Explorar
Comunidades em Português
Anuncie na Engormix

Estenose retal secundária à colite ulcerativa por Salmonella sp. em suíno: caracterização clínico-histopatológica

Publicado: 21 de junho de 2022
Por: Luciana Xavier de Oliveira, David Driemeier
Sumário

Palavras-chave: Histologia, patologia, salmonelose, suinocultura, trato gastrointestinal.

Introdução
As infecções bacterianas entéricas em suínos têm importância crescente e provocam um grande impacto para a indústria da cadeia suinícola em todo o mundo, aumentando os custos de produção (5). Dentre elas, a salmonelose, cuja infecção ocorre por via digestiva ou respiratória, possui papel de destaque, pois é endêmica nas regiões de produção intensiva de suínos no Brasil (3). Segundo Mcorist e Gebhart (1999), as infecções entéricas podem levar a altas taxas de mortalidade e morbidade, entretanto, as maiores perdas estão relacionadas a sequelas no trato gastrintestinal. O trabalho apresenta como objetivo descrever os achados patológicos de uma obstrução intestinal associada a estenose retal após colite ulcerativa necrótica num suíno devido a salmonelose.
Descrição
O animal era proveniente de uma propriedade rural que desenvolve a atividade de suinocultura, com 90 dias de idade e 25 Kg. Na anamnese, observou-se distensão abdominal, apatia e apetite reduzido. Foi realizada eutanásia com posterior análise macroscópicas das vísceras durante a necropsia. Fragmentos de órgãos foram colhidos em formol a 10% para realização de exames histológicos pelo Setor de Patologia Veterinária da UFRGS. Na necropsia, os achados foram lúmen intestinal com muito conteúdo e gás, serosa rugosa, megacólon, reto com área de estenose e de necrose, aumento de volume retal e colite ulcerativa no segmento anterior à obstrução. Clinicamente, a estenose retal é uma sequela comum em infecções causadas por Salmonella sp., pois trombos de fibrina se alojam em arteríolas e causam infartos no intestino terminal. Posteriormente, a proliferação de tecido conjuntivo cicatricial reduz o lúmen intestinal e promove retenção de grande volume de fezes e gás, levando à distensão abdominal, perda de apetite, emagrecimento e baixo crescimento (2, 4).
De acordo com Kich et. al. (2017), a lesão microscópica típica de Salmonella enterocolítica é a necrose da cripta e da superfície dos enterócitos, lâmina própria e submucosa com muitos macrófagos e moderados linfócitos. Histologicamente, no suíno afetado, encontrou-se tanto infiltrado inflamatório de linfócitos, plasmócitos e macrófagos difusamente no intestino delgado, quanto na lâmina própria e camada muscular da mucosa do intestino grosso. Adjacente a esta área, identificou-se proliferação de vasos, contendo trombos em seu interior. Em ambas porções intestinais, havia perda de continuidade das vilosidades. Observou-se, ainda, úlceras que se estenderam até a muscular da mucosa do intestino grosso e sua substituição por tecido cicatricial. No lúmen do intestino delgado, ainda havia células descamadas, fibrina e hemorragia. O diagnóstico definitivo das doenças entéricas em suínos, de acordo com Bertschinger (1999), deve contemplar, entre outros, os sinais clínicos, o estudo anatomopatológico e fenotípico. Na literatura, é relatado que a estenose retal também é causada por micotoxicoses, especialmente zearalenona, enterite micótica, proctite, existência de compostos tóxicos na alimentação e predisposição genética (8).
Conclusões
Por meio dos achados macro e microscópicos encontrados no suíno e a relação com as descrições na literatura, é possível relacionar que o caso clínico se trata de estenose retal secundária associada à colite ulcerativa por Salmonella sp.
Esse artigo foi originalmente publicado em Anais do XIII SINSUI 2021 13º Simpósio Internacional de Suinocultura | https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/anais-trabalhos-cientaficos-sinsui2021-1635776553.pdf

(1) Bertschinger, H.U. & Fairbrother, J.M. Escherichia coli Infections. In: Straw, B.E. et al. (Eds.). Diseases of Swine. 8.ed. Ames, Iowa: Iowa State University, Cap.32, p.431-457, 1999.

(2) Brown, C.C.; Baker D, C.; Baker, I. K. Alimentary system, p.193- 199. In: Maxie M.G. (Ed.), Jubb, Kennedy & Palmers Pathology of Domestic Animals. v.2. 5th ed. W.B. Saunders, Philadelphia, 2007.

(3) De Oliveira, L.G.; Oliveira, M.E.F.; Masson, G. C. I. H. et al. The importance of Salmonella sp. in the pigs production systems. Revista Científica Eletrônica De Medicina Veterinária, Ano IX, n.18, p.1679- 7353, 2012.

(4) Gelberg, H.B. Alimentary system, p.363-365. In: McGavin M.D. & Zachary J.F. (Eds), Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4th ed. Mosby, Philadelphia, 2007.

(5) Jacobson, M.; Löfstedt, G.; Holmgrem, N. et. al. The prevalences of Brachyspira spp. and Lawsonia intracellularis in Swedish piglet producing herds and wild boar population. Journal of Veterinary Medicine, Blackwell Verlag, Berlin, v.52, p.386-391, 2005.

(6) Kich, J. D.; Menegguzzi, M.; Reichen, C. Salmonelose clínica nos suínos no Brasil - diagnóstico e controle. Anais: X SINSUI, 2017.

(7) McOrist. S. & Gebhart, C.J. Porcine proliferative enteropathies. In: Straw, B.E. et al. (Eds.). Diseases of Swine. 8th ed. Ames, Iowa: Iowa State University, Cap.38, p.521-534, 1999.

(8) Santos R.L. Life in the inflamed intestine, Salmonella style. Trends. Microbiol. n.17, p.498-506, 2009.

Tópicos relacionados:
Autores:
David Driemeier
Universidad Federal Do Rio Grande do Sul UFRGS
Luciana Xavier de Oliveira
Recomendar
Comentário
Compartilhar
Profile picture
Quer comentar sobre outro tema? Crie uma nova publicação para dialogar com especialistas da comunidade.
Junte-se à Engormix e faça parte da maior rede social agrícola do mundo.