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COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO RESÍDUO DE ABACAXI PARA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS.

Publicado: 9 de maio de 2016
Por: CLÁUDIO D. SILVA JÚNIOR1, JAQUELINE A. OLIVEIRA1, TARCÍSIO S. VASCONCELOS1, GÉSSICA F. RAMOS1, URBANO S. RUIZ3 1Faculdade de Zootecnia – UNESP – Dracena/SP; 2 Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP – Piracicaba/SP
Sumário

Ingredientes fibrosos podem promover efeitos positivos na alimentação de suínos, como redução na ocorrência de diarreia em leitões recém-desmamados e na deposição excessiva de gordura nas carcaças de suínos em terminação, além de melhorar o desempenho reprodutivo de fêmeas suínas gestantes. O objetivo deste estudo foi determinar a composição química de amostras de um ingrediente rico em fibra, o resíduo de abacaxi, para sua possível utilização na alimentação de suínos. O resíduo de abacaxi foi obtido de empresa processadora de frutas, após extração do suco da fruta, sendo composto principalmente por casca e bagaço. As amostras foram secas, moídas e submetidas às determinações de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibras em detergente neutro (FDN) e ácido (FDA), fibras dietéticas total (FDT), solúvel (FDS) e insolúvel (FDI), e energia bruta (EB). Considerando-se os teores de MS e MM das amostras calculou-se seus teores de matéria orgánica (MO).Foram usados dois lotes de resíduo de abacaxi nesta pesquisa, obtidos da mesma empresa, porém em datas diferentes. Os teores determinados em base seca nos lotes 1 e 2 de resíduo de abacaxi foram os seguintes:MS: 90,6 e 90,7 %; MO: 92,2 e 94,5; MM: 7,8 e 5,5 %; PB: 6,5 e 8,3 %; FDT: 72,9 e 81,7 %; FDS: 5,0 e 5,6 %; FDI: 67,9 e 76,1 %; FDN: 73,6 e 82,8 %; FDA: 32,5 e 46,5 %; EB: 4225,4 e 4499,2 kcal/kg. As amostras de resíduo de abacaxi avaliadas apresentaram elevado teor de fibra, principalmente insolúvel, com potencial de utilização em programas de restrição alimentar para suínos em terminação ou para evitar ocorrência de diarreia em leitões recém-desmamados. Contudo, é importante frisar que se trata de material não padronizado, cuja composição química pode variar.

 

Palavras-chave: alimento alternativo; fibra; nutrição.

 
Introdução
Atualmente, os ingredientes fibrosos estão ganhando importância na suinocultura, como forma de reduzir custos com a alimentação dos animais, e em razãoda fibra destes alimentospromover efeitos positivos na alimentação de suínos, tais como: reduzir a ocorrência de diarreia em leitões recém-desmamados (PASCOAL et. al., 2012); evitar deposição excessiva de gordura nas carcaças de suínos em terminação (VASCONCELOS, 2014); e, dietas com altos teores de fibra podem melhorar o desempenho reprodutivo de fêmeas suínas gestantes e promover saciedade, reduzindo o estresse em animais submetidos à restrição alimentar (VEUM et al., 2009). No Brasil existem diversos subprodutos agroindustriais passíveis de serem utilizados na alimentação de suínos, como o resíduo de abacaxi (Ananascomosus L. Merril). O Brasil é um dos principais produtores mundiais desta fruta e a região sudeste é responsável por 40% da produção nacional (AGRIANUAL, 2014). Na prensagem do fruto para a obtenção do suco, 75 a 85% correspondem ao suco e 15 a 25% resultam no resíduo, composto por talos, cascas e cilindros, sendo considerados rejeitos pela indústria Desta forma, este trabalho objetivou determinar a composição química de amostras de resíduo de abacaxi, obtidos de empresa processadora do fruto, para sua possível utilização na alimentação de suínos.
 
Material e Métodos
O resíduo de abacaxi foi obtido de empresa processadora de frutas para obtenção de suco, localizada em Dracena – São Paulo. O processo de beneficiamento se iniciou com o abacaxi com casca, sendo retirada a parte apical (coroa), passando pela seleção dos frutos, lavagem, picagem mecânica e prensagem para extração do suco. Ao final destes processos restou um residuo úmido, composto principalmente por casca e bagaço do abacaxi, que foi transportado da empresa para o Campus de Dracena da UNESP, onde foi seco ao sol. Para tanto, o material foi espalhado sobre redes de malha fina, sustentadas por paletes de madeira, revolvido três vezes ao dia para evitar fermentação, até atingir teor de umidade entre 13 a 15%. Durante a noite o material foi coberto com lonas para evitar o acúmulo de umidade. O resíduo seco foi moído em moinho de martelos com cribos de 3 mm, e armazenado em sacos de náilon. Foram coletadas amostras para determinação dos seguintes parâmetros: matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), de acordo com Silva e Queiróz (2002), fibra dietética total (FDT), fibra dietética solúvel (FDS) e fibra dietética insolúvel (FDI), de acordó com AOAC (1995). As análises de energia bruta (EB) foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da FCAV - UNESP, Campus de Jaboticabal e as demais no Laboratório de Bromatologia, Campus de Dracena-UNESP. A partirdos valores de matéria seca e matéria mineral das amostras foram calculados seus teores de matéria orgânica (MO).
 
Resultados e Discussão
Inicialmente, cabe esclarecer que foram usados dois lotes de resíduo de abacaxi nesta pesquisa, oriundos do mesmofornecedor, porém em datas diferentes. Ambos foram avaliados e apresentaram teores de MS e MO similares (tabela 1).
 
Tabela 1 – Composição química e energética das amostras de resíduo de abacaxi (valores expressos como porcentagem da matéria seca).
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO RESÍDUO DE ABACAXI PARA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS. - Image 1
 
No entanto, os demais parâmetros determinados apresentaram variações entre os lotes, sendo de 6,1 % para energia bruta; de 10,7 % a 11,9 % para FDT, FDS, FDI e FDN; de 21,7 % para PB; de 29,5 % para MM; e de 30,1 % para FDA. Constatou-se que tratavam-se de materiais bastante fibrosos, visto que os valores de FDT e de FDN situaram-se acima dos 70 %, com baixos teores de proteína e alto valor energético. Os teores de matéria seca do resíduo encontrados neste trabalho foram de 90,6 e 90,7 %, sendo superiores aos observados por Lousada Junior et al. (2006), 84,67 %, e por Rogério et al. (2007), 88,51 %. Com relação a PB, verificou-se o teor de 6,5 % no lote 1, inferior ao observado por Correia et al. (2006) e por Lousada Junior et al. (2006), que encontraram 7,37 e 8,35 % de PB no resíduo de abacaxi, respectivamente. Contudo, oteor de 8,3% de PB verificado no segundo lote foi similar ao demonstrado nos trabalhos mencionados. Verificaram-se teores de FDT de 72,9 e 81,7%, de FDN de 73,6 e 82,8 %, e de FDA de 32,5 a 46,5 % no resíduo de abacaxi. Os valores mais baixos, detectados no lote 1, foram similares aos encontrados por Lousada Junior et al. (2006) e Correia et al. (2006), 71,39 % e 72,12 % de FDN, e 30,72 % e 33,72 % de FDA, respectivamente, e por de Rogério et al. (2007), que encontrou 34,41 % de FDA no resíduo de abacaxi. A energia bruta das amostras avaliadas foram superiores a 4000 kcal/kg, valores muito acima daqueles observados por Correia et al. (2006), 2090 Kcal/Kg, porém similares ao encontrado por Rogério et al. (2007), 4090 Kcal/Kg do resíduo. Estas variações na composição química e energética do resíduo de abacaxi observadas entre trabalhos distintos e mesmo entre os lotes utilizados na presente pesquisa mostram que o resíduo não é padronizado, apresentando variabilidade em sua composição nutricional. Tal fato evidencia a necessidade de se realizar análises prévias para a utilização deste material em dietas para animais.
 
Conclusões
As amostras de resíduo de abacaxi avaliadas apresentaram elevado teor de fibra, principalmente insolúvel, com potencial de utilização em programas de restrição alimentar para suínos em terminação ou para evitar ocorrência de diarreia em leitões recém-desmamados. Contudo, é importante frisar que se trata de material não padronizado, cuja composição química pode variar.
 
Referências Bibliográficas
1. AGRIANUAL 2014: Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: Informa Economics FNP, 2013. 463p.
2. AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY. Official Methods of Analysis. 16. ed. Arlington: Patricia Cunnif, 1995. 1025p
3. CORREIA, M. X. C.; COSTA, R. G.; SILVA, J. H. V. Utilização de resíduo agroindustrial de abacaxi desidratado em dietas para caprinos em crescimento: digestibilidade e desempenho. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 4, p. 1822-1828, 2006.
4. LOUSADA JUNIOR, J.E. et al. Caracterização físico-química de subprodutos obtidos do processamento de frutas tropicais visando seu aproveitamento na alimentação animal. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.1, p.70-76, 2006.
5. PASCOAL, L. A. F. et al.Fiber sources in diets for newly weaned piglets. Revista Brasileira de Zootecnia, v.41, n.3, p.636-642, 2012.
6. ROGÉRIO, M.C.P. et al. Valor nutritivo do resíduo da indústria processadora de abacaxi (Ananascomosus L.) em dietas para ovinos. 1. Consumo, digestibilidade aparente e balanços energético e nitrogenado. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 59, n. 3, p. 773-781, 2007.
7. SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de Alimentos. Métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, p. 235, 2002.
8. VASCONCELOS, T. S. Resíduo de abacaxi em programa de restrição alimentar qualitativa para suínos pesados. 2014. 52 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Animal) – Faculdade de Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Dracena, 2014.
9. VEUM, T.L. et al. The addition of ground wheat as a fiber source in the gestation diet of sows and the effects on sow and litter performance for three successive parities. Journal of Animal Science, v.87, n. 3, p. 1003–1012, 2009.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Urbano Dos Santos Ruiz
UNESP - Universidad Estatal Paulista
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