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INFLUÊNCIA DA SUPLEMENTAÇÃO DE 25-HIDROXICOLECALCIFEROL SOBRE O DESEMPENHO DE LEITÕES DOS 28 AOS 63 DIAS.

Publicado: 20 de abril de 2016
Por: JESSICA M. S. FURTADO1*, DIEGO A. M. BRAGA1, JUAREZ L. DONZELE1, RITA FLÁVIA M. O. DONZELE1, FRANCINE T. F. DIAS2. 1 Universidade Federal de Viçosa – UFV – Viçosa-MG; 2 DSM Produtos Nutricionais Brasil. São Paulo/SP
Sumário

Foi realizado um experimento com objetivo de avaliar o desempenho de suínos dos 28 aos 63 dias de idade, alimentados com dietas contendo metabólito ativo da vitamina D3 (25- hidroxicolecalciferol (25(OH)D3) e níveis decrescentes de cálcio e/ou de cálcio e fósforo digestível nas rações. Foram utilizados 210 leitões machos castrados e fêmeas, híbridos comerciais, desmamados aos 28 dias de idade. Os animais foram distribuídos em delineamento experimental de blocos ao acaso, em um arranjo fatorial 3 x 2 + 1, sendo três níveis de cálcio (92, 84 e 76% das recomendações nutricionais contidas em Rostagno et al., 2011 para cada fase avaliada), dois níveis de fósforo digestível (nível fixo ou variando mantendo-se a proporção com o cálcio (Ca: Pdig.) dentro de cada fase) e uma ração controle com níveis de cálcio de fósforo digestível recomendados por Rostagno et al. (2011), totalizando-se sete tratamentos com 10 repetições e três animais por unidade experimental. Não foi observado efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre as variáveis de desempenho avaliadas nas diferentes fases de desenvolvimento (28 aos 35; 28 aos 49; 28 aos 63 dias de idade). Conclui-se que a suplementação de 2.000 UI de 25(OH)D3 por quilograma, em rações cujo níveis de cálcio e fósforo digestível foram reduzidos em até 24 %, não influencia o desempenho de leitões dos 28 aos 63 dias de idade.

 

Palavras-chave: nutrição; suínos; 25-hidroxicolecalciferol.

 
Introdução
O período inicial após o desmame é uma fase crítica para o desenvolvimento dos suínos. O estresse pode gerar alterações fisiológicas que favorecem a perda da integridade da mucosa intestinal e a inibição da ingestão de alimento. Portanto, tem-se buscado alternativas que minimizem os efeitos negativos do desmame sobre a saúde e o desempenho dos leitões. Dentro deste contexto, tem sido demonstrado que os leitões recém-desmamados possuem concentrações sanguíneas de 25- hidroxicalciferol (25(OH)D3) e 1,25-dihidroxicalciferol (1,25(OH)2D3) insuficientes para o adequado desenvolvimento corporal (Flohr et al, 2012). Ainda os níveis dietéticos de vitamina D podem influenciar a resposta imune dos animais e o crescimento ósseo, sendo estes fatores atuantes sobre a taxa de crescimento corporal. Com base nestas informações, pode-se inferir que rações contendo níveis subótimos de vitamina D3 podem levar a alterações metabólicas que geram uma piora de desempenho dos leitões no período pós-desmame. Logo, tem-se a demanda por alternativas para a suplementação de vitamina D3 que maximizem o desempenho de leitões recém-desmamados.
 
Material e Métodos
Foram utilizados 210 leitões machos castrados e fêmeas, híbridos comerciais, com alto potencial genético para a deposição de carne na carcaça e desmamados aos 28 dias de idade. Os animais foram distribuídos em delineamento experimental de blocos ao acaso, em um arranjo fatorial 3 x 2 + 1 sendo três níveis de cálcio (92, 84 e 76% das recomendações nutricionais contidas em Rostagno et al., 2011 para cada fase avaliada), dois níveis de fósforo digestível (nível fixo de acordo com a exigência nutricional e nível variando mantendo-se a proporção com o cálcio (Ca: Pdig.) dentro de cada fase) e uma ração controle feita com os níveis de cálcio e fósforo digestível preconizados por Rostagno et al. (2011), totalizando sete tratamentos com 10 repetições e três animais por unidade experimental. A unidade experimental foi constituída pela gaiola e na formação de blocos foi considerado como critério o peso inicial dos animais. As reduções dos níveis de cálcio (T2 a T4) (na ordem de 8, 16 e 24 %, com alteração da relação Ca:P dig) foram realizadas com a substituição do calcário calcítico pelo inerte, mantendo-se o fósforo digestível fixo. As demais reduções dos níveis de cálcio (T5 a T7) (na ordem de 8, 16 e 24 %, mantendo-se fixa a relação Ca:P dig) foram realizadas com a substituição do calcário calcítico e do fosfato bicálcico pelo inerte. Todas as rações experimentais, com exceção do tratamento controle, que continha 2000 UI de vitamina D3, foram suplementadas com 25(OH)D3 ao nível de 2.000 UI por quilograma de ração, sendo este adicionado ao premix vitamínico. As pesagens dos animais foram realizadas aos 28, 35, 49 e 63 dias de idade. Foram calculados o consumo médio de ração diário (CRD), o ganho médio de peso diário (GPD), o peso médio final (PMF) e a conversão alimentar (CA) de cada fase avaliada. As sobras de ração foram coletadas diariamente e descontadas no cálculo final do consumo alimentar. Os dados obtidos foram submetidos a uma análise de variância ao nível de 5 % de significância, utilizando-se o programa SAS. Eventuais diferenças entre os tratamentos foram avaliadas pelo teste de Dunnett, utilizando-se o tratamento 1 (2000 UI de vitamina D3) como controle.
 
Resultados e Discussão
Não foi observado efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre as variáveis de desempenho avaliadas nas diferentes fases de desenvolvimento (28 aos 35; 28 aos 49; 28 aos 63 dias de idade) (Tabela 1).
 
Tabela 1 – Desempenho de leitões nos períodos de 28 aos 35, 28 aos 49 e 28 aos 63 dias de idade.
INFLUÊNCIA DA SUPLEMENTAÇÃO DE 25-HIDROXICOLECALCIFEROL SOBRE O DESEMPENHO DE LEITÕES DOS 28 AOS 63 DIAS. - Image 1*T1: tratamento controle; T2: redução de 8 % da exigência de Ca; T3: redução de 16 % da exigência de Ca; T4: redução de 24 % da exigência de Ca; T5: redução de 8 % da exigência de Ca mantendo-se fixa a relação de Ca:P dig; T6: redução de 16 % da exigência de Ca mantendo-se fixa a relação de Ca:P dig; T7: redução de 24 % da exigência de Ca mantendo-se fixa a relação de Ca:P dig; T2 – T7: suplementados com 2.000 UI de 25- Hidroxicolecalciferol.
 
Sabe-se que Rortvedt & Crenshaw (2012) afirmaram que leitões alimentados com rações contendo níveis adequados de vitamina D3 e deficientes em cálcio e fósforo apresentaram piora no desempenho. Assim o padrão de resposta de desempenho dos leitões obtidos neste estudo seria indicativo de que a inclusão de 25(OH)D3 nas rações com níveis usuais de vitamina D3 provavelmente aumentou a eficiência de absorção intestinal de cálcio e fósforo. Essa hipótese está coerente com os relatos de Driver et al., (2006), que afirmaram que o 25(OH)D3 participa mais efetivamente que a vitamina D3 na absorção intestinal do cálcio. Destaca-se também que diversos estudos têm demonstrado ainda que os leitões no pós-desmame possuem baixos níveis de 25(OH)D3 no sangue. Conforme observado por Flohr et al. (2014), a suplementação de vitamina D3 acima dos teores basais levou a um aumento dos níveis sanguíneos de 25(OH)D3 em leitões na fase de creche. Ainda Sugiyama et al., (2013) verificaram que a adição de 25(OH)D3 na ração de suínos resultou em aumento na síntese endógena de 1α25(OH)2-D3, que reconhecidamente atua favorecendo ambos a absorção de cálcio e fósforo no intestino e a reabsorção de cálcio e fósforo nos rins. Estes resultados corroboram que o efeito positivo da adição de 25(OH)D3 é oriundo de um melhor aproveitamento do cálcio e do fósforo fornecido aos animais, sendo que em situações de excesso de vitamina D3 mas com deficiência destes elementos nas rações, tem-se uma piora de desempenho.
 
Conclusão
A suplementação de 2.000 UI de 25(OH)D3 por quilograma, em rações cujo níveis de cálcio e fosforo digestível foram reduzidos em até 24 %, não influencia o desempenho de leitões dos 28 aos 63 dias de idade.
 
Referências Bibliográficas
1. DRIVER, J.P; ATENCIO, A.; PESTI, G. M. EDWARDS, H. M.; BAKALLI, R. I. The effect of maternal dietary vitamin D3 supplementation on performance and tibial dyschondroplasia of broiler chicks. Poultry Science, v. 85, pag. 39-47, 2006.
2. FLOHR, J.R.; TOKACH, M.D.; DRITZ, S.S. et al, 2013. The effects of orally supplemented vitamin D3 on serum 25(OH)D3 concentrations and growth of pre-weaning and nursery pigs. Nursery Nutrition and Management.
3. RORTVEDT, L. A., & T. D. CRENSHAW. Expression of kyphosis in young pigs is induced by a reduction of supplemental vitamin D in maternal diets and vitamin D, Ca, and P concentrations in nursery diets. J. Anim. Sci., v.90, pag.4905–4915, 2012.
4. SUGIYAMA, T.; KUSUHARA, S.; CHUNG, T. K.; YONEKURA, H.; AZEM, E.; HAYAKAWA, T; 2013. Effects os 25-hydroxy-cholecalciferol on the development of osteochondrosis in swine.
5. Animal Science Journal, (84):341-349.

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Jessica M. S. Furtado
Universidade Federal de Viçosa - UFV
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