IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DA QUALIDADE DE ÁGUA NA SUINOCULTURA Assim como para o homem, a água é um elemento imprescindível à vida animal, é necessário que se adotem medidas para garantir, tanto quanto possível, suas características, a fim de que seja própria para consumo.
1 Água de má qualidade representa riscos a saúde dos animais e a produção, causando desde reduções no ganho de peso, até a perda de animais.
2 As necessidades dos animais, relativamente ao consumo de água, variam com a espécie, tipo de criação, alojamento, condições do ambiente, natureza da dieta e temperatura. A ausência de controle da qualidade da água conduz, fatalmente, a curto ou a longo prazo, a infecções e envenenamentos, que podem ter conseqüências imprevisíveis para o desenvolvimento do local de criação.
3 No caso de leitões desmamados o consumo de água é o dobro do consumo de alimento seco e, se as condições do ambiente forem muito quentes, este consumo pode chegar até 4:1. Portanto a água não pode ser esquecida, é parte integrante para formação dos tecidos corporais e veículo de eliminação de resíduos pela evaporação e ingestão.
4 O CONAMA é o órgão que estabelece os parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água, e estes são rigorosamente controlados. Para a dessedentação de animais, a legislação brasileira por meio da RESOLUÇÃO CONAMA Nº 20 (1986), estabelece a utilização água da classe 3. Entretanto, sugere-se que a água destinada ao consumo animal deve ter as mesmas características da água potável consumida pelos seres humanos e que para limpeza das instalações deve-se usar água isenta de microrganismos e com baixo nível de dureza. Em resumo, para ter uma produção animal de qualidade deve-se dar à água uma importância semelhante a que se dá a outros fatores de produção como instalações, alimentação e manejo.
3 No entanto, ainda não é dada a devida atenção quanto a qualidade físico-química e microbiológica da água dada aos animais.
4 Existe um controle na ração fornecida ao animal. É de conhecimento geral que uma ração de má qualidade que não forneça os nutrientes necessários pra o crescimento dos suínos diminui a produtividade. Porém, ainda não é de consenso geral que a qualidade da água é de fundamental importância para o crescimento do animal, assim como a ração.
6 Este controle da qualidade da água é tão importante quanto o da ração, a ponto de conferir até duas vezes ao dia as condições de limpeza de bebedouros.
7 Não controlar os parâmetros físico-químicos da água fornecida pode comprometer a qualidade da carne. Existem vários fatores químicos, físicos e sensoriais a serem considerados para avaliar a qualidade da carcaça. Entre estes fatores, podemos citar cor, textura, lesões, pH, composição entre outros. A preocupação com a qualidade da carne é cada vez maior devido a exigência do mercado consumidor, tanto a nível nacional quanto internacional. Atualmente, o consumidor está mais informado quanto as condições ideais de qualidade e requer esses padrões em seu produto.
A análise constante da água, físico-química e bacteriológica, pode auxiliar na periodicidade da limpeza dos bebedouros, livres de matéria orgânica, com limpeza periódica da caixa d’água tubulação do aviário. Estes cuidados evitam que a água seja um veículo de agentes infecciosos com prejuízos a nível de abatedouro na condenação de carcaças.
8 Generalizando, a água para dessedentação animal deve ser isenta de substâncias químicas e microorganismos prejudiciais a saúde dos animais.
3 Além destes parâmetros, existem outros que devem ser considerados para auxiliar na limpeza e evitar estas possíveis contaminações.
Todas as águas naturais, em maiores ou menores escalas, contêm íons resultantes da dissolução de minerais. Os íons cloretos (Cl-) são advindos da dissolução de sais, como por exemplo do cloreto de sódio (NaCl).
Os constituintes responsáveis pelos cloretos são os sólidos dissolvidos de origem natural ou antropogênica, sendo que a origem natural é basicamente composta pela dissolução de minerais ou por intrusão de águas salinas, enquanto que a origem antropogênica é basicamente composta por despejos domésticos, industriais ou por águas utilizadas em irrigações e o uso de fertilizantes. A importância desse parâmetro, se dá na determinação de concentrações de sais que imprimem um sabor salgado à água, e é utilizado na caracterização de águas brutas de abastecimentos.9 Também pode indicar presença de urina humana.
A alcalinidade é uma medida dos componentes básicos da água, geralmente bicarbonatos, carbonatos e hidróxidos no caso de águas naturais. Também é definida como a quantidade de Íons na água que reagirão para neutralizar os íons de hidrogênio. É uma medida da capacidade da água de neutralizar os ácidos (capacidade tampão – resistir a mudanças de pH). Os principais constituintes da alcalinidade são o bicarbonato (HCO
3-), carbonatos (CO
32-) e os hidróxidos (OH-). A distribuição entre as três formas é função do pH. Só podem existir simultaneamente 2 tipos de alcalinidade. Uma das origens naturais da alcalinidade é a dissolução do CO
2 na água. Uma vez em solução ele reage para formar o acido carbônico.
9 Além da solubilidade do CO
2, uma fonte natural de alcalinidade é a dissolução das rochas. A antropogênica é essencialmente devido à despejos industriais.9
A sua importância é na prevenção de incrustação e corrosão em tubulações, relação com a coagulação e na redução da dureza. Não tem significado sanitário de carbono – bicarbonato controla o pH nos sistemas biológico.
Através da alcalinidade, pode-se interpretar os resultados como: - pH > 9,4 indica a presença de hidróxidos e carbonatos;
- pH entre 8,3 e 9,4 indica a presença de carbonatos e bicarbonatos;
- pH entre 4,4 e 8,3 indica somente a presença de bicarbonatos.
9 A matéria orgânica presente nos corpos d’água é uma característica de primordial importância, sendo causadora do principal problema de poluição das águas: o consumo do oxigênio dissolvido pelos microorganismos nos seus processos metabólicos de utilização e estabilização da matéria orgânica. Os principais componentes orgânicos são componentes de proteína, carboidratos, gordura e os óleos, além da uréia, surfactantes, fenóis, pesticidas e outros em menores quantidades.9
A matéria carbonácea divide-se nas seguintes frações: a) não biodegradável (em suspensão e dissolvida) e
b) biodegradável (também em suspensão e dissolvida).
Em termos práticos, geralmente não há necessidade de se caracterizar a matéria orgânica em termos de proteínas, gorduras, carboidratos, etc. A análise é importante porque a matéria orgânica é responsável pelo consumo de oxigênio pelos microorganismos decompositores, além de parte da alcalinidade, originária de fonte natural está diretamente ligada com a decomposição da matéria orgânica, a cor pode ser devida a presença de matéria orgânica dissolvida e também pode dar origem a odor e sabor na água, prejudicando injestão de água.
9RESOLUÇÃO DO CONAMA10Art. 6º - Para as águas de Classe 3 são estabelecidos os limites ou condições seguintes: a) materiais flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente ausentes;
b) óleos e graxas: virtualmente ausentes;
c) substâncias que comuniquem gosto ou odor: virtualmente ausentes;
d) não será permitida a presença de corantes artificiais que não sejam removíveis por processo de coagulação, sedimentação e filtração convencionais;
e) substâncias que formem depósitos objetáveis: virtualmente ausentes;
f) número de coliformes fecais até 4.000 por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês; no caso de não haver, na região, meios disponíveis para o exame de coliformes fecais, índice limite será de até 20.000 coliformes totais por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos 5 amostras mensais colhidas em qualquer mês;
g) DBO
5 dias a 20°C até 10 mg.L
-1 O
2;
h) OD, em qualquer amostra, não inferior a 4 mg/I O
2 1) Turbidez: até 100 UNT;
j) Cor: até 75 mg Pt/l;
l) pH: 6,0 a 9,0
m) Substâncias potencialmente prejudiciais (teores máximos) :