Alguns países em especial os europeus não conseguem entender como BRASIL consegue manter uma variedade tão acentuada de animais produtores de carne e leite. Causa certo espanto ao europeu menos avisado ao deparar com
praticamente todas as raças de bovinos existentes no mundo, se façam presentes nos vários estados brasileiros.
Mas o que chama mais a atenção não só ( agora) dos europeus, mas também dos asiáticos, canadenses e americanos é a presença em território brasileiro de Búfalos.
Lógico que temos que considerar a ignorância de muitos visitantes técnicos em relação ao nosso potencial de biodiversidade. Na realidade ficam boquiabertos ao constatarem existe criação de búfalos em todo o território
nacional.
Tradicionalmente a criação de búfalos se fazia na Ilha de Marajó, com animais importados das Filipinas ( raça Carabao), mas esta situação sofreu alterações positivas, com a presença de outras raças bubalinas como
Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi. Portanto BRASIL detém no momento presente as 4 raças de búfalos de forma muito produtiva, destacando-se a raça Mediterrâneo para a produção de leite e de carne. Esta raça é originária da Itália, daí a
desmistificação que búfalos "gostam de clima quente" ou que só se adaptam em regiões próximas ao equador. Na realidade seria necessário esclarecer que a preferência por locais úmidos, pantanosos ou com alguma coleção de barro,
deve-se a fatores fisiológicos próprios dos bubalinos. Explicando: a cor preta dos pelos e da pele propícia uma retenção de calor e o reduzido número de glândulas sudoríparas não atende as exigências para um equilíbrio normal de
temperatura corporal. Ao contrário do que se nota no Nelore, que com a sua barbela repleta de glândulas sudoríparas, consegue fazer termorregulação de forma ideal. Existem fatores naturais para que os búfalos sintam necessidade de
freqüentar locais úmidos, pantanosos e barrentos. A razão reside no fato de além de se refrescarem, eliminam insetos e parasitas.
A criação de búfalos no BRASIL ainda carece de um incremento e de um incentivo. No Rio Grande do Sul, segundo informações encontra-se um dos maiores plantéis de búfalos superado apenas pelo Pará, na Ilha de Marajó.
A experiência profissional com um plantel de 630 matrizes búfalas nos levou a concluir que existem situações antagônicas a respeito da criação de búfalos. A primeira é que locais úmidos - baixadas úmidas e alagadiças ou
várzeas - pode ser muito bem aproveitadas economicamente com este tipo de atividade. Mas por outro lado concluímos que em havendo uma sistematização destas áreas para o plantio de arroz, os búfalos se adaptam muito bem em áreas
mais elevadas e secas. Conclusão. O melhor animal que a fazenda poderia dispor para áreas deste tipo seria o búfalo. Mas por sua vez esta não seria uma atitude tecnicamente correta, qual seja, o búfalo se adapta, produz, procria e
engorda em áreas altas e secas. E se sombreadas melhor ainda. Quanto ao fator parasitas externos estes podem muito bem ser administrados com uso de métodos naturais e excelente manejo.
Existe por parte de algumas pessoas uma aversão gratuita em relação ao búfalo. O desconhecimento, para não dizer outra coisa, obliteram um raciocínio maior e mais aberto em relação ao búfalo como um todo. A docilidade, a
obediência, a adaptação a formas corretas de manejo, a forma de se ordenhar as matrizes búfalas, a aproximação espontânea do rebanho em relação aos funcionários, assim como a identificação dos búfalos para com os funcionários
também podem ser comprovadas diariamente. Existe lógico o que se chama de "defesa de território" onde não é permitida a entrada de estranhos ou de agentes que venham ocasionar alguma situação de perigo eminente. A prática de
manejar o búfalo com cães ferozes, propicia um estado de alta tensão e de estresse, em especial se as fêmeas estiverem com suas crias ao pé. A troca repentina de encarregados do manejo diário, também provoca uma certa apreensão
e tensão psicológica, pois estão habituados com o tom de voz, com o horário, forma de conduzir o rebanho enfim uma série de procedimentos, que o cotidiano e a psique do búfalo tem que ser respeitada.
Infelizmente o preço da carne de búfalos e da verdadeira "mozzarela" para os padrões do consumidor nacional, tornam-se ainda proibitivos, afora a dificuldade em se encontrar estes produtos.
Não se discute o óbvio. O búfalo é parte integrante do agronegócio brasileiro, está conseguindo o seu espaço. É um animal de excelente conversão alimentar para carne e para o leite. Faltam alguns ajustes em relação a se
promover este animal e suas raças com suas aptidões definidas. Falta na realidade uma campanha bem organizada de marketing.
O estigma de animal bravo, violento, rompedor de cercas é coisa do passado. Hoje pode ser resolvido com a adoção de Boas Práticas para Criação de Búfalos.
Os valores nutricionais tanto da carne quanto do leite podem ser analisados:
Componentes do Leite Bubalino Bovino
Proteínas 4,00% 3,50%
Lipídios 8,00% 3,50%
Lactose 4,90% 4,70%
Água 82,00% 87,80%
Colesterol Total 214mg% 319mg%
Componentes da carne Bubalino Bovino
Calorias, kcal 131,00 289,00
Proteínas (N x 6,25) 26,83 24,07
Total de Lipídios, g 1,80 20,69
Ácidos Graxos:
Saturados, total, g 0,60 8,13
Monosaturados, total, g 0,53 9,06
Polisaturados, total, g 0,36 0,77
Colesterol, mg 61,00 90,00
Vitaminas:
Ácido Ascórbico, Tiamina, Riboflavina Nacina,
Ácido Pantotênico Vitamina B6, Ac. Fólico Vitamina
Fonte: USDA AGRICULTURE HANDBOOK N.º 8 - COMPOSITION OF FOODS
OBS.: PARA 100 Grs.
Por fim estamos diante de um dos maiores potenciais instalados, em termos de produção de proteínas nobres de origem animal. A dupla aptidão - carne e leite - a precocidade, rusticidade, conversão alimentar, resistência, excelente
aceitação de seus produtos finais, credenciam de forma definitiva o búfalo como um dos lucrativos segmentos da Cadeia Produtiva da Pecuária de Corte.