1 – INTRODUÇÃO
O circovírus suíno tipo 2 (PCV2) é um agente de distribuição mundial, responsável por diversas manifestações clínicas ou síndromes dentre as quais destaca-se a Síndrome Multissistêmica do Definhamento (SMD). Atualmente, esta síndrome provoca o maior impacto econômico na suinocultura moderna mundial. No Brasil, foi diagnosticada pela primeira vez em 2000, desde então disseminou-se rapidamente nas principais regiões produtoras de suínos. Para agravar o problema, a infecção pelo PCV2 provoca imunodeficiencia nos suínos que os torna susceptíveis a outras infecções, o que tem aumentado o uso de antimicrobianos na tentativa de reduzir os prejuízos. As medidas de controle aplicadas atualmente são baseadas na identificação e correção de fatores de risco (MORÉS, 2007).
O plasma sangüíneo produzido em sistema spray dry (plasma) é composto por imunoglobulinas, peptídeos, fatores de crescimento e outros nutrientes que possuem funções biológicas, e é utilizado tradicionalmente na nutrição de leitões. Araújo et al. (2002), em revisão sobre o assunto, concluiu que a utilização de proteína sangüínea na dieta de leitões desmamados melhora seu desempenho. A resposta é dependente da taxa de inclusão, idade e peso dos leitões, sanidade e condições do local de criação.
A melhora observada com a utilização do plasma é devida, principalmente, à ação de globulinas no intestino e pela alta qualidade de sua proteína, constituindo-se em um ingrediente importante na alimentação de leitões após o desmame. Butolo et al. (1999) em avaliação do plasma em leitões desmamados aos 21 dias de idade verificaram que inclusões de até 7,5% de plasma proporcionaram aumento no consumo diário de ração de 0 a 14 dias pósdesmama. Este efeito foi mantido no período de 15 a 28 dias pós-demama quando os animais receberam associação de 2,5% de plasma e 2,5% de hemácias produzidas por spray dry na dieta.
Stahly et al. (1994), verificaram que a taxa de crescimento e a eficiência da utilização dos alimentos em condições de maior exposição antigênica foram melhores para suínos consumindo plasma do que para o grupo controle, sem plasma. Coffey & Cromwell (1995) encontraram resultados similares, comparando leitões com e sem plasma na dieta. Leitões consumindo plasma apresentaram melhor desempenho em granjas comerciais, com desafios convencionais de campo, do que em ambiente controlado. Steidinger et al. (2002) verificaram que a suplementação com imunoglobulinas através da água de beber melhorou o desempenho de leitões precocemente desmamados, mesmo em dietas formuladas com elevada complexidade de ingredientes.
Em condições de saúde normal, sem desafios aos leitões, Jiang et al. (2000) constataram uma melhor utilização da proteína da dieta por aqueles que receberam plasma quando comparados aos animais alimentados com proteína de soja extrusada. Os leitões alimentados com plasma apresentaram 40% menos uréia circulante (P<0,05), bem como, melhoraram a eficiência na utilização da proteína da dieta para produção de carne magra.
Bosi et al. (2004) investigaram o impacto do plasma no desempenho e na saúde de leitões desafiados com Escherichia coli K88 enterotoxigênica. Verificaram que a utilização de 6% de plasma na dieta proporcionou um melhor desempenho e protegeu contra infecção pela Escherichia coli K88 enterotoxigênica, através da manutenção da integridade da mucosa intestinal, do aumento da defesa por anticorpos específicos e da redução da expressão de mediadores inflamatórios no intestino (ex. INF-α) nas placas de Peyer. Neste trabalho, os autores sugeriram que o uso do plasma pode ser considerado uma boa alternativa aos antibióticos.
Garriga et al. (2005) verificaram que o plasma reduziu os efeitos de enterotoxinas B de Staphylococcus aureus no transporte de glicose no intestino de ratos. A absorção da glicose foi 8% a 9% maior nos animais com plasma do que nos controles. Isto implica que este pequeno, porém, significativo aumento na capacidade de absorção possa contribuir para melhoria do ganho de peso e desempenho dos animais alimentados com plasma. Os autores também demonstraram que os animais alimentados com plasma tiveram redução na quantidade de água das fezes.
Os anticorpos presentes no plasma podem prevenir a excessiva estimulação do sistema imune, seja por ligação ou interferência na ação do patógeno na mucosa intestinal (DEPREZ et al., 1996).
Bosque et al. (2006), verificaram que o plasma evitou os efeitos da Enterotoxina B do Staphylococcus aureus (SEB) na função da barreira intestinal de ratos recém desmamados. Neste trabalho foram utilizados ratos desmamados aos 21 dias de idade que receberam plasma ou concentrado de imunoglobulinas (IC) até 34 a 35 dias de idade. O grupo controle não recebeu nenhum dos ingredientes anteriores neste período. Nos dias 30 e 33 os animais foram injetados, via intraperitoneal, com SEB. Nos animais tratados com plasma ou IC houve redução na permeabilidade intestinal quando comparados com os animais do grupo controle. Este fato pode prevenir a passagem de microorganismos e antígenos de alimentos para o espaço intersticial e, por conseguinte, bloquear o processo inflamatório local. Os autores concluíram que as dietas suplementadas como proteínas plasmáticas (plasma ou IC) podem prevenir, em parte, alterações na estrutura do epitélio durante o processo inflamatório e melhorar a função de barreira da mucosa intestinal. Esta observação também contribui para explicar a melhora no desempenho de animais de produção quando alimentados com proteínas plasmáticas.
Segundo a avaliação epidemiológica de fatores de risco associados à Circovirose, Dewey et al. (2000) observaram que, em rebanhos onde se fornecia pouco plasma para os leitões jovens, a mortalidade era de 4,4% e a refugagem de 3,7%. Por outro lado, os animais que consumiram mais plasma por um período mais longo da vida apresentaram mortalidade de 2,1% e refugagem de 1,6% (P<0,10).
Morés et al. (2005) conduziram dois experimentos na Embrapa Suínos e Aves para avaliar a utilização de plasma e ácidos orgânicos diluídos na água de beber de leitões com sintomas de SMD. O experimento 1 foi conduzido nas instalações de isolamento da Embrapa Suínos e Aves com leitões apresentando sintomas de circovirose, adquiridos em granjas de parcerias de uma integração do sul do país. Os leitões doentes foram selecionados 10 dias após o alojamento na parceria. O experimento foi iniciado no dia seguinte, na unidade de isolamento, e finalizado 39 dias depois. O experimento 2 foi realizado em 8 parcerias localizadas no sul do país cujos leitões apresentavam quadro clínico da SMD. Em cada parceria foram utilizados no mínimo 18 leitões que apresentavam início de sintomas compatíveis com a SMD, associada ao circovirus tipo 2. Os experimentos só foram iniciados após a confirmação do diagnóstico laboratorial de circovirose, através da necropsia, histopalogia e PCR em pelo menos 1 leitão com sintomas da doença, de cada parceria envolvida no teste. O teste nas parcerias foi iniciado entre 10 a 15 dias após o alojamento dos leitões. Foi observada tendência dos leitões tratados com plasma apresentarem melhor condição corporal (menor definhamento), menor freqüência de hipotrofia de timo e menos úlceras. Além disso, foi observada melhor conversão alimentar aos 15 a 29 dias de experimento (experimento 2), com diferença estatística, onde o grupo que recebeu a solução com AP 920 + ácido foi melhor que o testemunha. No Experimento 2, com adição do plasma AP 920 + ácido, embora sem diferença significativa, houve melhora clínica dos leitões tanto no estado corporal como na palidez e icterícia da pele nas avaliações realizadas aos 14 dias de experimento. Nos leitões que morreram havia menos animais com lesões da SMD e de úlcera gástrica do que nos animais do grupo controle.
Zanella et al. (2005), avaliaram o efeito do plasma + ácido na água de leitões com SMD sobre o perfil antioxidante do sangue dos leitões. Os resultados de quantificação da peroxidação lipídica indicam não haver diferença significativa entre os tratamentos com e sem plasma, respectivamente. No entanto, a análise da glutationa reduzida, mensurada através dos grupamentos tióis não protéicos, apresentou aumento significativo nos leitões que receberam plasma em comparação aos controles (p<0,01). O aumento do status redox intra eritrocitário no grupo tratado pode estar associado à atividade antioxidante do plasma e à atividade antimicrobiana do ácido orgânico, responsável por inibir o consumo de antioxidantes plasmáticos pelos microrganismos. Os leitões que receberam plasma + ácido orgânico apresentaram aumento na capacidade antioxidante nos eritrócitos e melhor conversão alimentar nas medidas realizadas nos 14 e 28 dias de experimento. Com isso, os animais tratados com plasma + ácido orgânico apresentaram uma melhora do sistema antioxidante de defesa, representado pelo aumento dos grupamentos tióis não protéicos.
Os resultados obtidos nos experimentos de Morés et al. (2005) e Zanella et al. (2005) sugeriram que o plasma poderia ter melhor efeito sobre os leitões se utilizado preventivamente, antes de apresentarem sinais clínicos da SMD, como, por exemplo, nas dietas de creche. Esta hipótese foi testada em um experimento conduzido pela Embrapa Suínos e Aves (MORÉS, 2007), e alguns de seus resultados são mostrados a seguir.
2 – SELEÇÃO DA GRANJA
Para a condução desse experimento localizou-se uma granja com quadro clínico de SMD em leitões na creche e nos terminadores parceiros e com histórico de mortalidade com nos últimos 4 meses acima de 5%. Para confirmar o diagnóstico, três leitões com sinais clínicos de SMD, foram eutanaziados para confirmação laboratorial da doença realizada por exames histopatológico e imunohistoquímica (IHQ) para o PCV2.
3 – DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O experimento foi delineado em blocos ao acaso com dois tratamentos e 9 repetições na creche e 18 repetições no crescimento por tratamento, utilizando-se o peso médio dos leitões no desmame para formação dos blocos. Foram estudados os efeitos de blocos (categoria de peso), sexo e tratamentos.
A fase de creche do experimento foi realizada em granja cerca de 1.150 matrizes para produção de leitões localizada no noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Nesta fase foram utilizados 560 leitões (280/tratamento) de um desmame semanal, realizado com idade média de 25 dias, alojados em uma sala de creche com 18 baias (16 baias para 32 e duas para 24 leitões cada). Os leitões foram distribuídos de forma aleatória considerando a localização da baia, peso e sexo. A ração foi fornecida "ad libitum" aos leitões em comedouro semi-automático com água.
Na saída da creche, aos 66 dias de idade, todos os leitões foram pesados e identificados com um brinco. Para a fase de crescimento e terminação foram selecionados 468 leitões, mantendo-se 234 em cada tratamento. Estes animais foram escolhidos após serem ordenados por peso escolhendo-se um grupo de 13 animais com peso o mais homogêneo possível, de mesmo sexo e pertencentes ao mesmo tratamento na fase anterior. Desta forma, este grupo de animais foi proveniente de diferentes baias que receberam o mesmo tratamento, na fase de creche, simulando a mistura de leitões de diferentes procedências que ocorre na prática. Os leitões foram alojados em um uma unidade de terminação distante cerca de 30 km da unidade de produção de leitões. Nesta instalação, os leitões foram distribuídos em 36 baias com 13 suínos cada, seguindo um delineamento em blocos ao acaso, com 18 blocos no total, sendo o bloco definido por duas baias de pesos similares, mesmo sexo e adjacentes. A alimentação foi restrita (seguindo tabela recomendada pela empresa) em comedouros lineares com cocho de concreto e basculante de madeira, de forma que todos os leitões tinham acesso ao alimento ao mesmo tempo. Nesta instalação os leitões foram acompanhados por mais 28 dias, quando o experimento foi encerrado.
Os leitões foram alimentados com as respectivas rações conforme segue:
- Na creche:
- ração pré-inicial 1 – do desmame, aos 25 até 39 dias de idade;
- ração pré-inicial 2 – dos 40 aos 52 dias de idade;
- ração inicial – dos 53 aos 66 dias de idade.
- Na fase de crescimento (no terminador parceiro) foi fornecida ração crescimento 1, por 14 dias, contendo antibióticos em doses preventivas (ração lanche), seguido por mais 14 dias com a mesma ração, porém sem antibióticos, encerando o experimento aos 28 dias de alojamento.
Foram testados dois tratamentos, conforme segue:
Tratamento A – com PLASMA: os leitões foram alimentados, seguindo o esquema acima citado, com adição de plasma conforme segue: 6,0% de plasma na ração pré-inicial 1; 3,0% na ração pré-inicial 2; 1,5% de na ração inicial; e 1,0% na ração de crescimento 1 fornecida nos primeiros 14 dias de alojamento no terminador (ração lanche). Após, por mais 14 dias foi fornecida a mesma ração crescimento 1 utilizada no grupo controle.
Tratamento B – sem PLASMA – Controle: os leitões foram alimentados com as rações sem a adição do plasma conforme esquema acima.
As rações utilizadas eram isonutritivas e foram formuladas para satisfazer as necessidades nutricionais dos leitões nas diferentes fases de criação. Nas composições das rações foi considerada a composição do plasma. Nos dois tratamentos, os leitões foram alimentados à vontade com as respectivas rações fareladas, tendo livre acesso à água de beber. O programa preventivo de antimicrobianos e promotores de crescimento foi o mesmo usado rotineiramente pela empresa.
4 – ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados de desempenho na fase de creche foi realizada utilizando-se a teoria de modelos mistos para medidas repetidas, considerando os efeitos de bloco, tratamento, idade e a interação dessas últimas duas variáveis, e 16 tipos de estruturas de matriz de variâncias e covariâncias, usando o PROC MIXED do SAS (2003), conforme Xavier (2000), sendo que a estrutura a ser usada na análise foi escolhida com base no menor valor do Critério de Informação de Akaike (AIC). O método de estimação usado foi o de máxima verossimilhança restrita.
As avaliações estatísticas dos anticorpos anti-PCV2 detectados por imunocitoquímica (ICQ), também, foram realizadas pela metodologia descrita no parágrafo anterior, porém utilizando as médias de 4 animais por baia e por idade de coleta.
A análise da variância foi utilizada para avaliar os dados de desempenho da fase de início de crescimento. No modelo da análise foram considerados os efeitos de bloco e tratamento.
Para mortalidade e sinais da SMD foi utilizada a análise de regressão logística, englobando os efeitos de tratamento e bloco.
5 – RESULTADOS
5.1 – Desempenho
Na Tabela 1 estão os dados de desempenho dos leitões na fase de creche. Houve diferença significativa (P<0,05) no peso dos leitões e no ganho de peso diários em todas as medidas realizadas na fase de creche. A diferença de peso médio dos leitões no final da creche (66 dias de idade) foi de 1,92 kg/leitão a favor do tratamento com plasma. Não houve diferença estatística (P>0,05) no coeficiente de variação do peso dos leitões em todas as medidas realizada. O consumo médio de ração foi superior (P<0,05) no grupo de leitões que receberam plasma em todas as fases de creche. A conversão alimentar houve tendência (P=0,087) em ser melhor no tratamento com plasma, sendo numericamente sempre inferior neste tratamento nas três fases de creche. O comportamento das variáveis de desempenho podem ser visualizados no Gráfico 1.
Com os dados de desempenho foram elaboradas equações (Gráfico 1) de predição da idade dos leitões para atingir 22 e 24 kg, que seria uma faixa de peso ideal para venda de leitões de final de creche. Nesse estudo, verificou-se que os leitões do grupo tratado com plasma atingiriam o peso de 22 e 24 kg em 2,3 e 2,2 dias, respectivamente, antes que os controles (Tabela 2).
No Gráfico 2 pode ser visualizado a curva de distribuição dos pesos dos leitões no final de creche (66 dias de idade), onde observam-se curvas semelhantes (sem diferença no desvio padrão), porém com peso médio maior para os leitões do tratamento com plasma.
Os dados de desempenho e da análise estatística dos dados da fase de crescimento estão na Tabela 3. Houve diferença significativa (P<0,05) no consumo de ração e no peso final (aos 94 dias de idade) com uma diferença de 2,28 kg/suíno a mais (45,12-42,84) no grupo tratado com plasma. Embora não tenha havido diferença estatística (P>0,05) no gmpd entre os tratamentos na fase de crescimento, o grupo tratado com plasma manteve a diferença que havia no final da fase de creche e ampliou em 16g por dia/leitão nesta fase.
A Tabela 4 apresenta o consumo individual de ração e plasma por fase dos leitões do grupo tratado. O consumo total de plasma previsto por leitão era de 680 gramas, enquanto o consumo real foi de 1.116 gramas do produto ou seja 436 gramas acima do previsto, devido ao maior consumo de ração por leitão.
Tabela 1. Médias e erros padrões das variáveis de desempenho na fase de creche.
5.2 – Sinais da SMD e mortalidade
Na Tabela 5 são apresentados os dados de freqüência de leitões com sinais da SMD e de mortalidade. No inicio do experimento (no desmame) não foram observados sinais da SMD em ambos tratamentos, enquanto que aos 39, 52 e 66 dias de idade, houve menor freqüência (P < 0,05) de leitões com sinais da SMD no grupo tratados com plasma, em relação aos controles.
5.3 – Perfil de anticorpos para o PCV2
Considerando que os leitões amostrados para realização do exame de ICQ para PCV2 estavam distribuídos em todas as baias (4 leitões/baia), a infecção pelo vírus estava amplamente disseminada nos leitões de ambos tratamentos (Tabela 6).
Na Tabela 7 estão os resultados dos exames de anticorpos para o PCV2. Houve efeito de bloco e de idade no título de anticorpos para o PCV2. Embora não houve efeito de tratamento (P=0,0856) sobre os anticorpos contra o PCV2, quando os dados foram avaliados nas diferentes idades de amostragem, observa-se diferença significativa entre os tratamentos aos 52 dias de idade, quando teve aumento no título de anticorpos anti-PCV2 nos leitões que receberam plasma. Isso pode ser melhor visualizado no Gráfico 3, e sugere que os leitões que receberam plasma tinham melhor capacidade de resposta imunológica ao PCV2. Também fica claro no Gráfico 3 que os títulos sangüíneos se elevaram com a idade em ambos os tratamentos após o desmame.
Gráfico 1. Perfis médios das variáveis de desempenho na fase de creche em função do tratamento.
Tabela 2. Idade estimada para os leitões atingirem peso vivo de 22 e 24kg, baseado nas equações de desempenho.
Gráfico 2. Curva da distribuição normal dos pesos médios dos animais aos 66 dias de idade.
Tabela 3. Médias e erros padrões para as variáveis de desempenho no início do crescimento.
Tabela 4. Quantidade de ração e de Plasma AP 920® ingerido por leitão do grupo tratado.
Tabela 5. Porcentagens de mortalidade e de ocorrência da SMD em função do tratamento, e "odds ratio" para comparação dos tratamentos.
Tabela 6. Freqüência de leitões com exame sorológico positivos para o PCV2 na técnica de imunocitoquímica.
Tabela 7. Médias e erros padrões e títulos de anticorpos contra PCV2 pela técnica de imunocitoquímica (ICQ) na fase de creche e início do crescimento.
Gráfico 3. Perfis médios dos títulos de anticorpos contra PCV2 na fase de creche e início do crescimento.
5.4 – Análise econômica
Foi realizada análise econômica simulando os resultados zootécnicos apresentados em três diferentes cenários para definição de preço de referênica do plasma para que seu uso seja vantajoso. Aqui serão apresentados os dados levando-se em consideração uma conjuntura média do mercado suinícola entre os anos de 2000 e 2006.
Considerando-se a realidade do experimento, os dados indicam uma amplitude significativa nos valores máximos que podem ser investidos na utilização do plasma por suíno a fim de igualar a margem bruta do produtor de suínos, conforme a Tabela 8.
Tabela 8. Preço máximo do plasma, considerando um cenário econômico médio (2000-2006) e as fases do ciclo produtivo.
6 – COMENTÁRIOS
Nesse experimento, o plasma no tratamento em que foi usado proporcionou melhor ganho de peso dos leitões, maior ingestão de alimento, mas não melhorou a conversão alimentar dos leitões. Isso significa que o melhor desempenho dos leitões, em grande parte, se deve a maior ingestão de alimento, provavelmente por torná-lo mais palatável, e pela menor ocorrência de animais com sinais clínicos da SMD. A menor ocorrência de leitões com sinais da SMD nos leitões que receberam plasma, se deva a uma melhor condição nutricional e uma melhor capacidade de resposta imunológica ao PCV2. Os leitões que receberam plasma apresentaram melhor resposta imunológica ao PCV2 aos 52 dias de idade.
Uma análise econômica do experimento deve ser interpretada com certo cuidado porque tanto o preço dos insumos como o preço dos leitões variam freqüentemente entre as regiões e entre as empresas que vendem os insumos e compram os leitões. O fato é que os leitões alimentados com ração contendo o plasma atingiram o peso ideal de venda na creche (com 22kg), 2,3 dias antes que os leitões controles. Isso têm conseqüências importantes no manejo do fluxo de produção normal de uma granja, permitindo dar um período maior de vazio sanitário entre os lotes. Ademais, os leitões que receberam o plasma, em função de apresentarem melhor desempenho que os controles, provavelmente terão vantagens indiretas não medidas nesse experimento, como menor utilização de antimicrobianos para tratamentos de leitões doentes e menor índice de condenações de carcaças por ocasião do abate.
Outro aspecto que deve ser considerado é que, em média, os leitões ingeriram maior quantidade de ração por fase porque os leitões, em média, eram 4 dias mais velhos do que o previsto (25 dias ao invés de 21 dias de idade). Com isso, cada leitão do grupo tratado consumiu mais plasma, do que previsto, onerando os gastos com esse produto. Entretanto, não se sabe se isso interferiu no desempenho dos leitões.
7 – CONCLUSÕES
O plasma melhorou o peso e o ganho de peso dos leitões nas diferentes fases de creche que foi ampliada no inicio do crescimento (até os 94 dias de idade). Essa diferença no peso final foi de 2,28kg/leitão.
O plasma reduziu em 2,3 dias a idade para atingir o peso considerado ideal para venda de leitões de creche de 22,0 kg.
O aumento no ganho de peso nos leitões tratados com o plasma deveu-se ao aumento no consumo de ração e a menor ocorrência de leitões com sinais clínicos da SMD.
O PLASMA não alterou o coeficiente de variação do peso dos leitões.
Os leitões tratados com o plasma apresentaram melhor conversão alimentar na fase de creche num nível de probabilidade de 0,087.
Os leitões que receberam plasma apresentaram melhor capacidade de resposta imunológica ao PCV2.
O plasma reduziu a manifestação clínica da SMD nos leitões até os 94 dias de idade.
8 – REFERÊNCIAS
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