Nesta tabela também pode ser observado uma comparativa das diferentes constantes de dissociação, que define-se pelo valor de pH no qual metade das moléculas ácidas estão na forma dissociada (Partanen e Mroz, 1999). Isto é importante e pode dar um valor indicativo (junto com a capacidade de redução do pH), de seu possível poder ant-bacteriano, pois sabe-se que os acidificantes são lipossolúveis em sua forma não dissociada, deste modo são capazes de se difundir internamente nas célúlas das bactérias, onde eles se dissociam e interferem na produção de ATP e no trasporte de nutrientes para dentro da célulás, acarretando na morte bacteriana (Partanen et al., 2001).
Por último, na tabela 4 também apresenta-se as caraterísticas aromáticas de cada ácido. É um ponto importante a ser avaliado, pois se um ácido possui um odor irritante, repulsivo e com sabor predominantemente azedo, como por exemplo o ácido fórmico e o propionico, podem interferir na palatabilidade e consumo de ração. Enquanto que por outro lado, o ácido lático e o butírico podem ser bastante atrativos aos leitões, por apresentarem um odor lácteo (Fireman, 2010).
Uma estratégia utilizada pela indústria de acidificantes que visa o aumento da efetividade ao longo do trato gastrointestinal e que pode além disso reduzir o dano corrosivo das instalações é o uso de formas de liberação lenta do ácido. Na maior parte das vezes, consiste na microencapsulação com ácidos graxos de cadeia média e curta, misturados para formar um microgranulo (Doyle, 2001; Piva et al., 2007). Tal tecnologia pode ainda reduzir o impacto observado com o uso de fomas livres de ácidos orgânicos, onde se observou uma redução no número de células parietais secretoras de HCl e um aumento de células secretoras de somatostatina, ambos acarretando em uma reução na secreção gástrica de HCl (Bosi et al., 2006)
Dentre os benefícios sugeridos com a pesquisa da inclusão de acidificantes e seus sais nas dietas de suínos, estão aqueles relacionados com as propriedades antimicrobianas de seus cations e anions, descritos anteriormente (Partanen, 2001). A redução da carga bacteriana pode consequentemente, gerar uma melhora na saúde gastrointestinal. Resultando um aumento no crescimento dos animais por aumento no consumo e melhora na conversão alimentar (Giesting et al., 1991; Overland et al., 2000), pode ainda reduzir a incidencia e severidade da diarréia dos animais (Tsiloyiannis et al., 2001; Owusu-Asiedu et al., 2003), ou para controlar a contaminações e infecções por Salmonella spp. através da ração de (Creus et al., 2007). Além de também ser utilizados para preservar grãos com alta umidade e como inibidores do crescimento fúngico na ração (NRC, 1998).
Embora a eficiência dos acidificantes foi demonstrada em inúmeros estudos e revisados intensamente (Mroz et al., 2005; Jacela et al., 2009), as repostas de uma maneira geral tem sido incosistentes. Porém nestes estudos são apontadas a influência de algumas importantes variáveis que podem explicar alguns resultados controversos, como: os diferentes tipos e combinações de acidificantes usados; as dosagens empregadas; as formas de aplicação; tipo de dieta; idade dos animais e as condições meio-ambientais em que o experimento foi realizado. As diferenças encontradas principalmente no desempenho dos animais pode ainda ser devido a capacidade tamponante dos diferentes ingredientes da ração (Blank, 1999). Como já descrito que a capacidade tamponante ácida é mais baixa nos cereais e seus sub-produtos; intermediária ou alta em ingredientes proteicos; e muito alta em fontes minerais, com exceção do fosfato mono e bicálcico (Mroz et al., 2005).
Atualmente, existe uma grande variedade de estudos que relatam os efeitos positivos do uso de butirato de sódio, que é preferentemente utilizado na alimentação de suínos por seu odor mais suave quando comparado a forma ácida líquida e por seu conhecido efeito benéfico na mucosa do cólon (Hamer et al., 2008, Fireman, 2010). Além disso foram observadas melhora na performance produtiva dos animais (Castillo et al., 2006; Manzanilla et al., 2006).
Outro acidificante amplamente estudado é o ácido benzóico, devido a sua elevada capacidade bactericida Em um estudo comparativo dos diferentes ácidos orgânicos, observou-se por exemplo que o ácido benzóico apresentou um efeito superior aos outros testados na inibição do crescimento tanto de
bactérias ácido láticas como de coliformes no estomago e conteúdo intestinal (Knarreborg et al., 2002). Outro trabalho recente apresentou seu poder bactericida frente a Salmonela spp. (Paulus et al., 2011). Portanto parece ser que este acidficante apresenta um marcado poder bactericida em toda a microbiota intestinal, como foi já comprovado em diferentes experimentos in vivo e que acabaram refletindo em um aumento significativo na performance produtiva (Maribo et al., 2000. Kluge et al., 2006; Torrallardona et al., 2007).
Convém destacar, outro efeito importante com o uso do ácido benzóico, que é sua capacidade de reduzir o pH dos dejetos dos suínos. Este efeito é baseado na transformação metabólica da parte anionica do ácido benzóico que é eliminado na urina na forma de ácido hipúrico, reduzindo o pH (Mroz et al., 2000; Kluge et al., 2006). Esta acidificação da urina pode contribuir para inibir a bacteriuria vaginal e vesical, reduzindo as possibilidades de infecções urinárias, além de diminuir a volatização da amonia no meio-ambiente através dos dejetos (Hendricks et al., 1997).
De maneira geral, os relatos científicos apoiam o uso de acidificantes em dietas de suínos, devido ao seu interessante potencial em aumentar a performance produtiva pela melhoria no processo digestivo através de diferentes mecanismos de ação que ainda necessitam ser mais elucidados. Entretanto, seu uso parece ser mais benéfico em animais jovens na fase de transição do desmame para controle de patologias entéricas (Mroz, 2005; Jacela et al., 2009), além de seu papel no controle e prevenção de infecções urinárias (Kluge et al., 2006).
CONCLUSÕES
A busca pela saúde intestinal através de aditivos eubióticos ainda é muito recente. Percebe-se que ainda necessitamos evidenciar e conhecer como alguns componentes da dieta podem influenciar o ambiente gastrointestinal e a fisiologia dos animais para garantir a produtividade do setor.
Portanto, existe ainda um promissor caminho pela frente a ser seguido para aqueles que visam a criação de animais mais saudáveis, com o mínimo impacto ao meio ambiente e que garantam a segurança alimentar dos consumidores.
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