A queda no preço do leite está obrigando os criadores gaúchos a rever a estratégia nas propriedades. Muitos estão até cancelando novos investimentos.
Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o produtor Jeferson Maciel gasta R$ 290 por dia só para alimentar as 45 vacas que produzem leite na propriedade. Além disso, ele tem a despesa com manutenção de máquinas, funcionários e energia elétrica. Vende o litro do leite por R$ 0,64. O valor é 10% menor do que o obtido em julho do ano passado. O criador disse que está buscando formas para driblar as dificuldades.
"Em vez de produzir aquela silagem para dar para o gado, já começa a pensar em produzir milho grão e produzir soja. Pelo menos é um produto que se não tem dívida e não tem problemas, tu estoca e pelo menos espera o melhor tempo para ter o melhor comércio", falou seu Jéferson.
Em uma propriedade da região a meta era ampliar a produção de leite de mil para três mil litros por dia até o próximo ano. Mas, em função da crise no setor, o investimento foi cancelado.
"Hoje nós estamos recebendo R$ 0,64. O grande mercado está vendendo esse leite por cerca de R$ 2,30 a R$2,40. Alguém está ganhando nessa história. Com certeza, não é o produtor", reclamou o criador Leonel Fonseca.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas, os pequenos e médios criadores são os mais prejudicados pelos baixos preços.
"Leite é uma coisa que você tem que agüentar. Tem que manter a atividade independentemente do preço que se vai receber", falou Jair Bonow, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pelotas.
Segundo a Fetag, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul, os prejuízos com a queda do preço do leite podem chegar a R$ 350 até o fim do ano.