O comportamento “Outros” inclui a realização de vocalização pelos leitões, mais observadas no ambiente controle (P≤0,05) e uma provável explicação pode estar relacionada às razões apresentadas pelo comportamento de mamar e suas atribuições. As fêmeas suínas são responsáveis por atrair os leitões aos tetos quando o leite está disponível, e essa atração é realizada através da vocalização (JEPPESEN, 1982). Sabe-se que a produção de leite está relacionada à fisiologia do animal, que pode ser alterada em decorrência de estresse térmico, sendo o tratamento controle mais propício a esta situação, o que pode acarretar alterações na composição do leite (RICALDE; LEAN, 2000).
O comportamento estereotipado foi mais observado no período da manhã (P≥0,05). Observava-se frequentemente que no momento da inserção da cama, os leitões apresentaram, além do aumento do comportamento lúdico, comportamento estereotipado, apontado a partir de leitões mordendo a barra antiesmagamento e pode ser explicada pela curiosidade, temperatura fora da zona de conforto e confinamento dos animais.
Tabela 3. Comportamentos apresentados por leitões alojados em baias sem gaiolas em ambientes com e sem ventiladores nos períodos manhã e tarde.
Comportamento das porcas
O ambiente e os períodos do dia influenciaram o comportamento dos suínos (Tabela 4).
O comportamento de alimentação foi mais observado no período da manhã e pode estar relacionado ao arraçoamento dos animais (P≤0,01).
As porcas consumiram mais água no ambiente controle (P≤0,01), pela maior temperatura e de manhã (P> 0,05), com uma explicação provável ligada ao aumento do consumo de ração neste período e estimulação pela inserção de cama de maravalha, que era utilizada como enriquecimento ambiental, além da função de conforto e aquecimento dos suínos.
O comportamento exploratório mais observado no ambiente controle (P> 0,05) e no período da manhã pode ter sido influenciado pela cama de maravalha, pelo consumo de ração e pela temperatura ambiental. O bebedouro tipo niplle, além da função de disponibilizar água à vontade às fêmeas, apresentava uma segunda função para as mesmas, que utilizavam o focinho para a ejeção de água em seu dorso, molhando-se e usando como fonte para reduzir sua temperatura.
O comportamento de ócio foi mais observado no ambiente controle (P≤0,01), no período da tarde (P≤0,01). A temperatura ambiental maior neste ambiente acarreta maior letargia aos animais que buscam áreas mais frescas, com maior circulação de ar para perda de calor. Os suínos apresentam glândulas sudoríparas não funcionais queratinizadas, o que dificulta a troca de calor para o ambiente, sendo necessário fornecer aos animais alternativas para a realização de trocas de calor, como por exemplo aumentando o contato corporal com a superfície e por meio de trocas evaporativas (uso de ventiladores, por exemplo) (RODRIGUES et al., 2010).
A faixa de temperatura de conforto dos suínos varia com a idade, sendo para porcas em fase de lactação entre 12 e 22°C (BLACK et al., 1993). Sabe-se que o período da tarde do tratamento controle é o menos confortável às fêmeas, podendo até mesmo submetê-las a estresse por calor e às influenciar a iniciar um processo pouco eficiente de dissipar calor, a respiração superficial, ou seja, um estágio de ofegação. Animais, sob estas condições, aceleram a respiração, reduzem a ingestão de alimentos e aumentam a ingestão de água, levando à diminuição da produção de leite, aumento da perda de peso e alterações no comportamento durante a lactação (CORASSA et al., 2014).
Tabela 4. Comportamentos apresentados por porcas alojadas em baias sem gaiolas em ambientes com e sem ventiladores nos períodos manhã e tarde.
Vocalização
Para o início da amamentação, as lactantes são responsáveis pela atração dos leitões aos tetos, pela distinção do momento em que o leite se encontra disponível nos tetos da glândula mamária. A chamada é feita por meio da vocalização, que consiste em ruídos emitidos em diferentes intensidades e frequências, que auxiliam os leitões a se orientar e se achegar aos tetos na glândula mamária (JEPPESEN, 1982).
Neste estudo, as intensidades vocais máximas e mínimas realizadas por porcas desde o momento da chamada dos leitões para mamar até a finalização da amamentação foram obtidas com êxito por meio de decibelímetros, com desenvolvimento decrescente do início para o final do comportamento de amamentação (Tabela 5).
Tabela 5. Descrição das intensidades vocais máximas e mínimas realizadas por porcas durante a amamentação, obtidas por meio de decibelímetros, em decibéis (dB).
A vocalização realizada como intuito de orientá-los ocorre apenas nos primeiros dias de vida dos leitões (JEPPESEN, 1982), depois desse período é caracterizada como um aviso sobre a disponibilidade de leite. A amamentação pode ser dividida em três fases em relação à disponibilidade de leite: pré-ejeção, ejeção e pós-ejeção (BARBER; BRAUDE; MITCHELL, 1955).
A primeira consiste na massagem dos tetos realizada pelos leitões durante um intervalo de um a três minutos, sendo a quantidade de leitões e a duração deste período inversamente proporcionais: quanto maior o número de leitões, consequentemente maior a estimulação, menor o período de pré- ejeção (BARBER; BRAUDE; MITCHELL, 1955). Essa estimulação gera uma série de impulsos sinápticos os quais resultam na liberação do hormônio produtor de leite – ocitocina – e, consequentemente, a ejeção do leite (ELLENDORFF; FORSLING; POULAIN, 1982).
Aproximadamente vinte segundos antes da liberação do leite, ocorre uma variação na taxa de grunhido da porca para sinalizar que os leitões devem parar de massagear os tetos e iniciar a sucção do leite (ALGERS, 1993), fase a qual dura aproximadamente 10 a 20 segundos (GILL; THOMSON, 1955; FRASER, 1980; ELLENDORF; FORSLIG; POULAIN, 1982). Os dados corroboram com os encontrados neste estudo, em que o tempo médio da realização da vocalização das fêmeas do tipo “Meio da chamada” foi de 20 segundos (Tabela 6).
Por meio deste estudo definiu-se a intensidade de três diferentes tipos de chamada para a amamentação, os quais podem ser associados às suas três fases. Segundo Algers (1993), uma baixa intensidade de vocalização indica uma não disponibilidade de leite, enquanto que um aumento súbito na intensidade indica que a ejeção de leite ocorrerá dentro de alguns instantes, podendo ser associada a uma orientação para que os leitões parem de massagear, encontrem um teto e iniciem a amamentação.
A vocalização introdutória foi realizada nove vezes em um intervalo de 31 segundos, a média sete vezes em 20 segundos e a de finalização oito vezes em 24,6 segundos. A amamentação realizou- se num intervalo médio de 328 segundos (6 minutos).
A menor quantidade de leitões observada mamando ocorreu no período da tarde no controle (P≤0,05). Este ambiente tinha temperatura natural, sem ventiladores, sendo o período da tarde caracterizado por temperaturas mais altas que o ambiente climatizado, apresentando condições mais próximas a zona termoneutra dos leitões. Esse fato contribui na realização de comportamentos naturais da idade, o que pode ter influenciado na menor quantidade de animais mamando, uma vez que foram atraídos por outras atividades além da amamentação, tal como brincar com a corrente, uma vez que leitões com enriquecimento ambiental se mostram mais tempo ativos (AREY; FRANKLIN, 1995).
No ambiente climatizado, de manhã a maior média de intensidade de vocalização durante a amamentação foi a introdutória, seguida da de finalização e por fim a média (P≥0,05). À tarde, a finalização apresentou maiores médias de intensidade de vocalização de finalização, seguida da introdutória e média (P≤0,05). Para o período da tarde, houve diferença significativa entre as vocalizações introdutória e média e de finalização e média (P≤0,05; Tabela 6). Para o período da manhã não houve diferença significativa entre as vocalizações classificadas.
No ambiente controle, os períodos manhã e tarde apresentaram a mesma sequência de intensidade de vocalização durante a amamentação, sendo a maior média de vocalização introdutória, seguida da média e por fim da vocalização de finalização (P≥0,05). Não foram encontradas diferenças significativas entre as três classificações avaliadas de intensidades de chamadas (P≥0,05).
Tabela 6. Frequência média da vocalização durante a amamentação nos ambientes controle e climatizado e nos períodos manhã e tarde.
Em relação ao tempo de realização das vocalizações durante a amamentação, no ambiente climatizado e controle, de manhã, o maior tempo de execução foi da introdutória, seguido da média e o menor tempo para a vocalização de finalização (P≥0,05). No período da tarde no ambiente climatizado e controle, a vocalização introdutória foi mais executada, seguida da de finalização e por fim a média, com menor tempo de apresentação (P≤0,05). Para o ambiente climatizado e controle, no período da manhã e da tarde, o tempo de apresentação da vocalização introdutória e de finalização apresentaram diferenças significativas com a vocalização classificada como média (P≤0,05).
Tabela 7. Média de tempo de realização de vocalizações introdutória, média e de finalização realizadas por porcas durante a amamentação.
O percentual de leitões mamando foi influenciado pelo ambiente e pelo período, identificando que o maior percentual de leitões mamando ocorreu no grupo climatizado pela manhã, evidenciando menos leitões no grupo controle nos períodos manhã e tarde (Tabela 8). A temperatura ambiente não estava dentro da zona de termoneutralidade dos leitões no ambiente climatizado e este fator leva os lactentes a buscarem uma maior ingestão de leite, proximidade com a porca e com outros leitões.
No grupo controle, o maior percentual de leitões mamando ocorreu pela manhã (P≤0,05). No ambiente climatizado, foi observado maior percentual de leitões mamando no período da tarde (P≥0,05).
Tabela 8. Duração e percentual de leitões mamando nos ambientes e períodos do dia avaliados.
Em relação às intensidades de ruído obtidas nos ambientes avaliados, a maior média foi encontrada de manhã, no ambiente climatizado (P≥0,05), explicado pela utilização de ventiladores para a climatização dos ambientes. A intensidade mínima identificada foi no ambiente controle, no período da tarde (P≥0,05), explicada pela ausência de ventiladores (Tabela 9).
Tabela 9. Médias das intensidades máximas e mínimas realizadas por porcas nos ambientes e períodos avaliados obtidos por meio de decibelímetros digitais.
Em relação às intensidades de vocalização máximas realizadas pelos leitões, a intensidade máxima de vocalização foi observada no ambiente controle (P≥0,05; Tabela 10), assim como o período da manhã (P≤0,05; Tabela 10). O ambiente controle possui temperatura mais próxima da zona de termoneutralidade, permitindo que leitões apresentem maior conforto no momento da amamentação, emitindo desta forma, com maior intensidade as vocalizações no momento da estimulação da glândula mamária.
Para a intensidade mínima de vocalização, a menor média foi no ambiente controle (P≤0,05), no período da manhã (P≥0,05). O ambiente controle apresenta-se com menores valores de intensidade mínima de ruído pelos leitões provavelmente pela ausência dos equipamentos de ventilação que se somam a intensidade vocal dos lactentes (P≤0,05, Tabela 10), os valores máximos foram registrados no grupo controle (P≥0,05).
Tabela 10. Médias das intensidades de vocalização máximas e mínimas realizada por leitões nos tratamentos e períodos obtidos por meio de decibelímetros digitais.
CONCLUSÃO
O decibelímetro digital auxiliou, de maneira hábil, na descrição inédita de três tipos de chamadas realizadas por porcas durante a amamentação de leitões. Estabelecer as chamadas realizadas por porcas apresenta importância ímpar uma vez que permite estabelecer a conexão entre lactantes e lactentes no momento da amamentação, permitindo aos leitões distinção entre o momento do começo, meio e final da descida do leite para a glândula mamária.
A utilização de ventiladores em sistemas intensivos de produção apresenta-se como importante meio de melhorar o conforto térmico de matrizes em maternidades com temperaturas acima da zona de conforto térmico, uma vez que neste estudo não apresentou influência na duração e no número de leitões que mamaram nos ambientes com estes equipamentos. Desta forma, o uso de ventiladores para o melhor conforto térmico das matrizes pode ser eficaz, não interferindo na vocalização materno-filial.
Publicado originalmente na revista eletrônica Editora Científica, capítulo 6, em abril de 2022. Acesso disponível em: https://www.editoracientifica.com.br/artigos/estimativa-de-bem-estar-de-suinos-alojados-em-maternidades-livres-de-gaiolas-a-partir-da-utilizacao-de-decibelimetros-digitais