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Listeria monocytogenes em Leite e Produtos Lácteos

Publicado: 9 de julho de 2009
Por: Maria de Fatima Borges, Ana Paula Colares de Andrade, Edna Froeder Arcuri, Dirce Yorika Kabuki e Arnaldo Yoshiteru Kuaye, Embrapa Agroindústria Tropical, CE.
Introdução
Listeria monocytogenes é um importante patógeno de origem alimentar, uma vez que a presença desse microrganismo em alimentos pode causar listeriose. A listeriose causa gastrenterite e, em casos mais graves, ocasiona septicemia, meningite e meningoencefalite. Surtos de listeriose, embora relativamente raros, sempre envolvem mortalidade, sobretudo em grupos de risco bem definidos (idosos, neonatos, gestantes e pessoas imunodeprimidas).
Leite e produtos lácteos, especialmente os queijos frescais, têm sido associados a casos e surtos de listeriose em vários países durante as três últimas décadas. A contaminação dos queijos por L. monocytogenestem sido associada, principalmente, ao leite usado na fabricação (cru ou pasteurizado inadequadamente) ou ao ambiente de processamento. Os trabalhos realizados nas indústrias revelam que a contaminação cruzada é a causa da contaminação dos queijos elaborados com leite pasteurizado adequadamente. No Brasil, até o presente, não foi relatado nenhum caso ou surto de listeriose associado ao consumo de leite e produtos lácteos.
Este trabalho de revisão tem como objetivos, relatar as características de identificação e patogenicidade deL. monocytogenes, as pesquisas realizadas sobre a contaminação de leite e produtos lácteos causada por esse patógeno e a ocorrência de surtos e casos esporádicos de listeriose.
Características do gênero Listeria
Segundo o Taxonomic outline of the prokaryotes, Bergey´s manual of systematic bacteriology (GARRITY et al., 2004), o gênero Listeria encontra-se classificado na classe Bacilli, ordem I Bacillales, família IV Listeriaceae e apresenta seis espécies: L. monocytogenes, L. innocua, L. welshimeri, L. seeligeri, L. ivanovii e L. grayi.
As espécies do gênero são pequenos bastonetes Gram-positivos, não formam esporos e cápsula, são anaeróbios facultativos, móveis, devido à presença de flagelos peritríquios, e, em meio sólido, a 20-25 °C, apresentam mobilidade típica de guarda-chuva (BILLE; ROCOURT, 2003). Crescem numa faixa de temperatura entre -0,4 a 50 °C (LOU; YOU SEF, 1999), com crescimento ótimo a 30-37 °C (BILLE; ROCOURT, 2003). A faixa de pH para crescimento situa-se entre 5,6 a 9,6 (SWAMINATHAN, 2001), embora tenha sido constatado crescimento em pH abaixo de 4,0 (LOU; YOUSEF, 1999). A atividade de água ótima é >0,97, porém, a mínima varia entre 0,90 - 0,93 (LOU; YOUSEF, 1999). Esses microrganismos toleram altas concentrações de cloreto de sódio (10-12 %), sobrevivendo a 25,5 % de NaCl (DONELLY, 2001).
As características bioquímicas utilizadas para identificação das bactérias do gênero Listeria são: produção de catalase, não produção de oxidase, fermentação de glucose com produção de ácido lático sem produção de gás, provas de Voges Proskauer e vermelho de metila positivas, capacidade de hidrolisar a esculina e a incapacidade de utilizar a uréia. A diferenciação da espécie se faz por meio das provas de redução de nitrato, produção de ß-hemolisina, utilização de manitol, ramnose e xilose e Camp teste. As espécies L. monocytogenes, L. ivanovii e L seeligeri são produtoras de ß-hemolisina; entretanto L. welshimeri, L. ivanovii e L. seeligeri utilizam a xilose e L. grayi utiliza o manitol. No Camp teste, L. monocytogenese L. seeligeri apresentam hemólise sinergística com Staphylococcus aureus e L. ivanovii com Rodococcus equi (RYSER; DONNELLY, 2001).
 
Listeriose
A listeriose é uma doença causada pela ingestão de alimentos contaminados por L. monocytogenes. A manifestação clínica da doença é descrita de duas formas, a listeriose invasiva e a listeriose gastrintestinal (não-invasiva). A listeriose invasiva é uma doença severa, pois a taxa de mortalidade é alta (20 % a 30 %), principalmente, para pessoas susceptíveis a adquirir a infecção, como gestantes, recém-nascidos, idosos, pacientes submetidos à hemodiálise, a terapias prolongadas e indivíduos com sistema imunológico deprimido (SWAMINATHAN, 2001). Já a listeriose não-invasiva pode causar infecções brandas, semelhantes a uma gripe, até surtos de gastrenterite febril em indivíduos saudáveis, mas normalmente não evolui para óbito (CARRIQUE-MAS et al., 2003; GAHAN; HILL, 2005).
O período de incubação da listeriose varia de horas a semanas, contudo a dose infectante de L. monocytogenes para causar a doença ainda não está bem definida. A dose aproximada, relatada de casos, varia de 103 a 109 UFC/g ou mL (DALTON et al., 1997), mas há relatos de surtos com contaminação muito baixa (MEAD et al., 1999). A dose infecciosa, também, varia em função da virulência da cepa e da suscetibilidade do indivíduo. Os sintomas mais comuns são febre, fadiga, mal-estar, podendo haver ou não presença de náusea, vômito, dores e diarréia. Em casos mais graves, ocorre meningite, meningoencefalite, encefalite e septicemia. Em indivíduos saudáveis manifesta-se como gastrenterite caracterizada por febre, vômitos, dor abdominal e diarréia (DONELLY, 2001).
Patogenicidade e genes de virulência de L. monocytogenes
Os mecanismos pelos quais L. monocytogenes causa a listeriose ainda não estão bem definidos. Sabe-se que é um patógeno intracelular com habilidade de penetrar, multiplicar-se no interior do citoplasma da célula do hospedeiro (macrófagos, fibroblasto, eritrócitos) e invadir células adjacentes sem deixar o citoplasma do hospedeiro (VAZQUEZBOLAND et al., 2001). Na primeira etapa da infecção por esse patógeno, parece haver uma associação com a membrana plasmática das células epiteliais das microvilosidades do trato intestinal do hospedeiro. Então, a célula bacteriana é internalizada pela célula por fagocitose, permanecendo no vacúolo por pouco tempo. Na etapa seguinte, a bactéria torna-se livre da encapsulação do fagossoma pela lise da membrana fagossomal, multiplica-se rapidamente e induz a polimerização de filamentos de actina da célula do hospedeiro, formando longas caudas em uma das extremidades da célula bacteriana. Os filamentos de actina favorecem o deslocamento da bactéria no citoplasma, permitindo a invasão das células adjacentes dando início a um novo ciclo da infecção pela bactéria (SWAMINATHAN, 2001; VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001; SCHMIDT; HENSEL, 2004).
Esse processo infeccioso exige da bactéria a produção e a ação de várias proteínas sobre os componentes da célula hospedeira, para assim, completar seu ciclo de vida intracelular. As proteínas envolvidas em cada etapa da fisiologia celular da infecção são codificadas por genes de virulência específicos. A maioria dos genes conhecidos no ciclo de reprodução de L. monocytogenes agrupa-se num operon que compreende seis genes bem caracterizados: prfA, plcA, hly, mpl, actA e plcB, e mais três estruturas denominadas de x, y e z de função ainda desconhecida e localizadas numa das extremidades, após o gene plcB. Os seis genes codificam, respectivamente, as proteínas: PrfA (fator regulador positivo), PI-PLC (fosfatidilinositol fosfolipase C), LLO (listeriolisina O), Mpl (metaloprotease), ActA (proteína envolvida na polimerização da actina) e PC-PLC (fosfotidilcolina fosfolipase C). Os genes inlA, inlB, inlC que codificam, respectivamente, as proteínas internalina A (InlA), internalina B (InlB) e internalina C (InlC), estão localizados fora desse operon, mas são regulados pelo ativador PrfA (KUHN; GOEBEL, 1999). O gene iap, que codifica a proteína p60, também, está localizado fora da cadeia e sua expressão não é dependente do ativador PrfA (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001).
A entrada de L. monocytogenes na célula intestinal do hospedeiro depende da proteína de superfície InlA e nos hepatócitos e células epiteliais ou fibroblastos é mediada pela InlB (IRETON; COSSART, 1997; COSSART; LECUIT, 1998). A proteína InlC é expressa, principalmente, na última fase da infecção, quando a bactéria encontrase no ciclo intercelular ativo, sugerindo, portanto, seu envolvimento na disseminação da infecção (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001).
A proteína LLO (toxina) é o principal fator de virulência de L. monocytogenes, e sua atividade hemolítica pode ser observada ao redor das colônias em meio ágar sangue (CHURCHILL et al., 2006). Sua ação parece mediar a lise do vacúolo (formação de poros) para tornar-se livre no citoplasma da célula. A proteína ActA é o principal fator envolvido na movimentação intercelular da bactéria no processo de infecção, cuja função específica é indução da polimerização da actina (KUHN; GOEBEL, 1999). O fator PI-PLC, também pode estar envolvido nesse processo (SWAMINATHAN, 2001). Outros fatores de virulência, como as fosfolipases (PC-PLC e PI-PLC) têm ação importante no rompimento do vacúolo de membrana dupla, em que L. monocytogenes encontra-se envolvida após a entrada nas células adjacentes. A ação da PC-PLC parece que é essencial, mas a PI-PLC tem apenas papel secundário na virulência, porém atua sinergisticamente com a PC-PLC e a Mpl para provocar, juntamente com a LLO, o rompimento dos vacúolos no processo de infecção (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001).
Métodos de subtipagem de L. monocytogenes
Os métodos de subtipagem bacteriana são ferramentas importantes nas investigações epidemiológicas, pois permitem elucidar surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA), e auxiliam na adoção de medidas preventivas para controle do agente patogênico. Para a indústria de alimentos, a grande contribuição dos métodos de subtipagem é a possibilidade de traçar a origem da contaminação do produto final, verificar a disseminação da contaminação e determinar os pontos de persistência de patógenos na linha de produção, visando à correção e adequação ou implantação de procedimentos operacionais de higienização mais adequados.
A subtipagem inclui métodos fenotípicos e métodos genotípicos. Os métodos fenotípicos baseiam-se na detecção de características expressas pelo microrganismo como a sorotipagem, biotipagem, fagotipagem, tipagem da susceptibilidade a antimicrobianos, tipagem das bacteriocinas e eletroforese de enzimas multilocos (GRAVES et al., 1999; FARBER et al., 2001) Os métodos genotípicos mais utilizados são: tipagem plasmidial, análises de restrição do DNA cromossômico (restriction endonucleases analysis - REA), eletroforese em gel de campo pulsante (pulsed-field gel eletrophoresis - PFGE) e os métodos baseados na reação em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction - PCR): DNA polimórfico amplificado aleatoriamente (randomly amplified polymorphic DNA - RAPD), PCR – polimorfismo do comprimento do fragmento de restrição (PCR – restriction fragment lenght polymorphism - PCR-RFLP); ribotipagem, sequenciamento de DNA, entre outros (RIJPENS; HERMAN, 2002; WIEDMANN, 2002; BORUCKI et al., 2004; GRAVES et al., 2005).
A sorotipagem, a fagotipagem e a genotipagem têm sido os métodos mais utilizados na avaliação da incidência e de surtos de listeriose (ALMEIDA; ALMEIDA, 2000; SILVA et al., 2001; GASANOV et al., 2005). A genotipagem permite uma caracterização específica da espécie, e é superior a fenotipagem, pois fornece uma discriminação mais precisa das cepas deL. monocytogenes.
Os métodos de subtipagem têm sido utilizados na avaliação da contaminação microbiana na indústria de alimentos, em vários estudos (TOMPKIN, 2002; KELLS; GILMOUR, 2004). Na maioria desses estudos, os métodos moleculares são os mais adotados (SILVA et al., 2003; KABUKI et al., 2004).
Na utilização dos métodos de subtipagem, verifica-se que algumas cepas de L. monocytogenes podem permanecer no ambiente de processamento como microbiota residente por meses ou até anos. Na Suécia, uma cepa de L. monocytogenes sorotipo 3b persistiu durante sete anos em uma planta de processamento de queijo blue veined (WAAK et al., 2002). Na Suíça, uma cepa sorotipo 4b permaneceu 11 meses no ambiente de processamento de queijo de leite de cabra, enquanto outra cepa desse mesmo sorotipo, persistiu durante quatro anos em uma planta de processamento de queijo no Reino Unido (TOMPKIN, 2002). Na Suécia, Waak et al. (2002) relataram a persistência dessa bactéria em tanques de leite das fazendas e silos de armazenamento de leite, provenientes de uma indústria de laticínios.
Ocorrência de L. monocytogenes em queijos e indústrias de laticínios
A ocorrência de L. monocytogenes em leite e produtos lácteos tem sido relatada em muitos estudos (SILVA et al., 1998; KABUKI et al., 2004). Entre os produtos lácteos, os queijos são os mais comumente contaminados por essa bactéria, principalmente, os de alta e média umidade.
Estudos sobre a incidência de L. monocytogenes relatam a prevalência dessa bactéria em diferentes tipos de queijos em diversos países (Tabela 1). Os dados mostram uma grande variação (zero a 46 %) na prevalência do patógeno em queijos. As maiores taxas de ocorrência são observadas em queijo macio (PINTADO et al., 2004) e queijos frescos (SILVA et al., 1998). Evidencia-se, ainda, que no Brasil, o queijo de coalho e o queijo Minas frescal, são os mais estudados com relação à contaminação porL. monocytogenes.
Silva et al. (1998) observaram maior incidência de L. monocytogenesem queijo Minas frescal artesanal (7/17), elaborado a partir de leite cru, em relação ao industrial, produzido a partir de leite pasteurizado (1/17). Em queijo de coalho, a incidência de L. monocytogenesapresenta ampla variação (zero a 19 %), tanto para queijos artesanais como para industrializados. A maior taxa (19 %) de ocorrência do patógeno foi observada em queijo industrializado, armazenado sob refrigeração (BRANCO et al., 2003). Já em queijo artesanal, elaborado a partir de leite cru, a prevalência dessa bactéria foi baixa (zero a 2,3 %) (BORGES et al., 2003; BRANCO et al., 2003; BORGES et al., 2006).
Considerando a importância de L. monocytogenes em produtos lácteos, a legislação brasileira (ANVISA, 2001), estabelece ausência desse patógeno em 25 g de amostra, para queijos com média, alta e muito alta umidade, uma vez que sua presença tem sido observada nesse tipo de produto (SILVA et al., 1998; SOUSA et al., 2006; BORGES et al., 2003; BRANCO et al., 2003).
 
Tabela 1. Ocorrência de L. monocytogenes em queijos de vários países.
Listeria monocytogenes em Leite e Produtos Lácteos - Image 1
 
L. monocytogenes tem sido encontrada em várias plantas de processamento de alimentos (GRAVANI, 1999; TOMPKIN, 2002), em especial, as processadoras de produtos lácteos (SILVA et al., 2003; WAAK et al., 2002; KABUKI et al., 2004; KELLS; GILMOUR, 2004). Na Itália, Gianfranceschi et al. (2003) avaliaram a ocorrência de L. monocytogenes nos produtos e no ambiente de processamento, no período de 1990 a 1999, e verificaram que a incidência dessa bactéria em produtos lácteos foi de 17,4 % (88/505).
Na indústria de laticínios, as principais vias de introdução desse patógeno são o leite cru, os utensílios e os equipamentos contaminados, o solo carreado pelas botas e roupas dos trabalhadores, o ar, o sistema de ventilação, a água empoçada e/ou condensada e os carros de transporte, além da possibilidade dessa ser carreada por operários ou visitantes doentes (SWAMINATHAN, 2001). Vale ressaltar que algumas cepas de L. monocytogenes podem permanecer no ambiente de processamento durante meses ou anos.
Nos Estados Unidos, Pritchard et al. (1995) avaliaram 21 indústrias de laticínios e verificaram incidência de L. monocytogenes em 9,2 % das amostras analisadas. A porcentagem de contaminação das amostras ambientais (49,7 %) foi significativamente superior a dos equipamentos (7 %). A bactéria foi isolada em equipamentos, tais como, tanque de armazenamento, superfícies de bancadas, transportadora, pá para filagem da massa, envasadora, máquina para filtragem de salmoura, e em amostras do ambiente de processamento, como salas de resfriamento, congelamento, recebimento e estocagem do leite cru. Em outro estudo, Kabuki et al. (2004) realizaram um diagnóstico da contaminação por L. monocytogenes em três indústrias processadoras de queijos frescais tipo hispânico, nos Estados Unidos, e constataram a presença dessa bactéria em 6,3 % dos queijos, e em 11 % das amostras ambientais, tais como, superfícies de mesas, tubos de conexões de plástico, caixas vazadas, embalagem de leite, drenos e pisos.
Na Austrália, Sutherland e Porrit (1996) relataram a presença de L. monocytogenes em indústrias de laticínios (queijo, leite, sorvete, entre outros). A bactéria foi detectada em pisos, drenos, esteiras transportadoras e em superfícies de contato direto com os produtos.
Na Europa, em indústrias processadoras de queijos na Espanha, L. monocytogenes foi isolada de leite cru, prensa, pisos e drenos da sala de produção, prateleiras de madeira da sala de maturação e equipamento de embalagem (MENENDEZ et al., 1997). Na Itália, Gianfranceschi et al. (2003) avaliaram a ocorrência de L. monocytogenes em alimentos e no ambiente de processamento, no período de 1990 a 1999, e verificaram que a incidência dessa bactéria em produtos lácteos foi de 17,4 % (88/505). No Norte da Irlanda, Kells e Gilmour (2004) avaliaram duas plantas de processamento de leite, e constataram ocorrência de L. monocytogenes em 22 % das amostras de leite cru, em 6,0 % dos equipamentos e em 41 % das amostras do ambiente de processamento. Os drenos e as escadas de aço inoxidável foram considerados as principais fontes de contaminação por essa bactéria.
No Japão, Makino et al. (2005) verificaram a presença de cepas de L. monocytogenes sorotipos 1/2a, 1/2b e 4b em várias amostras do ambiente de processamento, em uma unidade produtora de queijos. A contaminação foi constatada no tanque de resfriamento do leite, na sala de produção e cura, dreno e fezes de trabalhadores.
No Brasil, em Fortaleza, L. monocytogenes foi detectada em leite cru, fresco e refrigerado, leite pasteurizado (após 60 horas de estocagem a 4 °C), tanque de recepção do leite cru, caixas plásticas de transporte de leite e em drenos e pisos de uma indústria beneficiadora de leite tipo C (FIGUEIREDO, 2000). Na Bahia, Silva et al. (2003) observaram a ocorrência de L. monocytogenes em 1 % (2/218) das amostras avaliadas de duas indústrias processadoras de queijo Minas frescal. A bactéria foi detectada no leite cru e no piso da sala de estocagem de leite, em apenas uma das indústrias. Em Juiz de Fora, Brito et al. (2008) avaliaram uma indústria processadora de queijo Minas frescal e isolaram L. monocytogenes sorotipo 1/2a, de mesmo perfil genético, em queijos, equipamentos e utensílios. Os autores concluíram que o refrigerador de estocagem era a fonte de contaminação dos queijos.
Surtos de listeriose associados ao consumo de leite e produtos lácteos
A confirmação de vários casos esporádicos e surtos de listeriose ocorridos no Canadá, Estados Unidos e Europa (RYSER, 1999), na década de 80, associados ao consumo, principalmente, de queijos e de vegetais crus, levou a inclusão de L. monocytogenes na lista de patógenos causadores de doenças transmitidas por alimentos. A partir dessa década, um grande número de surtos e casos de listeriose tem sido relatado na literatura, alguns relacionados a leite e produtos lácteos são apresentados na Tabela 2.
O consumo de queijo macio Vacherin Mont-d'Or produzido a partir de leite cru, causou surtos de listeriose na Suíça entre 1983 a 1987. Nesse período, ocorreram 57 casos da doença, com 18 mortes. No inverno, era observado um aumento na ocorrência de listeriose. Os mesmos sorotipos (4b) e fagotipos de L. monocytogenes foram identificados em pacientes e no queijo (BÜLA et al., 1995).
Na Carolina do Norte, entre 2000 e 2001, houve um surto de listeriose causado pelo consumo de queijo tipo mexicano artesanal, elaborado a partir de leite cru, contaminado por L. monocytogenes, com 13 casos diagnosticados (MacDONALD et al., 2005). O mais recente surto relatado ocorreu em 2007, em Massachusetts, envolvendo cinco pessoas, com óbito de três idosos, associado ao consumo de leite pasteurizado adquirido de um laticínio local (CENTERS FOR DISEASES CONTROL AND PREVENTION (CDC), 2008).
Em 1995, houve um surto de listeriose na França com 37 casos associados ao consumo de queijo tipo Brie de Meaux, fabricado a partir de leite cru (GOULET et al., 1995). Em 1997, ocorreu outro surto similar nesse mesmo País, causado pelo consumo de queijo macio, elaborado a partir de leite cru. Quatorze casos foram diagnosticados, e dois tipos de queijos macios, manufaturados no mesmo estabelecimento foram associados ao surto (JACQUET et al., 1998). Na Dinamarca, no período de 1989 a 1990, foram diagnosticados um surto e 69 casos de listeriose, sendo 26 causados pelo mesmo fagotipo.
 
Tabela 2. Surtos de listeriose associados ao consumo de leite e produtos lácteos.
Listeria monocytogenes em Leite e Produtos Lácteos - Image 2
 
Na investigação epidemiológica, o surto foi associado a dois veículos, queijo com mofo azul e queijo duro (LUNDÉN et al., 2004).
Entre 1998 e 1999, manteiga de leite pasteurizado foi veículo de um surto de L. monocytogenes, na Finlândia. Os isolados de L. monocytogenes provenientes dos pacientes, de amostras de manteiga, dos equipamentos e do ambiente de processamento apresentaram o mesmo perfil eletroforético (LYYTIKÄINEN et al., 2000).
Em 2001, houve um surto na Suécia, no qual 48 pessoas apresentaram gastrenterite após consumir produtos lácteos manufaturados em uma fazenda. As investigações epidemiológicas constataram que queijo fresco elaborado a partir de leite cru, contaminado por L. monocytogenes, foi o agente causador do surto. A genotipagem revelou que as cepas isoladas dos pacientes e dos produtos lácteos eram idênticas. Outros patógenos, como E. coli enteropatogênica e Staphylococcus coagulase positiva, também, foram isolados das amostras dos produtos (CARRIQUEMAS et al., 2003).
No Japão, em 2001, ocorreu um surto de listeriose não-invasiva, com acometimento em 84 pessoas. L. monocytogenes sorotipo 1/2b foi isolada de amostras de queijo (tipo do Japão), do ambiente de processamento e de fezes dos pacientes. As investigações epidemiológicas e a genotipagem das cepas evidenciaram que o surto foi causado pelo consumo de queijo (MAKINO et al., 2005).
Em 2002, ocorreu um surto de listeriose no Canadá, no qual foram envolvidas 17 pessoas. As investigações epidemiológicas atribuíram o surto ao consumo de queijo maturado por 60 dias, produzido a partir de leite submetido a tratamento térmico insuficiente (GAULIN et al., 2003).
Vários casos isolados de listeriose associados ao consumo de queijos foram descritos. Azadian et al. (1989) descreveram um caso onde L. monocytogenes sorotipo 4b foi isolado de queijo e do paciente. Em 1990, um caso de listeriose foi associado ao consumo de queijo macio (FARBER et al. 1990), queijo de leite de cabra (MC LAUCHLIN et al. 1990) e outro ao queijo Camembert (GILOT et al. 1997). Em 1987, um caso de meningite foi associado ao consumo de queijo macio (BANNISTER, 1987) e em 2005 ocorreu um caso de meningoencefalite em razão do consumo de queijo Gorgonzola (GIANFRANCESCHI et al., 2006).
No Brasil, surtos e casos esporádicos de listeriose causados por alimentos ainda não foram descritos, embora a ocorrência de L. monocytogenes tenha sido relatada em vários tipos de alimentos.
 
Considerações finais
Na literatura há inúmeros relatos de ocorrência de L. monocytogenes em leite e produtos lácteos. No Brasil, os queijos Minas frescal e de coalho são os mais estudados, e os frescais elaborados com leite cru são os mais contaminados com L. monocytogenes. Embora o processo de pasteurização adequado assegure a destruição de L. monocytogenes no leite, o patógeno tem sido detectado em produtos lácteos pasteurizados, fato esse atribuído à contaminação cruzada após a pasteurização do leite durante o processamento dos queijos. Nas indústrias, algumas cepas podem residir no ambiente durante meses ou até anos, representando focos de contaminação do produto após a pasteurização do leite.
Muitos surtos e casos esporádicos de listeriose atribuídos ao consumo de leite e produtos lácteos, contaminados por L. monocytogenes têm sido relatados em vários países. No Brasil, embora, L. monocytogenes tenha sido isolada de vários tipos de alimentos, inclusive os produtos lácteos, ainda não foi relatado nenhum surto ou caso esporádico.
Os dados encontrados nesta revisão, demonstram que as indústrias de alimentos ainda têm dificuldades no controle desse patógeno, sendo necessária a implantação de medidas eficazes para redução da contaminação do produto final.
 
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