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Ação da bromexina oral sobre a resposta imune na mucosa respiratória dos suínos

Publicado: 4 de julho de 2022
Por: Fabrizio Matte, Lucas Piroca, Eduardo Miotto Ternus e Igor Campagnoni
Introdução
A bromexina (2-amino-3, 5-dibromo-N-ciclo-hexil-N-metilbenzilamina) é um derivado sintético da vasicina, um dos ingredientes ativos da planta asiática Adhatoda vasica. Sua eficácia foi comprovada na normalização do muco no trato respiratório e introduzida pela primeira vez em 1963, como medicamento secretolítico ou mucolítico (2). Seu uso aumenta a secreção de imunoglobulinas A (IgA) previamente produzidas pelas células do complexo imune no sistema respiratório em suínos (4). Apenas IgA e IgM são efetivamente secretados para as mucosas, sendo que IgA corresponde à maior parte dos anticorpos nesses locais e por estar presente no lúmen intestinal, esta forma de anticorpo é uma das principais responsáveis pela resposta imune adaptativa local (3). Os linfócitos T duplo-marcados (CD4+ CD8+ ) são uma particularidade dos suínos visto muito raramente em outros mamíferos. Com a maturidade, essas células passam a ser cada vez mais importantes para a imunidade local, estando presente em grandes quantidades nos órgãos linfoides periféricos (7). O presente estudo buscou avaliar a resposta imune de mucosa de suínos tratados com bromexina.
Material e métodos
O experimento foi realizado na fase de creche. Foram utilizados 48 leitões, separados em dois tratamentos, grupo tratado com bromexina (GT) e grupo controle negativo (GC). O GT recebeu via água de bebida uma solução à base de bromexina 1% (1 mg por Kg de peso vivo) durante 5 dias. Foram realizadas 48 coletas de sangue e de lavado nasotraqueal (n=24/grupo), divididas em 2 etapas: 48h e 96h após o início do experimento. Do sangue total foram extraídos os leucócitos por meio de Histopaque e centrifugação, seguido de lavagem com solução tamponada. Os anticorpos específicos foram adicionados às células obtidas, incubados por 30 minutos e fixados com paraformaldeído para posterior análise no citômetro de fluxo FACSC alibur (Becton and Dickinson). Os lavados nasotraqueais foram coletados dos animais anestesiados com quetamina e xilazina. Para isso, foi injetado um volume de solução fisiológica, o qual foi então recuperado por meio de sonda urinária e seringa. Os Linfócitos T duplo-marcados e a fagocitose foram analisados pelo método de citometria de fluxo. As IgAs foram quantificadas pelo método de Bradford para quantificação de proteína total. Os testes estatísticos utilizados estão apresentados abaixo de cada gráfico e o software utilizado para realização das análises foi GraphPad Prism 6.
Resultados e discussão
A quantidade relativa de IgA total foi elevada pela bromexina com 48h (Figura 1), visto que esta aumenta o turnover de muco, elevando a secreção de IgA previamente produzida pelas células imunes do sistema respiratório (6). Na coleta das 96h, ambos os grupos obtiveram resultados semelhantes, pois a bromexina não aumenta a produção de IgA, mas sim a sua secreção.O número de linfócitos T duplo-marcados foi elevado (P = 0,09) nos animais tratados (Figura 2). Essas células são importantes na imunidade tecidual, e sua elevação após o uso de bromexina pode condizer com essa premissa (7). Metabólitos da bromexina parecem ser capazes de ativar a resposta imune celular, embora reduzam a inflamação local (1,5). Ao controlar o burst respiratório que é comum após a fagocitose, a bromexina inibe o estresse oxidativo associado ao processo inflamatório (4).
Conclusão
A bromexina intensificou a secreção de IgA no trato respiratório dos suínos 48 horas após o início do tratamento. O número de linfócitos T duplo-marcados aumentou no grupo de animais tratados. Desta forma, conclui-se que, através da diminuição da atividade fagocítica têm-se uma redução no processo inflamatório na mucosa respiratória dos suínos tratados com bromexina.
Ação da bromexina oral sobre a resposta imune na mucosa respiratória dos suínos - Image 1
Figura 1. Quantificação relativa de IgA total. Os resultados estão separados por data de coleta. Cada ponto representa um animal. As linhas e barras representam média e desvio padrão. Análise estatística de t de Student (P < 0,05).
Ação da bromexina oral sobre a resposta imune na mucosa respiratória dos suínos - Image 2
Figura 2. Porcentagem de leucócitos no lavado nasotraqueal. O eixo vertical apresenta à porcentagem de leucócitos encontrados. Diferenças significativas são representadas pelo P respectivo. Análise estatística de t de Student (P < 0,05).
Esse artigo foi originalmente publicado em SINSUI 2021 - 13°Simpósio Internacional de Suinocultura | https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/anais-trabalhos-cientaficos-sinsui2021-1635776553.pdf.

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1999.

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