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EFEITO DA RACTOPAMINA SOBRE O COMPORTAMENTO DE SUÍNOS EM TERMINAÇÃO.

Publicado: 18 de março de 2016
Por: GUSTAVO H. C. SOUZA1, LEONARDO S. FONSECA2, RENNAN H. R. MOREIRA2*, PEDRO I. S. AMARAL3, RONY A. FERREIRA2. 1Agroceres Multimix; 2Departamento de Zootecnia – DZO/UFLA - Lavras/MG – ; 3Departamento de Engenharia Agrícola – DEG/UFLA - Lavras/MG
Sumário

Objetivou-se avaliar o comportamento de suínos em terminação recebendo diferentes teores de ractopamina. Foram utilizados 32 suínos com idade média inicial de 130 dias, peso médio inicial de 88,0 ± 4,0kg e final de 109,5 ± 5,0kg. Os animais foram distribuídos em delineamento experimental inteiramente ao acaso, recebendo cinco rações experimentais (teores de ractopamina sendo: 0, 4, 8, 12 e 16 ppm) com quatro repetições e dois animais por unidade experimental, durante um período experimental de 14 dias. Variáveis comportamentais analisadas: deitado, sentado, em pé, comendo, bebendo, fuçando em pé, fuçando o outro animal da baia, urinando e defecando, mensuradas em todosos animais a cada 10 minutos das 6 às 18h nos dias 1, 7 e 14 do experimento. A temperatura, umidade relativa do ambiente, índice de temperatura de globo e umidade foram monitoradas. As rações foram formuladas à base de milho e farelo de soja, suplementadas com minerais e vitaminas, sendo isoenergéticas e isoproteicas. A temperatura média do ar foi de 23,7 ± 0,5ºC, umidade relativa de 69,6 ± 5,2%, temperatura de globo negro de 24,1 ± 0,7ºC e o índice de temperatura do globo e umidade foi de 71,1 ± 1,3. Não houve efeito (P>0,05) dos teores de ractopamina sobre os comportamentos deitado, sentado, em pé, comendo, bebendo, fuçando o outro, urinando e defecando. Entretanto, houve efeito (P<0,05) sobre o comportamento fuçando em pé, que aumentou nos animais com os teores de 12 e 16 ppm de ractopamina em relação aos que receberão ração com 4 ppm de ractopamina. A utilização de agonistas beta-adrenérgicos como a ractopamina, no período de terminação dos suínos, tem potencial de estimular respostas de luta ou fuga, deixando os animais mais ativos, alterando o comportamento, sendo que um possível estresse pode levar a depreciação na qualidade da carne. O uso de ractopamina de 12 e 16 ppm na ração de suínos em terminação torna-os mais ativos.

 

Palavras-chave: agonistas beta-adrenérgicos, etologia, nutrição

 
Introdução
Os agonistas β-adrenérgicos são utilizados como promotores de crescimento. Eles agem alterando a partição de nutrientes desviando-os para funções zootecnicamente desejáveis, ou seja, promovendo o crescimento e a deposição de tecido magro e reduzindo a síntese lipídica dos animais (BRIDI et al., 2002). A ractopamina tem sido utilizada na fase final de terminação de suínos como forma de acelerar o ganho de peso, melhorar a conversão alimentar e qualidade de carcaça. Dentre as etapas de produção, a fase de terminação é a que apresenta maior transformação na composição da carcaça e, ao mesmo tempo, pior eficiência alimentar. Alterações de composição no tecido adiposo e proteico, advindo do uso de ractopamina, podem modificar o comportamento dos animais, tendo em vista que o padrão alimentar é influenciado pelo comportamental. Objetivo no experimento foi de avaliar o comportamento de suínos em terminação recebendo diferentes teores de ractopamina.
 
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no setor de suinocultura da Escola Estadual Jerônimo Pontello, MG. Foram utilizados 32 suínos (16 machos e 16 fêmeas) híbridos comerciais de linhagens geneticamente selecionadas para deposição de carne magra com idade média inicial de 130 dias, peso médio inicial de 88,0 ± 4,0kg e final de 109,5 ± 5,0kg. Os animais foram distribuídos em delineamento experimental inteiramente ao acaso, recebendo cinco rações experimentais (teores de ractopamina sendo: 0, 4, 8, 12 e 16 ppm) com quatro repetições e dois animais por unidade experimental, durante um período experimental de 14 dias. As variáveis comportamentais analisadas foram: deitado, sentado, em pé, comendo, bebendo, fuçando em pé, fuçando o outro animal da baia, urinando e defecando, que foram mensuradas em todos os animais a cada 10 minutos das 6 às 18h nos dias 1, 7 e 14 do experimento. Os suínos foram alojados em galpão de alvenaria com piso de concreto, comedouros e bebedouros de alvenaria e área efetiva de 1,5 m2/animal. A temperatura e a umidade relativa do ambiente foram monitoradas diariamente às 08, 10, 14, e 16 horas, por meio de termômetros de bulbo seco e bulbo úmido, termômetro de máxima e de mínima, termômetro de globo negro e anemômetro digital, que foram instalados no centro do galpão, mantidos à meia altura do corpo dos animais. De posse dos valores registrados foi calculado o índice de temperatura de globo e umidade (ITGU) segundo BUFFINGTON et al. (1981), caracterizando o ambiente térmico em que os animais foram mantidos. As rações experimentais, isoenergéticas e isoproteicas, foram formuladas à base de milho e farelo de soja, suplementadas com minerais e vitaminas de forma a atender as exigências nutricionais segundo ROSTAGNO et al. (2011) e teores de lisina corrigidos para o uso da ractopamina. As rações e a água foram fornecidas à vontade aos animais durante todo o período experimental. As médias dos tratamentos foram comparados pelo teste de Kruskal-Wallis ao nível de 5%. Para as análises estatísticas utilizou-se o pacote estatístico do SAS (9.0).
 
Resultados e Discussão
Durante o período experimental a temperatura média do ar registrada no interior do galpão foi de 23,7 ± 0,5ºC, a umidade relativa foi de 69,6 ± 5,2%, a temperatura de globo negro foi de 24,1 ± 0,7ºC e o índice de temperatura do globo e umidade (ITGU) calculado foi de 71,1 ± 1,3. As condições ambientais observadas se caracterizam como dentro da faixa considerada moderado estresse. Entretanto, SAMPAIO et al. (2004) definiu tal condição ambiental como moderado conforto. Na caracterização de ambiente do presente trabalho como confortável, com moderado estresse seria em razão dos valores de temperatura do ar e de globo negro, que se situaram acima do recomendado para a categoria, faixa que seria de 15 a 18°C para atender à zona de conforto térmico, porém não atingindo a marca de 27°C, que seria considerada como temperatura crítica superior, conforme descrito por FERREIRA (2005).
 
Observando a Tabela 1, podemos analisar que não houve efeito (P>0,05) dos teores de ractopamina sobre os comportamentos deitado, sentado, em pé, comendo, bebendo, fuçando o outro, urinando e defecando. Entretanto, houve efeito (P<0,05) sobre o comportamento fuçando em pé, que aumentou nos animais com os teores de 12 e 16 ppm de ractopamina em relação aos que receberão ração com 4 ppm de ractopamina.
 
Tabela 1 – Observações comportamentais em porcentagem de tempo dos suínos de acordo com os teores de ractopamina recebido.
EFEITO DA RACTOPAMINA SOBRE O COMPORTAMENTO DE SUÍNOS EM TERMINAÇÃO. - Image 1Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferem entre si, pelo teste de Kruskal-Wallis ao nível 5%.
 
Provavelmente os suínos que receberam 12 e 16 ppm de ractopamina na ração são mais ativos, demonstrando mais o comportamento de fuçar em pé em relação aos que receberão 4 ppm. A ação da ractopamina ativa o sistema nervoso simpático e o eixo hipotalâmico-hipófise-adrenal, como verificado no trabalho de MARCHANT-FORDE et al. (2003), que observou um aumento do betaadrenérgico natural (epinefrina) na circulação. Os mesmos autores observaram que suínos alimentados com ractopamina e submetidos a situação de estresse passaram mais tempo ativos e em alerta, e um menor período deitados na primeira semana de tratamento. Portanto, a utilização de agonistas betaadrenérgicos como a ractopamina, no período de terminação dos suínos, tem potencial de estimular respostas de luta ou fuga, deixando os animais mais ativos, alterando o comportamento, sendo que um possível estresse pode levar a depreciação na qualidade da carne.
 
Conclusões
O uso de ractopamina nas rações de suínos em terminação nos teores de 12 e 16 ppm na ração, deixando-os mais ativos.
 
Agradecimentos
CAPES, CNPq, FAPEMIG e NESUI/UFLA
 
Referências Bibliográficas
1. BUFFINGTON, D.E. et al.; 1981. Black globe-humidity index (BGHI) as comfort equation for dairy cows. Transaction of the ASAE, (3)24: 711-714.
2. BRIDI, A. M.; SILVA, C. A.; SHIMOKOMAKI, M. 2002. Uso da ractopamina para o aumento de carne na carcaça de suíno. Revista Nacional da Carne, (307): 91-94.
3. FERREIRA, R. A.; 2005. Maior produção com melhor ambiente para aves, suínos e bovinos; Aprenda Fácil, 371p.
4. MARCHANT-FORDE, J. N.; PAJOR, E. A.; RICHERT, B. T.; SCHINCKEL, A. P.; 2003. The effects of ractopamine on the behavior and physiology of finishing pigs. Journal of Animal Science, (81): 416-422.
5. ROSTAGNO, H.S.; 2011. Tabelas Brasileiras para aves e suínos. Composição de alimentos eexigências nutricionais. 3ª Ed. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 252p.
6. SAMPAIO, C.A.P.; CRISTANI, J.; DUBIELA, J.A.; BOFF, C.E.; OLIVEIRA, A.O.; 2004. Avaliação do ambiente térmico em instalações para crescimento e terminação de suínos utilizando os índices de conforto térmico nas condições tropicais. Ciência Rural, (34)3:785-790.

***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Rennan Herculano Rufino Moreira
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