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Animais sadios e menores custos com o sistema semi-intensivo na suinocultura

Publicado: 4 de julho de 2014
Por: José Carlos de M. Camargo, Pesquisador Científico, Unidade de P&D de Itapeva/APTA/DDD/SAA; João Edson Faria de Oliveira, Assistente Técnico II, Unidade de P&D de Itapeva/APTA/DDD/SAA, e Roberto Carlos Vicente de Oliveira, Técnico A.P.C.T III, Unidade de P&D de Itapeva/APTA/DDD/SAA.
Sumário

O projeto de produção de suínos no sistema semi-intensivo  da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Itapeva tem por objetivo validar o sistema de produção animal utilizando este processo, de uma maneira menos impactante, com vantagens ambientais, econômicas e de bem estar animal, esse sistema vem fortalecer a instituição nas áreas de produção animal e meio ambiente. Assim a instituição, além de convalidar os ensaios de pesquisa de suporte às tecnologias já existentes também desenvolverá novos ensaios complementares nas  áreas de manejo e nutrição animal.

Palavras Chave: Bem estar animal, Meio Ambiente, Nutrição, Impactos Ambientais.

A suinocultura semi-intensiva está ultrapassada, sendo apenas uma atividade complementar, típica de produtores pouco tecnificados que criam animais tipo banha, sem nenhum valor comercial. Certo? Nada disso. A fase de gestação ao ar livre pode trazer uma série de vantagens, incluindo a redução de custos com instalações, animais menos estressados e menor incidência de doenças nas granjas e maior longevidade.
O sistema semi-intensivo  foi implantado experimentalmente em 1966/67  na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapeva que teve sua origem como Posto de Monta em 1942, sendo elevado a Posto de Suinocultura em 1966/67 e a Estação Experimental de Zootecnia de Itapeva em 1997. Localizada no Sudoeste Paulista, região classificada edafoclimaticamente como classe A (sem restrições climáticas) para a criação suinícola.
Desde então, vem sendo possível verificar os bons resultados obtidos na fase de gestação, utilizando o sistema semi-intensivo, com as fase de maternidade e creche  crescimento e terminação em confinamento.
 Ao ar livre, as fêmeas gestantes desenvolvem a gestação com mais saúde, proporcionando  menos despesas com medicamentos, inevitáveis no confinamento, onde o ambiente fechado favorece a formação da amônia, que nada mais é do que o esterco fermentado. Por causa disso, invariavelmente boa parte dos animais dos plantéis acabam tendo problemas respiratórios, como  rinite atrófica por exemplo. A pneumonia, causada pelo piso de concreto, conseqüência do stress, também são problemas comuns, como a inflamação dos cascos.
.A unidade de pesquisa foi dimensionada para abrigar 60 matrizes produtivas, com esquema de inseminação semanal, o que garante um fluxo continuo de produção de leitões. Cada animal adulto precisa, em média, de 300m² dentro de um piquete, que é demarcado por uma cerca de arame liso, com sistema de balancins nos vãos.
Outra vantagem do sistema semi-intensivo   é uma significativa redução dos problemas de cascos nas matrizes, tão comuns nos sistemas de produção intensivos. Já do ponto de vista econômico, o custo inicial do investimento é reduzido em até 20%, já que o produtor fica dispensado de erguer instalações específicas para a gestação, com gaiolas, podendo estas serem substituídas por box para alimentação feitos com madeira.
Porém para que o sistema semi-intensivo apresente produtividade semelhante ao sistema confinado devem ser adotados alguns procedimentos de manejo, como por exemplo após o processo de inseminação a matriz deve permanecer por um período de 30 dias em baias coletivas ou gaiolas, para que ocorra a fixação dos embriões no útero, nesse período ela não deve ser submetida a exercícios físicos intensos.
Após esse período de 30 dias a matriz pode ser solta nos piquetes, local onde permanece até os 105 dias de gestação, quando só então é trazida para as baias coletivas, onde é lavada, vermifugada para controle de endoparasitas, pulverizada para o controle de ectoparasitas, pesada e recolhida na maternidade de gaiolas.
Manejo das matrizes na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapeva
Manejo das matrizes na   pré-cobrição
  • As fêmeas desmamadas e marrãs são agrupadas em lotes de cinco a sete animais, em baias  de pré-cobrição, localizadas próximas a baia do macho rufião;
  • São utilizados métodos para reduzir as agressões tais como: agrupar as porcas por tamanho e lavá-las com água e creolina; introduzir macho junto com as porcas por um ou dois dias e reduzir o estresse;
  • O cio das fêmeas é estimulado duas vezes ao dia, com um intervalo mínimo de 8 horas, colocando-as em contato direto com o macho rufião;
  • É realizado o fornecimento de ração de lactação 2 vezes ao dia, do desmame até a inseminação;
  • É dispensada  atenção especial para as fêmeas desmamadas que demorarem mais de 6 dias para manifestar o cio após o desmame.
 
Manejo das matrizes na inseminação e inicio da gestação
  • São realizados manejos para verificação de cio, e obedecidos protocolos para realização da inseminação, tais como higienização do aparelho reprodutor externo, 3 inseminações, duração de 8 minutos por inseminação e intervalo mínimo de 11 horas entre uma inseminação e outra;
  • As fêmeas inseminadas permanecem por um período de 30 dias em baias coletivas, somente após esse período são soltas nos piquetes;
 
Manejo do Parto e lactação
O parto e a lactação são as fases mais críticas da produção de suínos. Portanto, todos os esforços dedicados nas fases anteriores podem ser perdidos se atenção e cuidados especiais não forem dedicados aos recém-nascidos. Por melhor que seja o ambiente fornecido aos leitões após o parto, nunca será melhor do que aquele oferecido pelo útero da mãe. Na maternidade, portanto, encontra-se um verdadeiro desafio para garantir bons resultados na atividade. Os principais pontos de manejo  seguidos nesta fase de criação são os seguintes:.
  • A sala da maternidade é manejada segundo o sistema “todos dentro, todos fora”, ou seja, entrada e saída de lotes fechados de porcas, e proporcionado o vazio sanitário considerando o planejamento de uso das instalações da granja;
  • As porcas são alojadas na maternidade cerca de sete dias antes da data prevista do parto (considerara data média de previsão de parto do lote);
  • A sala de maternidade deve fornecer dois ambientes distintos: para as porcas, manter a  sala com temperatura interna o mais próximo possível de 18ºC, usando como referência um termômetro localizado ao centro da sala; para os leitões, os escamoteadores com a temperatura interna próximo de 34,0°C na primeira semana, reduzindo-se 2,0°C por semana até o desmame, a qual deve ser controlada por um termostato instalado no interior de um escamoteodor da sala sala;
 
Arame liso, ao invés do farpado, elimina os casos de ferimentos
A cerca até pode provocar ferimentos ocasionais no plantel, mas este problema é eliminado na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapeva com a utilização de fios de arame liso, ao invés do farpado, na base da cerca, instalando-se balancins entre os palanques. O modelo utilizado foi desenvolvido na própria unidade. Animais sadios, criados ao ar livre, também conseguem uma boa conversão alimentar ( 2,5Kg de ração por um de carne).
 
Gestação a campo (30 a 105 dias)

Foto: Gestação a campo – UPD de Itapeva
Animais sadios e menores custos com o sistema semi-intensivo na suinocultura - Image 1

Referências Bibliográficas
  • GIROTTO, A. F. e SANTOS FILHO, J. I. dos. Custo de produção de suínos. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2000. 36p. (Embrapa Suínos e Aves. Documentos, 62).
  • GIROTTO, A. F. ATEPROS: Administração Técnica e Econômica de Propriedades Suinícolas. V. 3.0. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2001. 68p. (Embrapa Suínos e Aves, Documentos, 66).
  • LUDKE, J. V.; DALLA COSTA, O. A.; SOBESTIANSKY, J. Alimentação das fêmeas suínas segundo sua condição corporal. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2001. 6p. Folder.
  • MORES, N.; SOBESTIANSKY, J.; CIACCI, J. R.; AMARAL, A. L. do; BARIONI JUNIOR, W. Fatores de risco na maternidade associados a diarréia, mortalidade e baixo desempenho dos leitões. Concórdia: EMBRAPA - CNPSA, 1991. 4 p. (EMBRAPA - CNPSA. Comunicado Técnico, 178).
  • PAIVA, D. P. de. Controle integrado de moscas em criações de suínos. Suinocultura Dinâmica, Concórdia, SC, n.12, p.1-5, 1994.
  • SESTI, L.; SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. E. S. N. de. Limpeza e desinfecção em suinocultura. Suinocultura Dinâmica, Concórdia, SC, n.20, p.1-15, 1998.
  • SONCINI, R. A.; MADUREIRA JUNIOR, S. E. Monitorias sanitárias. In: SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, IVO; SILVEIRA, P. R. S. da; SESTI,. A. C. (Ed.) Suinocultura intensiva: produção, manejo e saúde do rebanho.Brasília: Embrapa Serviço de Produção de Informação, 1998. Cap.5, p.93-110.
  • ZARDO, A. O.; LIMA, G. J. M. M. de Alimentos para suínos. Boletim Informativo BIPERS, v.8, n.12, p.7-71, 1999.
  • Revista Manchete Rural 1999, julho p 18 - 24;
Tópicos relacionados:
Autores:
Roberto Carlos Vicente de Oliveira
APTA
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Mateus Jose Sorte
4 de noviembre de 2014
gostei das vocas dicas
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Dagoberto Mariano Cesar
10 de julio de 2014

Parabéns ao Autor, pois devemos divulgar muitos trabalhos que a pesquisa não transfere para a extensão e ou ao produtor rural.
Acredito também que o sistema favorece a um maior número de leitões por leitegada nascida, devido ao maior espaço uterino , isso observei no comparativo não cientificamente.
Dagoberto Mariano Cezar

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Marco Antonio Jacho López
Universitat Autònoma de Barcelona - UAB
Universitat Autònoma de Barcelona - UAB
8 de julio de 2014

Artigo magnífico. Na Europa, nós estamos indo para usar o sistema semi-extensivo como a fundação de porco ecológico.

Deixo um link para que você pode conferir um artigo que publiquei em Engormix também:

https://www.engormix.com/MA-porcicultura/genetica/articulos/base-animal-explotaciones-porcinas-t4610/103-p0.htm

Desculpe, o meu Português é ruim.

Obrigado.

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Hugo Schaffrath
Grupo San Bernardo
7 de julio de 2014

Parabéns pelo trabalho, creio que ainda segue sendo um modelo de projetos que funciona e que viabiliza muitas vezes a produção em unidades menores. Estou no Paraguay e estamos apoiando um projeto da WWF para produção de suínos para zonas pobres, a ideia seria fazer uma unidade de produção comunitária, também há uma aldeia indigena que sería factível desenvolver um projeto assim, gostaria de ter mais detalhes para poder ajudar neste projeto da WWF, se puder facilitar algumas informações mais te agradeço.


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