O governo da presidente Cristina Kirchner está novamente criando dificuldades para a entrada de produtos suínos Made in Brazil, especialmente polpa, no mercado argentino. Segundo a Associação Brasileira de Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs) em novembro a alfândega argentina somente permitiu a entrada de 2.163 toneladas, volume inferior ao total que entrou no mesmo mês de 2011, de 4.086 toneladas. Em dezembro passado somente entraram na Argentina 2.216 toneladas, enquanto que, no mesmo mês do ano anterior, a alfândega havia permitido a entrada de 4.489 toneladas.
Desta forma, pela terceira vez em um ano, o governo Kirchner violou o acordo de permitir uma cota de 4 mil toneladas mensalmente no mercado argentino.
Empresários das indústrias de elaboração de produtos suínos da Argentina, que utilizam insumo brasileiro, disseram que "a coisa continua muito complicada". Segundo os industriais, "o governo Kirchner diz que está tudo bem com a carne suína e que a 'janela' não está fechada. Mas, o secretário (de comércio interior) Guillermo Moreno só permite a entrada de produtos importados por quatro empresas grandes e impede as outras, demorando as Declarações Juramentadas de Importação."
As fontes sustentam que a secretaria de Comércio Interior somente concede as licenças às empresas que provem que exportam pela mesma quantia que importam, seguindo as diretrizes do governo Kirchner. "Mas, a maioria dos empresários não consegue viabilizar esse tipo de compromisso. O governo quer que os empresários que importam um dólar exportem um dólar. No entanto, se não temos a matéria prima que vem do Brasil, tampouco podemos exportar", disse.
Segundo a Abipecs, "o desrespeito às regras do Mercosul é flagrante". A associação espera que o governo da presidente Dilma Rousseff tome as "necessárias providências" perante o governo Kirchner.
Ministro. O ministro da Agricultura, Jorge Alberto Mendes Ribeiro, desembarcará hoje em Buenos Aires para uma reunião com seu colega argentino, Norberto Yahuar. Os dois ministros, segundo a agenda oficial, pretendem prosseguir com as negociações que visam reduzir as "dificuldades" no fluxo comercial entre ambos países.
Já os argentinos reclamam de problemas para a entrada do leite em pó e queijos no mercado brasileiro. Além disso, também protestam sobre problemas para a entrada do limão siciliano e os lagostins. Os argentinos também reclamavam das complicações para as exportações de maçãs e peras para o Brasil.