A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos inicia no mês de março uma campanha inédita de incentivo ao registro genealógico de suínos. Há mais de 50 anos a frente do melhoramento do rebanho suíno nacional, a entidade é a única delegada do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), legalmente autorizada para emitir o Certificado de Registro Genealógico de Suínos no Brasil. Considerado uma exigência legal do Ministério que, por meio da Portaria nº 1303 de 1956, autorizou a ABCS realizar o Registro Genealógico de suínos em todo o Brasil, o documento é caminho para o reconhecimento do padrão racial do suíno.
“Somente com esse certificado é possível comprovar que os suínos de reprodução (machos e fêmeas) foram produzidos em granjas certificadas pelo Mapa”, explica o superintendente do registro genealógico da ABCS, Valmir Costa da Rosa. O objetivo da campanha é garantir ao produtor de suínos do Brasil que as empresas de melhoramento genético de suínos cumpriram todos os requisitos técnicos exigidos pela Instrução Normativa 19, que regulamenta a produção de suínos geneticamente melhorados e exige que as granjas núcleo e multiplicadoras detenham o registro de Granja de Reprodutores Suídeos Certificada (GRSC).
Mas para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o registro de animais é muito maior do que a certificação da qualidade do rebanho: “ele é a sobrevivência do associativismo nessa atividade”, afirma. O presidente se refere às questões financeiras relacionadas ao registro dos animais reprodutores, pois além das questões legais e técnicas, o Registro Genealógico de Suínos também é a base de financiamento do sistema de representação de interesses dos produtores de suínos do Brasil. “Ou seja, ao pagar o Registro Genealógico, o produtor de suínos está garantindo a continuidade do sistema ABCS na defesa dos seus interesses”, ressalta o presidente.
Atualmente, seis empresas de material genético detém cerca de 84% de todas as vendas dos animais reprodutores do rebanho suíno brasileiro. Segundo dados disponibilizado pelo sistema de registro da ABCS, houve queda na quantidade de animais registrados, quando comparado este ano aos anos anteriores. Em 2006, por exemplo, a ABCS registrou 240.338 animais; já em 2011 os números atingiram 228.193 registros, valor 5% menor. “E as quedas são recorrentes em todos os anos”, afirma o presidente.
Segundo Valmir da Rosa, a presença de raças geneticamente avançadas (Landrace, Large White e Duroc – mais destacadas no plantel brasileiro) é que possibilitou o desenvolvimento da suinocultura nacional, como aumento do ganho diário de peso, a melhoria na conversão alimentar e principalmente a diminuição da espessura da gordura nas carcaças suínas. Para Marcelo Lopes, apesar do avanço da qualidade do plantel brasileiro e do próprio suíno produzido, é menor a quantidade de animais de raças sendo certificados pela ABCS, junto ao Mapa. “Há uma inconsistência nesse cenário. Temos uma suinocultura avançada, mas esse dados não têm refletido nos registros da ABCS”. E ainda diz: “É isso que a entidade está buscando”.
Em 2011, a empresa Agroceres PIC emitiu 39,4% dos registros, em 2º lugar no ranking está a Genética Suína DB-Danbred, com 15,29%; abaixo a Sadia, com 10,8% e, em 4º lugar está a PenArLan, com 8,32% dos registros emitidos. As empresas Topigs e Génétiporc encerram o ranking com 6,31% e 3,62%, respectivamente.
O lançamento da Campanha aconteceu nesta quarta-feira (21), na cidade de Ponte Nova/MG, durante o I Circuito do Conhecimento ABCS. O encontro, que acontece por meio do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), tem como objetivo apresentar novas técnicas de gestão, oportunidades de investimento e capacitação na granja, além de uma versão atualizada do mercado suinícola no país e estratégias para o fortalecimento do suinocultor brasileiro.
Neste ano, a ABCS pretende comparecer aos grandes polos produtores de suínos de todo o Brasil para divulgar a campanha e conscientizar o suinocultor da importância de comprar suínos certificados pelo registro genealógico. “Nosso produtor precisa saber que o registro garante a qualidade dos seus animais, mas também mantem viva toda a atividade associativista que trabalha a seu favor”, encerra o presidente.
(publicado em 22/03/2012.)