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Cama de frango na alimentação animal

Cama de frango na alimentação animal

Publicado: 7 de junho de 2007
Por: Fernando Augusto de Araújo, Pedro Nacib Jorge Neto, Marcos Antonio Gama Sundfeld.
O extraordinário desenvolvimento das explorações avícolas, particularmente no setor de frango de corte, trouxe a possibilidade de aproveitamento da cama de frango para outras atividades, como adubo para agricultura ou fonte de proteína barata para nutrição animal (proibido recentemente por motivos de biosseguridade). Porém, à medida que a qualidade microbiológica dos alimentos, bem estar animal e impacto ambiental da produção de alimentos ganham cada vez mais destaque, faz-se necessário inserir a cama de frango nas discussões avícolas, sendo esta um desafio físico e econômico a ser superado, levando em consideração o exemplo que um plantel de 100.000 galinhas poedeiras pode produzir 11.340 kg de esterco/dia2 e que a produção de frangos de corte em 2004 foi de 4,042 bilhões de unidades11 com uma produção média de 2,12kg/ave10, foram produzidas em 2004 8,569 milhões de toneladas de cama de frango.


Cama de Frango

Trata-se de uma mistura de substrato (conhecido como ‘cama’), de fezes, de penas e restos de ração. A cama é produzida após cada criada, sendo normalmente reutilizada por até 3 vezes, após processo de redução de carga microbiana, sendo os substratos utilizados hoje em dia subprodutos industriais ou restos de culturas agrícolas, como: marvalha; resíduos de beneficiamento industrial da madeira; sabugo de milho triturado; casca de arroz; palhadas de culturas em geral; fenos de gramíneas e cascas de amendoim.

A cama de frango pode ser um alimento de baixo custo e boa qualidade, podendo ser uma boa fonte de proteína, energia e minerais. Sua composição química varia de acordo com o substrato, densidade de aves, tipo de alimentação, manejo da cama, tempo de armazenagem e altura da cama. Contudo, apresenta de 14,4 a 40% de proteína bruta se considerada a matéria seca, sendo que de 40 a 50% está sob forma de proteína verdadeira e o restante constituído por nitrogênio não protéico. Os níveis de extrato etéreo variam de 0,4 a 5%. Já o nível de fibra é muito variado pois depende do substrato utilizado. O teor de cinzas varia de 7,9 a 34%. Em amostras de cama de frango na da região de Londrina-PR, foi encontrado em média, 2% de nitrogênio, 1,36% de fósforo, 2,34% de potássio, 2,33% de cálcio, 0,62% de magnésio e 046% de enxofre. Observa-se que os teores de vitamina A e D são muito baixos e vitaminas do complexo B, em particular a B12 (oriunda das fermentações bacterianas) encontram-se em níveis elevados em relação ao teor relativo de vitaminas e minerais. Estão ainda presentes na cama de frango, fatores não identificados de crescimento. As camas de frango possuem, em geral, 2440 kcal de energia digestível.


Preparo

O preparo da cama de frango obedece a dois processos distintos:

a. desidratação: após retirada das aves, a cama sofre uma ventilação natural, com objetivo de diminuir a umidade, sendo triturada em seguida por um moinho-martelo, podendo então ser utilizada na alimentação animal3.

b. fermentação aeróbica: a cama é retirada das instalações e amontoada em pilhas de forma crônica, em local abrigado, por cerca de duas semanas, com o objetivo de ocorrer a eliminação da amônia e as altas temperaturas alcançadas reduzirem a população bacteriana3,8, sendo a umidade ideal para fermentação de 12 a 25%8.

c. aquecimento a seco: efeito semelhante a desidratação natural, com a vantagem de eliminação mais rápida de água e maior concentração de matéria seca3.


Utilização na Alimentação Animal

A cama de frango pode ser utilizado na alimentação de aves e grandes animais, em particular, ruminantes.

Na alimentação de aves, a cama de frango, após tratamento adequado, pode ser utilizada em ração para frangos de corte, considerando que, além de nitrogênio não protéico, este material contém parcela de proteína verdadeira. Possui também fatores não conhecidos de crescimento e seu conteúdo em microorganismos converte parte do ácido úrico existente no próprio esterco em proteína microbiana, que pode ser utilizada pela ave.

O interesse pelo emprego da cama de frango na alimentação de ruminantes surgiu quando Belascos, em 1974, citado por Pereira (1986), mostrou que, entre as várias fontes de nitrogênio não-protéico presentes na cama, estava incluído o ácido úrico, uma das formas de nitrogênio eliminadas nos excrementos das aves e utilizadas por microrganismos ruminais para síntese de proteínas. A degradação do ácido úrico pela flora ruminal é completa e fornece, como produtos finais, amônia, gás carbônico e ácido acético. O ácido úrico é utilizado de forma mais lenta que a uréia, pelos microrganismos do rúmen, o que resulta em utilização mais eficiente do nitrogênio pelos ruminantes.

A utilização desta fonte para bovinos está diretamente relacionada ao baixo custo de aquisição.

Muitos estudos citados na literatura mostram a viabilidade econômica da utilização da cama de frango na alimentação de pequenos e grandes ruminantes, que apresenta boa aceitabilidade pelos animais e normalmente é fornecida como substituto principalmente dos farelos de soja e de algodão. Os termos médios de cama de frango utilizado variam de 10 a 30%3,10 a até 40 a 60%4, conforme a fase da vida e finalidade de produção, sendo necessário a suplementação de vitamina A3,5,10.


Preocupações

Deve-se selecionar o material a ser utilizado na cama, retirar carcaça de aves periodicamente, controlar tempo de acumulação e umidade e reduzir potencial de contaminação com materiais inertes.
Supõe-se haver níveis residuais de produtos tóxicos como alguns metais pesados, resíduos de drogas e medicamentos, utilizados na alimentação avícola e para evitar proliferação de insetos no esterco da cama de frango.

Apesar de não ter sido relatado ocorrência de doenças ou efeitos prejudiciais à saúde dos bovinos alimentados com cama de frango, informa-se que:

a. bovinos expostos ao contato com aves tuberculosas podem reagir positivamente ao “teste de tuberculina”, sem apresentar qualquer sintoma ou lesão de tuberculose6, sendo o Mycobacterium avium transmissível aos ruminantes.

b. as toxinas do mofo encontradas normalmente nas camas de frango podem causar sérios problemas aos animais.

Alguns trabalhos citaram que bovinos alimentados com cama de frango proveniente de frangos de corte apresentam acúmulo de arsênico no fígado, embora seja em níveis muito abaixo dos normalmente aceitáveis e citam também intoxicação por cobre em ovinos.

É de se supor ainda a presença de salmonelas e coliformes na cama de frango, porém estudos demonstram que se devidamente tratadas, a cama de frango é praticamente livre de resíduos indesejáveis, além de somente a Salmonella typhimurium tipo B poder ser transmitida da ave para o bovino.


Proibição

O veto à cama de frango como alternativa de alimentação para bovinos decorre da constatação de que a presença de proteína animal na ração tem sido o principal vetor de disseminação do mal da vaca louca pelo mundo. Embora, desde 1996, esteja proibido o uso de proteína animal nas rações para ruminantes, o mesmo não ocorre com as rações para suínos e frangos, o que tornaria os resíduos de ambas as atividades impróprios para o arraçoamento de bovinos.


Conclusão

Apesar de economicamente interessante, a cama de frango não deve ser utilizada na alimentação animal para atendermos as normas de biosseguridade dos paises importadores da carne brasileira.


Bibliografia
  1. PAGANINI, Fabio José. Manejo da Cama. In: MENDES, Ariel Antonio, NÄÄS, Irenilza de Alencar, MACARI, Marcos (ed.). Produção de Frangos de Corte. Campinas: FACTA, 2004. Cap. 7.
  2. MORENG, Robert E., AVENS, John S. Ciência e Produção de Aves. Tradução de Nair Massako Katayma Ito. São Paulo: Roca, 1990. Cap. 6, p. 167-168.
  3. ANDRIGUETTO, José Milton et al. Nutrição Animal: As bases e os fundamentos da nutrição animal. Os alimentos. 4.ed.. São Paulo: Nobel, 1986. Vol. 1, cap. 2, p. 309-310.
  4. TEIXEIRA, Antônio Soares. Curso de Especialização por Tutoria a Distância. Módulo 4: Alimentos e Alimentação. Lavras: ESAL, 1991. Cap. 8, p. 93.
  5. JARDIM, Walter Ramos. Alimentos e Alimentação do Gado Bovino. São Paulo: Agronômica Seres, 1976. Cap. VII, p. 82-83.
  6. ROSTON, Adibe Jorge. Subsídios para alimentação suplementar de bovinos. Campinas: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, 1992. Cap. 2, p. 28-29.
  7. CARNEIRO, Sérgio Luiz; ULBRICH, Antônio Carlos; FALKOWSKI, Tomás et al. Frango de Corte. Integração Produtor/ Indústria: Uma renda bimensal estável e a produção de composto orgânico na propriedade. REDES EMATER-PR, Agosto, 2004. Disponível em: . Acesso em: 26 mai 2005.
  8. THIAGO, Luiz Roberto Lopes de S.; SILVA, José Marques da. Suplementação de Bovinos em Pastejo. Circular Técnica 27. Campo Grande: EMBRAPA, 2001. Cap. 3. Disponível em: . Acesso em: 23 mai 2005.
  9. PEREIRA, José Carlos, SILVA, Paulo Roberto de Carvalho e, CECON, Paulo Roberto et al. Cama de frango e suplemento à base de microbiota ruminal em dietas de novilhas leiteiras: desempenho produtivo e avaliação econômica. R. Bras. Zootec., maio/jun. 2003, vol.32, no.3, p.653-662.
  10. OLIVEIRA, Rodrigo Vidal, LANA, Rogério de Paula, MALDONADO, Fabiana et al. Consumo, digestibilidade aparente de nutrientes e disponibilidade de minerais em ovinos, em função de diferentes níveis de cama de frango na dieta. R. Bras. Zootec., Julho/Ago. 2004, vol.33, n.4, p.1060-1070.
  11. RELATÓRIO ANUAL 2004/2005. Brasil: União Brasileira de Avicultura.
  12. AIELLO, S. E. (Ed.). Infecções Generalizadas In: Manual Merk de Veterinária. 8ª ed. São Paulo: Roca, 2001.
  13. Proibido uso da cama de frango. Avicultura Industrial, 03 mar 2004. Disponível em < http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica.asp?id=8069&tipo_tabela=cet&categoria=manejo>. Acesso em: 30 mai. 05.
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Marcelo de Souza Lima
11 de noviembre de 2012

Prezado José Mário,
Prejudicial não é, mas o fato de utilizá-la para alimentação animal sim, é proibido por uma lei de cunho federal, portanto, no caso de uma denúncia aos órgãos fiscalizadores e cumpridores da legislação, que acompanha os agentes é a polícia federal.
Agora, o fato do mal cheiro é característico do processo de fermentação onde gases são liberados devido o processo fisico-químico, que não vão prejudicar a saúde, mas podem causar irritação das mucosas nasais de inalado com intensidade e proximidade, por causa da amônia que é liberada via sistema urinário das aves.
É isso aí, espero ter ajudado.

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Marcelo de Souza Lima
2 de octubre de 2012

Olá Silvio José Carneiro,
É um prazer poder comentar a sua dúvida, pois vivo aqui do seu lado, em Itaberaí.
Existem dois lados de uma moeda e você deve ter lido todos os comentários até chegar a postar a sua dúvida, então, facilita o que vou comentar.
Como médico veterinário e conhecedor dos benefícios que trazem a cama como nutriente, não me oponho ao seu uso, mas, dependerá do preço por tonelada, por que na nossa região esse preço é abusivo, chegando aos patamares de R$160 a R$ 180 reais a tonelada. Com esse dinheiro dá prá comprar farelo de soja e milho e ainda sobra, dependendo da categoria animal.
Por outro lado, vem a ética profissional e a proibição via Normativa Ministerial é clara, proibindo o uso de cama de aviário para ruminantes, colocando em risco o nosso status sanitário, que é o maior exportador de carne do mundo, o que por si só, justifica o cumprimento da lei.
Os órgão de fiscalização fazem vista grossa por uma série de motivos, mas não vem ao caso em questão, portanto, faça as contas e veja se vale o risco, resultado com certeza virá.
Grande abraço.

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Marcelo de Souza Lima
30 de agosto de 2012

Bom dia pessoal,
Como disse e muito bem relatou Jorge Espinoza, paremos de caçar as bruxas e, como bem colocou o colega Romão, encaremos os pontos positivos que a alimentação com adição de cama de frango me trará, na minha realidade.
Diante do custo-benefício do uso dessa possibilidade alternativa de alimentação, façamos a escolha, de antemão, asseguro que resultados positivos são bons e satisfatórios, demorando cerca de 20 dias a mais em relação ao uso de ração de origem totalmente vegetal, a base de milho e soja, conforme já relatado anteriormente.
Boa colocação Jorge Espinoza.
Abraços a todos.

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Romão Miranda Vidal
28 de agosto de 2012
Na realidade o uso da cama de frango, deve ser encarado sob os seguintes pontos: 1- Ainda não se tem muito claro quais os efeitos que a cama de frango, via Pryon, possa vir a causar nos ruminantes, com consequências neurológicas. 2- Caso fosse liberado o seu uso, para alimentação de bovinos, o custo/benefício, conforme a distância entre as partes envolvidas, poderia se tornar inviável; 3- Só o simples fato da presença de N.P.N.,não pode ser considerado como elemento importante, mas sim a composição da cama como um todo; 4- Em geral a criação de frangos, para quem pratica este tipo de atividade e possua uma área rural, analisando-se bem a combinação : cama de frango +cultura de milho = receita adicional. Qual seja, o uso da cama de frango como adubo orgânico, aumenta o fator Matéria Orgânica, permeabilidade do solo, retenção maior de água, aumento da microbiologia telúrica e pode até cooperar na Fixação Biológica de Nitrogênio, resultando em um aumento de produção acima de 25%. 5- Outra vantagem no uso da cama de frango, na agricultura em relação a bovinocultura, está na economia considerada na aquisição de Sulfato de Amônia ou de de Uréia. Acredito sim, que se houvesse a liberação do uso da cama de frango como complemento alimentar, haveria um incremento no ganho de peso, em especial para animais confinados, se considerado o custo / benefício em relação aos demais componentes da ingesta diária. Médico Veterinário Romão Miranda Vidal.
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Marcelo de Souza Lima
12 de abril de 2012

Bom dia pessoal,
são as polêmicas que nos levam a reflexão e a tomadas de decisões, sejam certas ou erradas. Muio bem colocadas as palavras do meu xará Marcelo Arruda, somente gostaria de relembrar que nessa imensidão continental do nosso país, são várias as culturas e como colocado, várias são as possibilidades de uso de novas tecnologias, bem como modelos de alimentação.
Saliento ainda as barreiras comerciais e os loops de grandes empresas de produção de ração diante do tema, bem como o preço do leite pago aos produtores rurais, bem como os parâmetros definidos pela IN do ministério, que realmente, deve ser buscada para que o produto tenha seu valor pelo que pese: qualidade de sólidos e bacteriológica.
Como o rúmem da vaca é algo digno da cultura indiana, sagrada, resta aos mecanismos fisiológicos transformarem esse NNP em proteína e ter como resultado índices zootécnicos que justifiquem o seu uso e a sua produção.
Um grande abraço a todos.

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Marcelo de Souza Lima
22 de septiembre de 2011
Bom dia Eduardo Lopes, creio que não terá problemas, mas, lembre-se, a vigilância em cima dos cuidados com a sua biosseguridade devem dobrar, uma vez que estará aproveitando restos biolágicos, assim, todo cuidado é pouco. Me mantenha informado dos seus resultadps.
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Marcelo de Souza Lima
21 de septiembre de 2011
Prezado Eduardo Lopes, acompanhei uma criação de suínos que complementava a ração dos seus animais com a cama de frango e com os animais moros no dia, fazendo dessa maneira o aproveitamento dos animais e das excretas. Sabemos que a excreta das aves é rica em nitrogênio não proteico, o que seria aproveitado pela bacérias de animais ruminantes, não havendo assim efeito em monogástricos, mas, o percentual de ração não processada que passa pelo sisema digestivo das aves, mais o desperdício dos comedouros, co cerca de 20% de proteína bruta, fazem desse material, um auxílio na redução de custo de ração. No caso em que acompanhava a granja, os animais demoravam cerca de 20 dias a mais para atingir o peso ideal de abate, em relação aos animais raados somente com ração. Não sei te precisar o quanto reduzia no custo, mais devia ser algo compensador, por que era uma granja com mais de 600 animais em engorda. Fao negativo era o odor das fezes, que demanda um cuidado mais acentuado com a limpeza e uma esterqueira para eliminação dos efluentes.
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Marcelo de Souza Lima
25 de enero de 2009
Bom dia a todos, gostaria de lembrá-los, a luz das necessidades protéicas para os animais ruminantes, até mesmo monogástricos(suínos), que é grande a nossa carência nutricional, tão grande quanto a nossa extensão territorial. Atender a Portaria Ministerial que proíbe a utilização de cama de frango na alimentação animal, por esse ponto de vista, torna-se como foi dito, redundância. Também a título de lembrança para elucidar a discussão, o país é líder na exportação de carne bovina, onde nada poderia, em tese, atrapalhar esse status. Episódios como cama de frango na alimentação de ruminantes, poderia ser um bom argumento para alguns países interessados na nossa queda. Como nossos maiores mercados compradores são europeus, onde teve origem a epidemia da vaca louca, onde está uma massa com poder de compra que lhe permite exigir e impor condições, não seria conveniente, para o ministério e para o mercado, deixar de proteger esse mercado e essa colocação na balança comercial. No campo do custo da ração para frangos, maior mercado mundial de exportação e segundo maior criador, atrás somente dos E.U.A, produzir ração a base de fósforo e cálcio de fonte que não seja a animal, como a farinha de carne e ossos, resíduo de abatedouro de bovinos, em detrimento do uso de reservas de rochas, não haveria reservas para tamanha demanda, segundo alguns especialistas da área. Relato essa condição para se entender que na hipótese de utilização desse material como alimentação (substrato + fezes + ração) de ruminantes, a possibilidade da presença do Prion(agente causador da Encefalite Espongiforme-Vaca louca) nas fezes das aves, que numa suposição, poderia, em tese, contaminar os ruminantes ora alimentados com a cama oriunda dessas aves alimentadas com ração cuja fonte de cálcio e fósforo venha da farinha de carne e ossos. Diante da evolução nos programas de sanidade e manejo das criações comerciais de frangos de corte, não creio que o botulismo, via cama de frango, seja o maior problema, embora as clostridioses sejam um problema que sempre ronda esse material e merece atenção dos técnicos, pois, esse assunto é complexo e muito polêmico. Afirmo isso, embasado em experiências acompanhadas ao longo de 15 anos de atuação na área avícola e de engorda de bovinos com cama de frango, enquanto a Portaria do M.A. permitiu. Nunca houve na empresa, casos de problemas com botulismo oriundo da cama de frango, onde o material era utilizado de duas formas: 1- Como concentrado Protéico, por ser rico em NNP 2- Inclusão na silagem de milho no momento do corte e compactação, como agente sequestrante de umidade, via palha de arroz (substrato) e enriquecimento do material ensilado no final do processo, cerca de 60 dias depois. Claro que nesse período acompanhei casos de elevada mortalidade de animais leiteiros alimentados com cama contaminada com Clostrídio Botulino, animais confinados onde eram alimentados com cama de frango, que somente ocorreram por falta de controle sanitário e manejo na retirada dos animais mortos ao longo da criação. Não creio que algum processo para inativação desse material seja efetivo ou viável economicamente, como já foi citado, a temperatura é fator limitante, pois a bactéria é termo resistente, o que inviabilizaria o seu custo para uso cotidiano. Outro fator, o principal deles, a proibição do Ministério da Agricultura na manutenção e proteção do status sanitário da nossa carne, não cederá, pois, economicamente não se pode pensar em algo que atrase a economia e o setor. Resta então, o uso na agricultura, como fonte de adubação e, como foi citado também no início do artigo, as fezes desse inúmero contingente de aves, produzira adubo para muitas safras. Espero através desses comentários, elucidar um pouco mais a mente das pessoas que se interessam pelo assunto e compor com a discussão. Um grande abraço a todos.
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Anderson Barbosa
19 de marzo de 2022
Uma dúvida tanta a cama de frango como os restos da poedeira puro pode ser usado. Também ou não tem que ser a cama mesmo geralmente dos frangos de engorda
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Brenda Souza santos
12 de febrero de 2020
Oibrenda gostaria de saber como é feito o processo da cama de frango para chegar até o choxo dos animais sem contaminação?
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