A crescente produção de dietas para frangos de corte contendo apenas ingredientes vegetais, para atender o mercado externo, tem promovido uma grande oferta de farinhas de subprodutos animais, especialmente na região Sul. Neste caso, o triptofano passa a ser o segundo aminoácido limitante na formulação de dietas para suínos.
Uma vez que a relação triptofano digestível : lisina digestível em dietas de suínos na fase final de terminação, à base de milho e farelo de soja, sugerida pelo National Research Council (1998), é de 19:100, realizou-se este estudo para identificar qual a melhor relação em dietas contendo também farinhas de subprodutos animais.
Cento e vinte suínos, machos castrados e fêmeas, de mesma composição genética, filhos de machos MS60 com fêmeas Landrace X Large White, foram alojados em baias coletivas de três suínos. Os animais foram distribuídos de acordo com um delineamento em blocos casualizados, de maneira que as baias de um mesmo bloco apresentavam animais de mesmo sexo, idade e peso vivo médio inicial similares.
Foram utilizadas baias de crescimento e terminação com piso totalmente ripado, providas de comedouros semi automáticos e bebedouros tipo chupeta. Todos os animais tiveram livre acesso à água e às dietas fareladas, as quais foram formuladas para aminoácidos digestíveis verdadeiros.
T1- Dieta a base de milho, farelo de soja e 10% de inclusão de duas farinhas de origem animal, com relação Trp digestível : Lys digestível de 16:100, sendo 0,128% o teor de triptofano digestível;
T2- Semelhante a T1, porém com relação Trp digestível : Lys digestível de 17:100, sendo 0,136% o teor de triptofano digestível;
T3- Semelhante a T1, porém com relação Trp digestível : Lys digestível de 18:100, sendo 0,144% o teor de triptofano digestível;
T4- Semelhante a T1, porém com relação Trp digestível : Lys digestível de 19:100, sendo 0,152% o teor de triptofano digestível;
T5- Semelhante a T1, porém com relação Trp digestível : Lys digestível de 20:100, sendo 0,160% o teor de triptofano digestível.
O incremento de triptofano digestível foi realizado através da suplementação de L - triptofano no lugar do caulim da dieta T1 (Tabela 1). Cada tratamento teve 8 repetições, sendo a unidade experimental constituída por uma baia com 3 animais do mesmo sexo.
Os animais foram pesados ao início do experimento e semanalmente até completarem 21 dias de experimento, quando atingiram 96,59 kg de peso médio. Os animais foram abatidos após cerca de 16 horas de jejum e suas carcaças tipificadas.
Os dados foram analisados tendo no modelo principal os efeitos de bloco, sexo, tratamento e as interações de interesse. Não foram detectadas interações significativas entre os fatores sexo e tratamento (P>0,10).
Na Tabela 2 são apresentadas as médias das variáveis estudadas em função do sexo dos animais. Conforme esperado, houve efeito significativo de sexo para a maioria das variáveis estudadas, tendo os machos apresentado melhor desempenho e as fêmeas melhor qualidade de carcaça.
As médias das variáveis de desempenho e de características de carcaça dos animais em função da relação triptofano digestível: lisina digestível das dietas experimentais são apresentadas na Tabela 3.
No planejamento experimental cuidou-se para que as diferenças entre tratamentos no peso inicial fossem as mínimas possíveis (P=0,99). O peso final, com uma diferença máxima de 1,283 kg entre tratamentos, não foi significativamente diferente (P=0,95). Da mesma forma, o ganho de peso diário (P=0,53), o consumo de ração diário (P=0,61) e a conversão alimentar (P=0,90) não diferiram entre dietas com diferentes relações triptofano : lisina.
Não foram notadas diferenças significativas nas características de carcaças de animais alimentados com as diferentes dietas experimentais. Entretanto, notou-se que as piores médias de espessura de toucinho (P=0,12) e de percentual de carne na carcaça (P=0,18) foram apresentadas pelos animais que receberam dieta com relação triptofano : lisina de 18:100.
Conclusão
Conclui-se que a melhor relação triptofano digestível: lisina digestível das dietas experimentais para suínos na fase final de terminação foi 16:100. Sugere-se que novos estudos sejam realizados com relações inferiores a esta.
Bibliografia
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requeriments of swine. 10.ed. Washington, DC: : National Academy Press, 1998. 189 p.