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Ultrassonografia em porcas gestantes: oportunidade para melhoria do desempenho reprodutivo em granjas

Publicado: 5 de junho de 2020
Por: Hebert Silveira, nutricionista de suínos na Agroceres Multimix
Foto: Agroceres PIC
O diagnóstico precoce e preciso da gestação tem o potencial de aumentar a eficiência reprodutiva e, consequentemente, a receita financeira na produção de suínos, reduzindo os dias não produtivos por porca por ano. Como discutido no nosso artigo técnico sobre gerenciamento dos dias não reprodutivos da granja: “Atenção e boa gestão sobre os dias não produtivos dentro de uma granja de suínos com 1.500 matrizes pode gerar receita anual superiora a 20 mil reais para o suinocultor.”
Trabalhos demonstram que cerca de 20% dos dias não produtivos (DNPs) das granjas ocorrem devido a falhas reprodutivas (Knox and Flowers, 2006). Dessas falhas, 75% das perdas reprodutivas por repetição de cio na granja ocorrem entre os dias 24 a 42 após cobertura, Os 25% restantes das falhas são perdas de gestação após 42 dias de cobertura.  A identificação precoce de animais não gestantes pode facilitar nova cobertura ou a remoção da fêmea do plantel, o que reduzirá os DNPs da granja.
Entretanto, no dia a dia do campo, a detecção da repetição de cio ainda continua deficiente e muito dependente da equipe, acarretando perdas econômicas ao produtor. Muitas dessas falhas na detecção de cio ocorrem por falta de atenção no procedimento de passagem do macho, que em muitas granjas têm sido reduzida para uma vez ao dia.
Nesse sentido, a ultrassonografia surge como uma ferramenta tecnológica valiosa para dar suporte na tomada de decisão dentro da granja, uma vez que permite a visualização do trato reprodutivo em tempo real, sendo possível diagnosticar com alta acurácia as gestações positivas.
O diagnóstico bem-sucedido do status da gestação depende da qualidade do ultrassom, das habilidades e experiência da pessoa que realiza o exame. Geralmente, ao se utilizar a ultrassonografia para detectar a gestação, o desafio é ser capaz de determinar a real condição da porca, o que depende de muito treinamento.
Para a realização da ultrassonografia, o transdutor é colocado na superfície ventral do abdômen, logo acima dos três últimos complexos mamários, desde a inserção do úbere, até a prega do flanco (Figura 1). O exame para avaliação da gestação pode ser realizado tanto pelo lado direito como pelo esquerdo do animal, sendo que o estômago repleto e cólon podem, frequentemente, empurrar o útero para o lado direito do abdômen, onde é mais fácil de se realizar o exame. As frequências utilizadas no equipamento são: 3,5 MHz e 5 MHz, devido à penetração da onda que essas frequências proporcionam, sendo 3,5 MHz a mais utilizada.
Figura 1: Localização onde o transdutor é colocado na superfície ventral do abdômen, logo acima dos três últimos complexos mamários, desde a inserção do úbere, até a prega do flanco. Foto: Agroceres PIC
A primeira indicação de prenhez no exame ultrassonográfico é a detecção de líquido dentro do útero, que aparece na imagem como estruturas circulares não ecogênicas, as quais representam as vesículas embrionárias, envolvidas por uma estrutura ecogênica que representa a parede do útero (Figura 2). Para fêmeas vazias, a imagem se caracteriza por estruturas circulares ou em forma de faixa, com tonalidade medianamente ecogênica (Figura 3). O uso de um transdutor de 3,5 a 5 MHz, a partir do dia 20–21 após a reprodução, fornece um grau ideal de precisão para determinar se um animal está gestante ou retornará ao estro. Em casos de dúvidas, o mais importante é realizar o diagnostico novamente, em conjunto com grupo da semana seguinte.
Figura 2: Imagem ultrassonográfica de útero gravídico. Gestação de 20 dias (A); Gestação em torno de 35 dias (B); Gestação > 90 dias (é possível observar a coluna vertebral e o estômago do feto). Fonte: Comunicado técnico Embrapa 571, 2019.Figura 3: Imagem ultrassonográfica de útero não gravídico. Período pós inseminação de 21 dias, observem a falta de círculos negros na área do útero. O círculo mais escuro no canto da imagem é a bexiga. Fonte: Pork information Gateway, 2006.
Um dos erros que podem ocorrer ao utilizar o ultrassom em tempo real envolve o momento inadequado para o diagnóstico. Isso é crítico, especialmente no dia 24, uma vez que algumas fêmeas podem não ter ovulado e iniciado a gestação no primeiro dia após a primeira inseminação. Com isso, o ideal é iniciar a contagem após a última dose inseminante. Portanto, deve-se ter cuidado ao diagnosticar a gestação com menos de 24 dias. Se os animais forem identificados como vazios até o dia 24, estes devem ser avaliados novamente alguns dias depois para confirmar o diagnóstico. Além disso, é importante enfatizar que: as fêmeas diagnosticadas como gestantes não precisam ser verificadas novamente através do ultrassom. A utilização do ultrassom não exclui a utilização do macho para detecção de cio, este é imprescindível para avaliar fêmeas que tiveram micro abortos.
É muito importante ressaltar que apenas a ultrassonografia não corrige erros de manejo, nem melhora a produtividade do rebanho. É necessário avaliar os dados, procedimentos, resultados e tomar as decisões corretas para melhoria da taxa de concepção, taxa de parição e, consequentemente, redução dos dias não produtivos da granja. O acompanhamento dos dias não produtivos e melhoria dos índices reprodutivos da granja é fundamental para otimizar a lucratividade da granja.
Publicado originalmente  no Blog Nutrição Animal – Agroceres Multimix

Flowers., W.; Knox, R. Pregnancy Diagnosis in Swine. Pork information gateway, 2006. Acesso em:

Kauffold, J.; Althouse, G.C. An update on the use of B-mode ultrasonography in female pig reproduction. Theriogenology 2007, 67, 901–911.

Kauffold, J.; Peltoniemi, O.; Wehrend, A.;  Althouse, G.C. . Principles and Clinical Uses of Real-Time Ultrasonography in Female Swine Reproduction. Animals 20199 (11), 950;

Knox., R.; Flowers, W. Using real-time ultrasound for pregnancy diagnosis in swine. FactSheet, Pork Information Gateway. U.S. Pork Center of Excellence, 2006.

Marques., M.G.; Leal., D.F.; Jorge Neto., P.N.; Viana, C.H.C. Como utilizar a ultrassonografia para melhoria de desempenho reprodutivo das fêmeas suínas. EMBRAPA – Comunicado técnico 571. Concórdia, SC Dezembro, 2019.

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