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Uso de Acidal® ML para o controle de enfermidades entéricas de suínos nos períodos de pré e pós-desmame

Publicado: 5 de abril de 2011
Por: Pedro Celso Machado Jr. (Médico Veterinário, Impextraco Latin America – Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento); Sâmara Pereira de Vasconcelos
INTRODUÇÃO
O inicio da fase de creche é um ponto crítico na produção de suínos, pois, além do estresse a que os animais são submetidos devido às mudanças no ambiente, há uma alteração repentina na alimentação, alternando de uma dieta à base de leite para uma dieta seca e basicamente vegetal. Além disso, nessa fase o trato gastrointestinal do leitão ainda não se encontra adaptado para tal tipo de alimento, produzindo quantidades insuficientes de enzimas necessárias à digestão (Jensen et al., 1997). Por esses motivos, é comum observar diarreia e animais refugos nessa fase.
Os ácidos orgânicos aparecem no cenário atual como uma alternativa viável para esse problema, uma vez que atuam, entre outras formas, melhorando a digestão. Muitos ácidos orgânicos têm sido reportados como melhoradores de desempenho na produção de aves e suínos, aumentando a eficiência alimentar, absorção de nutrientes e ganho de peso (Boling et al., 2000, citado por Biggs e Parsons, 2008). Esses compostos agem sobre microorganismos na ração, especialmente fungos, o que evita a deteriorização do alimento, e sobre algumas bactérias patogênicas no trato gastrointestinal (Dibner e Buttin, 2002). Esse mecanismo de ação é importante, pois é capaz de eliminar bactérias patogênicas oportunistas, tais como Escherichia coli,Campylobacter e Salmonella sp.
Além do efeito antimicrobiano, os ácidos orgânicos diminuem o pH estomacal, facilitando a ativação da pepsina e a digestão de proteínas, e diminuem a taxa de esvaziamento gástrico, uma vez que o pH mais ácido da ingesta na região do piloro diminui a taxa de passagem (Mayer, 1994, citado por Partanen e Mroz, 1999). Dessa forma o alimento permanece por mais tempo em contato com as enzimas proteolíticas. Outros mecanismos de ação dos ácidos orgânicos como promotores de crescimento citados em literatura são estimulação de secreção de suco pancreático (Sano et al., 1995) e estimulação de proliferação de células absortivas (Pluske et al., 1996), melhorando a efetividade da digestão e absorção dos nutrientes. No presente trabalho objetivou-se avaliar a eficácia do produto Acidal® ML (composto por ácidos orgânicos, emulsificantes e extratos naturais) no controle de enfermidades entéricas de leitões no período de pré-desmame (semanas 3 e 4) e pós-desmame (período de creche).
MATERIAL E MÉTODOS
As avaliações realizaram-se em uma Unidade Suína pertencente ao "Instituto de Investigación Porcina", cidade de Havana, Cuba, durante o período de setembro a dezembro de 2009. Foram utilizados 120 leitões a partir do desmame (27 dias de idade), de linhagem específica utilizada na região e peso corporal médio de 6,8 kg, divididos em um experimento completamente aleatório com dois tratamentos e 6 repetições de 10 animais em cada, de acordo com a tabela 1. O tratamento controle recebeu água de bebida sem Acidal® ML e dieta normal, enquanto o tratamento 2 recebeu  água de bebida com Acidal® ML à dose de 0,1% em bebedouros de prato com capacidade de 6 litros, durante as duas primeiras semanas pós desmame.
Uso de Acidal® ML para o controle de enfermidades entéricas de suínos nos períodos de pré e pós-desmame - Image 1
As condições de manejo e alimentação na fase de creche realizaram-se de acordo com o recomendado no Manual de Procedimentos Técnicos (Cuba, 2008). A fonte de água foi a mesma para todos os tratamentos e o produto Acidal® ML permaneceu em contato com a água de bebida por no mínimo uma hora e trinta minutos a fim de alcançar o máximo efeito bactericida. Foi avaliado o peso inicial (PI), o peso final (PF), o ganho médio diário (GMD), o consumo de alimento e conversão na fase de creche, assim como a qualidade da água no reservatório principal e a mortalidade. Os dados de desempenho foram analisados utilizando análise de variância (ANOVA) a um nível de significância de 5% (p≤ 0,05) e os dados de mortalidade de animais enfermos foram analisados utilizando o teste de Chi- quadrado, também a um nível de significância de 5% (p≤ 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2 observa-se que as concentrações de microorganismos coliformes totais e fecais na água de bebida, antes da aplicação do produto, se encontravam acima do estabelecido na norma cubana para a amostragem e análise de água potável (NC93-02), por isso não se encontrava apta para consumo animal. No entanto, ao empregar Acidal® ML, houve um evidente decréscimo nestes indicadores.
Uso de Acidal® ML para o controle de enfermidades entéricas de suínos nos períodos de pré e pós-desmame - Image 2
Uma análise físico-química da água também foi realizada, sendo que a única diferença entre os tratamentos foi o pH, que foi menor no tratamento com Acidal® ML. Essa redução na carga bacteriana na água pode ser explicada pelo efeito bactericida e bacteriostático dos ácidos orgânicos. De acordo com Dibner e Buttin (2002), quanto menor o pH da solução, maior será a quantidade de ácidos orgânicos na forma não dissociada, forma esta que penetra na célula bacteriana mais facilmente, dissociando-se no citoplasma e reduzindo o pH interno da bactéria, interferindo nas reações químicas e transporte de nutrientes.
A tabela 3 mostra que os suínos que consumiram Acidal® ML apresentaram peso final significativamente superior (p<0,05) em relação aos animais do tratamento controle. O maior efeito foi observado na conversão alimentar, a qual melhorou 17% nos suínos que consumiram água tratada com o produto. Vários estudos têm relatado melhoras nos parâmetros zootécnicos ao se utilizar ácidos orgânicos. Kornegay et al. (1994) observaram melhora no ganho de peso de leitões em fase de creche suplementados com ácidos orgânicos. Krause et al. (1994) utilizaram ácido fumárico e bicarbonato de sódio e também observaram aumento na média de ganho de peso diário e consumo de ração em leitões durante as duas primeiras semanas pós-desmame.
Uso de Acidal® ML para o controle de enfermidades entéricas de suínos nos períodos de pré e pós-desmame - Image 3
Em relação à morbidade por transtornos gastrointestinais, observou-se nos animais que ingeriram água sem tratamento, 23% de morbidade, enquanto naqueles que consumiram água tratada com Acidal® ML, apenas 5%. Essa situação correspondeu a mortalidade de 16% nos animais sem tratamento de água e de 1,6% quando se empregou Acidal® ML. Tal resultado era esperado devido ao grande número de coliformes presentes na água. Sabe-se que dentre os coliformes fecais existem bactérias patogênicas, como por exemplo a Escherichia coli, microorganismo que está diretamente relacionado com o desenvolvimento de diarréia e outros transtornos gastrointestinais, os quais podem resultar em aumento da mortalidade dos animais, dependendo da severidade.
Nas últimas duas semanas de lactação, animais tratados com Acidal® ML apresentaram maior peso final e melhor GMD (tabela 4). Em termos de morbidade e mortalidade, a tabela 4 mostra que os leitões que não receberam o produto apresentaram maior ocorrência de ambos os parâmetros. 
Uso de Acidal® ML para o controle de enfermidades entéricas de suínos nos períodos de pré e pós-desmame - Image 4
CONCLUSÃO
O uso do produto Acidal® ML a 0,1% inibiu o desenvolvimento de coliformes fecais e totais e microorganismos mesófilos aeróbicos na água de bebida dos animais. A adição de Acidal® ML melhorou o ganho de peso e conseqüentemente o peso final dos animais testados, além de reduzir o número de enfermos e mortos, mostrando que sua utilização é uma opção para o controle de alterações entéricas em suínos em final de lactação e fase de creche.
 
REFERENCIAS
Biggs, P.; Parsonsi, C. M. The effects of several organic acids on growth performance, nutrient digestibilities, and cecal microbial populations in young chicks. Poultry Science, 2008, 87:2581-2589
Comité Estatal de Normalización. Agua Potable, Requisitos Sanitarios y Muestreo NC 93-02. Cuba, 1985
Dibner, J. J., Buttin, P. Use of organic acids as a model to study the impact of gut microflora on nutrition and metabolism. J. Appl. Poult. Res. v11, p.453-463, 2002.
Jensen, M. S., Jensen, S. K., Jakobsen, K. Development of digestive enzymes in pigs with emphasis on lipolytic activity in the stomach and pancreas. J. Anim. Sci. 75:437 - 445, 1997.
Kornegay, E. T., Evans, J. L., Ravindran, V. Effects of diet acidity and protein level or source of calcium on the performance, gastrointestinal content measurements, bone measurements and carcass composition of gilt and barrow weanling pigs. Journal of Animal Science. v72, p2670-2680, 1994
Krause, D. O., Harrison, P. C., Easter, R. A. Characterization of the nutritional interactions between organic acids and inorganic bases in the pig and chick. Journal of Animal Science. v72, p.1257-1262, 1994
IIP. 2008. Procedimientos Técnicos para la Crianza Porcina. Instituto de Investigaciones Porcinas (IIP). La Habana, pp 139
Partanen, K. H., Mroz, Z. Organic acids for performance enhancement in pig diets. Nutrition Research Reviews, v12, p.117-145, 1999
Pluske, J. R., Williams, I. H., Aherne, F. X. Maintenance of villous height and crypt depth in piglets by providing continuous nutrition after weaning. Journal of Animal Science. v62, p.131-144, 1996.
Sano, H., Akamaura, E. H., Takahashi, H., Terashima, Y. Plasma insulin and glucagon responses to acute challenges of acetate, propionate, n-butyrate and glucose in growing gilts (sus scrofa). Comparative Biochemistry and Physiology v110A p.375-378.1995.
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Autores:
Pedro Machado Junior
Impextraco
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Comentário
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Pedro Machado Junior
Impextraco
13 de abril de 2011
Prezado José. Obrigado pelo interesse no tema e participação no fórum. De fato, o uso de acificantes é bastante seguro, não tendo contra-indicações. Comumente têm-se utilizado acidificação via ração, como comentas, com a inclusão do acidifcante no núcleo. É uma opção. No presente artigo avaliamos o efeito do uso do Acidal ML via água, trabalhando a acidificação desta via. Como pudemos verificar, os efeitos foram bastante satisfatórios. É mais uma opção que pode ser considerada na produção de suínos.
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José Ferreira
7 de abril de 2011
...trabalho com um nucleo ( do desmame até aos 70 dias q, não dá diarreia, e´mesmo seguro....
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