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Metas: Problemas produtivos e de gestão que mais afetam os resultados.

Publicado: 15 de outubro de 2012
Por: Vladimir Fortes de Oliveira.
Introdução
Dentre todas as atividades do agronegócio seguramente a Suinocultura possui um dos maiores faturamentos por área agrícola ocupada, aumentando significativamente o faturamento e equilibrando as entradas de caixa de atividades que comumente possuem produção uma ou duas vezes ao ano, deixando o caixa de muitos empresários do riquíssimo agronegócio nacional descoberto no restante do período.
Algumas vezes se mostra como a única atividade do empresário, significando 100% de seu faturamento, porém, garantindo bastantes números e cifras a serem geridos com foco na devida sustentabilidade necessária a qualquer negócio.
Ainda, vemos nossa suinocultura como um negócio de grande importância para as gigantes Multinacionais brasileiras, as agroindústrias.
Frente a este importante quadro de nossa atividade no contexto nacional e ainda financeiramente fundamental para muitos de nossos empresários, produtividade, gestão, resultados e metas são conceitos que se tornam fundamentais ao analisarmos o Negócio Suinocultura.
 
Resultados, metas e produtividade:
Por definição, gestão é a organização do funcionamento das organizações através da decisão racional e fundamentada na recolha dos dados e informações relevantes para garantir a utilização de todos os recursos disponíveis à organização.
Se considerarmos então que dependemos da "recolha dos dados e informações" para uma decisão racional, podemos então considerar que o controle de dados e informações geradas é então fundamental para uma boa gestão. Assim, a quantidade de dados recolhidos, e mais importante ainda, a qualidade dos dados recolhidos pode definir a gestão do Negócio Suinocultura (NS).
Os dados a serem coletados são gerados através da operação, vamos entender aqui operação como sendo o sistema de produção, ou seja, os manejos definidos e aplicados nos diversos setores, gestação, maternidade, creche, recria, terminação, central de inseminação e reposição e os dados serão a taxa de parto, taxa de repetição de cio, taxa de aborto, nascidos totais, nascidos vivos, mortalidade, desmamados, peso de desmama, peso de creche aos 7 dias, peso de creche aos 42 dias, peso de saída de creche, etc. Esses dados vêm de relatórios produzidos pelos softwares usados nas granjas.
Então, quando falamos de qualidade de dados recolhidos estamos nos referindo a diferença zero entre o que acontece na granja e o que é lançado no programa.
Porém, os dados precisam virar informação a ser usada, é muito comum observarmos em nossas granjas uma coleta de dados que não confere com o que observamos dentro da operação, ou seja, sem qualidade. Ainda, quando temos qualidade nos dados coletados os nossos gerentes não foram treinados para avaliarem estes dados sistematicamente e trabalham como se estivessem de olhos vendados, certamente existem exceções, porém, não é regra.
Como não é possível que controlemos qualquer processo sem que tenhamos informações, a qualidade dos nossos dados define o nível de assertividade das nossas decisões.
Segue o resumo de um exemplo real:
 
Caso:
Problema: Granja de 2500 matrizes, ciclo completo, apresentou sintomas de tosse aos 130 dias de idade dos cevados, granja positiva para Mh.
Decisão inicial: Foi revisto todo o programa de medicação, passando a utilizar bases de amplo espectro respiratório (Josamicina-35ppm associada a Doxciciclina 200ppm) e mais caras, aproximadamente duas semanas antes da idade média de aparecimento dos casos clínicos. A resposta foi positiva, porém, não no nível que era esperado, assim, cogitou-se a possibilidade de utilizarmos uma base mais cara ainda, porém, de maior eficiência.
Impacto financeiro: Foram atingidos 3 lotes, a granja produz por semana (lote) em torno de 1400 a 1500 leitões, então tivemos em torno de 4350 animais afetados. Durante este período, a refugagem da granja, que é medida sistematicamente a cada lote, aumentou de 3,2% (média) para 5,7% (média dos três lotes), então, a mortalidade aumentou de 1,6% para 2,85%. Nestes cálculos as perdas advindas da hepatização dos pulmões e consequentes perdas de CA e GPD, serão considerados nos dias a mais que o lote levou para chegar aos 120 kg. Foram perdidos por morte, em torno de 60 animais a mais que o normal, considerando que vendem a 120 kg, perderam R$20.000,00 em faturamento. O custo a mais com a medicação nesse período foi de R$ 970,00 e para o lote chegar aos 120 dias ele levou 3 dias (em média) a mais (o cálculo foi realizado com base nas pesagens de amostras para se definir o momento da venda) o que custou à granja em torno de R$ 62.200,00 a mais. Assim, temos um custo destes três lotes de R$ 83.170,00 a mais que o normal, o que custa por lote em torno de R$27.723,00 além do esperado.
Solução final: Antes de trocarmos a base do antibiótico usado foi realizada uma auditoria na fabrica de ração. Identificamos então que o milho havia sido armazenado inadequadamente, com umidade em torno de 15-16% e ainda, estávamos usando exatamente o final do silo. Assim, a constatação da matéria prima com alto nível de contaminação por micotoxina e conseqüente queda de capacidade de resposta imune do plantel resultou no aparecimento de sintomas clínicos de tosse. Ao final, tomou-se providência para ajustar a qualidade de matéria prima, e passaram a controlar rotineiramente a qualidade dos grãos consumidos na granja.
Esta granja possui ainda um nível de informação que podemos considerar, dentre a média, superior, mas, mesmo assim não controlava adequadamente o setor que corresponde ao grande gasto dentro da produção, a fábrica de ração.
Podemos perceber que ao definirmos os pontos críticos do NS, muitas vezes definimos de maneira equivocada, é muito comum vermos uma preocupação maior com a mortalidade de um setor específico e não termos controle algum do processo de fabricação de ração, porém, pudemos perceber que o impacto financeiro da mortalidade comparado com o impacto dos controles de insumos é significativamente menor, mesmo assim existia um controle sistemático de refugagem e mortalidade e não de qualidade de matéria prima. Não consideremos de forma alguma que o controle de refugagem lote a lote não devesse ser feito, é uma estratégia importantíssima para várias avaliações técnicas considerando evolução epidemiológica de várias doenças. Porém, garantir o resultado (lucro líquido) do negócio é fundamental.
 
Como você enxerga seu negócio?
É importante entendermos que a definição do que vamos considerar importante, ou mesmo, onde queremos chegar, apesar de parecer uma consideração muito discutida ainda continua sendo um desafio.
Em uma conversa com qualquer empresário a afirmação de que quer ter a maior lucratividade possível, respeitando alguns princípios logicamente, parece ser clara, porém, as decisões tomadas na rotina não levam ao mesmo caminho.
A operação toma a maior parte do tempo e do investimento, desta forma, é comum que exista uma participação e preocupação do empresário dentro da operação. Mas vamos considerar algumas questões:
- Observamos com freqüência, comparando duas empresas (granjas) de mesmo porte, uma apresentar resultado significativamente superior a outra sem que esta tenha os melhores índices zootécnicos (produtividade). Alguns produtores conseguem negociar melhor seu produto e a diferença no preço conseguido supera a diferença em produtividade entre as granjas.
- Por vezes a melhor produtividade não significa o melhor resultado, temos que considerar que o preço pago pelo produto muda as relações de produtividade, segue na planilha um exemplo (a planilha avalia somente o setor de terminação, e a avaliação financeira vai somente até o Lucro Operacional, mas é suficiente para avaliar o impacto da decisão):
A planilha A traz a situação seguinte:
Suíno = R$ 2,1/kg
Peso abate = 120 kg
Conversão alimentar = 2,8
GPD = 0,910 kg
Observar o Lucro operacional.
A)
A planilha B traz a situação seguinte:
Suíno = R$ 2,1/kg
Peso abate = 100 kg
Conversão alimentar = 2,6
GPD = 0,850 kg
Observar o Lucro operacional.
B)
O melhor resultado está na segunda opção, considerando um preço de suíno de R$ 2,1/kg sendo a primeira com um resultado negativo de R$ -137.854,10 e a segunda um resultado negativo de R$ - 118.382,72. Avalie a sequência abaixo:
A planilha A traz a situação seguinte:
Suíno = R$ 2,85/kg
Peso abate = 120 kg
Conversão alimentar = 2,8
GPD = 0,910 kg
Observar o Lucro operacional.
A)
A planilha B traz a situação seguinte:
Suíno = R$ 2,85/kg
Peso abate = 100 kg
Conversão alimentar = 2,6
GPD = 0,850 kg
Observar o Lucro operacional.
B)
 
O melhor resultado está na primeira opção, considerando um preço de suíno de R$ 2,85/kg sendo a primeira com um resultado de R$ 46.435,60 e a segunda um resultado de R$ 35.904,28.
A questão principal é percebermos que com os mesmos índices zootécnicos de acordo com o preço do produto temos duas realidades de caixa diferentes e ainda inversamente relacionadas, neste nosso exemplo os preço dos grãos não variou, porém, este impacta tanto quanto o preço do suíno na relação de margem, aumentando ainda mais a diferença possível entre os dois exemplos.
 
O plano de metas
O plano de metas existe para te levar ao resultado que espera, porém, se não souber qual o caminho vai te levar ao que procura, seu plano de metas vai falhar.
A falha do plano de metas não necessariamente significará que não conseguiu atingir a evolução que esperava, por vezes, é possível que mesmo atingindo o resultado tenha a impressão de que não houve impacto no resultado. Neste momento a tendência a abandonar o sistema de metas é muito grande, pois é considerada somente a dificuldade (investimento em pessoas, treinamentos, auditorias, problemas culturais, etc). Porém, as metas não levaram o produtor ao resultado que queria, pois não foram adequadamente definidas, ou seja, não estavam embasadas nas principais variáveis do seu negócio.
Ainda, observamos a falha realmente em atingir os números propostos, neste momento as causas da falha podem ser várias, na maioria das vezes mais de uma. Algumas causas:
- Metas não atingíveis para o momento zootécnico da granja.
- As metas não foram definidas juntamente com a equipe e esta não se comprometeu com a tarefa.
- Não houve auditoria da evolução dos números, é fundamental que isso ocorra.
- O sistema da premiação foi mal definido e gerou conflitos.
- Não houve objetividade e clareza na definição e/ou não foi passada de forma clara a equipe.
 
Considerações Finais
Antes de definir suas metas e a metodologia de acompanhamento da evolução considere alguns pontos:
1 – Defina o resultado que quer ter.
2 – Como é feita sua remuneração?
3 – Entenda o sistema que te paga.
4 – Quais os fatores que mais impactam no seu resultado financeiro?
5 – Conheça todos os fatores a fundo para não priorizar de maneira errada.
6 – Defina suas metas nas falhas que não pode ter, essas falhas prejudicarão sua margem.
7 – Acompanhe de perto estas metas.
8 – Avalie sempre e mude sempre que necessário.
9- Não seja vaidoso, sua vaidade pode quebrar seu negócio.
Deixar de perder é ganhar e deixar de ganhar é perder!
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Vladimir Fortes de Oliveira
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