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Relato de Caso: Erisipela

Publicado: 11 de dezembro de 2006
Por: Cid Bastos Fóscolo e Luiz Eduardo Ristow, Méd. Veterinário, Luciana Nogueirol Vieira, Estagiária de Med. Vet. Brasil
Situação da granja

A granja abriga aproximadamente 500 fêmeas e o sistema de produção é de ciclo completo. Houve um crescimento muito rápido da mesma, o que provocou uma deficiência no esquema sanitário, como pobre desinfecção e, algumas vezes, ausência de vazio sanitário. Há vacinação contra Parvovirose, Leptospirose e Rinite Atrófica. A propriedade não possui instalações para quarentena e recebe animais de diversas origens. A nutrição é de responsabilidade de uma emprese idônea e não houve alterações na formulação da ração dos animais. A água utilizada na granja é de boa qualidade e testada periodicamente por meio de exames fisicoquímicos e microbiológicos.

O proprietário observou que alguns índices zootécnicos, como ganho de peso na recria e terminação, estavam piores em relação aos dados anteriores e não estavam de acordo com o potencial da granja. Além disso, o índice de mortalidade estava acima do esperado. Recorreu, então, à ajuda de um Médico Veterinário.


Atuação do Veterinário

O veterinário reiterou as observações do proprietário com relação à queda no desempenho dos animais de recria e terminação além de altos índices de mortalidade e percebeu também que a taxa de abortos estava relativamente alta num determinado período do ano.

Percorrendo a granja , o veterinário notou, além de problemas sanitários, alta densidade nas baias. O mais grave, porém, era a grande quantidade de animais da recria e terminação apresentando espessamento na região articular e claudicação. Alguns animais apresentavam tosse e dispnéia. O veterinário, suspeitando de doença respiratória, enviou amostras de pulmão e cabeça para bacteriologia completa do sistema respiratório e ainda colheu 25 amostras de soro das fêmeas para um perfil de doenças reprodutivas (Parvovirose, Brucelose, Leptospirose e Erisipela), já que houve relatos de aborto na granja.

Os resultados dos exames foram os seguintes:
  • Doze amostras de soro positivas para Erisipela por meio do método Imunofluorescência indireta.
  • Isolamento de Pasteurella multocida tipo A do pulmão. Não foram encontradas lesões indicativas de doença nas amostras.
O veterinário, de posse dos resultados dos exames laboratoriais, resolveu contatar o veterinário do laboratório para discussão dos resultados. Foi sugerida a realização de necrópsia selecionando-se alguns animais com baixo desempenho, baixo consumo de alimento e febre. A necrópsia foi realizada na granja e foram observadas as seguintes lesões:
  • Artrite: Presença de líquido sinovial serosanguinolento, membrana sinovial com alto grau de hiperemia (5 animais em 8 necropsiados).
  • Linfonodos: linfonodos associados às articulações comprometidas encontravam-se edemaciados .
  • Esplenomegalia (aumento de volume do baço), encontrada em 5 animais entre 8 necropsiados.
  • Proliferação granular das válvulas cardíacas (5 animais em 8 necropsiados).
  • Eritema (2 animais em 8 necropsiados).
  • Foram colhidas amostras de baço, linfonodos, amígdalas e remetidas para exames.
Qual a sua suspeita?

Os resutados dos exames sorológicos indicavam o desafio por Erisipela nas matrizes e isto levou à suspeita de que o mesmo poderia estar ocorrendo aos animais de recria e terminação. Os achados de necrópsia reforçaram a suspeita e o material encaminhado ao laboratório resultou no isolamento de Erysipelothrix rhusiopathiae, confirmando, assim, a suspeita.


Comentários

A Erisipela, causada pela bactéria Erysipelothrix rhusiopathiae, pode cursar de diversas formas, causando lesões cutâneas, articulares, cardíacas e ainda abortos e septicemia, agrupadas de acordo com a seguinte classificação da sintomatologia: aguda, subaguda ou crônica.

A forma aguda caracteriza-se por apresentar sintomas clássicos da doença: lesões em forma de losango por todo o corpo, febre e abortos. Estes sintomas são facilmente observados em uma granja e não deixam dúvidas a respeito do diagnóstico. No entanto, as formas subaguda e crônica podem confundir e causar sérios prejuízos quando não precocemente identificadas. A forma subaguda aparece como lesões na pele que dificilmente são percebidas e abortos. A forma crônica se caracteriza pela ocorrência de artrites e sintomas de insuficiência respiratória como tosse e dispnéia (esses dois últimos sinais podem ter influenciado o veterinário na suspeita de problemas respiratórios na granja). Pode ocorrer ainda, a forma subclínica da doença, em que o animal é infectado mas não apresenta sintomatologia por um período, desenvolvendo, mais tarde, a forma crônica da doença (o que pode ter ocorrido no caso em questão).

O diagnóstico da doença deve ser baseado na história clínica (no caso em questão, ocorreram abortos em um período diferente da ocorrência de artrites, o que mostra que nenhum dado deve ser desprezado), achados de necrópsia e isolamento do agente.

O controle da doença baseia-se no uso de medicamentos em caso de surtos e medidas sanitárias para evitar a disseminação do agente. O uso da vacinação é eficaz para aumentar a resistência individual do animal e a resistência do rebanho (granja).
Tópicos relacionados:
Autores:
Luiz Eduardo Ristow
Tecsa Laboratórios
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francisco oliveira
6 de octubre de 2008
Seria interessante que fossem apresenatdas imagens ilustrativas das varias fases da doença.
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