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Produção Suínos Cama Sobreposta

Meio Ambiente: Cama sobreposta

Publicado: 21 de setembro de 2010
Por: Prof. Roberto Carlos V. de Oliveira (Esp. Met. do Ensino – UMESP – Universidade Metodista de São Paulo)
Nos últimos anos as leis ambientais brasileiras estão se tornando mais rigorosas, havendo necessidade dos setores agropecuários adequarem-se a essas exigências, seja para a manutenção da qualidade ambiental, ou para atender as tendências internacionais que condicionam abertura de mercado ao impacto ambiental das produções.
 O sistema de confinamento tradicional, embora constitua a base de expansão e produtividade da suinocultura no Brasil, ao induzir a adoção de manejo de dejetos na forma liquida, favorecem o lançamento de seus efluentes na natureza (sem tratamento prévio), sendo considerado como uma das principais fontes de degradação ambiental. Este aspecto, é conseqüência do aumento nos custos de armazenagem, transporte, distribuição e da maior exigência de investimentos por parte dos produtores para a questão dejetos. O sistema de criação de suínos sobre cama, que consiste no armazenamento e tratamento dos dejetos no próprio local em que são produzidos, pode ser uma solução alternativa para a situação, onde devem ser avaliados desempenho zootécnico, sanitário e econômico, pois há valorização agronômica dos mesmos (cama), redução dos custos de investimentos e operacionalidade do sistema.
O sistema de produção de suínos em cama sobreposta, é um sistema alternativo, que apresenta como principais características  o baixo custo de implantação, maior facilidade no tratamento dos dejetos, menor poder poluente e proporciona maior conforto e bem -estar aos animais.
Segundo levantamentos realizados no Oeste de Santa Catarina, 90% das fontes de abastecimento rural, tanto humana, quanto animal, apresentam contaminação por coliformes fecais  e  os níveis de nitrato começam a atingir níveis preocupantes. Fica cada vez mais evidente a necessidade de se buscar  alternativas  que  possibilitem vislumbrar uma maior sustentabilidade da cadeia produtiva da suinocultura do pais.
Sistema de criação em cama sobreposta
O sistema de criação de suínos em unidades de cama sobreposta consiste na utilização de um leito profundo composto por um substrato (maravalha, palha, casca de arroz, bagaço de cana, entre outros) eu irá absorver os dejetos produzidos pelos animais, durante o período de permanência destes na unidade.
 Vantagens do sistema: Representa uma alternativa ao sistema de engorda em baias convencionais pois dispensam a necessidade de instalações destinadas ao manejo do dejeto liquido , tais como canaletas, esterqueiras e / ou lagoas, entre outros, proporcionando redução de custos na construção das instalações e no transporte de dejetos.
A redução do mau odor caracteriza-se como outra importante vantagem,  conseqüentemente a proliferação de vetores nas unidades produtoras, uma vez que os dejetos absorvidos e o substrato sofrem fermentação aeróbica, resultando em um material, que posteriormente, poderá ser comercializado como adubo orgânico.
Estudos recentes demonstraram a grande eficiência das camas resultante do processo como condicionadores de solo, comparados a fertilizantes químicos e dejetos líquidos aplicados nas culturas de milho e aveia. Entretanto, como para qualquer fertilizante, há necessidade de se atentar para a correta aplicação desse material, considerando-se a sua composição e o tipo de solo e cultura ao qual será destinado.
Alguns pesquisadores demonstraram que o desempenho zootécnico de suínos em fase de crescimento e terminação, criados sobre cama de maravalha, quando comparado a sistemas de piso ripado (total ou parcial) não obtiveram diferenças significativas, sendo o peso médio dos animais ligeiramente superior no sistema de criação de suínos sobre camas, bem como para o rendimento de carcaça e a espessura de toucinho. Resultados parecidos sobre o desempenho de suínos criados em sistema de cama sobreposta, quando comparados ao piso ripado, também foram encontrados.
Desvantagens: Maior consumo de água no verão (+15%); maior cuidado e necessidade de ventilação nas edificações, para retirada do vapor d'água;
Requer bom nível sanitário dos animais no plantel;
Necessidade de prever, resíduos (maravalha, palha de arroz, palha, bagaço de cana, outros) para o aproveitamento como cama.
Referências Bibliográficas
PERDOMO, C. C. Impacto da Suinocultura sobre o Meio Ambiente, In: II SUINOTEC, CONFERENCIA INTERNACIONAL SOBRE CIENCIA E TECNOLOGÍA DE PRODUÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO DE SUINOS, Campinas (SP). 1996. Promoção CTC- ITAL ANAIS... p. 87 - 97.
ANAIS... VIII CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM SUINOS. Foz do Iguaçu - PR 1997 p. 421 - 422.       
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Autores:
Roberto Carlos Vicente de Oliveira
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Nelson Morés
Embrapa Suínos e Aves
1 de diciembre de 2010

Nossa equipe no passado recente fez alguns trabalhos de cama. O que ficou claro que o sistema de cama profunda é um fator de risco para a linfadenite, pois o agente permanece e se multiplica na cama e, devido ao hábito do suíno ingerir certa quantidade de cama, acaba se contaminando e desenvolvendo as lesões da doença. No passado, pelo menos na região sul do Brasil, o que limitou o uso do sistema de cama profunda foi exatamente a ocorrência de linfadenite. Todavia, caso o sistema for bem utilizado, respitando área por animal, higiene, origem procedência dos leitões de fontem onde essa infecção é controlada, etc, a ocorrência da doença pode ser bastante reduzida. Nos nossos estudos, quanto a ocrrência de linfadenite, a cama de serragem é pior que a de maravalha e estas duas são piores que a casca de arros.Outro cuidado sanitário importante no sistema de cama profunda é a ocorrência de endoparasitos.

Nelson Morés,
Pesquiador da Embrapa

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Eduardo von Atzingen
S.O.S. Suínos
2 de julio de 2013

A utilização de cama sobreposta está limitada não ao tamanho da granja, e sim ao projeto em si, específico, bem elaborado, e dimensionado, para tal, e principalmente com a disponibilidade de cama, "substrato" palha de arroz, feijão, café, bagaço de cana, milho, capim, casca de arroz, serragem, cepilho, etc., tudo isto muito seco, e de preferência dentro da propriedade em custo zero, senão já começa a inviabilizar o sistema. E fundamentalmente o manejo e lotação.

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Ricardo Medeiros
1 de julio de 2013

Caro Eduardo, vou falar como economista: temos que procurar um meio termo para a criação industrial de suínos. As leis ambientais no mundo todo estão ficando mais a mais rígidas, procurar alternativas para o que estamos discutindo, agregar diversos conhecimentos, ver todos os gargalos são de fundamental importância. Considero fundamental o que você está fazendo, testando, quando tiver notícias de uma granja de maior volume desta técnica, favor disponibilizar! Saudações.

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Eduardo von Atzingen
S.O.S. Suínos
15 de febrero de 2011

Ref: CAMA SOBREPOSTA, concordo com tudo acima exposto, com uma ressalva pode funcionar muito bem, se BEM utilizada. Faço algumas observações fundamentais. Tenho um projeto PILOTO modular de 12 matrizes, (cama sobreposta) na gestação, maternidade e engorda instalado e funcionando à 5 anos, como modelo e primeira recomendação. Cama sobreposta é para quem tem a cama, fácil, disponível e de graça, e VOLUME. Gasto 240 Metros Cúbicos de cama para encher os 2 galpões 1 vez por ano. (casca de arroz). Uso na granja de 12 matrizes (como disse é piloto) para os próximos projetos, e com dois galpões: 372 metros quadrados, para um plantel medio de ciclo completo 120 / 130 animais, entre Matriz, reprodutor, leitões na maternidade e leitões na engorda, uso sistema de desmama tardia 38 a 42 dias, e tiro o leitão da maternidade direto para a terminação engorda (wean to finish) e ele só sai da engorda para o abate. 14 semanas depois. Galpões com cama profunda de casca de arroz com mais de 60 centímentros de profundidade, em todas as baias, com drenos no piso. Segredo é zero de água de bebedouros e de chuva na cama, paredes baixas e bem ventilado, galpões estreitos e com pe direito alto, e todos com lanternim, ventiladores, e cortinas. Manejo adequado para cama sobreposta. Fazemos monitoria sanitária, acompanhamento de abate, e não temos tido problemas. Obs: é uma granja pequena, sem moscas, sem cheiro, sem dejetos, sem canaletas, sem tanques de dejetos. Mas uma vez por ano promovemos uma troca gradativa de toda a cama dos galpões, este material orgânico vai para lavoura.

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Eduardo Olivieri
5 de enero de 2011

A análise do Dr. Duarte Santos é pertinente, pois muitas das considerações feitas por ele foram observadas em uma suinicultura aqui em Nova Friburgo-RJ. Principalmente com ocorrência de doenças endoparasitárias

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Luiz Antonio Fernandes
IFMS - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
6 de diciembre de 2010

Se os aspectos que se concluem relativo a criação de suinos em cama sobreposta no que diz repeito ao material usado na cama, o custo relativo ao transporte e alocação, a sua contaminação com o desenvolvimento e proliferação de uma série de microorganismos, alguns patogénicos, causadores de leptospirosis, coccidioses, linfadenites, endoparasitarios, o fator da conversão alimentar ser inadequada conforme apresentado pelo Sr. Duarte, e do Sr. Nélson, no meu entender como técnico não é viável economicamente e principalmente pelo aspecto de sanidade e meio ambiente. Nesse caso, solicito que seja considerado a não recomendação do uso de cama sobreposta na criação de suíno. Seja alertada para os problemas de sanidade animal e meio ambiente. Seria interessante que fosse considerado também a de sanidade animal, além do meio ambiente. Os trabalhos existentes sobre o assunto deverão ser revistos.

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Marcos Tavares
Marcos Tavares
2 de diciembre de 2010
Prezados Recomendo a quem estiver pensando implantar este sistema fazer antes uma visita a uma granja que já utiliza. Pessoalmente não recomendo pelos motivos expostos acima. No final de tudo ainda vão querer pagar barato pelo adubo gerado. Sinceramente, não sei se compensa.
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Duarte Santos
Duarte Santos
2 de diciembre de 2010

Adicional ao meu anterior comentário, gostaria ainda de lembrar que o uso de cama na criação de suínos tem também sérias implicações na alimentação e daí, por extensão, no rendimento do animal. Numa das explorações que tive sob minha gerência, tentamos usar camas com palha de milho, para verificar se tal procedimento levaria a quaisquer melhores resultados de produção. Verificou-se que a grande maioria (talvez a totalidade das porcas) perdia peso e de forma geral se apresentavam com aspecto menos saudável o que logo se notou ser consequência de ingestão da palha de milho. (Hoje posso concluir que se fosse vinhaça ou palha de arroz ainda poderia ter sido mais grave). O suíno não tem, como todos sabemos, a vantagem dos ruminantes neste aspecto nutricional, e que o digam os nutricionistas (eu sou um deles), pela “ginástica” que temos que fazer para manter o equilíbrio nutricional na formulação de rações para suínos. Ao ingerir a palha, e como eles gostam dela!, resulta que o animal fica com a falsa noção de estar alimentarmente saciado, quando é justamente o oposto, pois que o fraco (relativamente) valor nutricional da palha vai reduzir a ingestão da ração, com o seu equilíbrio de todos os valores necessários ao animal. Mais recentemente foi científicamente observado que a disponibilidade e utilização de vários aminoácidos é reduzida, em especial nas dietas em que a treonina exerce o efeito limitador, quando o teor de fibra é aumentado sem ser “equilibrado” com os restantes components nutricionais da ração. Como não é possível determinar o valor de fibra que os animais ingerem, também não é possível compensar a ração, nem tal seria económicamente aconselhável.

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Duarte Santos
Duarte Santos
2 de diciembre de 2010

Isto lembra-me a historia do indivíduo que tinha uma dor de cabeça, deu uma forte martelada num dedo, como esta dor era mais forte ele esqueceu a dor de cabeça.
Aqui no Canada, onde as condições climatéricas seriam mais convidativas ao uso de cama, alguns anos atrás o assunto foi investigado e chegou-se à conclusão do procedimento não ser recomendado.
As camas, seja lá qual for o material usado palha de milho, feno, serradura, papel, excedente de cana, etc., proporcionam um ambiente ideal para o desenvolvimento e proliferação de uma multitude de microorganismos, alguns patogénicos, de entre os quais se poderá destacar os causadores de leptospirosis, coccidioses, linfadenites, endoparasitarios, etc. Além dos muito importantes aspectos sanitários, o uso de cama vem sobrecarregar a força laboral pois que se torna necessário o seu transporte e colocação, e em breve tempo, a sua remoção e tratamento (nem que seja sómente compostagem). Tem também custos envolvidos, desde o seu próprio até ao do seu manejo. Para o bem estar do animal, e para o seu melhor desempenho, nada como um piso seco, com temperatura, ventilação e humidade adequadas. Porque não tratar os dejetos que se acumulam no tanque de recepção? Seria mais fácil, talvez até mais económico e, definitivamente, ecológicamente mais eficiente. Inúmeros processos existem para o fazer. Porquê dar a martelada no dedo ? Trate-se, isso sim, a tal dor de cabeça.

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Rodrigo Mariano Volpato
19 de octubre de 2010

Acredito que o grande motivo pelo qual o sistema de cama sobreposta ainda não tem grande utilização é justamente a disponibiladade de material para a cama. Aqui na minha região há grande disponiblidade de maravalha , porém mesmo assim ainda não conheço nenhuma produção comercial neste sistema .

Acredito que seja necessário se estudar outros produtos para a cama , a palha de arroz acredito que seja a que substitua a serragem , porém o bagaço de cana seja um potencial substituto. Quanto a palhada do milho , não tenho conhecimento mas acredito que possa a vir a trazer problemas principais relacionadas a fungos e outros microorganismos que possam vir a causar algum problema nos animais.

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