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SUPLEMENTAÇÃO DE ACIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3 NA DIETA DE FÊMEAS SUÍNAS SOBRE OS ÍNDICES REPRODUTIVOS.

Publicado: 9 de maio de 2016
Por: CLAUDIO J. M. POSSER1,2, YARA T. ANDRIOLA2, MONIKE Q. SANTOS2, IVAN BIANCHI3, THOMAZ LUCIA JR2 1Universidade Federal de Pelotas – UFPEL - Pelotas/RS – 2Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, REPROPEL.-Pelotas/RS 3Instituto Federal Catarinense - Campus Araquari/SC
Sumário

O objetivo do presente experimento foi avaliar o efeito de dietas suplementadas com diferentes níveis de inclusão de ômega-3 (ácido docosahexaenoico - DHA) em matrizes suínas durante o terço final da gestação e pós-parto sobre o intervalo desmame-estro (IDE) e número de leitões natimortos durante o período de suplementação e número de leitões natimortos no parto subsequente. Foram utilizadas 720 matrizes suínas gestantes da linhagem Camborough distribuídas em blocos ao acaso em cinco tratamentos com suplementação diária de diferentes níveis de inclusão de DHA (0 g, 3,5 g, 7 g, 14 g, 28 g). Os dados foram registrados após o parto suplementado e após o parto subsequente à suplementação onde se avaliaram o IDE e número de leitões natimortos. Os PUFAs podem influenciar os processos reprodutivos porque fornecem os precursores para a síntese de prostaglandinas e estão envolvidos no metabolismo de esteroides e outros hormônios da reprodução, desta forma a suplementação com este componente pode interferir no IDE e no número de natimortos. Porém, considerando a análise dos dados deste estudo conclui-se que o DHA nas condições avaliadas o número de leitões natimortos durante o período de suplementação e no parto subsequente e IDE não foram influenciados pelos diferentes níveis de inclusão de ômega-3.

 

Palavras-chave: ácido docosahexaenoico; intervalo desmame-estro; leitões natimortos.

 
Introdução
A alta produtividade de matrizes suínas tem levado a uma maior necessidade nutricional, maior variabilidade do peso médio dos leitões ao nascimento, maior taxa de mortalidade pré-natal e pré-desmame e maior desgaste metabólico das matrizes (ABREU et al., 2014). INNIS (1991) já demonstrava o potencial efeito do uso de ácidos graxos poliinsaturados (PUFA) durante a gestação e lactação sobre o crescimento e desenvolvimento fetal. Fisiologicamente, os PUFA de cadeia longa mais importantes são o ácido araquidônico (C20:4n-6, ARA), ácido eicosapentaenoico (C20:5n-3, EPA) e o ácido docosahexaenoico (C22:6n-3, DHA) (KURLAK & STEPHENSON, 1999). Diversos trabalhos avaliaram os efeitos de ARA e EPA na suplementação de animais (SMITS et al., 2011; GULLIVER et al., 2012;), porém os mecanismos envolvidos no efeito da suplementação com DHA não estão completamente compreendidos. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de dietas suplementadas com diferentes níveis de inclusão de ômega-3 (DHA) em matrizes suínas durante o terço final da gestação, lactação e intervalo desmame-estro (IDE) sobre o IDE e número de leitões natimortos durante o período de suplementação e número de leitões natimortos no parto subsequente.
 
Material e Métodos
Foram utilizadas 720 matrizes suínas prenhas da linhagem Camborough provenientes de uma granja do estado de Santa Catarina. Foi realizada a suplementação diária das fêmeas com PUFA, especialmente o ácido docosahexaenoico (C22:6n-3, DHA). O DHA foi fornecido à dieta nos últimos 30 dias de gestação, durante a lactação (20-23 dias) e no intervalo desmame-estro (IDE; 4 a 7 dias), totalizando aproximadamente 60 dias de tratamento. A fonte de DHA fornecido era um produto farináceo derivado da Schizochytium sp., uma micro-alga marinha desenvolvida para fins comerciais (Ratledge et al., 2004). As fêmeas foram divididas em 5 tratamentos com 144 animais em cada grupo. Os tratamentos constituíam: Controle/TRAT1 (0,0g DHA/dia); TRAT2 (3,5g DHA/dia); TRAT3 (7,0g DHA/dia); TRAT4 (14,0g DHA/dia) e TRAT5 (28,0g DHA/dia). Após o nascimento das leitegadas do parto subsequente à suplementação, foram registrados os dados onde se buscou avaliar total de natimortos no parto suplementado e subsequente e IDE durante o período de suplementação. Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística utilizando-se teste de comparação de médias (Tukey) ao nível de 5% de probabilidade através do software Statistix® 10 (2013).
 
Resultados e Discussão
De acordo com WATHES et al. (2007) os PUFAs podem influenciar os processos reprodutivos porque fornecem os precursores para a síntese de prostaglandinas e estão envolvidos no metabolismo de esteroides e outros hormônios da reprodução, desta forma a suplementação com este componente pode interferir no IDE e no número de natimortos. Para a avaliação do efeito da suplementação de DHA no intervalo de desmame-estro os resultados obtidos apesar de demonstrarem diferença significativa entre os níveis de suplementação não apresentaram correlação com os níveis crescentes de DHA. O TRAT 1 e o TRAT3 de DHA apresentaram diferença significativa (p<0,05), porém não diferiram dos demais tratamentos de DHA (Tabela 1).
 
Tabela 1 - Efeito da suplementação com diferentes níveis de DHA no intervalo desmame-estro de fêmeas suínas.
SUPLEMENTAÇÃO DE ACIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3 NA DIETA DE FÊMEAS SUÍNAS SOBRE OS ÍNDICES REPRODUTIVOS. - Image 1Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem estatisticamente entre si (p<0,05).
 
Desta forma não houve uma relação entre nível de suplementação e IDE visto que estatisticamente somente o tratamento controle (0 g) diferiu do tratamento com 7 g de DHA e os demais níveis apresentaram-se semelhantes entre si. Corroborando com os achados de MATEO et al. (2009) o qual também não encontrou diferença entre o IDE em porcas durante seu primeiro ciclo reprodutivo quando suplementadas com n-3 (O3FA). HIDALGO et al. (2014) avaliaram o efeito da duração da lactação e da administração de gonadotrofinas durante o período de desmame sobre o IDE, onde verificaram que tanto as gonadotrofinas quanto o prolongamento da lactação diminuíram o IDE. Os resultados da avaliação da interferência da suplementação com DHA no total de leitões natimortos no parto suplementado e parto subsequente à suplementação encontram-se na Tabela 2.
 
Tabela 2 - Efeito da suplementação com DHA no número de leitões natimortos durante o parto suplementado e parto subsequente à suplementação
SUPLEMENTAÇÃO DE ACIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ÔMEGA-3 NA DIETA DE FÊMEAS SUÍNAS SOBRE OS ÍNDICES REPRODUTIVOS. - Image 2Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma coluna diferem estatisticamente entre si (p<0,05).
 
Os dados obtidos no período de suplementação do primeiro parto não apresentaram diferença (p>0,05) entre os tratamentos para a média de natimortos. Estes resultados estão de acordo com os reportados por MATEO et al. (2009), o qual também não observou diferença entre os tratamentos para o número de leitões natimortos no primeiro parto com suplementação O3FA. Nossos resultados referentes ao parto subsequente à suplementação também não apresentaram diferença significativa entre os níveis de suplementação. MATEO et al. (2009) encontrou resultados diferentes, visto que após dieta contendo O3FA durante o período da primeira gestação e no parto subsequente o número de leitões nascidos vivos apresentaram uma tendência a serem maiores no grupo de animais que recebeu a suplementação quando comparado ao grupo controle. Para maiores esclarecimentos dos efeitos dos PUFAs sobre a reprodução são necessários mais estudos em diferentes categorias e maior número de fêmeas suínas para os diferentes tratamentos.
 
Conclusões
Conforme os resultados obtidos neste estudo conclui-se que a suplementação com ômega-3 para matrizes suínas nas condições em que foi conduzido o experimento não influenciou o IDE e o número de leitões natimortos tanto no parto suplementado quanto no parto subsequente à suplementação.
 
Referências Bibliográficas
1. ABREU, M. L. T.; SARAIVA, A.; LANFERDINI, E.; et al., 2014. Aditivos para matrizes suínas em produção. VI CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE NUTRIÇÃO ANIMAL – SALA SUÍNOS, (6) Campinas, 2014. CBNA, Campinas: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal.
2. GULLIVER, C. E.; FRIEND, M. A.; KING, B. J.; et al., 2012. The role of Ômega-3 polyunsaturated fatty acids in reproduction of sheep and cattle. Animal Reproduction Science, (131): 9-22.
3. HIDALGO, D.M.; FRIENDSHIP, R.M.; GREINER, L.; et al., 2014. Influence of lactation length and gonadotrophins administered at weaning on fertility of primiparous sows. Animal Reproduction Science, (149): 245-248.
4. INNIS, S. M.; 1991. Essential fatty acids in growth and development. Progress in Lipid Research, (30): 39–103.
5. KURLAK, L. O.; STEPHENSON, T. J.; 1999. Plausible explanations for effects of long chain polyunsaturated fatty acids (LCPUFA) on neonates. Archives of Disease in Childhood. Fetal andNeonatal Edition, (80): 148–154.
6. MATEO, R. D.; CARROLL, J. A.; HYUN, Y.; et al., 2009. Effect of dietary supplementation of n- 3 fatty acids and elevated concentrations of dietary protein on the performance of sows. Journal of Animal Science, (87): 948-959.
7. RATLEDGE, C.; 2004. Fatty acid biosynthesis in microorganisms being used for single cell oil production. Biochimie, (86): 807–815.
8. SMITS, R. J.; LUXFORD, B. G.; MITCHELL, M.; et al., 2011. Sow litter size is increased in the subsequent parity when lactating sows are fed diets containing n-3 fatty acids from fish oil. Journal of Animal Science, (89): 2731-2738.
9. STATISTIX®. 2013. Statistix® 10 analytical software. Tallahassee, FL, EUA.
10. WATHES, D.C.; ABAYASEKARA, D.R.E.; AITKEN, R.J., 2007. Polyunsaturated fatty acids in male and female reproduction. Biology of reproduction, (77): 190-201.
 
***O TRABALHO FOI ORIGINALMENTE APRESENTADO DURANTE O XVII CONGRESSO ABRAVES 2015- SUINOCULTURA EM TRANSFORMAÇÂO, ENTRE OS DIAS 20 e 23 DE OUTUBRO, EM CAMPINAS, SP.
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Autores:
Claudio Junior Machado Posser
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